Capítulo 28 - A Mariposa livre e o Lorde Slytherin
Espero que gostem da parte dois de O Lorde chacal e o herdeiro Slytherin.
Ouçam a música (é só um minuto e cinquenta segundos e é ótima. A cara do tio Gellert).
BOA LEITURA!
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Capítulo 28 - Mariposa livre e Lorde Slytherin
"Os Grindelwald sempre perseguirão seus objetivos, cercando a luz como mariposas até se queimar,
Quando as asas se partem podem continuar no chão, feridos demais, ou podem lembrar de quem são e fazer um caminho que não precise de asas..."
"Se você não é parte da solução, então é parte do problema".
Basicamente: Ou você ajuda a mudar a sociedade ou é parte do que faz ela afundar até o irrecuperável. Ou você luta pelo que quer, ou não reclama do resultado desastroso. O mundo mágico tem esse governo ridículo, injusto, desigual, preconceituoso, divisório, passivo, covarde...
Ou você o muda ou aceita e é o problema dessa merda toda.
Eu tentei mudar. Tinha minha moral comigo, por mais distorcida que fosse, fiz o que fiz pelos bruxos, mas tornei-me o problema daqueles que não querem mudança. O vilão desse baile de máscaras macabro, onde os ricos e influentes continuam no topo e quem chega...
Não sabe o real problema, então não conseguem ser a solução.
Pelo contrário, estão formando uma bola de neve.
O governo bruxo é poderoso. Ele poderia inserir nascidos trouxas em nossa cultura e fortalecer a magia com os ritos tradicionais, mas não luta para fazer isso desde cedo, porque não os querem aqui, porque quem está no comando quer continuar no topo e precisa de pessoas para serem subjugadas, para controlar. Eles não querem a mudança, não desejam que nascidos trouxas sejam fortes e saibam o mesmo que eles, ou perceberão como exigir deles direitos ou suas posições.
O ministério ignora essas pessoas, vindas de origens não influentes, para que se mantenham ignorantes e fracas, pois conhecimento é sempre uma forma de poder, em comparação nunca chegarão ao mesmo nível. Nunca aprenderão a fazer magia sem varinha, se não treinam desde cedo (afinal é como andar a vida inteira de muletas, você não correrá como os outros quando as soltar), nunca saberão como funciona a magia das famílias antigas e seus anéis de lorde...
Para conseguir desfaze-la.
Famílias ricas continuam ricas e no governo. Nascidos trouxas continuam... Fazendo o que os outros bruxos não querem.
Mantendo suas tradições e culturas, quando não passa de algo natural já que os bruxos nunca os viram como bruxos, como poderiam se inserir naquele sistema que os separa tão obviamente?
Permanecem lutando por migalhas em um sistema de voto onde, dez deles num parlamento, contam como um voto ("porque são novos na política, porque não tem cargo no ministério, precisam aprender antes de ter a mesma influência ou podem afetar negativamente o sistema") e um maldito lorde conta como cinco ("porque foram treinados desde crianças, porque tem a história e a cultura de sua família para passarem a diante, porque tem um legado político a qual foram instruídos e são capazes de honrar").
Vê como é ridículo?
Como é besta?
Mentiroso, ainda por cima.
Não estou dizendo que não é o tipo de coisa que eu faria, mas exatamente ser algo que eu faria é errado, não é?
Tire conhecimento, força e poder de quem se quer subjugar e dificulte o quanto pode para que lutem contra, mas tudo com uma máscara sorridente de igualdade.
"Vocês votam sim! Apenas estão a menos tempo inseridos na sociedade, então precisam lutar para chegar aqui, onde nossas famílias lutam a gerações." Baboseira. Daí é preciso de centenas de nascidos trouxas para ganhar uma votação que um grupo de lordes conseguiria?
Dez votos contam por um no parlamento.
Um lorde conta por sua família e de todas que conseguiu com casamentos. Dois ou mais, atualmente.
É até frustrante de tão ridículo.
Mas piora.
Dumbledores, por exemplo, tinham duas cadeiras. Alvos teve um bichinho, a merda de um Qilin, se curvando para ele e de repente as pessoas lhe deram cadeiras (afinal os lordes podem simplesmente dar suas cadeiras) até que chegasse às treze e tomasse a posição de Presidente da Suprema Corte dos Bruxos, ganhando as duas extras que vem com o cargo.
Um lorde pode dar suas cadeiras. Por quê? Veja bem, só mais uma "prova da igualdade" do sistema. Se você for um bom político o lorde pode te apoiar dando um voto direto, será seu e de sua família para sempre. Você conseguiu, está na câmara dos lordes oficialmente. Não precisa de mais nove pessoas, é agora um voto inteiro e sua luta pode gerar mais assim. Conquistas que te tornaram um lorde novo para seu nome.
Mas os tais lordes sábios e justos que escolhem alguém para dar essa vantagem, tomam uma decisão baseada em um animal que vê gentileza.
Um animal vale por quinze pessoas.
Um animal tornou Alvos Dumbledore num votante que vale por quinze lordes recém formados, ou uns quatro lordes antigos.
Ou um total de cento e cinquenta nascidos trouxas.
Cento e cinquenta pessoas.
Dumbledore fala mais que elas.
Sistema justo.
Sem contar que sua influência traz mais e mais famílias para o seu lado. Abbott, Crouch, Macmillan, Olivaras, Prewett;
Longbottons;
Potters.
A lista não para. E posso ter errado alguns nomes, mas enfim, sou alemão, não britânico.
Cada uma dessas famílias com uma, duas ou três cadeiras. Todos obedecendo cegamente um único nome que quer que o mundo seja todo de luz.
Todo branco.
Ignora que luz é absorvida e refletida de formas diferentes para cada objeto e assim surgem as cores. Já disse isso, mas repito e queria que se lembrasse: não somos brancos, nem pretos, nem cinza, somos coloridos. O mundo é muito mais, sempre.
Tudo branco é sem graça.
Cadê as artes aí?
Trevas!
Além de que tudo branco ou preto é impossível.
O importante nisso tudo, é que Dumbledore e seu exército, ou Voldemort e o seu, todos valem bem mais que aqueles que acabaram de chegar e dar tanto poder na mão de alguns ferra com a coisa.
Porque os fortes não querem sair do poder. Eles querem continuar falando mais alto. Então quando você convence um grupo (as galinhas de Dumbledore) terá outro (as cobras de Voldemort) contra. Eles vão ficar se atacando sem nunca realmente criarem algo justo.
Nossa eu tremo só de pensar numa coisa assim! E é nossa sociedade! Eu nem sei como explicar tudo que me irrita nisso!
E tem a mim.
Eu fui atrás de um exército, eu fui atrás das cento e cinquenta pessoas, depois duzentas e iria atrás de mais, porque não importa o quanto os lordes gritassem, eles nãos seriam mais fortes que o urro do povo.
Mesmo procurado eu tive todos os meus crimes perdoados e minha candidatura foi aceita exatamente por isso.
Mas porque não fui pela política como um Grindelwald desde o começo? Eu não ia resolver nos votos porque (INFERNO!) os lordes NÃO AJUDAM! Eles não vão levantar a bunda e fazer malditos orfanatos bruxos, ou escolas preparatórias porque fazer toda uma população igualmente capaz faz você, em proporção, digno de perder seu posto.
Todos são iguais e egoístas.
Então votam nos progressistas, para ter leis de inserção pouco eficazes a longo prazo, mas rápidas em sua superfície, como ter natal e não Yule, para continuar fingindo que não são uns merdas que devem ser tirados de lá a força.
De novo, sabemos o resultado: anos depois culpam os nascidos trouxas por querer o natal sendo que ninguém os ensinou o que é Yule.
Sendo que os progressistas, que os apoiam, não tentaram algo realmente modificador porque nunca os afetou para começo de conversa, ainda são sangues puros e lordes da luz que nasceram em berço de ouro e não sabem pelo que crianças bruxas órfãs estão passando.
Ainda votam em leis para conter e destruir um Obscuros, ao invés de leis que impeçam de coisas tão ruins acontecerem com eles ao ponto de que SEJAM criados! Leis que impeçam os trouxas de os machucarem ao ponto de se sentirem FORÇADOS a inibir sua magia por MEDO e RAIVA de si mesmos!
São todos patéticos!
#Rabiscado no cantinho da página.
Acho que comecei a divagar de novo. Ou talvez não. Foco:
Os progressistas não tentam chegar à raiz do problema, pois bruxos da luz, amigos de nascidos trouxas, nunca ensinaram seus amigos sobre a tradição bruxa, apenas viram como seus amigos se sentem excluídos então se adaptam a eles ao invés de fazer o inverso já que estamos falando de pessoas em ESCOLAS DE BRUXARIA. Eles recorrem a solução mais fácil. A solução simpática. Gosto de você, então vou conhecer sua cultura e me adaptar a ela.
Eles não tornam seus amigos bruxos.
Eles aceitam a novidade porque "são bonzinhos" e assim a cultura bruxa vai morrendo. O pior, o mais ridículo, é que desde o começo os nascidos trouxas estiveram dispostos a serem bruxos, porque aceitara abandonar seu mundo por um ano inteiro e viver nas escolas de bruxaria.
Eles estavam dispostos a ser como nós.
Nós que falhamos com eles.
E os progressistas querem que os sangues puros tradicionais os vejam como iguais.
Não dá.
Não bate.
Bruxos tradicionais só verão bruxos novos e vindos dos trouxas como parte de "sua" sociedade, quando deixarmos de tratá-los como trouxas com magia e passarmos a dizer: você é bruxo, tome aqui seu livro de rituais e se prepare, vamos para um sabbath, eu te ensino o latim necessário até amanhã!
Não sei se você concorda com isso, realmente estou apenas dando minha opinião.
#Riscando Mas talvez ela não tenha valentia nenhuma. No fim... todo mundo quer me ter como vilão. Então eu continuo guardando só para mim, essas coisas terríveis, esperando quando elas terão um fim e eu só queria mostrar como isso é ruim. Talvez desabafar um pouco antes de... #Riscado.
Nossa política atual é um maldito ciclo vicioso de decisões idiotas e velhos padrões que não servem mais.
Eu concordo em separar os bruxos de trouxas totalmente. Fui para os estados unidos porque lá o sistema não é essa piada de parlamento europeu, porque não há lordes tradicionais e antigos como aqui, afinal o país é novo.
Lá a história está sendo feita e decisões radicais são necessárias até que as bases sejam fortes. Ninguém está muito no poder, quem entra tem que mostrar resultado, respostas agressivas a problemas geram resultados imediatos e que se manterão durante seu mandato, o que o renovará. Ninguém tem tanto medo de "arruinar o nome da família", mas de arruinar o país.
Bruxos eram tirados de trouxas na infância por lá, eram colocados entre nós, nunca foram diferentes e tinham chance de entrar na política e fazer suas próprias mudanças se achassem necessário, porque há votos iguais, oportunidades, não há toda essa história de nome, tradição ou malditos anéis de lorde com suas cadeiras.
República!
Imagino que por sua mãe você não concorde com isso, a família trouxa seria obliviatada e... bem...
Ela talvez nem existisse, já que o casamento nos Estados Unidos com trouxas era proibido para evitar esses dilemas. Garden teria escolhido outra bruxa ou aborto.
Ok, decididamente acho que você não apoiaria.
Eu também não queria esse sistema, só o achava melhor que os outros.
Veja só, eu queria escravizar e controlar os trouxas para que parassem de causar tantos problemas.
Megalomaniaco, eu sei.
#Riscado O pior é que o maluco do Alvos nunca me impediu de pensar assim, pelo contrário, ele ajudava a avaliar o sistema que me levaria à política mais rápido para começar a guerra contra os trouxas, como tirar os lordes ou trazê-los para o meu lado. Mudar o mundo do zero. Dumbledores são ligados a fênix, sabia? Acho que ele gostava da ideia de queimar tudo e renascer #Riscado
#Riscado Ele não estava pronto para magia negra, não estava pronto para os princípios dela. Algo grande como queríamos... ia precisar dos três princípios. Ele correu quando entendeu o poder do sacrifício e suas consequências. #Riscado
Eu nunca tive a opção de correr ou desistir dos meus planos, no máximo muda-los. Eu teria para sempre as visões. Se eu corresse eu estaria vendo pessoas sendo colocadas em câmaras de gás e morrendo em campos de concentração à toa. Estaria ficando quieto enquanto o mundo era destruído.
Não é nem só a guerra, Harrison.
É tudo.
É muito pior.
O mundo está ruindo.
E ninguém quer fazer nada até que seja tarde demais. Querem aprender com o erro, não o evitar, mas pode ser tarde.
E não sei se quero ser esse tipo de problema.
[...]"
A carta de Gellert Girndelwald, escrita em julho de 1987, Nurmengard, para seu bisneto. Páginas sete, oito, nove e dez.
-x-x-x-
-x-x-x-
Sirius sabia que estava sendo um tanto quanto infantil, mas não podia evitar a satisfação que sentia ao andar pelo beco diagonal naquele dia.
Remus, estava simplesmente o próprio pecado ou a tentação em pessoa, tanto que não parava de receber olhares que o faziam corar de forma fofa e derretiam seu namorado.
Uma bruxa chegou a tropeçar (de propósito, Sirius tinha certeza) na sua frente e derrubou um lencinho só para o, sempre educado, Remus lhe entregar e fazer a mulher começar uma onda de frases sobre nunca o ter visto ali e se não aceitaria um café junto dos seus amigos. O Black estava para se irritar quando Remus simplesmente o olhou e riu de sua cara.
É claro... o animago contou para o lobisomem sobre seu ciúme extremo e Remus, obviamente, se lembrava o suficiente de rir na sua cara.
Sirius não tinha como saber que o principal motivo da risada era que Lupin estava sendo cantado pela primeira vez na vida e não o tão belo Black, como sempre fora quando saíam. Ele quase quis falar naquele instante que era um lobisomem só para ver a reação da mulher, mas ao invés disso moveu seus fios para trás e encarou seu namorado com carinho.
A mulher levou meio segundo para notar os brincos e implorar por desculpas, saindo apressadamente.
Os brincos.
Ainda faziam Sirius tremer de emoção.
Um brinco de ouro branco que cobria toda a orelha esquerda, uma enorme pata de lobo com garras afiadas trançando todo o órgão, uma longa pena de corvo de paládio magicamente tingida de negro fazia o apoio que acompanhava o contorno perfeito da orelha. Algumas pequenas pedras faziam tudo brilhar, muito pequenas mesmo, discretas como Remus. Sirius tinha um igual, mas na orelha direita.
No alfaiate, o Black se segurou muito para não rir enquanto ele Harrison criavam uma discussão falsa apenas para que Lupin não ouvisse eles encomendando o presente com o joalheiro que veio escondido lhes falar. Também se divertiu com o afilhado praticamente ameaçando o homem para terminar a coisa em questão de minutos e sendo obedecido no ato.
Tinha visto nas memórias como o Potter era alguém perigoso, mas vê-lo encarando uma pessoa como se pudesse matá-la com a força da mente e da pior forma, ao ponto do alvo (um homem adulto) tremer e sair correndo era simplesmente...
Divertido.
Era isso. Sirius ficou tantos anos do lado contrário as pessoas que agiam daquela forma que estar junto de alguém que era assim, mas que não parecia julga-lo nem por um instante por suas escolhas de vida ou relacionamento parecia quase terapêutico. Também ver como o afilhado trocava de personalidade como se não fosse nada, como parabenizou o joalheiro depois que o homem voltara e lhe pagou o dobro, além de o ter elogiado ao ponto de fazê-lo sair sorrindo bobo, fez o Black sentir que conheceu um pouco mais de quem era Harrison James Mitrica Potter.
Melhor ainda, parecia que o próprio Harrison estava disposto a lhe mostrar isso e, talvez, aceita-lo como alguém da família.
Por Merlin, o menino o ajudou a entender que queria um cortejo de verdade e até o escutou tagarelar sobre Remus enquanto estavam ajustando suas vestes. Mesmo que vez ou outra o interrompesse para comentar o que estava acontecendo na sala ao lado, mas ele tinha que prestar atenção para que Lupin não aparecesse antes da hora.
Black sentia que poderia sim ter sua família de novo. Não com James, Lily ou... Reggie, infelizmente. Só que ele teria Harrison, Lakroff, Remus e talvez até mais gente, o importante era que estava otimista.
Otimismo e esperança eram coisas que jurava ter perdido a anos.
Só não podia vacilar.
Harrison lhe deu um aviso, tão ou mais ameaçador do que deu ao joalheiro, de que Sirius aprenderia a controlar o que falava na frente de Dumbledore e que, dessa vez, passava porque ele já imaginava que podia acontecer, mas na próxima...
E nunca acabou a frase.
Mesmo assim a mensagem ficou gravada no animago como uma de suas tatuagens. Tomaria cuidado com a língua. A dor do contrato não seria nada comparada a dor que Harrison podia lhe causar. Seja por ir, seja por...
Algo que decidisse fazer.
Assustador.
Mas era o bisneto de um lorde das trevas, não era?
E pensar isso o fez ter que segurar o riso para não passar a ideia de que não estava levando o menino a sério.
Agora, menos de uma hora depois, Sirius e Remus estavam lado a lado sentados em um enorme sofá, na maior sala que já viram no banco Gringotts.
Eles foram realmente recepcionados como Imperadores pelos Goblins, todos se curvavam quando Harrison passava liderando a comitiva (sempre os cumprimentando com sorrisos, acenos e até um bom dia aqui ou ali).
A melhor parte, sem dúvidas, foi chegar no salão de recepção. Estava lotado, com filas cumpridas de bruxos devido ao horário, que eram recepcionados com as mesmas caras de deboche, irreverência ou tédio dos Goblins, o que só desaceleravam o processo e mantinha todos os ali por mais tempo. Sirius se deliciou quando foram se aproximar dos balcões e um dos Goblins simplesmente se levantou e anunciou:
- Guardas, esse é Harrison Potter! Que estão fazendo que ainda não o levaram a uma sala particular?!
O burburinho foi imediato, Remus e Sirius instintivamente cobriram Harry da visão das pessoas como podiam, pois todos começavam a apontar e tentar chegar perto de Harry Potter, desistindo quando viam os olhares da dupla.
Black com sua melhor versão de nojo e ameaça vindos diretamente das aulas de Walburga e Remus com algo que só faltava o rosnado para dizer que arrancaria a jugular do primeiro que se aproximasse demais.
Dando palminhas, o goblin desceu de seu balcão, ignorando toda a fila que estava diante de si e resmungando "saiam, vamos, saiam da frente", foi até Harry, já cercado de curiosos e se curvou respeitosamente.
As expressões e arfares foram impagáveis.
- É um prazer revê-lo em nossa filial britânica. Chamaremos seu gerente imediatamente, milorde – disse o Goblin. – Evidentemente também estaremos levando algo para se servir. Chá?
E igualmente fingindo não ver todos os bruxos que encaravam a cena inconformados, Harry olhou para cima e murmurou:
- Café amargo seria melhor, se não se importar, Walkou.
- Imediatamente, lorde Potter.
E os guardas logo apareceram, começando a afastar as pessoas e a encaminhá-los enquanto Harry acenava simpático para as pessoas, conversando com Lakroff sobre o clima da Inglaterra.
Sirius nunca se segurou tanto para não rir.
A sala que foram encaminhados era absurda. Havia ouro no teto, em detalhes junto do chão de mármore, nas paredes e, possivelmente até nas tapeçarias, pedras e armas incrustradas por todos os lados sendo exibidas nas paredes, imensas janelas que mostravam a rua e uma estante de livros mais longe. Um lugar maior que muitas casas.
Maior que qualquer uma que Remus já teve adulto.
Sentira-se totalmente sem rumo num lugar desses normalmente, mas a experiência estava sendo toda interessante para ambos. Sem contar que estavam a caráter. Vestidos com alguém que merecia estar ali.
Sirius usava uma túnica à casaca preta (sim, Harrison ganhara a discussão falsa), feita sob medida com um corvo negro gigante nas costas em alto relevo de veludo. Discreto o bastante para não ser exagerado, mas chamativo o bastante para lembrar a todos com quem se dirigiam agora. Não havia capa, seu casaco tinha uma calda mais cumprida que se encerrava em padrões em prata e suas abotoaduras eram chamativas com o símbolo da casa, vindas diretamente da coleção pessoal de Orion Black (o que gerou muitos múrmuros de Monstro e, sabendo disso, Sirius fez a ordem longe de todos).
O animago imaginava que só a combinação dele e Remus já teria sido suficientemente chamativa, já teria tido o efeito que viram na rua de mulheres suspirando, se atirando ou dando risinhos sempre que Sirius acenava, e homens encarando em julgamento contido e inveja clara (para Sirius era inveja).
Mas Lakroff e Harrison eram mais.
Ambos diferentes em estilo, mas igualmente conspícuos.
[N/A: conspícuo. Adjetivo. Claramente visível; facilmente notado; que salta à vista. notável pelo saber, consecuções ou dignidade. ETIM lat. conspicŭus,a,um 'exposto à vista, surpreendente, distinto, notável'].
Mitrica, sentado com pernas cruzadas numa poltrona e tomando o café que lhe era servido magicamente sempre que colocava a xícara mais para o lado, já vivia em ternos sob medida chiques, mas agora ele estava caro.
A palavra era essa, pura e simplesmente ele estava vestindo algo que dizia que era rico o suficiente para que você se sentisse um mendigo mesmo sendo um conde. Até mesmo um visconde se sua fortuna não fosse tanta. Duque era o mínimo para falar com ele. Branco, alguns detalhes em preto e fios de ouro por todo o canto. O chacal nas suas vestes era todo em ouro, estava em cima de uma bola que formava um olho grande e lacrimejante, lágrimas de fios de ouro. Em sua capa de pelugem negra, que se tornava branca até atingir os calcanhares, havia ainda uma pequena mariposa na borda e o medalhão de ouro com o símbolo do deus Anúbis no pescoço era grande o bastante para (se vendido) comprar uma casa.
Lakroff era um rei e Harrison era um príncipe.
Ele usava principalmente preto, branco e vermelho vinho. Um semi-fraque de camisa preta e verde (um tom mais escuro que seus olhos), colete justo e paletó riscado ambos pretos, um cinto de couro na cintura por cima de tudo, com tiras de correntes de ouro que caiam em arcos. Para finalizar, uma capa extravagante por cima de tudo, segurada por outra corrente de ouro com broches de mariposa.
A capa era negra por fora, discreta, mas seu forro visto de frente era todo vinho e com padrões de galhadas douradas grandes e belas. Ia até depois dos joelhos e gritava imponência. Se olhasse de perto ainda havia um bônus, veria em sua gola uma máscara de chacal, assim como nas abotoaduras.
Lindo.
Ele tinha o afilhado mais lindo do mundo! E tinha o namorado mais belo também.
Estava se sentindo um leão esbanjando sua juba.
Não havia uma única pessoa capaz de não encarar Harrison Potter enquanto ele passava, essa era a verdade.
Os brincos de ouro e a luva de couro davam um ar mais jovem junto com a variedade de cores e padrões do conjunto chique, mas principalmente, as botas faziam a diferença.
[N/A: Vou colocar umas imagens no fim do capítulo de roupas parecidas com as que imaginei, não coloquei aqui porque sei que tem gente que detesta e prefere imaginar sozinho, ou acha que atrapalha a imersão, então quem gostade visualizar estará lá sem atrapalhar ninguém].
As botas de lorde das trevas que agora faziam barulho pela sala espaçosa enquanto andava para ver os armamentos nas paredes.
Sirius e Remus quase choraram de rir com a crise semi nervosa que Lakroff teve reclamando de como as botas deviam ser destruídas se Harrison não tivesse "infernalmente protegido elas com magia". O alfaiate tinha feito o conjunto do Potter especialmente para que as botas pudessem se encaixar, um par sem fivelas ou correntes, apenas couro e cadarços. Mas Lakroff nem por isso deixou de reclamar.
Black estava gostando cada dia mais delas, dava para ver como o próprio Hazz tinha carinho pelas coisas, como se sentia confortável mesmo com toda aquela roupa de pequeno lorde.
Mas Harrison seria lorde e parecia gostar do fato.
Sirius por outro lado...
Isso o assustava.
Remus, que sempre parecia o conhecer como se lesse seus pensamentos, lhe deu um puxão discreto no braço.
- Tudo bem?
- Você está lindo – disse Sirius aproximando um pouco.
Remus corou, mas continuou lendo o livro que pegou na prateleira da pequena biblioteca da sala:
- Você já disse isso.
- Não o suficiente. Você está tão lindo que nem todas as palavras no mundo poderiam expressar.
- Nossa, me avisem se um dia eu chegar a esse ponto – comentou Harry, fazendo os dois adultos se afastarem um pouco constrangidos.
O adolescente deve ter percebido a movimentação, pois se virou para falar diretamente dessa vez:
- Não estou julgando. Quero que me avisem porque se eu for capaz de dizer coisas como Sirius diz, ou olhar para alguém como Sirius olha Remus, pretendo pedir a pessoa em casamento no ato.
Sirius e Remus, em sincronia impressionante, ganharam tons de vermelho bem próximos da capa do garoto.
Lakroff riu muito satisfeito que aqueles dois fossem um casal tão bonito de se ver. Achava que seriam uma boa influência para Harrison que tinha uma visão bem distorcida do amor. Pensando nisso o mais velho suspirou resignado:
- Você provavelmente vai me forçar a te arranjar um casamento vantajoso, isso sim.
Diante dos olhares horrorizados dos dois homens Harrison se dirigiu para o avô com um sorriso bem largo:
- O que foi? Só porque eu acho que amor não é para mim, não posso te pedir para escolher alguém? Quem mais poderia escolher a pessoa ideal para me suportar do que meu querido vovô?
- Não me venha com vovô, seu diabinho.
- Dragão. Cobra. Réptil – corrigiu Harry, o mesmo sorriso travesso e colocando seus braços por cima da poltrona do mais velho, apoiando sua cabeça também. – Estou dizendo que você me entende perfeitamente, me livra da parte mais chata: conhecer alguém e interagir até que goste de mim.
- Isso se chama paquera e você é mestre nela, já te vi tentando.
- Palavras vazias com o objetivo de deixar pessoas constrangidas ou mais facilmente convencidas a meus propósitos, nada além disso – comentou com um aceno de mão. – Não me vejo me apaixonando de verdade, então me resta ficar solteirão. Claro... - se levantou e foi até a mesinha de centro, pegando uma xícara para ele próprio: - Ainda seria muito rico, bonito, bem apessoado, cheio de conhecimento, mas um velho solteiro. Ou.... – e estendeu a pronuncia do "ou" enquanto Lakroff revirava os olhos para a expressão do adolescente. – Posso conseguir vantagem com a instituição falida europeia me juntando a ela e seus maiores benefícios! A propósito, tenho certeza de que o senhor escolheria alguém que eu conseguiria ser muito feliz convivendo.
- Seus pais se casaram por amor.
- Eu posso perfeitamente vir a amar alguém com um sobrenome forte como Malfoy, tenha isso em mente quando for decidir.
Sirius pareceu horrorizado com a ideia e Remus arfou:
- Harrison!
- Estou brincando – respondeu aos risos para os dois.
- Não tanto quanto ele quer que vocês pensem – comentou Lakroff.
- Olhe, tenho certeza que vou amar qualquer um que me dê vantagens o suficiente...
Aquilo foi o estopim.
Lakroff iniciou um pequeno discurso sobre amor e como contratos de casamento deviam ser banidos, reclamando sobre como deixar que os pais escolham a vida de seus filhos da mesma forma como controlavam suas posses provindas do título, era uma forma de controle ridícula e que desumanizava a criança, fortalecendo a prática de que o herdeiro era apenas seu sobrenome e não um indivíduo.
Sirius olhou para Remus e viu como ele parecia surpreso por Harrison realmente falar de casamento arranjando e vantagens de contratos de união com tanta naturalidade, coisas que seriam comuns para "Sangues Puros" e nobres, mas que faziam parte das características de famílias tradicionais que eles abominavam.
O próprio Lupin se intrometeu no discurso do lorde Mitrica em concordância, ajudando-o a argumentar contra o absurdo que era objetificar até o herdeiro escolhido por Harry, e então os olhos de Sirius e Harrison se encontraram.
E ele riu.
Começou a rir ao ponto dos adultos pararem o discurso.
- Que foi? – perguntou Harrison divertido, como se também estivesse para entrar na gargalhada.
- Nada. É que eu só...
"Eu fiquei feliz" pensou.
Aquela era outra faceta de seu afilhado que estava conhecendo. Não fazia nem um dia completo e já sabia...
Tanto.
Já conseguia formar uma pessoa e não apenas uma sombra escondida por trás dos olhos de Lilian (apesar da cor ser levemente mais bonita na versão de Harry) ou dos cabelos e rosto de James (mesmo que os cabelos fossem de um tom diferente, o rosto mais aristocrático).
Descobriu que o humor do menino também envolvia brincar com as tradições mais idiotas mantidas pela comunidade, além de tudo.
Estava conhecendo o afilhado e aquilo era perfeito!
Já sabia que era um garoto que amava fazer compras, que quanto mais cara a roupa maior o sorriso ao vesti-la, mas nem a roupa mais cara do mundo o faria largar mão das botas de um lorde das trevas.
Sabia que Harrison ficava tímido ao ser elogiado com sinceridade, como não acreditava na maioria dos elogios, mas quando sabia que era de coração não entendia como reagir, até se vinha de seu avô. Era um menino que gostava de ser valorizado, as roupas era só uma forma de fazer isso (Sirius imaginava que por culpa dos tios nunca lhe comprarem novas) e que ele tendia a ser bem sincero nas palavras. Se fosse para dizer algo era para dar sua opinião.
E ele gostava de falar. Gostava de se expressar e ser ouvido, mas parecia se conter e evitar algumas conversas apenas por preguiça de se estender, ou receio de que o ouvinte não fosse bom (provavelmente outro traço acentuado por anos sendo ignorado e mantido quieto embaixo da escada).
A menos de quatro dias atrás Sirius sentia que Harrison o odiava e talvez nunca fosse aceitar sua aproximação, mas agora Remus estava junto de Lakroff dando bronca no menino por "aceitar algo tão arcaico" enquanto ele dava um sorriso de quem ouvia por uma orelha e jogava fora pela outra.
Um sorriso muito parecido com o de James.
Em alguém que James teria adorado conhecer...
Iguais, mas não por serem realmente pessoas parecidas, pelo contrário, divergiriam ainda mais se estivessem juntos, poderiam estar brigando constantemente. Só que exatamente por terem aquela semelhança: a personalidade forte.
James era sincero com sigo mesmo, tudo que sempre quis era ser... Ele. Não temer seja lá o que decidisse se tornar ou fazer, ir de cabeça nisso, lutar pelo que acreditava e, quando quisesse algo, batalhar até o fim da forma que conseguisse. Acima das expectativas das pessoas, da comparação com Fleamont que tinha erguido um legado, James queria ser ele mesmo e juntar ao seu lado pessoas que apoiassem isso com a mesma força, além de ser a força para quem precisasse.
Harry era tão diferente de James, o tipo de magia que queria, a casa em Hogwarts, o tipo de piada que achava engraçado (só de imaginar Harrison fazendo uma pegadinha na Durmstrang ele já estranhava, o mais provável era que desse bronca nos que faziam, aparecendo bem atrás deles na hora H, impedindo a coisa e os assustando até o inferno).
Só que era alguém igualmente sincero consigo mesmo. Que tinha opinião, lutava pelo que queria, pelas pessoas que queria e, principalmente, que desejava ser visto como um indivíduo além de seu pai. Alguém que veio dele e o respeitava, mas único por si mesmo. Foda-se o legado, ele faria o próprio.
Aquilo aquecia seu coração na mesma proporção que doía de saudade.
- Sirius? - perguntou Remus, vendo como o namorado pareceu murchar por um segundo.
- Eu só estava pensando aqui... Com tantas opções você escolheu um Malfoy!? - ralhou, fingindo até para si mesmo que não sentiu uma parte dele sumir ao se lembrar do irmão de coração. - Porque não os Longbottoms logo? Você parece se dar bem com Neville e eles também são bem ricos...
- Sirius! – ralhou Remus mas sorrindo, entendendo que estava levando os comentários de Harrison muito a sério.
- Neville é... – Começou Harry olhando para todas as direções, depois mordendo o lábio e enfim, após alguns segundos continuando em direção ao chão. – Não. Ele não. – murmurou baixinho. Então voltou o olhar para Sirius. – Um relacionamento assim poderia estragar nossa amizade. Acho que me sentiria estranho como se... Como você se sentiria em arrumar um casamento arranjado com meu pai?
O coração de Sirius afundou um pouco mais. O suficiente para Harrison perceber que no instante que o olhar de Sirius tinha mudado ao encará-lo foi provavelmente porque estava pensando em seu pai. Não em Harry.
Não sabia bem o quanto aquilo o incomodava ou não, afinal não tinha a informação completa, mas detestava comparações com um morto que não conhecia, ainda mais acompanhadas de expectativas.
Era diferente de Lakroff comparando seu gosto por música semelhante a de Lily, apenas um comentário para que aprendesse sobre e se identificasse com os pais.
- Eu? Eu e James juntos dividíamos único meio neurônio – e imediatamente isso tirou risadas de todos e recuperou Harry ao foco. – Eu e James éramos irmãos, sempre fomos, só erraram na hora de me chamar de Black e ele de Potter. Éramos Marotos, esse era o nosso sobrenome e nós éramos gêmeos. Eu nunca conseguiria pensar nele como um casamento, nem forçando muito – e riu. – Você vê o Neville assim?
- Vocês viram minhas memórias, eu pensava em pedir aos Longbottons para me adotar. Ele seria meu irmão.
- Igual eu e James, entendo. Dito isso os Longbottons não servem para seu casamento arranjado. Eu juro que vou engolir minha opinião sobre sonserinos já que você é uma cobrinha peçonhenta. Mas Malfoys?
Harry sorriu, um sorriso que chegava aos olhos, cheio de dentes e que fez Sirius quase derreter.
- Eles são mais ricos e tem mais cadeiras na câmara dos lordes.
- Você quer cadeiras? Mais? Você é um Potter-Black criança! Terá sete cadeiras! O mesmo que os Malfoys.
- Black-Potter – corrigiu.
- Olhe só.... – sorriu. – Você está ciente que a tradição implica que o nome com mais cadeiras deve ser o último, não é?
- Quem disse que me importo com tradições?
- Garoto eu te amo de um jeito que não consigo descrever.
Harry corou e olhou para o teto.
Péssimo com elogios e demonstrações de afeto, assim como Sirius já tinha notado.
- Dito isso, gosto de ser um vencedor - continuou o menino.
- Agora acumular cadeiras é uma competição?
- Você foi treinado para ser um Lorde e não sabia disso?
- Pensei que não gostasse da Inglaterra, já o ouvi dizendo isso algumas vezes...
- Mas se for arrumar um casamento aqui, então teria algo para me manter no lugar.
- Meu questionamento permanece o mesmo: Malfoys? Você vai é querer distância deles! São insuportáveis, te garanto. Minha prima, Narcisa, se casou com Lucius, ela já era... demais para minha cabeça e Lucius só a piorou, não é flor que se cheire aquele nojento. Mesmo Bella era mais fácil de conviver que Cisa. Ela saberia quantos milímetros minha postura estava desajustada. Vai lhe dar enxaquecas com essa sua rebeldia Potter. Que tal um Weasley? Eles têm três cadeiras, mas considerando que você não parece ter preferências de gênero, então são sete opções de escolha. Um catálogo mais variado.
- Sirius! – chamou Remus, puxando seu braço. - Isso foi cruel.
- Dois deles são quase a mesma cara, então talvez prefira contar como seis - continuou o Black fazendo Harrison ter quase um acesso de risos.
Gargalhadas altas e de corpo inteiro como Lakroff sabia que eram raras. Ele olhou para Sirius com a cabeça levemente inclinada e levantou sua xícara, como em um brinde. O animago se aplumou orgulhoso de si mesmo. Se Lupin podia brincar com a ideia de jurar lealdade ao lorde das trevas Harrison, ele podia brincar com casamentos arranjados e crueldade fria às pessoas.
- Eu poderia convencer Arthur a me passar uma cadeira com um contrato de casamento? - perguntou Harrison depois que se acalmou.
- De como eu o conheço, suas cadeiras são pouco valiosas para ele, que mal as usa se não for para votar em algo que pediram.
- Algo que Dumbledore pediu? - questionou o menino sagaz.
- Talvez se você pagar por elas... - continuou ignorando a interrupção. - E realmente casar com um de seus filhos, sim, ele lhe daria as cadeiras. Ao menos uma, sem dúvidas. Dito isso Ginevra é a melhor opção, ainda lhe provem herdeiros.
- Vocês estão começando a me perturbar... – reclamou Remus.
- Eu e Padfoot estamos só brincando Moony – disse Harrison voltando-se para a mesinha e pegando um biscoito.
Sirius e Remus se olharam e apertaram suas mãos sorrindo como bobos.
Padfoot e Moony?
- Eu prefiro que se apaixone – contraveio Lakroff. – E tenha lindos pestinhas para eu brincar.
- Difícil.
- Por quê? Não quer filhos?
- Não essa parte. Nada contra um exercito de pestinhas se meu companheiro quiser, seja homem ou mulher. Eu apenas não me acho constante o suficiente para amar alguém com a intensidade de um felizes para sempre. Pelo menos, não assim - e apontou para o casal no sofá. - Consigo me ver com um amigo. Facilmente teria anos felizes ao lado de Luna, por exemplo, faríamos um bom casamento de companheirismo, mas realmente me apaixonar? Namorar com meu cônjuge? Difícil...
"Ainda teria que achar alguém que Tom não ficaria julgando no fundo da minha cabeça..." acrescentou mentalmente para a horcrux.
"Prometo que quando for dar seu primeiro beijo ficarei em silêncio" mas a forma como o som saiu deixava claro que a vozinha estava debochando dele.
O menino fez uma careta.
A alma ainda teve a ousadia de rir.
Maldita segunda consciência.
Harry nunca ia namorar! Beijar com Tom observando e julgando cada informação sobre a pessoa? Credo.
"Não é como se você não fosse capaz de me jogar no fundo da mente, sabe que não consigo ver nem ouvir nada quando o faz".
"Isso é uma sugestão?"
"Nem tente pirralho, vou te perturbar como o inferno depois".
"Alguma novidade?"
"Escute aqui...."
- Não me vejo namorando – reiterou Harry, calando a voz na cabeça e virando de costas para o grupo, tornando a observar as armas, agora com uma xícara de café fumegante.
"Ninguém nesse mundo te merece mesmo" acrescentou a vozinha no fundo da mente.
Harry aproveitou que ninguém veria dali e revirou os olhos.
"Ninguém nesse mundo me aceitaria" corrigiu quando a insegurança lhe bateu.
Ninguém seria o suficiente para um namoro de verdade. Um sincero, onde ele não precisasse fingir nada, não precisasse esconder as cicatrizes, ser forte quando não queria, esconder Tom, nunca responder a horcrux em voz alta...
Um namoro que todas as suas estranhezas fossem apenas parte de si e não coisas que deviam ser consertadas na terapia.
Ele estava quebrado, mas haviam coisas que não eram falhas.
Era apenas ele.
Seu humor macabro que Neville reclamava, por exemplo.
"Você vai achar alguém assim" a sua voz murmurou, daquela forma que nem tinha certeza se veio de Tom ou de sua própria...
Esperança?
"Não foi você que disse que ninguém me merecia?" testou, para ver se era Tom ou ele.
"Eu estava sendo especialmente irritante, é minha função, tirá-lo do sério".
"Sua função?"
"Faz você se distrair. Mas você, Harrison, não tem nada no mundo que queria que não consiga. Se você quiser namorar, se quiser alguém que te mereça, você vai achar. Seja onde tiver que procurar nesse mundo".
"Isso não dependeria de mim".
"Como não?"
"Não adianta procurar por algo que não existe".
Tom ia responder, mas um Goblin chegou naquele instante fazendo o menino estar distraído demais para lhe dar "ouvidos".
Era Ragnar, Sirius e Remus reconheceram da memória.
Mas estava diferente.
Usava roupas muito melhores, tinha muitas joias em seus dedos e andava com uma bengala tão incrustrada de pedras quanto as armas na parede. Ouro. Fazia uma barulho que ecoava pela sala enquanto andava.
- Meus senhor, Lorde Harrison e Lorde Lakroff, é uma honra tê-los na filial britânica mais uma vez!
- Senhor Ragnar - cumprimentou Harrison com uma reverência bem discreta.
Lakroff deu um aceno de cabeça respeitoso:
- Uma boa tarde, Ragnar, amigo. Sua sala parece maior cada vez que viemos... - brincou.
- Milorde, ela não parece, ela está.
Harrison riu.
- Ragnar, deixe que eu tenha o prazer das apresentações. Estes são meu padrinho, o Lorde Sirius Orion Black e seu futuro consorte, se os ventos do destino assim o fizerem, Remus John Lupin.
- É uma honra, milordes - e se curvou bem proeminentemente, uma mão no peito e outra nas costas com a bengala. - Imagino que desejem que eu chame seus chefes de contas para essa reunião?
- Não é preciso esses joguinhos, Ragnar - resmungou Lakroff sorrindo atrás de seu café. - Todos sabemos o que você quer e estamos dispostos a dar.
- Os joguinhos são necessários, milorde, seria rude ser muito direto.
- Ragnar - chamou Sirius. - Posso chamá-lo assim?
- Evidentemente, lorde Black.
- Afim de ter o melhor na organização direta dos bens da família Black e em vista do respeito que tenho por lorde Mitrica, mandei uma carta ao chefe goblin ontem mesmo, que espero ter chegado bem, avisando do meu desejo que o senhor seja meu novo gerente de contas.
- A carta chegou, Milorde. Estava apenas confirmando suas vontades, seria uma honra trabalhar para o senhor - e o sorriso que tinha na face ao fazer a próxima reverência evidenciava isso.
Sirius ainda imaginou se não estaria fazendo seu pai se revirar no túmulo por trocar o gerente que poderia estar a gerações com eles, uma vez que a idade dos goblins era bem diferente dos bruxos.
Não poderia se importar menos.
Remus observava a conversa pensando internamente como Sirius ficava atraente agindo como um lorde. Ele fazia bem o papel. Era até impressionante a mudança.
- Então espero que assim seja. Seria igualmente vantajoso em vista que pretendemos tornar Harrison oficialmente o herdeiro da família Black. Imagino que tenha trago os anéis?
- Os guardas estão trazendo todos. Até lá... - e se virou para Harry. - Milorde, o senhor disse que queria um segundo teste de sangue mais detalhado?
- Sim - respondeu indo até a mesa com cadeiras que havia no local.
- Teste de sangue? - questionou Lakroff.
- Sirius e Remus não viram da última vez, devem ter ficado curiosos.
- Entendo... - murmurou desconfiado.
Havia coisa ali, certeza.
Os outros dois adultos, entretanto, se concentraram apenas no fato de que sua curiosidade seria sanada e tentaram fazer o máximo para se levantarem do sofá como lordes e não dois marotos curiosos que receberiam um doce especialmente bom e raro.
Ragnar foi até a mesa e estalou os dedos, de algumas prateleiras encantadas onde os objetos se moviam, saiu uma enorme caixa ornamentada. Ela flutuou e repousou calmamente na mesa de frente para Harrison. O Goblin tomou assento paralelo.
De dentro da caixa uma adaga de prata muito bela foi retirada, era muito parecida com a que Remus e Sirius viram na memória, então imaginaram que era algo padrão. Ele retirou também um extenso pergaminho que deixou cair pelo chão, apenas a ponta permaneceu na mesa.
- Quando desejar, milorde.
Harrison cortou a palma e deixou as gotas caírem diretamente no pergaminho.
- Mas... - murmurou Remus.
- Este pergaminho já vem com a poção - explicou Harrison, depois sorrindo para Ragnar. - É um dos procedimentos mais caros de todo o banco.
- O pequeno lorde sabia do fato e não o questionou em nenhum momento.
- Gosto da sua ambição.
- Gosto do senhor, milorde.
- Gosta do meu dinheiro.
- Principalmente dele. Sim.
E o adolescente riu junto do goblin.
Remus e Sirius viram o papel se iluminar e palavras se formarem na folha, por toda a sua extensão de metros, mas apesar de perceberem os padrões de letras, não entendiam nada.
Não era nem como se estivesse em outra língua. A mente só não conseguia registrar as coisas. Elas se embaralhavam, borravam, se tornavam estranhas.
- Eu, Harrison James Mitrica Potter, permito que este teste e suas informações sejam visíveis a toda alma nesta sala e que assim eu autorize o pegar. Em segredo, mantenho apenas o que agora toco com meu dedo da palma esquerda.
Enquanto Harrison passava o dedo por apenas duas linhas no começo do pergaminho, Remus e Sirius tentaram não se sentir afetados pelo fato de que o menino ainda queria esconder coisas deles, afinal era algo válido. Se conheciam a pouco tempo, tinha o direito de se manter privado ao que quisesse.
Lakroff, por outro lado, segurava o riso, pensando que queria muito provocar Tom com aquilo.
"Alma penada curiosa você, não é?" seria o primeiro comentário. O segundo algo como "Imagine se não funcionasse por você ter que usar o corpo do Harry para pegar, mas veja só, para quem perdeu nariz e cabelo, perder o resto do corpo deve ser progressão apenas."
Ele desceria até a horcrux querer matá-lo assim como da outra vez.
Seria divertidíssimo.
Uma pena mesmo que não pudesse fazê-lo.
Sirius, imediatamente após as palavras de Harry, começou a ver padrões se formarem, galhos em uma imensa árvore genealógica desenhada na parte em que estava do pergaminho, conforme subia e se aproximava de Harrison a árvore acabava e começavam textos inteiros, contabilizando dinheiro, propriedades, itens, bens no geral. Era muita coisa.
Mas a primeira coisa que o fez parar foi uma lista bem grande de...
- Que são isso? - perguntou se abaixando para pegar o pergaminho.
- O que?
- Está em russo, se não me engano, e sou péssimo em russo, mas o nome... São fábricas de rifles?
- Como? - questionou Remus se colocando ao seu lado bem curioso.
- As fábricas de arma de Gellert comprou - explicou Harry. - Uma na Rússia e uma nos Estados Unidos. Não importava quem ganhasse a guerra, os Mitrica enriqueceriam. Ninguém julga o fabricante de armas em temos de guerra por querer vender para os dois lados. As ações ficaram abandonadas por bastante tempo, mas cresceram o bastante para vendermos algumas porcentagens e fazer a nossa própria. Tecnicamente fazemos parte do império armamentista trouxa.
- Vocês o que?!
- Tecnicamente. É mais do meu irmão que de qualquer um de nós.
- Seu irmão?
- Meu filho mais velho - lembrou Lakroff. - Hazz chama todos de irmãos, é claro, considerando a criação deles e suas idades.
- Primos de segundo grau, tios ou qualquer coisa estava fora de questão - acrescentou Harry. - Enfim, também temos um dos principais hospitais dos Estados Unidos. A medicina durante a Segunda Guerra avançou muito, apesar dos motivos terríveis que os fizeram aprender coisas novas, guerras sempre melhoram a medicina trouxa por tem com que... fazer testes.
- O quão ricos vocês são afinal?! - perguntou encarando os metros de rolo que estavam magicamente acrescendo mais.
- Não é importante. - dispensou Harrison. - Vamos, venham aqui, querem ou não ver as coisas mais interessantes?
Mas alguém bateu na porta naquele instante.
- Seus anéis, milordes - disse Ragnar se levantando e batendo com a bengala no chão. - Entrem.
Três guardas fardados abriram a porta e seguiram em uma comitiva carregando ao todo quatro caixas que fizeram Lakroff estreitas os olhos.
Uma caixa para devolver o anel de herdeiro Potter, outra para pegar o de Lorde, então duas Black, mas... elas pareciam diferentes demais umas das outras.
Os goblins foram até a mesa, deixaram-nas e saíram com reverências e um "obrigada pelo trabalho" de Harry (que tirou sorrisos bobos deles e um revirar de olhos de Ragnar).
- Não precisa ser gentil com a ralé, milorde.
- Você recebeu minha gentileza anos atrás para poder dizer essas palavras hoje.
- E pretendo ser o único em seu nome no talão de cheques, obrigada.
- Talão de cheques? - questionou Sirius.
- Termo trouxa para uma forma de dinheiro que usam. Vamos então? Padrinho, comecemos por você?
- Eu? - tossiu para limpar a garganta que sentiu repentinamente pequena e foi até a mesa. - Claro.
- Lorde Mitrica - chamou Remus. - Se me permite a pergunta... - e começou a questionar sobre algo que o deixou curioso no pergaminho.
Sirius tentou se focar nele.
Ragnar abriu uma imensa caixa preta cuja tampa esbanjava em ouro o brasão da casa Black, o interior de veludo era negro e vermelho e tinha dois anéis. O maior tinha a base com os dizeres "a grande família Black" entalhados junto de arabescos que prendiam o foco principal. Um círculo achatado com um corvo defronte, a bainha de uma espada saia do bico aberto. Havia diamantes negros nos olhos do bicho.
Grande, espalhafatoso, a cara dos Black.
O outro era menor, um corvo de lado, apoiado na letra B detalhada.
Um velho amigo de quando a família não odiava Sirius.
Jogou a coisa o mais longe que conseguiu quando saiu uma última vez pela porta da frente, mas eles sempre voltavam para a caixa, anéis de herdeiro e lorde. Se a caixa tivesse a proteção necessária ou se o próprio lorde de uma casa, se reconhecido assim, exigisse seu retorno diante dela. O de lorde ou herdeiro digno chamando pelo objeto perdido e este apareceria.
- Lorde Black, pode pegar seu anel - disse Ragnar.
Sirius segurou o impulso de inspirar fundo e manteve seu olhar totalmente neutro enquanto estendia a mão para o veludo.
O anel de lorde simplesmente voou no ar direto para seu dedo anelar e lá se ajustou, brilhando.
- Eu, Ragnar, representante aqui presente da sociedade Goblin o reconheço, Sirius Orion Black, oficialmente como lorde da mui antiga e nobre casa dos Black e de tudo aquilo que lhes pertence - e se curvou ao fim de suas palavras.
Dessa vez o, agora lorde, se permitiu inspirar enquanto fechava os olhos e sentia o peso daquele momento, a magia se entrelaçando a ele, sombria e familiar, seu corpo todo parecia tremer internamente, sua magia era como se girasse e rodopiasse, rescendo, expandindo, respirando aliviada.
Harrison assistiu os pelos vermelhos, que Sirius sempre se mantinha carregando, sumindo totalmente e penas negras voarem por todos os lados como em uma tempestade. Praticamente podia ouvir o grasnado. Era bonito de se ver. A casa se ligando ao seu lorde e o reconhecendo. Então elas foram se ajustando e se tornando tons de vermelho aqui e ali, alguns pelos aparecendo, mas as penas nunca sumindo totalmente. Sorriu com aquilo.
Sirius e pegou o anel de herdeiro na mão e olhou para o afilhado:
- Eu, Sirius Orion Black, reconheço você Harrison James Mitrica Potter como meu herdeiro legítimo e, portanto, herdeiro da mui antiga e nobre casa dos corvos Black. Futuro Lorde Harrison James Mitrica Black Potter, dono de tudo que me pertence.
Ele estendeu sua mão e Harrison ofereceu a própria, onde o animago colocou calmamente o anel em seu dedo indicativo esquerdo. O objeto brilhou fortemente antes de se ajustar ao tamanho do dedo.
- Você tem sorte que essa era a ordem que eu queria, ou teríamos problemas.
- Você poderia se rebatizar - sorriu.
Harrison mostrou a língua antes de se virar para Ragnar, que já tinha colocado a caixa Black mais para o lado e aberto a caixa Potter.
- Eu, Harrison James Mitrica Black Potter... Que inferno, já são três nomes, todas as minhas famílias tinham que ter nomes mágicos? - reclamou o menino.
- Você pode abandonar Mitrica.
- Não ferr...
- Não ouse terminar isso! - brigou Lakroff e Ragnar riu. - Estou falando sério, você vai ter que abandonar quando eu morrer de toda forma.
- Mas quero manter até lá, obrigada.
- Como assim? - questionou Remus.
- Minha mãe era Lady Mitrica e James Fleamont Potter era o Lorde Mitrica em consequência no instante que ela reivindicou o nome. Ele, entretanto, não precisou ser rebatizado para ter o título de lorde. O contrato de casamento dos Potters deixa bem claro, tudo que um dia foi da Lady Potter será Potter após o casamento, se unirá a seu nome, se tornara parte da casa Potter. Mitrica nunca vai sumir, nem poderá ser fundido a outro nome por ser mágico, mas eu não sou obrigado a usar o sobrenome porque, da mesma forma que Gellert só tinha Grindelwald, eu posso só ter Potter já que esse sobrenome agora é Potter. Minha mãe assumiu como Lady antes do Lakroff, então é mais meu que dele. É mais Potter que Grindelwald. O título era da minha mãe, um dia será meu, mas como o conquistei por nascimento e casamento dos meus pais, não por reinvindicação, eu não sou obrigado de forma alguma a reivindicar o sobrenome para ter os direitos de lorde da casa.
- E o nome Black, então? Você tem sangue Black...
- É diferente. Nem Euphemia, nem Dorea Black eram as herdeiras do legado da casa. Elas não carregavam o título que faria seu marido lorde Black, eram apenas parte dela, então o casamento delas com Fleamont e Charlus não permite que possamos nos tornar lordes por nascimento Potter, tem de ser por reinvindicação de título e, portanto, aceitar o nome magico acrescido ao nosso.
- Os Potters sempre mantiveram casamentos assim e mantiveram o costume de três nomes. O primeiro, depois o nome do pai e então o sobrenome Potter que, em teoria, representaria todos os direitos do herdeiro. Potter é, na verdade, a fusão de tudo que um dia eles foram, cada casamento, cada aliança e união - continuou Lakroff. - A tradição é que continue assim exceto nos casos como o seu e de Harry, onde ele teve que reivindicar algo em prol de seus objetivos e possibilidades pessoais. Em outras palavras, ele pode ter Black sem arruinar a tradição de família, mas Mitrica arruína porque já é um nome Potter. Ele está sendo redundante. Ou melhor, ele estará quando eu morrer e ele assumir como lorde, afinal minha posição permanece apenas enquanto ele não pode assumi-la ou enquanto não desejar.
- Então no futuro bem distante, já que Lakroff vai viver quase para sempre - comentou Sirius infantilmente e todos riram. - Você se tornará apenas Harrison James Black Potter?
- Sim - e fez beicinho. - O contrato do meu pai com a minha mãe fará a fusão. Eu posso me rebatizar, mas...
- Não seria a mesma coisa, seria só um nome como James... - comentou Sirius entendendo.
- Isso. Ao menos meus filhos podem continuar só com Potter.
- Mesmo? - questionou Remus.
- Eu já serei Lorde Black, meus herdeiros são os futuros donos da casa independente do nome por nascimento. Não sou obrigado a lhes dar Black, pois desde o começo o anel de herdeiro será deles, não há reinvindicação aqui.
- Entendi, então nomes mágicos servem para reinvindicações. Para que, no caso dos consanguíneos não terem mais herdeiros, alguém em uma linhagem mais distante possa... clamar pelo nome e ele o aceitar, assim se mantendo vivo.
- Sim, exato. E por isso muitos tem magias de sangue que lhe dão adoção. Para acrescentar o DNA ao herdeiro, nem tão próximo, e torná-lo apto aos dons da casa e toda sua magia antiga.
- Eu vejo...
- Bem. Tomem aqui - disse o adolescente pegando o pergaminho com o teste de sangue e dando para Sirius. - Na dúvida, continuem perguntando a Lakroff.
E se virou para Ragnar começando a falar sobre as mudanças que ele queria fazer agora que teria total acesso aos cofres Potters, já avisando quais lugares queria investir, o que queria construir. Falava tão rápido e tão empolgado sobre projetos que Remus sorriu pensando se o menino já não estaria fazendo esses planos baseado no que teria como Black um dia.
Sirius realmente pegou a parte que estava mais próxima do pergaminho e foi para mais próximo de Lakroff e Remus, para ler em uma das poltronas que apareceram magicamente naquela área.
Sirius começou a ler em voz alta enquanto Remus observava números astronomicamente grandes alguns metros de pergaminho.
- Vocês ganham muito dinheiro trouxa...
- A indústria de armas é forte.
- Fleamont Henry Potter, avô paterno. Eupheia Black Potter, avó paterna. Garden Evans, nee Grindelwald avô materno. Samantha Evans, nee Wills avó materna - lia Sirius. - Interessante, eu nunca tinha visto um homem com "nee" num destes.
- Rebatismo.
- Então você também... - e procurou o nome de Lakroff no pergaminho, mas não achou. O loiro riu da expressão de Sirius. - Você escondeu o nome de batismo do Lakroff?! Por quê?! - questionou Harry em voz alta.
O menino apenas sorriu e voltou a debater sobre os investimentos.
- Por quê? - perguntou o animago ao lorde Mitrica.
- Eu tenho um passado sombrio que meu nome denuncia - disse em tom de brincadeira.
Sirius fez uma careta e riu forçado, mas decidiu deixar aquilo para lá, toda a parte da família Grindelwald estava apagada a partir do nome de Garden, então assumiu que era algo que ambos preferiam esperar conhecer melhor Sirius e Remus para falar sobre.
- Que quer dizer isso? - questionou Remus mostrando para Mitrica uma pedaço que falava de alguns nomes em um centro comercial que o deixaram confuso.
- É como um beco diagonal, mas maior. Além de lojas e restaurantes, como aqui, há também escolas de duelos, escolas diversas como de música, treino de voo, até, se quiser pagar para seu filho, escolas autorizadas para dar aulas preparatórias em magia para crianças, antes de irem para Durmstrang. Ensinam a teoria básica do mundo mágico. Cresceu de centro comercial para vila e, aos poucos, está se tornando uma cidade mágica mais diversa. Fica na Sibéria, próximo a mansão Mitrica. Uma área de quilômetros que foi enfeitiçada com barreiras mágicas onde o clima nunca muda muito, está sempre ameno e vivo. Várias pessoas já se mudaram para lá por causa do trabalho e a expansão também incentivou a construção de praças e até um teatro magnífico, um dia devemos visitar. Estou tentando convencer o estado russo mágico para autorizar a construção de um orfanato mágico por lá também, mas é uma história muito grande, seria melhor explicar com mais calma outro dia.
- Orfanatos mágicos? - questionou Sirius. - Acham que conseguem? - e pelo seu tom ele já entendia a importância daquilo.
- Acreditamos que sim. Está em votação.
- Vocês tem tantas lojas assim nessa cidade? - perguntou Remus.
- Somos os fundadores da coisa.
Os dois adultos olharam para Lakroff com caras tão engraçadas que ele quase engasgou com seu café.
- Fazia parte do terreno da família Mitrica. Fica numa parte quase inabitada da Sibéria, foi dada a nossa família pelos Czares pelo bom trabalho como bruxos no império russo séculos atrás. Realmente tinham uma cidade inteira no meio da neve inabitável e com só uma casa. Harrison comentou uma vez que poderíamos construir um centro totalmente bruxo e, apesar de ter sido um comentário idealizado de criança, com algumas conversas no ministério conseguimos entrar num acordo e tornar possível. Era uma boa ideia. Recebemos parte dos impostos por termos dado o território e realmente compramos, investimos e construímos várias das coisas que abriram, então ganhamos muito com seu desenvolvimento. É a nossa cidade. Oficialmente reconhecida pelo ministério da magia. Somos os fundadores - encerrou rindo mais das expressões dos outros que continuavam incrédulas (se não tivessem ficado mais).
- Inferno, vocês são quase irreais - murmurou Sirius, se esquecendo que devia agir feito lorde.
- Nós só fizemos isso porque... Que merda! - praguejou Lakroff se levantando e olhando para Harrison - Você não vai fazer isso!
- Eu vou - contrariou sorrindo.
- Harrison! Não!
- Você sabe que vou fazer, aprovando ou não. Eu sou emancipado agora, esqueceu-se? - e mostrou as cartas do governo Russo, reconhecendo Harrison como adulto para o estado bruxo, havia uma da Alemanha também, para confundir o ministério britânico e a qual ele tinha direito por ser um Grindelwald. - Falta só a Grã-Bretanha assinar a parte deles, se não estivessem insistindo tanto em ter "a documentação completa do antigo guardião, sua assinatura e um teste de sangue ou outra evidência de que tinha direito perante Harry James Potter" para validar o documento, estaria tudo bem. Mas não preciso do documento padrão se for lorde de todas as minhas casas, eles têm que me reconhecer na câmara dos lordes e, portanto, um adulto legal se sou votante oficial até em outros países e já assumi todos os meus títulos.
- Você quer se tornar lorde Grindelwald?! - ralhou Remus, entendendo a preocupação de Lakroff.
- Não - e seu sorriso ficou mais torno, mais estranho e assustador.
- Ele não pode - explicou o lorde Mitrica. - Gellert está vivo e não dão autorização para ele ter uma pena ou qualquer coisa que escreva para assinar o documento que abdica da posição para Harrison.
- Ele não pode ter uma pena? - questionou Sirius.
- Longa história.
- Então de que casa você está querendo se tornar lorde afinal?
- Sirius, porque não continua lendo? - questionou Harry. - Que tal ir direto para os bisavôs paternos? Henry Ralston Potter, bisavô paterno... - e deixou a frase no ar.
Sirius pegou o pergaminho e procurou a informação, arregalando os olhos e se levantando.
- Filho da Puta!
- Palavrões na frente de crianças! - ralhou Lakroff indignado.
- Oficialmente adulto - brincou Harrison.
- Calado! - disse o avô, estressado o bastante para bagunçar seus cabelos, pensando em como convencer a criança do contrário.
"Oficialmente adulto meu ovo esquerdo! Olhe o que está prestes a fazer!" pensou Lakroff. Aquilo era se arriscar de mais, e para que? Irritar um maldito lorde das trevas, chacoalhar um galho na frente da cobra enrolada em Neville Longbottom.
- Que foi? - perguntou Remus se aproximando de Sirius.
- James! Aquele desgraçado! Infeliz de merda... caralho!
- A boca... - choramingou Lakorff entre as risadas do seu diabólico neto.
- Que tem? - e puxou o papel para ler.
"Angelia Sayre Potter, bisavó materna".
Sayre. Ele tinha a impressão de já ter escutado o sobrenome em algum lugar, mas realmente não se lembrava.
- Que tem isso?
- Sayre - resmungou Sirius.
- De onde são?
- Britânicos, mas boa parte foi para as américas com o tempo. James me contou que o avô tinha conhecido a mulher nos estados unidos, mas eu não pensei... desgraçado infeliz... Ninguém nunca pensaria!
- Eu não estou entendendo! - reclamou.
- Sayre, Moony - começou Harrison. Era difícil ver quem tinha o maior sorriso, ele ou o goblin ao seu lado. - É o sobrenome de nascimento de Isolt Steward, fundadora da Escola de Magia e Bruxaria Ilvermorny. - Remus arregalou os olhos incrédulo, tanto que deu um passo para trás enquanto o afilhado continuava. - Angelina Sayre era prima distante de Isolt, não era exatamente uma herdeira de Ilvermorny, mas era como um Sayre, e essa é a parte que mais interessante, uma herdeira Slytherin.
Sirius realmente sentiu seu coração acelerar quando Harrison levantou a cabeça, a luz das janelas tornando seus cabelos negros em vermelhos sangue, seus olhos verdes brilhando enquanto dizia no tom mais macio de voz:
- Você está olhando, graças aos esforços do meu querido primo Lorde Voldemort, para o último herdeiro de Slytherin vivo e futuro lorde da casa - apontou para uma caixa verde e prata aberta na mesa. - Se o anel me aceitar. O que vai. Nomes mágicos sempre presam pela sobrevivência acima de tudo, já ouvir falar disso?
- Harrison, não ouse! - reclamou Lakroff.
Aquilo era muito pior que simplesmente o anel Peverell e, agora olhando de novo para a mesa e vendo aquelas quatro caixas ele percebeu: não eram duas Potters e duas Black, mas malditas caixas únicas, o menino fez aquilo para enganá-lo até o último minuto. Uma caixa Potter, uma Black, uma Peverell e...
- Você sabe como ele reagirá se fizer isso, você não pode!
Mas naquele momento a caixa tremeu quando o anel em seu interior se mexeu, então voou até o dedo de Harrison.
O novo Lorde Slytherin.
-x-x-x-
"Não é só a guerra, não são só as armas trouxas.
É tudo.
Fábricas e tecnologias que matariam pessoas e o planeta. Trouxas fariam cada dia armas piores, físicas e até biológicas para superarem um inimigo que, no fim, eram apenas pessoas com culturas diferentes, mas igualmente valiosas.
Em prol do dinheiro, usariam recursos finitos e prejudiciais ao planeta que envenenariam a terra, poluiriam o ar, destruiriam a natureza, enquanto criavam de forma artificial animais para consumo desenfreado. Enriquecendo pessoas específicas, matando de fome outras em lugares que chamariam de subdesenvolvidos depois de serem sugados historicamente por anos e, agora, serem desprezados. Cada dia pior. Cada dia mais dor. Dividindo o mundo em dois, países "desenvolvidos", de "primeiro mundo", sangue sugas manipulando países menores para conseguir os recursos que eles não mais teriam por já terem se auto destruído ao limite! Incentivando guerras e brigas infinitas, dando mais armamentos para que se matassem e pudessem tomar o território enfraquecido com palavras gentis falsas! Dando soldados para se livrar de seu próprio povo e controlar a natalidade de uma forma macabra que não admitiam, mas faziam com propagandas militares ridículas!
Afinal aquela não era guerra deles! Para que mandar seu povo? Para tomar vantagem! Ganhar dinheiro!
Eu reclamo dos bruxos, mas nós não matamos por dinheiro! Entramos em guerra por ideais e mudanças pois somos um bando de velhos que demoram a entender! Nós não destruímos o mundo por dinheiro!
Entende que comer carne se tornaria um problema na mão dos trouxas? Eu estava enlouquecendo sim, mas CARAMBA! Como não?! Milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas a cada ano, emissões de gases no planeta, gases tão densos que ficariam presos na camada protetora, a camada de ozônio, criando um efeito estufa que impediria os raios solares de saírem da atmosfera, superaquecendo a terra até o derretimento de calotas polares e a morte de biomas, espécies e recursos naturais diversos por um ecossistema em declínio, tudo isso seria reduzido e mais terra, água e biodiversidade seriam preservadas, tudo com simples conscientização e, acredite ou não, uma maldita dieta mais equilibrada que não enriquece os trouxas responsáveis pela criação de carne! E não estou nem falando para parar de comê-la!
Nem sei se isso seria saudável e eu mesmo não pararia. Estou apenas dizendo que até simplesmente COMER se torna problema na mão de trouxas. Eles são egoístas e desiquilibrados. Precisariam aprender a entrar em equilíbrio com o mundo...
MAS ELES NÃO FARIAM!
Eles assistiriam o mundo ruir! E INCENTIVARIAM!
A carne, a aquicultura (criação de peixes e frutos do mar), os ovos e os laticínios, com o tempo, passariam a utilizar mais de 80% das terras agrícolas do mundo, eles destruiriam florestas para fazer comida QUE JOGARIAM FORA! Quando centenas deles passariam fome!
Eu sou o maluco que os queria controlar, mas nós resolvemos esse problema com magia!
Tão simples quanto fazer arvores crescerem mais rápido ou SUMIR com o lixo ao invés de joga-lo no MAR!
NO MAR!
Eles jogam lixo no mar, de onde sai quase todo o OXIGÊNIO do mundo!
Dois toques de varinha, o feitiço correto e sabemos que damos fim na existência de objetos materiais não mágicos. Poderíamos salvar o planeta em questão de meses juntos! Curar a natureza, ensinar a viver em harmonia com os recursos naturais.
Os bruxos podiam ser a maldita solução para um fim do mundo lento e cruel que eu via desde os meus infernais cinco anos.
E queriam que eu ficasse quieto.
Os bruxos não iam fazer nada para se manter escondidos e em paz com aquelas pragas planetárias!
Somos uns ferrados que precisam de mudanças políticas, mas isso é só em alguns países mais retrógados e afeta apenas o meio social que estamos inseridos. É resolvido com revolução. Os trouxas são o planeta inteiro! Quem não é assim se tornaria se tivesse a força para tal! É cobra comendo cobra! Não é apenas política, mas irresponsabilidade coletiva destrutiva!
Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro.
Doenças mais mortais, mais dolorosas, causadas pela alteração biológica de tudo, pandemias! Inserção de elementos prejudiciais a saúde, por serem mais baratos de produzir, em prol de vícios que iriam sendo introduzidos até a dependência, mantendo as pessoas em constante controle ideológico disfarçado. Radiação seria normal, carregariam no bolço, na comida, quantidades "saudáveis" que aumentariam o câncer no mundo. Obesidade, até envenenamento por recursos como cigarro, tudo normal. Se matar aos poucos, normal, porque a indústria os convenceria disso. O envenenamento calmo e paciente da população, para que gastasse mais dinheiro com tratamentos médicos e indústrias farmacêuticas que continuavam criando remédios que criavam novas doenças.
O envenenamento da mente, pois para viver era preciso dinheiro e a busca do dinheiro lhe tirava o tempo para viver.
Todos doentes. Todos loucos. Só piorava. Um ciclo vicioso.
Trouxas são loucos! Iam se matar e nos levar junto! O planeta todo! Vivemos no mesmo maldito planeta!
A guerra era horrível, mas era só uma parte de uma avalanche de problemas que eu era constantemente era forçado a ver.
O mundo todo estaria arruinado.
E os bruxos não fariam nada.
Pois trouxas são fracos, trouxas não machucam.
Eles destruiriam o planeta depois que se destruíssem.
Sabe...
Eu disse a sua mãe que me arrependia.
Eu devo ser um mentiroso compulsivo. Disse que não me importava em mentir para ela, porque não me importava com sua opinião no estado em que estou.
Mentira, mentira, mentira. Eu não me arrependo do que tentei fazer. Eu menti a minha vida inteira para tentar ser normal. A única pessoa que chegou perto de entender isso foi Queenie Goldberg, que ouvia merda todos os dias, como homens a assediando e a vendo como objeto.
Ela ouvia as coisas que eu via quando chegava perto de mim e não fugiu. Ela viu o que eu era e aceitou.
Por um tempo...
Começou a assustá-la. Acho que ela preferia acreditar que seus amados trouxas mudariam, que não chegariam aquele ponto.
Eu era mais realista e queria escravizá-los para não dar mais maldito trabalho! Ensinar na marra como tratar o mundo e como usar sua inteligência para algo útil ou matar todos tentando.
Que fosse.
#Riscado Queenie e Alvos... ambos foram enganações que tive, de que não estaria mais sozinho. Necessários até eu aprender a me virar. Eles não viram a história como um todo. De certa forma ambos me trairam#
Dumbledore quer ser o herói, mas ele nunca tomará as decisões necessárias.
Eu me arrependo de que minhas decisões fizeram a você e minha família, mas eu fiz o que fiz por que os amava e queria um mundo melhor.
Eu tentei ser parte da solução.
E a verdade? Assim como aceitei a culpa por coisas que nem sempre são necessariamente minhas, por qualquer morte, como de Ariana (para proteger Dumbledore de sua própria dor) ou das consequências da guerra, assim como hoje estou preso para apodrecer...
Se o mundo quer um herói para ele, que deixa o que vi acontecer, um que espera tudo chegar ao limite desastroso, deixa tantas culturas, animais, recursos e até vidas morrerem...
Trouxas, bruxos, elfos, goblins, Panda-gigante (em extinção), Arara-azul-de-lear (extinção), Pinguim-africano (extnção), árvores, plantas, biomas, o mar, o ártico, a vida.
Tudo é vida.
E vai morrer.
Vai murchar, apodrecer, chorar sangue e aí, daqui anos quando mal houver o que recuperar, só então os bruxos vão se levantar e usar a magia que podia ter salvo todos desde o início? Quando metade das coisas for irrecuperável, se não mais?
Não podemos trazer espécies que não existem mais a vida.
Não temos feitiços para tornar água potável.
Mas podemos fazer água.
Vamos esperar tudo secar para nos levantar e reabastecer os rios? Quando a terra estiver rachada e morta?
Se querem o herói que se levanta no último minuto para resgatar o mundo e as pessoas quando a esperança parecia perdida...
Então eu serei o vilão.
Só tem um problema...
Quem disse que os trouxas vão nos deixar vivos a tempo de sermos os heróis?
Quem disse que nós não somos um recurso finito bom para eles?
Eu disse, não é? Eles vão acabar com todos os recursos.
Armas descartáveis.
Outra espécie.
Monstros, aberrações, frutos do demônio.
Já viram como tratam seus iguais? Já ouviu falar de racismo? O que acha que farão com uma espécie mais forte que lhes gera medo?
Você sabe a resposta, não sabe?
Deixa eu te dizer, isso nem é uma visão do futuro, é passado mesmo: Já fomos caçados uma vez.
Seremos de novo.
Eles já tentaram nos queimar, o que farão agora? Quando formos a solução para seus problemas? Por quanto tempo nos manterão vivos antes de usarem como armas para novas guerras quando o mundo for recuperado? Acha que eles aprenderão de primeira ou repetirão o erro em ciclo? Porque, para que uma guerra mundial se podem ter duas? Para que destruir o mundo uma vez se podem duas? Ou ainda, e se eles já nos odiarem desde o começo como uma força que pode tirar todo o poder deles?
A história sempre vai se repetir se não houver mudança.
Trouxas vivem menos, deixam seu conhecimento, seus museus e bibliotecas, queimarem como se nada fosse, enquanto nós protegemos o nosso com unhas e dentes. Eles esquecem rápido e tornam a fazer as mesmas coisas.
Você pode não acreditar em mim, como disse antes é apenas minha opinião.
Os bruxos quiseram me tornar um vilão e não aos trouxas.
Eu não me importo mais.
Eu serei a merda que achar que preciso ser!
Que se dane o rastro de desgraça, mortes e o que mais quiserem me forçar a criar. Eu não desisti antes, não vou desistir agora! Vou tentar até que seja a última vez e terão que me pegar para isso.
Lilian, minha doce e linda neta, por seu filho desceria até o inferno e daria a mão para o diabo.
Vou afundar até o inferno e tomarei o trono dele se for preciso pelo que me resta. Que se dane o mundo, quero que os bruxos queimem com os trouxas se assim for, não tentarei ser herói nenhum. Mas eu o faria por você, Harrison. Te daria o mundo que quisesse e como fosse preciso, mas se eu falhar em tudo de novo...
Espero que saiba que você deve aproveitar a vida.
Ela é um recurso finito.
O que deseja fazer dela é escolha sua. Apenas que seja feliz e lute por si mesmo. Não se incomode de não ser o que as pessoas esperam.
Lembre-se que não me importei de ser o vilão".
Carta de Gellert Grindelwald para seu bisneto. Páginas finais.
"Sua família ou não te quer o suficiente para vir até aqui, ou já está morta, Gellert. Sinto lembrá-lo" Uravat havia falado no dia que o prisioneiro escrevera a carta.
Sua reação, na época, fora dar um sorriso que assustou todos os guardas presentes na cela, ainda dizendo:
- É fácil a solução então, não acha? Basta ir até eles.
- Que quer dizer, seu lunático? - gritara um dos guardas, um dos que fora fazer a escolta enquanto usava pena, tinta e papel.
Todos tinham medo que ele fizesse algum ritual com aquelas coisas.
Estavam tão focados em magia, que não pensaram em métodos mais "trouxas". Não viram no começo Gellert enfiando a ponta da pena na carne da unha e quebrando enquanto movia as correntes para fazer barulho e reclamava "sem ponta? Pensei que tivesse autorização para escrever..."
O Grindelwald, ainda fez questão de lembrar bem o rosto desse guarda que gritou.
Decorou quem era e também o guarda filho de trouxas, que tentou avançar no lorde quando fizera o comentário sobre não passarem de animais.
Os dois eram os mais instáveis e prováveis de serem úteis depois.
- Vamos, use o feitiço! - provocou Gellert. - Se for forte o bastante você garante que eu chegue neles!
- Então você realmente quer morrer - murmurou Zunotta em choque.
Gellert não fez qualquer questão de corrigi-lo.
Todos se retiraram pouco depois. O albino só precisou de uma hora para retirar o metal de dentro de si. O dedão ficaria arruinado por dias depois de todo o esforço, mas quem ligava?
Gastou os próximos dias em duas missões.
Primeiro usando aquela pequena ponta de metal para lascar as runas nas correntes.
Não precisava de muito. Uma runa tinha que estar perfeita ou não teria o efeito desejado. Ele era o melhor aluno em runas. Sabia exatamente como estragar cada uma sem desperdiçar seu tempo e esforço desnecessário.
A segunda missão envolvia continuar provocando mais e mais os dois guardas jovens e impulsivos. O quanto podia e como podia.
Baixou o nível no pior que conseguiu pensar, ele era bom em provocar as pessoas, achar seus pontos mais fracos (apesar de antes ele usar isso para rir delas). Insultos como sangue ruim, sangue sujo, porcos em duas patas, cria de podridão trouxa, saiam por seus lábios com tanta naturalidade que foi inevitável:
Após uma semana, os guardas se juntaram em um pequeno grupo de três e o nascido de trouxas empunhou sua varinha, sozinho na cela, contra Gellert.
Estava feito.
O albino desviou facilmente da magia lançada pelo inexperiente, mas poderoso bruxo, o movimento revelando o apoio na parede onde as correntes ficavam presas (cuidadosamente escondido às suas costas), que levou todo o dano e se partiu.
Com um puxão a corrente estava solta e, em um movimento semelhante a um chicote de ferro, Gellert arrebentou a amarra e a cabeça do garoto.
O derrubando sangrando no chão.
Se levantou calmamente, testando a força das pernas, estalou alguns ossos e tomou a varinha da vítima.
Ele percebeu que o guarda ainda estava vivo.
Então o matou.
Um único feitiço verde silencioso.
Dos dois que ficaram vigiando do lado de fora, um teve o pescoço cortado com as unhas do homem (que seriam cortadas naquele dia de novo) e depois teve uma varinha enfiada dentro do globo ocular. Queimando ao ser partida por dentro.
O outro foi enforcado com a corrente, ainda presa no pulso por um bracelete, enrolada no pescoço por trás e sendo puxada o tempo todo enquanto o amigo levava a maior parte da atenção.
Tudo rápido, estranhamente limpo e fatal.
Movimentos precisos onde nenhuma energia era gasta a toa.
As técnicas não mágicas eram um pouco mais demoradas que um feitiço da morte, mas tornava mais difícil de ser percebido pelos guardas nos outros corredores, dando a chance para emboscá-los também.
O resto da fuga foi tão meticulosamente bem feito quanto. Virando nas saídas certas, andando calmamente, desviando de cada feitiço antes mesmo que pudesse terminar de sair da varinha inimiga, atacando mais rápido e mais fatal do que jamais presenciaram antes, roubando objetos deles e usando-os para apunhalá-los, derrubá-los, desarmá-los e, então, matando da forma mais rápida que conseguia, mas dificilmente deixando alguém que lhe cruzava sair.
Um castiçal na parede, varinhas com núcleos mais mortais quebradas em seus bocas (ele conhecia bem varinhas, já estudara um tempo com Mykew Gregorovitch), suas unhas, seus dentes na jugular de alguém, uma pedra contra uma cabeça e, vez ou outra, feitiços mortais diversos.
Correntes arrastando no chão de pedras a cada segundo mais silencioso e mais sujo de sangue.
Cada movimento tão bem pensado e preciso que pareceu uma dançada da morte, que o rastro de corpos só fez todos os guardas perceberem algo verdadeiramente perturbador:
Gellert Grindelwald era um vidente. Um do apocalipse que só podia ver mortes e diretamente relacionadas a algo grande. Ele jamais veria sua fuga e nem por isso não se mostrou capaz de escapar de tantos lugares antes.
Mas e se sua fuga fosse um massacre?
O quão claro ele veria a coisa?
Se o massacre fosse causado por ele? O quão forte ficaria?
Retirando sua própria ética e moral pessoal, Gellert deixou de ser um homem e se transfigurou num monstro que nenhum deles estava preparado para lidar.
Afinal, além de que claramente ele sabia exatamente o que fazer antes que as coisas acontecessem, ele era inegavelmente um necromante.
Ele avisou.
A morte o deixava mais forte. Tinha visões melhores e mais poder mágico.
Um necromante dando alma após alma a morte. Preso em um vidente que precisava de sangue para conseguir ter visões mais específicas à seus objetivos.
Uma junção terrível, macabra e fatal.
Finalmente todos entenderam a pressão que era um Lorde das Trevas.
Não era de um ex lorde que estavam falando. Nunca foi um ex lorde naquela maldita cela. Gellert sempre seria um líder acima de todos nas artes sombrias, enquanto estivesse vivo.
E não se ganhava um título daqueles gratuitamente. Era...
Um lorde.
Um dos homens mais fortes vivo. Motivado, irritado e sem qualquer escrúpulo restante para pará-lo.
Eles tinham de ter se curvado enquanto tinham chance, enquanto não o irritaram.
Em certo ponto todos decidiram apenas que era perigoso demais continuar lutando e correram para tentar avisar Alvos Dumbledore, na esperança de que este pudesse recuperar o monstro ou matá-lo de vez, pois todos que se aproximavam caiam, nem sempre das mesmas formas, nem sempre rápido, se quer total sinceridade.
Havia tanto sangue nas paredes de Nurmengard que o local se tornou o pesadelo de todos que o viram nos próximos dias.
Assim Gellert sujo de vermelho vibrante arrastado suas correntes com pedaços de carne.
Durante aquela semana ficaram desesperados, principalmente porque o ministério britânico não quis acreditar na possibilidade de Gellert ir para lá e melhorar suas proteções. Afinal, porque ele iria para o país onde estava o homem que podia pará-lo? Vingança? Mas Alvos estava indo para a Alemanha ajudá-los, então não havia com o que se preocupar.
Mesmo quando Zunotta teve a coragem de revelar para um dos funcionários do ministério que Lilian Potter era uma Grindelwald e que, talvez, ele fosse atrás da família, nada aconteceu. Ficou claro que apenas não acreditaram. Ou não pensaram que o monstro iria, depois de tudo que fez, apenas ir direto para sua neta e bisneto. Afinal ele não deveria se importar né?
Era um monstro de que estavam falando, mas decididamente não um apático a tudo e todos. Era apático apenas a seus alvos.
Talvez nem acreditassem que Gellet teve filhos, para começo de conversa.
Sem muita ajuda e tentando evitar o pior, os guardas não conseguiram nada até receberem uma coruja de um homem chamado Lakroff Mitrica, que dizia ter pego o lorde em fuga.
Parecia impossível. Alguém além de Alvos podia mesmo derrotar aquela coisa? Zunotta, o chefe de Nurmengard foi buscar Gellert furioso e cético, mas entendeu quando viu Lakroff.
Entendeu que Gellert não tinha só Garden Evans como filho e que Grindelwald era alguém que presava demais aquele aspecto de sua vida.
Não era apenas Harry Potter do qual queria alguma noticia.
Conversando com Lakroff, Zunatta acreditou ter juntado os pontos. Gellert conhecia os Potters, talvez ele quisesse ver Harry um dia, mas nunca vira os próprios filhos crescidos. Um já tinha morrido sem nem trocar uma palavra. Isso lhe foi prioridade. Se fosse morto, se fosse preso de novo, se o filho não quisesse vê-lo, tanto fazia, o importante era ver o rosto crescido de Lakroff (quase uma cópia mais nova do próprio Gellert se não fossem os olhos e a forma de vestir).
Ele fez uma carta para Harrison, seu bisneto.
E foi dar uma última olhada em seu filho.
Um monstro sentimental, pensou Zunatta.
Lakroff, entretanto, não queria qualquer envolvimento com tudo aquilo e conseguiu convencer todos a inventar uma boa história que garantiria que não fossem demitidos ou extremamente julgados depois de tudo. Uma onde eles tinham conseguido achar e prender o homem rapidamente e sem vítimas externas. Claro, as famílias dos guardas estavam furiosas, mas deixaram claro que esse era um dos riscos da profissão e os próximos contratados eram muito mais firmes e cruéis, mas bem mais capazes.
A segurança foi melhorada, Alvos Dumbledore fora na fortaleza dar sua própria contribuição e acrescentar algumas medidas.
Uravat continuou como chefe, pois foi um dos únicos a sobreviver depois de lutar contra o fugitivo naquele dia fatídico, e foi aquele que ficou com a fama de recuperá-lo em tempo recorde, mesmo que não tivesse o respeito dos novados ao ponto de ter que dividir o cargo futuramente com Ranulf Langkau.
Mas ele não se incomodava com Langkau. Apesar da arrogância, era um bom garoto e forte. Havia conseguido também sobreviver a Gellert.
Só que Zunatta sempre se perguntou porque foram deixados vivos. Ambos toparam com o lorde entre os corredores e foram apenas derrubados ou impedidos. Langkau ainda conseguiu se levantar e ajudar outros a fugir, pelo que viu nas memórias que juntaram para o relatório.
Já Zunatta... Realmente Gellert apenas lhe ofereceu simpatia? Será que queria que, assim, retribuísse o favor e entregasse a carta para Harrison?
O que o homem não sabia era que a própria carta tinha sim um ritual.
Algumas pequenas e discretas marcas de sangue do dedo machucado da pena, deixados sempre que manuseava as páginas, murmurando palavras como se as estivesse escrevendo na carta de forma quase inaudível, criando uma proteção que apenas alguém que dividisse do mesmo sangue que poderia ler sem sofrer consequências graves.
Gellert apenas aceitou deixar vivo alguém que respeitou seus desejos.
Não era um vilão de todo o mal, no fim.
Achou que foi uma decisão acertada e merecida, quando descobriu que Zunotta deixou a carta com o próprio Lakroff "para fazer o que quiser disso".
Muitos guardas se aposentaram.
Feridos, traumatizados, horrorizados.
E Zunatta realmente entendeu cada um. Enquanto estava preso a um feitiço na parede e quase desmaiando ele pode ver o homem em ação e...
Também se pegou pensando na aposentadoria.
Ver o estrago de perto foi terrível. A forma como tinha facilidade em quebrar o pescoço de alguém, ou como sorria de canto quando acertava os pontos mais fatais de primeira.
Descobrir o que era, de verdade, a diferença entre a magia de meros mortais e de um lorde das trevas foi difícil.
Mesmo com anos sem usar sua magia, aos poucos começou a cortar gargantas apenas ao olhá-las e fazer um movimento com o braço, enquanto que com a varinha acertava outro alvo.
Parecia nem mesmo soar.
E também cantava.
Lilian Potter sempre cantarolava uma música sem letra na cela em suas visitas, uma cantiga infantil trouxa ao que parecia, já que não reconhecia, e Gellert fez o mesmo durante todo o tempo, dando um ar muito mais macabro para suas ações.
Só que ele inventou palavras para a canção.
A letra completa, Uravat só descobriu durante os interrogatórios, nas memórias dos sobreviventes ele arrepiava a cada verso:
"Um pequeno, pequeno bruxinho
vivendo com flores do quintal.
Um pequeno, pequeno bruxinho
uma criança muito especial.
Um pequeno, pequeno bruxinho
que só queria ser normal.
Um pequeno, pequeno bruxinho
tratado pior que animal.
Um pequeno, pequeno bruxinho
que se tornou obscurial.
Um pequeno, pequeno bruxinho
exorcizado como algo banal.
Um pequeno, pequeno bruxinho
que só reagiu, é natural!
Dois pequenos, pequenos bruxinhos!
Num orfanato ou
num armário do hall!
Três pequenos, pequenos bruxinhos!
que nunca tiveram paz real!
Um pequeno, mais nem tanto assim,
pequeno grupinho de bruxos!
Grandes pequenos monstrinhos quebrados
que te mostrarão verdadeiros pecados
Porque o pequeno, pequeno bruxinho
não estava sozinho afinal!
Num mundinho, doente mental!
ele se faz o próprio o mal!
E quando o mundo, o pequeno mundinho!
falido e decrépito, sem ver o final
Não aceita seus erros, grandes erros ridículos
então todo isso tornara-se fatal!".
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Gostaram?
Espero que sim!
Fiz com muito carinho e achei ótimo o resultado. Parte dois do capítulo anterior.
Quero encerrar com uma reflexão, apenas.
Eu dei a vocês tudo em metáforas, mas agora vou mastigar e entregar trituradinho para fixar bem:
Votem com consciência esse ano, ok?
Tirem o título eleitor, leiam os projetos de cada candidato e parem de ser massa de manobra, nada de votar naquele "que tem alguma chance", pois todos tem chance (e são MAIS DE DEZ PRÉ-CANDIDATOS PELO AMOR!) se as pessoas pararem de ser idiotas úteis.
Não sejam parte do problema.
Começarem a pensar com calma e tornem-se parte da solução.
Se você não tem idade, lembre-se que um dia terá e isso é importante. Deixar para aprender tudo na hora te garantirá pelo menos quatro anos com algo que não poderá reclamar, pois foi escolha sua se manter ignorante até o último minuto e então acabar tomando a decisão merda.
Se cada um faz sua parte o governo é igual a preservação da natureza. Se não tiver babaca preguiçoso e egoísta, da para todo mundo fazer diferença. Não pensem no outro na hora de votar, pense no que VOCÊ LEU e VIU que é melhor.
Pensem por si mesmos. Tenham senso crítico.
Quem disse isso no capítulo foi um tirano maluco? Foi.
Um que oficialmente caiu para a categoria sociopata assassino homicida? Sim.
Mas aí eu entro em outro ponto que é:
Vocês sabem que nessa história ou vocês passam pano para vilão (com o argumento de que todo mundo erra e que fins justificam alguns meios), ou vocês vão odiar os protagonistas e torcer para o lado oposto, né? A intenção sempre foi fazer uma fic que divide as pessoas e mostra que nem todo mundo é mal, nem todo mundo é bom, mas tem uns comentários que me fazem pensar que alguns leitores ainda não perceberam que daqui é ralo a baixo.
To falando sério.
Daqui é luz ou trevas e ralo. a. baixo.
Foram avisados.
Ou você é do lado das trevas ou da luz. Porque neutro cai aqui: "Se você não é parte da solução, então é parte do problema".
Votar nulo, votar em branco não tem essa não. E não em venham com "mas faz então um lado cinza". Querido.... só porque o Brasil tem dez candidatos, não quer dizer que o resto do mundo tenha. Estados Unidos só tem dois.
Essa fic também.
Roupa do Lakroff:
Roupa do Harry (mas troquem esses padrões aleatórias na mente de vocês por galhadas, a cor azul por verde e as estrelas e luas por olhos/ sem contar que a camisa do Harry está fechadinha):
Boa noite.
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