Capítulo 27 - O lorde chacal e o herdeiro de Slytherin
HOJE É UM ÓTIMO DIA PESSOAL
Estou com meu computador de volta *-*
Dito isso, esse capítulo ficou tão grande que teve que ter parte um e parte dois. Passou de 28.000 palavras sem divisão :) Então essa parte ficou com as primeira 20 e a próxima eu vou terminar e nem sei como vai ficar, mas vamos lá.
Não se preocupem, tem várias cenas esse capítulo, então da para parar para respirar no meio kkkk
Boa leitura!
Sintam a música de novo pessoal. Dessa vez uma música que é a cara do Grindelwald: Besomorph & Coopex - Redemption (ft. Riell)
PS: Sendo bem sincera, eu já tinha revisado esse capítulo algumas vezes, mas chega em um ponto que meu cérebro já espera o que vai vir e não consegue focar mais, então alguns erros podem ter passado. Como sempre, me avisem <3
PS: Se está gostando dessa fanfic e do trabalho dessa autora, saiba que tenho um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited, além de que o prólogo está disponível nesse perfil para quem quiser descobrir do que se trata. Vá lá e dê uma olhada para descobrir se te interessa, vai ajudar muito!
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Capítulo 27 - O lorde chacal e o herdeiro de Slytherin
"A necromancia envolve matar para ter poder, sabendo que este é o sacrifício máximo. Dê uma alma para a morte e ela retribui proporcionalmente.... Para seus padrões.
Voldemort queria tornar-se imortal, ele não notou a ironia? Achou mesmo que uma vida humana tem valor o bastante para retirar o maior desejo da morte? Justamente a vida do necromante que a usou..."
Harry, na verdade, nem dormiu na sexta-feira, apenas fingiu para não preocupar seus amigos. Tom havia lhe contato que no dia que tomou as poções de sono e deixou a horcrux no comando do corpo, Voldemort devia ter se irritado e uma dor avassaladora o atingiu, tanta que precisou se levantar da cama e ir para o banheiro, onde ardeu em febre e até mesmo vomitou.
O Potter percebeu que Tom tinha uma resistência a dor menor que ele próprio.
No instante que convenceu Neville a dormir, depois o restante da corte, Harrison correu até o quarto de Lakroff e esperou o baque que viria quando Voldemort recebesse as boas novas de Bartolomeu Crouch Jr.
Sentiu-se péssimo, isso era fato, foi algo incômodo, uma dor de cabeça que vinha (literalmente) do fundo da alma, mas já teve piores. Apenas soou.
O que deixou a horcrux bem desconcertada, mas o que Harry poderia fazer?
O importante foi torcer para que Bartolomeu continuasse vivo. Ele ia ser muito útil se Voldemort mantivesse em Hogwarts, mas depois de uma cessão com Harrison e sua corte, algumas horas com Lakroff terminando de "ajustá-lo" e agora na mão de um Voldemort muitíssimo decepcionado pela "falha" falsa que lhe deixaram para o atraso... Barty teria que ser resistente a níveis que Harry duvidava.
Bartolomeu ainda estava vivo no sábado.
Enquanto pessoas tomavam seu dejejum por toda Little Hangleton, naquele agradável sábado de outono, o jovem comensal encontrava-se no chão a um canto do escritório de Tom Marvolo Riddle, a quem ele, é claro, conhecia por Lorde Voldemort. Boca aberta, mãos na garganta, arqueando as costas em busca de ar, o corpo ainda tremendo das sequelas.
Mas ele ainda parecia melhor que Lucius Malfoy.
A imagem, vista assim de longe, era interessante para se dizer o mínimo. Um jovem adulto de cerca de dezoito ou até uns vinte anos, com uma expressão neutra, mas de mandíbula tão travada e tencionada que se escutassem o som de um dente quebrando seria esperado, um adulto mais velho e dezenas de vezes menos bonito tentando respirar, quase de forma inútil, então um terceiro adulto, o mais velho em aparência entre todos, de cabelos cumpridos quase albinos, roupas mais finas e bengala ornamentada jogada mais ao canto, quase espástico, chorando, evitando gemer para não incomodar mais o primeiro
Marvolo, o mestre, estava furioso.
Ao ponto de sentir vontade de, já que precisava do idiota do Malfoy, levantar-se e dar um soco em sua cara. Técnica trouxa que jamais se permitiria rebaixar, mas não podia torturar o inseto e queria lhe infligir dor. O pouco que fizera não havia saciado seus instintos mais profundos, mas era Lucius ou teria que ir atrás de outro imbecil ele mesmo.
Se tivesse que passar por aquela merda de novo mataria alguém.
Preferia evitar.
Será que ele tinha passado tantos anos em meio a insanidade que, mesmo agora praticamente recuperado, ele continuava incapaz de pensar normalmente? Conseguira controlar os impulsos, mas será que era normal desejar tanto por arrancar unha por unha de uma pessoa com accios só para vê-la sangrar e urrar? Depois fazê-la engolir enquanto pensava como matá-la?
- Dez segundos, Lucius. Sinta-se grato pela minha misericórdia - murmurou frustrado.
"Por mim deixaria algumas horas" acrescentou mentalmente.
Tink, a elfa doméstica de Voldemort, quase guinchou de alívio quando seu mestre começou a recuar a magia novamente. Ainda mais que não demonstrou grandes dificuldades para o feito, mas manteve-se muito receosa. Mestre Voldemort estava naquele ponto onde deixava as emoções falarem mais alto, mas ele não podia se permitir aquilo. Deveria estar de repouso, só para começar! Ela queria lembrá-lo disso. De como sua alma e magia ainda estavam tentando recriar uma conexão antiga e muito importante, além de delicada, que toda aquela reunião dois dias depois de um ritual complexo era pedir demais de qualquer um, mesmo o mais forte bruxo que já nascera.
Mas Voldemort era imediatista e havia o perigo do menino "Harry Potter", do qual ela tanto ouviu falar. Então, também por presar a própria vida, ficou quieta. Morta não serviria a seu senhor. Apenas assistiu o bruxo idiota que ousou alegar que estivera leal todo aquele tempo e trabalhando para conseguir poder político para seu mestre, ser torturado, enquanto o próprio Voldemort se mantinha de postura ereta.
Bartolomeu, alheio aos pensamentos da criatura, achava que a raiva de seu mestre fora causada pelo idiota do Malfoy questionar a aparência do mestre.
Pior. Duvidar que aquele garoto fosse o lorde das trevas.
Era obvio que Voldemort estava segurando sua magia apenas por uma questão de se manter no nível dos mortais, o albino mereceu a tortura que recebera.
Mereceu que Voldemort ignorasse qualquer controle e arremessasse sua magia para toda a sala. De forma tão intensa e abrupta que, enquanto Lucius gritava, o próprio Barty, ainda em estado de sequela da noite, simplesmente caiu no chão sem ar.
E foram segundos.
- Dez segundos, Lucius.... - repetiu Marvolo, deixando que sua voz ocultasse o desconforto em relação a si mesmo.
Sabia que não podia ficar usando feitiços assim, ainda mais um tão forte como cruciatos. Sua magia estava por todo lado, um desperdício gigante e era quase de se agradecer que não tivesse queimado ou destruído nada e evidenciado que não tinha mais controle sobre si próprio. Não podia demonstrar fraqueza diante dos seus antes, agora muito menos.
Inspirou fundo.
- Milorde... - o Malfoy conseguiu dizer entre as arfadas de ar que ele próprio buscava. A boca muito seca apesar do sangue de ter mordido a própria língua. - Sou imensamente grato pela misericórdia do meu senhor, eu sou um lixo que não merece tamanha simpatia.
- Que bom que sabe - respondeu seco pensando se pedia a Tink para lhe trazer um chá com poções para a cabeça, mas a única coisa que lhe veio à mente foi a imagem clara dele pegando uma caneca fumegante e jogando naqueles dois idiotas, então preferiu dispensa-la.
Assim que o "poop" suave foi ouvido, Voldemort se virou para Lucius com atenção total:
- Você jamais vai me trair novamente, estamos de acordo?
- Sim milorde, de acordo - murmurou, se apoiando tremulo nos braços para tentar se levantar.
- Você jamais duvidará das minhas capacidades mágicas para superar até mesmo a morte ou qualquer outro maldito bruxo, jamais deixará de procurar seu senhor.
- Sim, milorde - concordou fechando os olhos, esperando outro crucio.
Que não veio.
Isso o surpreendeu.
Marvolo tornava a falar:
- Jamais comentará sobre a aparência que o seu senhor decide ou não assumir ou questionará qualquer aspecto das minhas decisões a menos que eu lhe peça sua opinião.
- Sim, milorde. Jamais, meu senhor.
Barty fechou os olhos pensando que ele mesmo queria cruciar Lucius. Esperava que o antigo colega não repetisse uma besteira daquelas, porque os dois sabiam que tolos dificilmente saiam com vida de uma reunião onde o mestre estava descontente.
E ele não parecia descontente naquele dia. O correto era total e completamente desgostoso.
Tinha sido piedoso na noite anterior com Barty, agora estava tendo de ser de novo. Até onde sua paciência iria? E se o lorde percebesse que estava sendo paciente? Então voltaria a punir Junior da pior forma.
Então descartaria o cadáver?
Não que loiro tivesse total culpa. Fez o que achou ser melhor e seu senhor deveria concordar, pois do contrário não teria poupado a vida do comensal, considerando a importância que estava dando para a captura dos objetos.
Os objetos realmente eram úteis, estavam transformando Voldemort em uma versão ainda mais forte dele.
Dezena de vezes a mais que na última guerra.
Então Barty entenderia se tivesse morrido por chegar ali de mãos vazias, apenas com um relatório sobre Harry Potter e o filho de Lucius, mas aconteceram imprevistos. No instante que estava pronto para sair de Hogwarts, Dumbledore apareceu à porta para falar com "Moody" e insistiu acompanhá-lo até os portões para que pudessem conversar sem atrapalhar o cronograma do auror. Lutar contra sua insistência poderia levantar suspeitas, então Bartô optou por obedecer a cabra velha estúpida, além de que JAMAIS andaria com a caixa do diadema com Alvos do lado. Teve que deixa-la.
Pensando agora, o Junior percebia que realmente estava andando numa corda bamba de sorte. Lucius receber tão poucos segundos de um crucio também era algo a se pontuar.
Talvez o humor do mestre não estivesse tão ruim quanto seus olhos brilhando doentiamente em vermelho faziam parecer?
- Muito bem, Lucius. Dito isso, até que você tem razão em algumas coisas. Você se mostrou alguém bem útil para se manter por perto. Mesmo com suas falhas absurda. E você é um homem minimamente esperto. Já deve ter entendido que o menor deslize, a partir de hoje, resultará na sua eliminação após uma longa sessão de dor. Correto?
- Perfeitamente, milorde - e se curvou, a cabeça no chão, um braço no peito, outro nas costas. - Sou muito grato em servi-lo senhor, minha lealdade sempre estará em suas mãos, farei de tudo para compensar meu erro, garantirei que todos esses anos subindo no ministério lhe sejam os mais úteis. Faça de mim como quiser, eu obedecerei.
- Aproveite que está no chão e refaça seus votos de lealdade antes que prossigamos com a reunião.
- Sim milorde - e olhou apenas por meio segundo para Bartolomeu.
Imaginando se aquele homem também teria refeito os votos ou se realmente fora ressuscitado. Bartolomeu tinha que estar morto a mais de uma década. Entretanto, Voldemort também então que impedia ele de ter retomado um comensal do além?
Ele, mesmo assim, achava mais plausível que Junior tivesse dado um jeito de fingir a própria morte como Rabicho fizera. Receber uma carta, nos antigos códigos que usavam na Sonserina durante o período da escola, o trazendo ali com a promessa de rever seu senhor se tornou, oficialmente a coisa menos estranha do seu dia.
Voldemort estava de volta. Foi tolo de só acreditar depois de sentir na pele, mesmo que fosse custoso de acreditar que aquele jovem (um dos mais belos que já vira em vida) era a nova casca do homem quase monstruoso que servira, um dos bruxos mais fortes que já existira e tinha conhecimento.
- Eu, Lucius Malfoy, lorde da casa Malfoy, declaro o lorde das trevas conhecido pela alcunha de Lorde Voldemort, herdeiro da casa Slytherin, como meu senhor e como senhor de todos os meus futuros descendentes até o tempo não existir mais. Que assim seja.
- Que assim seja - repetiu Marvolo sentindo o voto revitalizado, a ligação entre sua magia com a de Lucius e, por suas próprias palavras, com a de seu sobrenome.
O de cabelos cumpridos gemeu de dor enquanto sua marca queimava em punição por sua "traição" antiga, sua magia retalhando por ter ido contra seus desejos firmados no último voto, parecia estranha e torturante em seu corpo.
Marvolo se segurou para não vomitar.
Sua cabeça chiava e seu estômago embrulhava. A reabsorção da taça de Lufa-Lufa ainda o estava deixando instável, afinal fora a apenas dois dias atrás. O aumento abruto e toda a ligação de servo e mestre causou uma sensação péssima, diferente do normal onde o fazia se sentir maior e maior forte, enquanto aproveitava a dor de seus servos por se ligar tão profundamente a bruxo outro, lhe dando serventia.
Fazendo sua própria magia mais leal ao senhor, do que o próprio feiticeiro que a carrega.
- Muito bem - disse firme, tentando afastar pensamentos sobre voltar para a cama. - Estou oficialmente perdoando o passado, Lucius. Lhe dou autorização para celebrar.
- Milorde, muito obrigada por sua misericórdia, este é um dia fantástico e...
- O suficiente - interrompeu.
Lucius baixou a cabeça em reverência, ainda ajoelhado.
- Bartolomeu cuidará de atualiza-lo da maior parte dos meus planos e, como boa parte deles serão muito úteis com meus comensais infiltrados no ministério, realmente espero grandes coisas de você. Nada menos que a perfeição será permitida. Quero informações também. Passei muito tempo fora e Junior igualmente, infelizmente, você nos colocará nos eixos sobre o sistema atual para que eu possa avaliar como derrubá-lo.
- Derrubá-lo, meu senhor? - ele não ousou levantar o rosto enquanto perguntava.
- Obviamente não vamos reiniciar a guerra de onde paramos, perderíamos muitos dos nossos e fica claro que ainda não posso confiar em vocês para uma tarefa tão intensa. Não. Começaremos tomando o governo. Política, Lucius. Se fez seu trabalho bem até agora, entenderá a que me refiro.
- Meu senhor pretende entrar no ministério de dentro?
- Pensei ter dito isso agora mesmo, está querendo que eu gaste meu tempo me repetindo?
- A guerra...
- Não será necessária se fizermos tudo corretamente. Não tão cedo. Claro, eventualmente teremos de lidar com resistência e rebeldia, mas há caminhos. Eliminar nossos inimigos da forma que merecem é uma prioridade menor que garantir o levante da magia das trevas e da cultura bruxa. Vamos avaliar tudo com cautela antes de tomar os próximos passos, não podemos nos dar ao luxo de repetir fracassos.
Lucius se segurou muito para não reagir ao que estava pensando naquele momento. As memórias de seu pai lhe contando sobre o herdeiro Slytherin inteligente, astuto, sagaz, que atraia as pessoas com palavras, planos perfeitos e poder apenas na medida necessária para completar qualquer objetivo e que levaria a Grã-Bretanha bruxa a outros patamares.
Voldemort estava mesmo... Se mostrando exatamente o que Abraxas sempre disse que era?
- Milorde...
- Os outros.
- Meu senhor? - e finalmente levantou o rosto para falar, Voldemort preferia que o olhassem quando estava discutindo coisas importantes.
- Quero saber dos outros que estiveram do nosso lado e continuam livres. Principalmente do meu círculo inteiro. Quem mais pode me ser útil?
- Crabbe, Goyle, Jugson, Yaxley... Corban Yaxley conseguiu o cargo de chefe de execução das leis da magia, milorde, ele...
- Nott?
Lucius evitou a careta que quis lançar e Marvolo fingiu que não a viu, mesmo que disfarçada.
A briga entre Molfoy e Nott vinha desde sua época, quando ambos, Theomore e Abraxas, vieram para o lado de Riddle e contra a resistência de Orion Black.
Que eventualmente também veio a se curvar e se tornou um dos mais fiéis, apesar de nunca ter sido marcado, mas enfim... Um Black não se curvaria sem muita luta antes, ainda mais Orion.
Sobre Nott, o próprio Marvolo ainda estava irritado com Theomore, mas considerando que ele era um dos únicos ainda vivos dos cavaleiros de Walpurgis e a quantidade de informações que a família acumulava beirava ao suculento, ele tinha que ter Theomore novamente.
- Nott está para se aposentar, mas continua no Ministério, meu senhor. Com sua influência por experiência, seria bem útil - concordou de mal gosto.
- Muito bem, então temos muito o que discutir. Quem queremos de novo conosco, quem será útil o bastante para receber meu perdão tão misericordioso... Claro, sinto muita saudade dos meus velhos amigos, mas vocês me magoaram tremendamente...
E mesmo sem a cara ofídica, Lucius sentiu todo seu corpo chorar em expectativa assustada. Voldemort agora não parecia um monstro como na guerra.
Parecia um anjo.
E se Lucius escutou bem um ou outro comentário da religião trouxa ridícula, sabia que quando anjos caem, eles se tornavam diabos.
Nada pior que um demônio.
Nada pior que O diabo.
Ainda mais quando tinha o sorriso que Marvolo lhe apresentava agora:
- Tem algo, além da política básica, que quero muito que consiga para mim Lucius, mas há uma coisa de ainda mais urgência. Você precisará conseguir o quanto antes e vai. Sei que vai. Não é meu caro?
- Claro Milorde. Como desejar.
- Preciso que dê um jeito de abrir Hogwarts para o público.
- Como?
A sobrancelha levantada fez Lucius fechar os olhos esperando outro crucio.
De novo... não veio.
Mas aquela espera pela maldição estava sendo quase tão torturante quanto.
- Tenho certeza de que consegue convencer o conselho e o ministério que os campeões merecem, em prol da fama eterna ou sei mais lá o que seus discursos vazios prometeram, já que nem mesmo eu nunca ouvi falar de um vencedor do torneio tri bruxo, que o evento tenha uma plateia de verdade. Visitantes sendo liberados garantiria visibilidade para os feitos dos campeões e agradaria Crouch Sênior e sua tentativa ridícula de voltar à ativa política. Mesmo que apenas os mais seletos sejam liberados para assistir, consiga. A mídia também ou o que seja. O importante é que quero ver pessoalmente a coisa, mas sem que gere suspeitas.
- Milorde... - ele pensou em perguntar, mas desistiu. Seria suicídio. - Como desejar.
- Talvez, se a missão for muito difícil para suas capacidades... - e seu tom mostrava o devido desprezo. - Podemos usar o rato do Karkaroff. Ele tem muito o que pagar e está em uma posição vantajosa. Eu preferia evitar, tão pouco. Aquele traidor merece morrer nas mãos de Barty. Tenho certeza que Junior entenderá se a peça de lixo nos for útil para os planos finais, só que sou fiel a minhas promessas, como bem sabem.
- Milorde, eu abriria mão de qualquer coisa pelo nosso sucesso - pronunciou-se Barty, correndo até o lado de Lucius e se ajoelhando. - A tomada da Grã-Bretanha é prioridade. Minha vingança é um sentimento inútil, de um mero mortal que não merece tamanha consideração.
- Como eu disse Lucius. Bartolomeu merecia esse trocado, veja como ele se manteve perfeitamente fiel e veio atrás de seu mestre assim que foi possível. Consegue fazer o que deve ser feito sem que precisamos de karkaroff vivo?
- Milorde, farei meu máximo e garantirei que conseguirá estar em Hogwarts.
- Ótimo.
- Mas... - sussurrou apavorado.
Marvolo inspirou fundo e se imaginou dando aquele idiota para Aritusa (o monstro de Slytherin) comer.
Bartolomeu queria dar um soco agora no outro.
- Diga.
- O vice diretor da Durmstrang.
Aquilo chamou a atenção de Marvolo. Ele até se permitiu inclinar para frente e apoiar a cabeça nas mãos ao perguntar:
- Lakroff Mitrica?
- Este mesmo, milorde. Eu deveria saber que o senhor já teria conhecimento do homem...
- Por que ele seria um empecilho para você?
- O senhor ficou sabendo sobre...
- Sobre?
- Harry... - sussurrou muito incerto.
- Por Morgana, Lucius, quem acha que colocou o nome de Harry Potter no torneio? Está me subestimando ou é incapaz de juntar os pontos?
- Desculpe, milorde. Eu sou tolo e não mereço estar em sua presença - disse tornando a se curvar e Bartolomeu revirou os olhos.
Idiota traidor.
Se tivesse ajudado seu senhor não teria que estar se rebaixando por perdão.
Poderiam ter ganhado essa guerra bem antes.
- O que há, Harry Potter?
- Lakroff Mitrica, depois que o garoto foi chamado... parabéns pelo feito, milorde, o senhor...
- CHEGA!
E os dois homens no chão realmente saltaram de medo com o tom firme e irritado.
- Não estou para bajulações, vá ao ponto! - ordenou.
- Depois que o garoto foi chamado como campeão, Lorde Mitrica insistiu no fim da cobertura midiática. Mesmo que tenhamos tentado conversar, ele e os outros professores da Durmstrang tem um contrato mágico por preservar a privacidade de Harry Potter e foram bem insistentes em reavaliar tudo até que sua família desse um parecer. Era para ter sido publicado um artigo no profeta diário na segunda-feira passada sobre o evento e os campeões, entretanto ficará para esta segunda semana de junho e será bem restrita. O jornal teve que concordar em dar uma cópia para os diretores aprovarem antes de ser publicado. Claro, a redatora Rita Skeeter dificilmente seria parada por algo, mas se tem alguém que pode vencê-la pelo cansaço é Lorde Mitrica. Desde o começo o homem foi um dos que encabeçou o projeto do torneio, isto é, na parte que interessava aos alunos. Foi aquele que apresentou a ideia de juntar as aulas do Instituto Durmstrang com Hogwarts e aproveitar mais a oportunidade de comunicação internacional. Ele... o senhor o conhece?
- Pode continuar o que estava para dizer.
- É um homem impressionante. Fica claro que tem conhecimento e boa lábia, conseguiu convencer a maioria dos responsáveis e garantir que tudo pudesse ser feito, mesmo com o absurdo de juntar alunos de magia sombria com alunos da luz. Realizou palestras, projetos de aula, debates, marcou reuniões, viajou por meses de um lado para o outro, deu doações, conseguiu contatos em suas conversas até quase os colecionar. Nada seria possível sem eu esforço tremendo e de seus alunos do conselho estudantil, do qual ele falou muito para dizer aos pais que seriam um bom exemplo. Claro, eu e tantos outros membros do conselho de escola concordávamos com a ideia da magia sombria, mas não poderíamos ser tão claros nesse apoio. Não precisamos, de toda forma. Lakroff Mitrica convencia a todos do que queria em alguns dias, de um jeito ou de outro.
"Alguns sorrisos, uma reunião particular para um chá e a pessoa voltava falando maravilhas do homem. Insistiu na boa troca de experiências, na oportunidade de conhecer culturas e línguas, e na chance única que seria para os alunos experimentar as aulas novas da Durmstrang que fossem de acordo com as leis, ou como seria útil para os búlgaros aprender o Inglês para buscarem carreiras acadêmicas em qualquer país do mundo. Bartolomeu Crouch Sênior idealizou o torneio, Lakroff Mitrica idealizou aulas. Todos os demais foram arrastados pelas ideias desses homens. Ele conseguiu até controlar a empolgação e infantilidade de "Ludo" Bagman em relação a tudo. Foi quase como assistir o homem recebendo uma coleira e latindo em concordância sempre que Lorde Mitrica falava, o que só facilitou o processo de convencer os menos inclinados as artes sombrias.
Marvolo olhou para Barty, mas mesmo que o homem tenha se encolhido, o lorde não estava irritado. Não havia muito como ele saber daquele fato, foi meses antes de se libertar e tornar-se Moody, sem contar que eles ainda não tiveram a chance de torturar o Sênior por informações. Tudo que sabiam eram os poucos comentários que esse fazia em voz alta na casa e o, preso sob império, filho captava.
- Então ele que convenceu Dumbledore?
- Isso é o mais interessante, milorde... Não acho que ele tenha convencido Dumbledore. Acho que ele convenceu todos os outros ao ponto de Dumbledore se sentir compelido a concordar.
- Faz sentido, não vejo como aquela cabra velha permitiria algo assim. Entretanto Dumbledore também quis este torneio...
- Milorde, não sei o exato posicionamento da cabra velha em relação a tudo, mas de uma coisa sei: de todos os bruxos que poderiam tentar convencer a juntar duas escolas com princípios diferentes, Lakroff Mitrica seria a última opção que me viria a mente, mas o fez.
- Por que diz isso?
- Lakroff Mitrica, meu senhor, é um parente de Gellert Grindelwald - contou com um sorriso satisfeito por ser aquele que ofereceu tão deliciosa informação ao lorde.
Marvolo conseguiu, mas por muito pouco, não arregalar os olhos. Seu silêncio estendido, entretanto, fora o bastante para revelar sua surpresa, o que só aumentou a satisfação de Lucius e a vontade de Barty por soca-lo.
Gellert Grindelwald.
Marvolo se lembrava de uma infância e adolescência bruxa onde, sentindo-se desamparado, percebia as falhas da sociedade e encontrara consolo em um lorde das trevas. Um homem com ideias, força, e que pensava efetivamente nesses problemas e em soluções para eles.
Sejam quais fossem as soluções.
Desde que os bruxos prevalecessem (qualquer bruxo), o resto era inútil.
O bruxo que lutava pelas crianças bruxas órfãs, falava sobre elas, ouvia suas dores e entendia, principalmente, o risco dos trouxas para elas.
Alguém que odiava a guerra trouxa tanto quanto Tom e que estava lá, lutando com unhas e dentes para alcançar seus objetivos e a grandeza bruxa.
Marvolo ela muito mais forte, muito melhor, mas Gellert foi sua inspiração, era maduro o bastante para admitir e não ficar apenas se comparando a quem veio antes.
Respeitava a memória do primeiro lorde das trevas daquela geração.
Aquele que falava abertamente a verdade: que trouxas eram lixo.
Bem... Voldemort os via como lixo. Gellert via como animais a serem domesticados.
Foi uma de suas principais falhas, sem dúvida.
- Parente? - questionou Marvolo. - Que tipo de parentesco estamos falando?
- Não tenho certeza de quão próximos na árvore genealógica, milorde. Estava curioso sobre o bruxo, consegui a informação de Karkaroff, mas ele não disse mais que isso e não encontrei tempo para investigar mais a fundo. Conversando com as pessoas, não parece que ninguém saiba nem mesmo desse aspecto.
- Inútil.
Lucius tremeu e se curvou de novo.
Gellert Grindelwald.
O lorde das trevas que conseguiu influenciar quase o mundo inteiro. Um necromante. Tinha centenas de bruxos trabalhando para ele em áreas de pesquisa que nunca vieram a público, mas que sabiam existir. Alguém que poderia ter descoberto e alcançado limites que talvez nem Voldemort teria, por não ter tido os recursos, tempo e mão de obra necessários.
Marvolo, afinal, havia estudado sozinho viajando o mundo. Praticamente um auto didata e com servos bem dos idiotas, como ficava claro.
Gellert tinha muito mais nesse sentido e aquele homem, que sempre achou muito frouxo nas memórias de Barty... ele poderia ter acesso a elas? Poderia ter ligação o bastante para conquistar o conhecimento que faltava a Voldemort?
De repente, Harry Potter veio à mente e uma luz se acendeu.
O garoto parecia respeitar Mitrica, mas se não fosse respeito?
Se Harry Potter, que estava obviamente se erguendo como lorde, estivera atrás dessas mesmas informações privilegiadas?
"É um homem impressionante" foi o que Lucius disse sobre Mitrica.
Alguém que podia ter a linhagem bruxa necessária para ser absurdamente útil, somado a uma lábia capaz de convencer até bruxos da luz?
Era bom demais para ser verdade, um aliado muito valioso.
Harry Potter o queria.
Voldemort poderia tirar?
Ele faria.
- Lucius... você vai chamar Theomore Nott para cá. Se tem alguém que deve saber algo, e se não souber vai conseguir, sobre qualquer família é ele - disse se recostando na sua cadeira, o dedão girando o anel de lorde Gaunt no anelar. - Lady Zabini também, seus métodos sempre foram úteis para coisas do gênero... Apesar de imaginar que Lady Zabini não seja mais seu título...
- Não é, milorde. Lady Xatwin.
- Eu quero tudo que conseguirem e como conseguirem. Será igualmente útil para que encontremos uma forma de evitar que ele atrapalhe nossos planos de tornar o torneio mais aberto.
- Sim, milorde.
- Agora, já que mencionamos Harry Potter....
E os olhos vermelhos de Voldemort brilharam tanto que Lucius quase gemeu de pavor com o que viria.
- Ouvi algo interessante de que algumas famílias leais a mim pensaram que o garoto tomaria meu lugar?
Barty abafou o riso que deu com uma tosse.
-x-x-x-
-x-x-x-
"O mundo é complicado dessa forma porque foi forjado por humanos.
Cada um possui suas próprias interpretações dele.
Cada um lê os fatos da forma que sua mente se sente mais confortável. A parte vital aqui: sair de sua zona de conforto é um desafio.
Tudo depende de suas ligações mentais e elas, igualmente, estão correlacionadas ao que se viveu, leu, aprendeu e o que carrega de suas vivencias.
Lilian Rose e, me atrevo aqui a acrescentar, Grindelwald Mitrica Potter era excepcional exatamente porque estava disposta a destruir uma zona de conforto. Disposta a ouvir e ter senso critico, além de fazer o que fosse preciso quando achasse necessário. A maioria das pessoas jamais confiaria em um lorde das trevas, avô ou não. Ela não confiava, mas estava disposta a ouvir. Se em Nurmengard houvesse uma solução, tentaria, avaliaria e, se concordasse, faria. Fosse qual fosse. Uma verdadeira mariposa, se me permite dizer, caçando um objetivo até o fim.
No mundo, não importava quem disse o que. Para Lilian era simples: o que ela tomou como verdade daqueles fatos? Qualquer um no mundo ou na sociedade, não haviam verdades universais, não havia "ele salvou o mundo, ele derrotou um tirano, então posso segui-lo cegamente e seus ideias puros da luz" ou "é magia das trevas, os tiranos são lordes das trevas, então nada de bom sairá de lá".
Se magia das trevas salvasse seu filho ela iria para o inferno e daria a mão para o próprio diabo.
Coragem.
Força.
Mas havia tanta astúcia...
Ela não confiava facilmente em palavras vazias e era inteligente para buscar seu conhecimento e força onde achasse necessário. Como um rato foi capaz de enganá-la nunca vou entender totalmente.
Mas as vezes me pego pensando que, realmente, não há como fugir depois que a sorte te escolher.
Dito isso: esta não é exatamente a minha zona de conforto? Acreditar que tudo isso é o fim e que o que é para ser, já foi escrito? Que minhas ações são irrelevantes? Justamente isso não me faz continuar apático e morto? Eu assumo que nada vai mudar meu futuro, então me consolo com minhas próprias falhas, pois eram inevitáveis.
É como os trouxas dizendo que fizeram algo porque um demônio os possuiu, ou assumir que tudo deu errado porque Deus quis e não era para ser.
As deidades me quiseram aqui.
Então estou.
É impressionante o que uma influência não faz por você, não é?
Que tipo de pessoa você se tornou? Eu estou te desafiando a sair de sua zona de conforto ao escrever esta carta? Você irá lê-la? Ela te alcançará?
Pois o tipo de pessoa que sou e o tipo de pessoa que quero ser, pela sua mãe, por você, são bem distintos.
As deidades me quiseram aqui?
Pois eu não quero com vocês do lado de fora.
Eu sou uma mariposa, não sou? Se quero ver minha família, então prefiro até mesmo encarar a morte. Não que ela me assuste. É uma velha amiga cruel.
E também sou um chacal, falta só assumir o nome.
[...]"
Carta de Gellert Grindelwald, primeiras páginas. Escrita em julho de 1987, Nurmengard. Na área de remetente apareciam os dizeres: "Àquele que, talvez, nem se chame mais Harry James Potter".
Ele chamou pelo chefe da fortaleza cadeia, Uravat Zunotta, em pessoa para conseguir autorização a uma pena, tinta e pergaminho, além de poder realmente escrever à seu bisneto. Quando acabou, entregou as folhas abertas para o homem, que ficou junto de um pequeno contingente o vigiando.
"Se for possível fazer a gentileza de não ler, apenas entregar..."
Os outros guardas na sala riram e acharam a coisa absurda, mas o Zunotta fechou cuidadosamente as vinte folhas e guardou no paletó.
Ele conhecera os Potters e sabia da ligação entre a família que salvou o mundo bruxo e a de Gellert. Os mais novos não. Achavam que Lilian Potter apenas havia pedido uma opinião na época da guerra e usou uma foto da família para tentar tirar alguma bondade do homem. Eles não se preocupavam em entender que Grindelwald, apesar de tudo, era uma pessoa e os mais velhos se frustraram ao ponto de não querer explicar. Falar da ligação de sangue, para eles, era inútil, pois sabiam que ouviriam comentários que os irritariam mais e a própria Lilian pedia para que evitassem o tema. Ela sempre preferiu que aquele assunto ficasse apenas na cadeia, pois as pessoas, apesar de dizerem que sangue não importava para apoiar nascidos trouxas, quando se tratava de te comparar e culpar pelas ações da família de repente falavam de sangue como lei. Os mais novos eram apáticos aquilo e poderiam até vender para os jornais.
Harry Potter já tinha o mundo o chamando de salvador, não precisava que arruinassem isso nos jornais o chamando de cria de monstro ou coisa do gênero.
Quando crescesse provavelmente apareceria por lá, se a família dele contasse a verdade, se o deixassem ler a carta ou quando fosse fazer um teste de sangue. Mesmo velho, já com oitenta anos, Zunotta queria estar lá para receber Harry pessoalmente. Depois de tantos dias ouvindo seus pais falando dele com carinho, queria garantir que o menino teria seu tempo para conhecer o mesmo homem que os pais conheceram e não aquele que os guardas jovens pintavam.
- Não prometo que vou conseguir entregar - disse apesar de tudo. - O garoto talvez não queira saber de você considerando tudo, mas garanto que a escolha será dele. Harry vive com trouxas, sabia?
- Então é provável mesmo que não leia - comentou Gellert sorrindo. - Mas tudo bem, não é como se eu tivesse muita coisa para gastar com meu tempo para ter achado tudo isso um desperdício.
Uravat, sentado em uma cadeira de madeira de frente para o ex lorde das trevas, sentiu uma onda de nostalgia. Aquele sorriso não aparecia desde 1981, desde que os Potters ainda vinham visitá-lo.
Era um sopro de vida em um homem já quase morto. Que mal se levantava daquela mesma posição de sempre, apenas se arrastando vez ou outra. Os traços nas paredes lembrando os dias que passavam de forma torturante.
Outra coisa que os mais novos não entendiam e faziam de mal gosto depois que os mais velhos insistiam, pois não podiam sair dos postos mais avançados apenas para ir até a cela todo dia.
- Por que Harry Potter, de todas as pessoas, iria querer uma carta de um louco? - sussurrou um dos guardas para um amigo. - Aposto que ficaria enojado se soubessem que há uma foto dele aqui.
- Vou mandar uma pequena carta para a família - continuou o Uravat, bem alto, para calar aqueles estúpidos lembrando-os quem era o chefe por lá. - Perguntarei se vão querer receber a sua, é o que posso oferecer. Se ficarem ofendidos eu queimo a sua. De acordo?
- Não devia ser gentil com essa escória, nem pedir sua opinião - comentou outro guarda, mais corajoso.
Ou estúpido.
- Se um dia eu sair daqui - Gellert falou, arrumando sua postura e encarando o homem de forma muito mais ameaçadora do que aqueles jovens jamais esperaram ou presenciaram, seus instintos mais selvagens apitaram ao máximo quando encerrou: - Juro que mato você e todos que pensam assim.
Os guardas da cela arregalaram os olhos e apontaram suas varinhas, mas ficaram quietos com um grito de seu chefe para se acalmarem. Quando todos pareceram mais racionais de novo, Uravat se virou para o Grindelwald:
- Você nunca mata.
Alguém deu um risinho debochado e irritado que os dois mais velhos ignoraram.
- Eu sou um necromante - respondeu simples, voltando a se recostar nos tijolos da sela suja.
- Você matava animais, trouxas...
- Você foi redundante agora - debochou.
- Redundante? - um dos mais novos questionou.
- Oras, são praticamente a mesma coisa.
O garoto, um nascido trouxa, tentou avançar, mas foi impedido e levou uma bronca severa por perder a compostura. Uravat resmungou irritado após um tempo:
- Seu filho se casou com um trouxa. Sua neta é casada com outro...
- Péssima decisão. Você tem filhos? Se tiver, sabe como funciona. A gente tenta ensinar, mas nem sempre a mensagem entra...
- Esse lixo humano tinha que aprender a calar a boca! - reclamou aquele mesmo guarda, apesar desta vez ter se mantido no lugar.
- Vem me calar para ver o que te acontece - ameaçou o Grindelwald e todos sentiram seus pelos arrepiarem ao ponto de recuarem.
Era estranho, Gellert era uma casca deprimente e silenciosa desde a morte de sua neta querida, mas naquele dia... Ele estava assim tão vivo novamente apenas por ter passado algumas horas escrevendo para seu bisneto?
- Eu sou um necromante. Eu evitava matar. Se você não tentasse fazer isso primeiro comigo, se apenas virasse as costas e fosse embora, sempre sairia vivo - disse Gellert. - Bruxos não eram meus inimigos, estavam apenas ignorantes ao perigo real.
- O que a necromancia tem a ver?
- Que ninguém da minha família nunca me ensinou a me importar com as vidas que tiro, ainda mais quando isso é vantajoso para mim. Evitar a coisa era apenas uma opinião pessoal. Facilmente erradicada por alguns anos escutando idiotas fardados descartáveis e eu tenho décadas desses.
Alguns realmente tremeram e ficaram em guarda, as bocas de repente muito secas, o cração acelerado.
Zunotta suspirou e apertou a ponta do nariz:
- Vai acabar irritando eles e piorando sua situação assim. Quer ou não voltar a ter privilégios?
- Eu quero minha família. Fodam-se esses privilégios.
Uravat se perguntou se aquele comentário faria os outros ligarem os pontos e torceu para que não:
- Sua família ou não te quer o suficiente para vir até aqui, ou já está morta, Gellert. Sinto lembrá-lo.
O Grindelwald deu um sorriso. Um tão insano e perturbador que fez seus olhos (principalmente o azul) parecerem brilhar. Ele se inclinou para frente, para mais perto da cadeira, o som das correntes criando um chiado tão incomodo como sua postura predatória.
A voz saiu macia, mas muito gelada quando disse:
- É fácil a solução então, não acha? Basta ir até eles.
- Que quer dizer, seu lunático? - gritou outro daqueles que nem tinha nome para Gellert, estava obviamente pronto para estupurar no menor sinal de movimentação.
Ou se fosse suficientemente irritado.
Por isso Gellert acrescentou:
- Vamos, use o feitiço! Se for forte o bastante você garante que eu chegue neles!
- Então você realmente quer morrer - murmurou Zunotta em choque.
O chefe da guarda de Nurmengard, entretanto, percebeu que talvez não fosse bem isso uma semana depois.
Quando Gellert Grindelwald fugiu magistralmente bem debaixo dos esforços deles.
-x-x-x-
"Você diz que eu te deixo nervoso, uma tragédia
"Eu sou um lindo desastre, um acerto de contas
"Você se pergunta como eu fiquei assim...
PRESENTE. 1994
Dumbledore se perguntou novamente por que ele havia tido aquela ideia.
Depois de ter a ideia, porque continuou com ela?
Por fim, como decidiu concretizar a tal ideia?
Estupida, absurda, sem sentido!
Mas lá estava ele, após quarenta anos em frente a Gellert Grindelwald.
Nem da última vez que fora a Nurmengard, a alguns anos atrás, fora devido a fuga de Gill (da qual ele ainda estava em choque e bem assustado) chegou a entrar no lugar com o vidente já encarcerado novamente, mas não o viu. Ficou indo e vindo por dias apenas para reestruturar o lugar, colocar novas proteções, fortalecer as antigas e no primeiro sinal de que poderia ir sem acharem negligência, partiu sem olhar para trás.
Gellert Grindelwald estava além do péssimo. Absurdamente magro, suas roupas estavam tão sujam que deviam estar duras, sua pele ganhara uma coloração doentia e com manchas esverdeadas assustadoras, não havia mais cabelo direito, nem mesmo barba e os olhos estavam acinzentados. Opacos.
Catarata? Gellert tinha adquirido catarata?
Aquilo poderia ser irônico, mas para Dumbledore era doloroso. Um vidente com catarata. Ele quis chorar.
Odiava pensar em ir até ali, odiava o fato de que não queria que Gellert estivesse ali e que talvez falhou em afastar o homem quando deveria ter o puxado junto. Quando deveria ter convencido ele a também parar com a magia das trevas e olhar o mundo com mais clareza, menos raiva.
Ele deixou Gellert ir, culpou pelo que aconteceu a Ariana e era sua culpa. Em partes. Assim como ambos estavam envolvidos na fatalidade, os dois podiam ter resolvido juntos os próximos passos, se tornado melhores juntos.
Ele deixou Gellert se afunda sozinho e aqui estavam.
O fundo do poço era doentio e cruel.
"(Você se pergunta como eu fiquei assim)
Você acha que eu sou alguém para ser salvo
Alguém para limpar e domar
Ah, algumas coisas nunca mudam, nunca mudam, ah
Mas talvez não adiantasse de nada. Manter Gill e suas mentiras poderia fazer com que nem mesmo o próprio Alvo conseguisse chegar onde chegou, ajudar as pessoas que ajudou.
Era possível que deixar um apodrecer, enquanto o outro crescia e se perdoava, fosse um sacrifício necessário.
"Para um bem maior" pensou tremendo e fechando os olhos.
Eles precisavam seguir seu caminho, longe... Mas ainda era difícil.
Ele nunca quis assim, por anos ele tentou que fosse diferente. O pacto de sangue vivo por tanto tempo a prova de que lutou, se destruindo sozinho quando suas almas se tornaram totalmente incompatíveis, quando suas intenções jamais poderiam se unir, a evidência de que não era para ser. Alvo quis Gill o quanto pôde.
Mas o Grindelwald queria mais sua raiva. Seu poder, supremacia, seus objetivos e ambições.
Ferrou com tudo.
Você acha que eu ficaria belo no seu braço
Uma vez que você encobriu minhas contusões e cicatrizes de batalha
Mas sempre termina na mesma coisa"
- Ele não vai falar - disse Ranulf Langkau, o segundo no comando junto de Uravat Zunatta, e quem ficou responsável por acompanhar Dumbledore.
Uravat Zunatta estava presente desde que tinha vinte anos. Estava batendo seus noventa agora. Era o único guarda que ficara por tanto tempo, uma vez que a aposentadoria geralmente vinha após 30 anos de serviço ali, e outros tantos desistiram após a última fuga, mantendo praticamente só novos nos cargos. Novos bruxos que não obedeciam Uravat.
Ficava claro o pensamento deles de que se Zunatta fosse um bom chefe, não teria deixado Gellert escapar.
Mesmo que justamente ele o tenho localizado e trago de volta.
Bem... Ao menos era o que Dumbledore e o resto do mundo acreditava. O que Lakroff Mitrica garantiu que os guardas espalhassem antes de irem embora com sua aposentadoria adiantada.
Os novos guardas obedeciam ao alemão Langkau. Ele foi contratado um pouco antes da fuga e subiu de cargo por ter tido um bom desempenho, onde salvou mais de um dos colegas, se tornou um dos poucos sobreviventes que viram Gelllert de frente e ainda ajudou no controle de danos na mídia, com a ajuda da influência de sua família. Era um bruxo excepcional.
Alvos esteve presente em sua contratação e ficou impressionado com a habilidade que demonstrou enquanto todos erguiam novas proteções para manter o ex lorde das trevas de volta.
- Que quer dizer com ele não vai falar?
- Não sei ao certo o porque de ter vindo aqui, Dumbledore, mas Gellert não emite um único som desde que foi trago de volta em 87.
- Um único som?
- Bom... talvez isso seja eufemismo. Ele geme as vezes, imagino que quando as correntes pesam demais ou machucam demais e...
- Machucam?
- As novas correntes queimam e perfuram a pele dos braços quando detectam magia, para que ele não tenha força para repetir o que fez na última fuga.
- Como assim?! - perguntou incrédulo com a ideia de que estavam basicamente admitindo que torturavam um homem antes que ele fizesse alguma coisa.
- Dumbledore.... O senhor leu o relatório de como foi a fuga dele, não é? Viu como ficou Nurmengard depois? O sangue?
- Sangue?
- Você não entrou... - murmurou surpreso.
- Vim aqui só após recuperarem ele.
- Bem... realmente em uma semana já havia sido feita a limpeza. Mas e o relatório?
- Eu estava com problemas na Bretanha e - suspirou. - Sendo sincero apenas pedi para que me explicassem por cima - mentiu. Ele focou só em erguer as proteções mais fortes que conhecia e sair dali.
- Então sabe das mortes, imagino.
- Mortes?
Langkau evitou olhar para o homem ali pois sua mente gritava "velho senil dos infernos!". Ao Invés disso ele olhou para Gellert.
- O senhor soube que houveram vítimas.
- Ele matou uma pessoa do lado de fora, antes de ser pego, ouvi sobre isso. Também houveram vítimas com o desabamento de torres e fogo cruzado...
O alemão quase gemeu de raiva com aquilo.
Isso foi o que ele e sua família conseguiram convencer a mídia a contar, foi o que os guardas experientes e sobreviventes preferiram dizer as famílias das vítimas, foi o que disseram aos elfos contratados para limpar o estrago.
- Pessoas se machucaram, outros tantos morreram, a maioria dos antigos se aposentou, pois não suportava a ideia de correr o risco de não voltar para casa, ganhamos menos guardas e tínhamos poucos para treiná-los, sem contar que as proteções antigas se mostraram inúteis. Gellert tinha runas de proteção contra uso de magia nas correntes antigas, nas paredes das celas, nos corredores e as proteções de toda Nurmengard, algumas feitas por ele mesmo, mas que usavam sangue então podiam ser adaptadas para prendê-lo sem serem um risco. Tudo jogado fora em um único dia. Em uma noite ele tinha derrubado e saído pela porta da frente. Não importa mais a saúde dele, direitos humanos ou qualquer merda do tipo, o importante é deixa-lo contido, já que não querem matá-lo.
Gellert gemeu naquele momento, uma gemido baixo, depois um grito grosso de quem mal tinha voz, se remexendo lentamente e arqueando as costas quando as correntes brilharam e o som de carne perfurada foi ouvido.
Dumbledore viu claramente sangue escorrendo e isso foi o bastante, indo contra tudo que evitava correu até Gill e se ajoelhou na sua frente.
"Não posso suportar as coisas que tive que enfrentar
Te deixei chorando de joelhos em dor Ah,
algumas coisas nunca mudam, nunca mudam, ah"
- Isso é doentio! - gritou furioso.
- Necessário.
- Ele é um vidente! Tem visões todo o dia! Vocês o perfuram toda vez que isso acontece?
- Não podemos fazer as runas funcionarem para um tipo ou outro específico de magia, elas funcionam para todas que passam pelas proteções da cela. As visões dele passam, não há muito o que...
- Que tipo de runas vocês colocaram?
- Todas.
- Todas?
- Sim.
Alvos quis questionar aquilo, mas seu cérebro percebeu três coisas muito rápido.
Primeiro que a pele de Gill não estava apenas feia visualmente, estava quase morta, aquela eletricidade que ele sentia sempre que se tocavam se fora, o frio interessante dele também, agora parecia como tocar em um casaco de pele, não numa pessoa.
Segundo que as runas que usavam antes eram para impedir o uso de qualquer magia dentro da cela e mesmo assim Gill sempre teve visões, pelo que os guardas disseram uma vez, então para impedir suas visões eles o estavam torturando? Como que em um tratamento de choque?
Terceiro, se estavam usando todas...
Imediatamente ele abriu a blusa do Grindelwald para quase vomitar ao ver várias runas tatuadas em seu corpo.
Runas para contenção mágica. Daquelas que prendem sua magia dentro do corpo a força e impediam de sair naturalmente.
Runas que faziam o que a mente de um obscurial fizeram com ele por anos, reprimir até se autodestruir. Runas que envenenariam Gill com a própria magia até a morte. Porque se ele estourasse, se sua magia fosse muito forte e estourasse o corpo, todas as outras destruiriam sua magia e tudo que um dia foi.
Feitas para envenenar e matar em um combo...
TA. TU. A. DAS.
Eles tatuaram Gill com a própria morte.
"Você vai ter que se esforçar muito para me fazer sentir de novo
Sufocar para me fazer respirar de novo
Perca sua mente das orações sem fim
Algumas coisas nunca mudam, nunca mudam, ah"
- Vocês não podem fazer isso! - sussurrou tremendo.
- Podemos e fazemos. Nosso governo quer ele preso independente dos meios.
- Vocês estão cometendo assassinato lento e... estão torturando ele!
- É o modo.
- Vocês não deviam chegar a esse ponto! Vocês...
- Quando esse homem escapou o seu governo mal nos deu ajuda e o senhor, Alvos Dumbledore, é parte integral dele. Deram você para melhorar as proteções quando já tínhamos feito o resto do trabalho sozinhos, todo o mundo nos julgaria se soubessem da fuga, não seria culpa sua por manter esse homem vivo, nem de nenhum outro país. Seria da Alemanha. Quando as coisas dão errado, quando ele escapa, são os nossos que morrem, somos nós os culpados por "termos feito monstros". Hitler, Gellert, todos nos odeiam como se fossem uma fábrica de homicidas. Temos que viver constantemente com o preconceito dos outros países sempre que falamos de mudanças de leis e temos que ser os bonzinhos dos direito humanos que presam a vida dele mais do que a nossa? Sinto dizer mas a forma como vocês lidam com seus prisioneiros não é tão diferente do que estamos fazendo aqui. É tortura igual. Estamos ferindo o corpo dele, vocês ferem a mente e o coração até a alma se desfazer em agonia. Mas além de tudo isso sua opinião não nos conta. Quer decidir por como ele será tratado? Leve-o para a Grã-Bretanha e considere-o seu prisioneiro.
- Você acha então que tudo isso é justificado? Vocês o colocaram em um corredor da morte!
- Ele mereceu. Se queria privilégios deveria ter ficado quieto. Houve o tempo que ele recebia visitas da família, comia numa mesa, podia até ter livros...
- Visitas? O filho dele vinha aqui?
- O filho? Não. Uma das netas.
- LAKROFF TEM UMA FILHA? Mais de uma?!
Gellert tossiu.
Parecia que seu corpo todo doía para isso, um pouco de sangue escorreu pelos lábios. Alvos sentiu como se tivesse levado uma facada.
- Lakroff Mitrica? - questionou curioso. - O senhor o conheceu então?
- Sim, ele está com o restante da Durmstrang em Hogwarts para o torneio tri bruxo.
- É mesmo... iria acontecer um evento assim... Não vi nos jornais, entretanto.
- Aconteceram algumas coisas, a Durmstrang insistiu que os jornais só fossem autorizados a ir fazer entrevistas na segunda-feira, para que as investigações não fossem atrapalhadas. Era para acontecer no dia seguinte a seleção de campeões, mas...
- Aconteceram coisas, então? - murmurou levantando uma sobrancelha com um olhar bem julgador. - Enfim, Lakroff Mitrica... ele tem, até onde sei, três filhos.
- TRÊS?!
- Todos adultos, mas ele também cuida de um adolescente, sobrinho ou algo assim.
- Sobrinho?
- A família Grindelwald é maior do que esperava, não é? - e sorriu provocativo. - Dois filhos, cerca de cinco netos, um pouco mais, um pouco menos, e bisnetos. Pelo que sei. O homem aí desperdiçou tudo isso. Os filhos o detestam. Temos conhecimento apenas de dois, mas sempre podem haver mais, não contam para ninguém que são filhos dele até o último minuto. Lakroff descobrimos só após a fuga. Gellert também não fala porque não sabe suas identidades atuais, todos mudaram de nome.
- Dois filhos... - murmurou em choque, olhando para o chão.
"Eu nunca vou ter filhos" então até isso era uma mentira?
- Por que não me contaram?
- Por que contaríamos?
- Que ele estava tendo visitas? A família dele pode ter ajudado na fuga, diminuído a eficácia das proteções, isso é...
- Não.
- Você não pode ter certeza, eles podem...
- Nunca. Para fazer as visitas a neta fez um voto perpétuo de que jamais o ajudaria a escapar. Era uma pessoa gentil que todos amavam. Claro, eu não a conheci, mas se falar algo ruim sobre a mulher com os guardas mais velhos terá um número grande de inimigos. Ela também não foi a única, até onde sei, o homem teve sua cota de visitas.
- E vocês deixaram pessoas assim entrarem e saírem...
- Não era você que estava reclamando dos direitos "humanos" dessa coisa aí? Bom, olhe no que deu os direitos. Deixaram que escrevesse uma carta, uma semana depois tinha fugido. Quebrou a ponta de ferro da pena dentro da própria unha sem ninguém ver, sem nem demonstrar reação, e você já viu como é grande uma coisa daquelas? Deixávamos a unha dele no mínimo, ele realmente enfiou a coisa na carne sem nem fazer careta e alegou que trouxeram uma sem ponta desde o começo para entregarem outra. Escreveu vinte páginas para a família sem gemer um único segundo com um objeto de metal de baixo da unha, rasgando a carne a cada movimento. Vinte páginas ou mais, sendo apertado em uma dor localizada absurda, a cada palavra. Chupou o dedo e a coisa para fora quando não tinha mais ninguém olhando, usou a ponta para lascar as runas da corrente até estregar apenas o suficiente, um único risco, e perdeu o efeito. O próprio sangue em alguns pontos também. Então foi indo. Uma ação pequena atrás da outra. Os guardas antigos deixavam ele ter direitos, nós não. Decida-se de uma vez, você quer que tratemos essa coisa como ele merece, o prendamos até que morra logo, ou quer os malditos direitos humanos? Você tem mais dez minutos de visita, estou cansando disso e se não deixamos nem a família vir, não vejo porque deixar o senhor.
- É diferente, eu não o ajudaria a fugir.
- Nem a família.
- Acha que um voto perpétuo é tudo isso? Que não há como burlar...
- O filho dele o prendeu - interrompeu irritado.
- Como é?
- Lakroff Mitrica que achou Gellert, prendeu e nos chamou. Ele assinou um documento dando autorização para tatuarmos o pai com as runas. Se tivesse lido os relatórios que mandamos, não os jornais que falsificamos em prol de evitar problemas com as massas, saberia. Você tem dez minutos e eu esperarei do lado de fora - então saiu, batendo a porta atrás de si.
- Não faça isso - disse Gellert.
Alvos sentiu todo o seu corpo tremer, imediatamente esqueceu-se da raiva que estava pelas palavras do guarda e virou-se para Gill.
A catarata.
Ela sumiu.
Seus olhos brilhavam com vida de novo, sangue escorria por seu nariz enquanto ele encarava diretamente Alvos que teve o coração acelerado a um ponto nada natural.
"A redenção nunca veio"
- Gellert...
- Não faça o que está pensando em fazer. Não ouse. Fique longe dele.
- Do que você...
- Você já me escutou antes, escute agora, é meu último aviso para você, qualquer coisa que acontecer a partir daqui não ficará nas minhas costas, você não vai mais me culpar pelas suas falhas...
- Você falhou comigo! - murmurou irritado.
- Você falhou consigo e com sua família, eu não quero que você continue jogando essas mágoas em mim, eu cuidei do filho do seu irmão por anos antes de vocês perceberem a existência dele e acreditarem em mim quando eu dizia quem era. Eu tentei procurar a cura enquanto vocês diziam que ele estava condenado, envenenado pela magia e morreria como Ariana. Ele voltou para seu irmão só quando viu que eu não conseguira salvá-lo, mesmo com todos os esforços. Mas se tivessem me ajudado ao invés de atrapalhar ele podia ter vivido. Se tivessem ajudado nas pesquisas acharíamos a cura antes...
- Não há cura!
- Você é um merda iludido que prefere mentir do que aceitar suas falhas! Creedence podia estar aqui. A culpa é sua. Nunca foi minha. Creedence, Ariana, você é culpado.
- Você mentiu sobre a magia obscura, mentiu sobre a influência dela sobre mim e sobre você, nunca aceitou que teve tanta culpa quanto eu, matou centenas de inocentes, disse que estava querendo ajudar os bruxos mas manipulou eles para que pensassem como você...
- Eles votaram em mim e você fez Newt Scamander trazer aquele bicho ridículo para provar para o mundo que eu não era puro! Claro que eu não era! O mundo não precisa de um governante puro! Isso é uma criança! Precisamos de um líder realista disposto a fazer os sacrifícios necessários para nos salvar!
- Salvar do que Gellert?! - gritou. - Dos trouxas?! Isso é ridículo!
- Você é ridículo por não ver o que está na sua cara!
- Você foi atrás do Qilin para matá-lo! Você sabia que as pessoas...
- É A MERDA DE UM BICHO! NINGUÉM DEVERIA SER ELEITO PORQUE UM BICHO SE CURVOU!
- Você queria matar uma raça! O Qilin é um ser tão puro que consegue reconhecer as boas almas e se curva somente a elas, é natural que o mundo bruxo queira que alguém assim, capaz de ver a verdade, para ajudar numa escolha. Ele viu a sua verdade! Você não mata bruxos, mas matava todo o resto!
- QUE SE FODAM! ELE SE CORVOU PARA VOCÊ, MOSTRA QUE NÃO TINHA TODA ESSA CAPACIDADE!
- De repente você tem voz... - murmurou Dumbledore se afastando deprimido, cansado. Vazio. Frustrado. - Mentiu até sobre sua fraqueza? Alguma coisa que é verdade sai da sua boca?
- Você é burro assim ou fez curso?
"Mas você continua tentando chegar perto demais
Me salvei transformando-me em pedra
Então guarde seu julgamento
porque você simplesmente não sabe"
Alvos arregalou os olhos surpresos com aquela fala. Gellert nunca o insultou tão diretamente.
- Você matou um Qilin, ressuscitou-o para enganar a todos. Você é MUITO babaca se não percebe o quanto suas mentiras te movem!
- Eu fiz essa merda toda porque vi que você ia inventar uma ideia ridícula de mandar uma CRIATURA escolher o chefe da Confederação Internacional dos Bruxos! A porra do líder do mundo bruxo! Escolhido por um bicho que vê bondade, não racionalidade. Eu matei a coisa antes que você convencesse os idiotas do nosso mundo a se afundarem na ideia de uma resposta que cai do céu no seu colo ao invés de VOTAR DIREITO! A Santos era uma boa candidata, mas não no maldito tempo de guerra em que estamos!
- Nunca estivemos em guerra! Você estava!
- E no ano que eu sou preso um lorde das trevas se forma e começa a formar um plano para se erguer! Você não pode ser tão iludido em não perceber que SEMPRE estivemos em guerra, JUNTO com os trouxas. Enquanto vivermos entrelaçados a guerra nossa é deles, a guerra deles é nossa!
- Estamos escondidos, eles vivem sua vida, nós a nossa.
- BRUXOS MORREM POR ESSA IDEIA ESTÚPIDA! ESTAMOS INTRELAÇADOS! ESTAMOS NO MESMO PLANETA!
- Você...
- NÃO! - gritou tão alto que Alvos se assustou. Sangue escorreu além de no nariz, na boca do homem. - Não quero falar com você, é como conversar com uma porta dura que não tenta mudar. É como conversar com essa sociedade ridícula! Eu cansei de todos vocês! Já desisti desse mundo e quero mais é que todos queimem em desgraça quando as consequências vierem, eu só estou te avisando, uma última pelos velhos tempos: não faz a merda que você está querendo. Sai de perto dele.
- Do que está falando...?
- Do garoto. Fique longe de Harry Potter ou você vai se arrepender como nunca. É um aviso.
- Harry Potter?! - questionou em choque. - O que você...
- Neville Longbottom também. O Qilin se curvou para você porque aparentemente não tem mais que gelatina na sua cabeça, você não entende o mundo o suficiente para ver a maldade e reagir a ela. Não arraste Longbottom para a armadilha que você criou para tantos outros, porque é uma armadilha. Você é tão inocente e tolo que não percebe, mas você condena pessoas a escravidão velada e a lutas que nunca as pertenceram até a morte! Voldemort não é como eu. Ele vai matar um por um dos seus escravinhos.
- De que raios você acha que está falando?!
- Newt Scamander, Rúbio Hagrid, Remus Lupin, Severo Snape, tantos outros. Todos prontos para morrer por você. Newt tinha a mim, que nunca mataria nem ele nem seus bichinhos, porque ele nunca tentou me matar. Voldemort não terá a mesma gentileza. Se arrastar Neville Longbottom para uma guerra, se fizer outra criança um leal, você vai ver o que é um demônio de verdade!
- Você não está fazendo o menor sentido! Acha que eu não deveria ajudar pessoas que estão precisando? Ajudar Newt que perderia a varinha, Rúbio que seria marginalizado, Remus que nunca poderia estudar magia, Severo que seria morto por aqueles que depositou confiança um dia, por ter dado um informação "falsa" e destruído seu mestre? Vocês...
- Estou falando. Você é um idiota! Vê as coisas com um filtro arco-íris de bebê. Tire da sua cabeça Neville Longbottom, ele não merece se envolver numa guerra!
- Eu não estou...
- Você quer que ele se posicione aos quatorze anos!
- Ele terá que se envolver uma hora ou outra se a guerra explodir.
- VOCÊ é a merda do chefe do Wizengamot, a Suprema Corte dos Bruxos. Você é a porra do político que deveria evitar as guerras e falha miseravelmente!
- Eu não posso EVITAR as coisas antes que acontecem! Você VÊ O FUTURO e nunca foi capaz!
Gellert ignorou a pontada que foi isso.
Se lembrou das visões que tinha de Harry sendo queimado vivo e isso só o deixou mais irritado. Avançou na direção de Alvos e suportou a dor de todas as proteções queimando, rasgando, até as que congelavam seu sangue, só para poder falar na cara daquele homem:
- É um aviso. Também uma ameaça. Ou você fica longe de Harry Potter ou tudo que você fez até hoje vai se voltar contra você e eu vou estar te aguardando no inferno. Vou pessoalmente te arrastar até os confins dele! Você não vai usar ele nem ninguém como arma!
"Eu parei de pedir perdão
Porque você deveria saber
Que apenas os tolos pisam
Onde os anjos temem ir"
Alvos ficou um tempo em silêncio, muito surpreso com aquilo. O tom sombrio em Gellert, a raiva que nunca tinha visto antes naqueles olhos, tão forte e ameaçadora...
O ódio.
Ele culpava Dumbledore pelo que estavam o fazendo passar agora?
Era bem sua cara. Culpar Alvos por coisas que tinha feito em prol do seu maldito "bem maior".
Gellert, por outro lado, pareceu recuperar aquela cor acinzentada nos olhos e se jogou na parede que estivera antes, tão doente como estivera antes, Langkau o encontrou ao entrar na cela.
- Seus dez minutos acabaram.
Dumbledore demorou um pouco para se recuperar de tudo, se levantou frustrado e suspirou olhando de cima o homem que um dia amou.
O homem que estava fingindo, mas a troco de que?
- Vocês realmente colocaram todas as runas possíveis?- perguntou.
- Sim.
- Vou pesquisar algumas a mais. Por garantia - disse saindo sem olhar para trás.
"Ah, Algumas coisas nunca mudam, nunca mudam"
Não importava quantos anos passassem. Gellert nunca aprenderia. Ele sempre mentiria para todos e para si, sempre acharia que estava certo, sempre culparia os outros pelas consequências de seus atos.
Culpava Alvos por não saber reagir a magia sombria, quando mentiu sobre o quanto ela poderia ir longe e controlá-lo.
Culpava os bruxos por não o aceitarem mais como chefe da Confederação Internacional dos Bruxos, depois que o Qilin não o viu como puro, ignorarem a votação anterior e aceitassem Vicenza Santos como chefe, que foi aprovada pela criatura sem qualquer votação política.
Culpava Newt por levar o Qilin vivo e provar que tinha mentido sobre o que ressuscitou dos mortos como um maldito zumbi. A coisa mais cruel possível de se fazer com uma criatura tão pura.
Culpava Alvos por lutar contra ele e sua influência na Europa.
Culpava Queenie Goldstein por abandoná-lo depois que viu as atrocidades que estava disposto a fazer, mesmo depois dela concordar com ele por anos e o apoiar na causa até o momento em que suas atitudes se tornaram injustificáveis.
Culpava Alvos e Aberforth por tirarem Creedence dele, mostrarem a Aurélio que estariam com ele e não o forçariam a continuar lutando contra a doença do obscuro, que o dariam paz nos últimos dias.
Culpava tudo e todos. Nunca a si por começar a guerra. Por mentir para aquelas pessoas. Mentir para Creedence que acharia uma cura e frustrar o menino cada dia mais, ou para Queenie que a guerra era necessária para que ela e todos pudessem viver no mesmo mundo com trouxas sem precisar mais do segredo que os dividia.
Escravizá-los agora era melhor?
Aquele homem era insano!
E agora dizer que Alvos usava as pessoas? Ele que era usado desde que aquele Qilin se curvou para ele na frente de todos! Ele sempre tinha que ser o salvador e pensar no melhor para todos! Manter o coração puro e ajudar o mundo!
Ele estava fazendo isso!
Ele tinha que impedir uma guerra? Ele não podia mais! Voldemort voltaria e faria outra, o que ele podia era vencer mais uma e recuperar o mundo.
E para isso ele precisava de Harry Potter e Neville Longbottom.
"Mas eles são tão delicados e tão mundanos
E continuam vindo como uma mariposa em chama
Ah, algumas coisas nunca mudam, nunca mudam"
Dentro da cela Langkau olhou para a porta por onde Alvos Dumbledore passou com uma sobrancelha levantada.
- Você está provocando ele de propósito também? - questionou para Gellert.
O lorde ficou quieto.
- Não tem ninguém vendo. Zunatta saiu hoje.
- Por que te interessa?
- Não interessa. Só espero que se ele for tentar te matar, que acerte dessa vez.
- Eu também - murmurou.
O alemão mais jovem olhou para o lorde das trevas e fez uma reverência antes de sair murmurando debochadamente "milorde".
-x-x-x-
"Eu nunca menti para Alvo...
Bem... eu menti quando nos conhecemos, mas era a mentira de sempre: Oi, meu nome é Gellert e definitivamente sou normal. Não sou um esquizofrênico que vê massacres e não dorme direito a noite.
Mas é diferente! Todos são assim quando se apresentam.
Com Alvos, entretanto, eu senti...
Eu pensei que ele poderia ser o primeiro a me entender e, por muito tempo, ele foi. Eu não estava mais sozinho, alguém me ouvia e tentava me dar razão, tentava dar lógica aquelas coisas horríveis que apareciam na minha frente, as malditas predições do mundo em caos, buscava e me ajudava a encontrar uma solução, um jeito de mudar!
Um dia, não muito depois que fui preso até onde sei.... Mas o que sei, não é? Minha cabeça é uma confusão de informações que nem sempre tem ordem...
#Riscado Alvos conseguia colocar em ordem. #Riscado
Se o mundo for o mesmo que eu via na adolescência, se tudo que eu fiz foi em vão e as cordas do destino continuaram as mesmas, se eu fui só um grão de poeira na brincadeira macabra dos deuses (o que com certeza sou) um trouxa foi capaz de pensar e dizer:
"Se você não é parte da solução, então é parte do problema". Eldridge Cleaver, intelectual radical norte-americano, pesquise depois, vale a pena.
Enfim, Harrison eu quero que você saiba de algumas coisas, porque não quero que seja mais um no meio dos bruxos ignorantes, que por medo evitam o mundo. Evitam elementos e situações, que nem são como pensam, e causam um problema maior, pois acabam deixando de evoluir em troca de apagar toda uma área de conhecimento. Bruxos que falham e acreditam mais na falha alheia do que no fato de que, talvez, eles que fossem o problema e outros são perfeitamente capazes.
Cada um tem seus dons e talentos. Se você não serve para uma magia, não culpe os que se encaixam nela, nem impeça ninguém. Controle, talvez? Acho que é irônico justamente eu falando de liberdade daquilo que se teme, mas...
Você.
Não acho que você seria do tipo covarde, mas talvez eu nunca venha a conhecê-lo, então...
Se tudo der errado, ao menos uma carta, ao menos minha opinião eu quero que tenha em mãos e espero que não ignore. Que pense no que estou dizendo.
O mundo não é divido em certo e errado, luz e trevas, bem e mal.
Preto ou branco.
Somos cinza.
Ou melhor ainda: Coloridos.
Não me odeie pelo que fiz, não me odeie pelo que falhei em tentar conquistar para nossa família. Ou me odeie.
Mas pense por si mesmo.
Isso é o mais importante.
Sempre pense por si mesmo.
E pense com calma.
O mundo não vai mudar facilmente. Ele está estruturado a anos em uma base sólida de corrupção, covardia, ignorância e tradição falida.
O mundo mágico está falindo por culpa de todos.
Talvez eu não devesse começar isso falando justamente de Alvos, ou poderia ser até melhor nem falar dele, mas o problema é que para mim começa nos meus cinco anos, só que só foi realmente ter uma mudança, eu só comecei a querer fazer a minha mudança... quando conheci Alvos.
E você tem uma chance grande de estudar em Hogwarts, com ele, ouvir o que ele tem a dizer constantemente.
Bem... Deixa eu te apresentar um segundo lado.
Dumbledore... Doeu. Ele me fez acordar de anos de apatia e tortura psicológica para alguma felicidade e depois...
Eu cai de um maldito prédio.
Eu talvez não devesse ter falado isso para sua mãe, não sai mais da minha cabeça desde então.
Doeu perceber que nem Alvos conseguia ficar comigo, no fim.
Nem ele, que dizia me amar, não me acharia uma decepção ou um monstro.
#Riscado Eu sou só isso, não é? Meu pai tinha razão, as pessoas no geral o tinham. Nem Durmstrang me aceitou até a formatura e... Eu sou monstruoso, errado, perturbado e... #Riscado
#Riscado Foda-se. #
Aprendi com os Dumbledores que a sinceridade também não leva a nada.
Eu era sincero até demais com eles e me odiaram.
Eu nunca matei ninguém que não tivesse tentado acabar com uma pessoa que me importo primeiro ou a mim. Quem pode provar? Newt Scamander nunca teve que desviar de um único raio verde saído da minha varinha, por mais que me irritasse. Ele não foi o único também.
Claro, o magiologista ainda pode estar pessoalmente magoado demais para pensar racionalmente, e então vai mencionar a senhorita Leta Lestrange. Alguém que se tornou uma de minhas vítimas. Entretanto, veja bem aqui a situação, ela tentou me matar quando virei de costas! Justamente lhe dando um voto de confiança, que quebrou sem hesitar. Foi autodefesa.
Ou reação.
Matar apenas quando necessário, simples.
Mas a mentira, por outro lado... eu minto. Muito. Principalmente para conseguir o que quero. Minto, manipulo, omito, reverto e tiro de contexto, o que for preciso.
Ainda sobre matar, há quem lembre que não o faço porque antes disso posso prender, controlar, escravizar, destruir completamente sua vontade das formas mais cruéis e tentar trazer para mim.
Sei que é igualmente ruim, mas é como ajo.
Não sou santo.
Não sou demônio.
Sou humano.
Isso já é suficientemente terrível.
Também sou um chacal, mesmo que não use o nome. Sabe o que chacais fazem?
Nós comemos as almas daqueles que não merecem estar nesse mundo.
Essa é nossa forma de fazer parte da solução.
Ariana não era um problema.
Se um dia você se deparar com essa história quero apenas que saiba: ela era fruto do problema da nossa sociedade.
Uma que permite crianças mágicas chegarem naquele ponto.
Ariana era o que eu queria salvar, proteger, entender, impedir de se repetir e pelo qual valia a pena lutar.
Eu nunca machucaria Ariana.
Eu nunca falei nada além de elogios à ela. Era uma menina muito simpática de conversar.
Eu vivia na casa de Alvos e o ajudava a cuidar de Ariana o quanto podia.
Mas ele tinha vergonha dela, ou raiva, ou medo. Não sei. Ele não gostava que eu visse Ariana, que dirá ajudar com ela. Ela era o que o atrapalhou de ser o Grande homem que poderia ser quando se formou, era uma "demente" ou "deficiente"...
Um estorvo.
Ele me arrastava para o quarto irritado sempre que nos via juntos.
Não estou dizendo que ele era mal.
Não devia ser responsabilidade de alguém que mal chegou na fase adulta desistir de tudo por um filho que não é seu, não devia ser responsabilidade de um irmão cuidar e se sacrificar por outro contra a sua vontade. Isso cria uma inimizade prejudicial para ambos.
Cria uma pressão que Alvos não queria e não estava pronto para.
E seus pais o ensinaram a esconder Ariana como um tipo de animal. Não era culpa dele, nem dela, e... se quer saber? Nem dos pais.
É da nossa política. Obscuriais são as provas de nossas falhas em forma física. Uma sociedade que abandonou uma criança até que sua magia se tornasse um monstro. Aqueles que querem que a política permaneça a mesma não querem que você note suas falhas. Os obscuriais são uma vergonha. Então somos ensiados a vê-los como criaturas que devem ser contidas.
Ou destruídas.
Ariana era forte o bastante para manter um corpo.
Ela não era só uma criatura, mas uma aberração para a espécie.
Eu tinha pena. Alvos tinha vergonha. Eu tinha raiva pelo governo permitir aquilo e não ajudá-la, para que Alvos fosse livre, ele tinha raiva de tudo.
Eu decidi ensinar magia obscura para ele.
Porque ela sempre me ajudou com a minha raiva.
Eu não matei Ariana, não teria porque fazer isso e tenho anos de treinamento em artes das trevas para não causar um acidente mágico qualquer, mesmo na confusão. A raiva não me move. A magia obscura não me controla. Ela me acompanha. Ela se molda com minhas necessidades e me protege do caos que é minha mente, ela é controle, limites e estabilidade emocional, eu treinei anos para isso. Eu treinei, como bruxo das trevas, para tornar minhas emoções um com a magia e saber como usar isso como arma. Eu me capacitei, mesmo que não tenha me formado na Durmstrang e tenha que ter percorrido o final autodidata, eu usei as artes das trevas para aprender a não deixar que a magia estourasse com os estímulos do mundo, mas fosse contida e liberada quando eu desejasse em sua forma máxima.
É por coisas assim que é melhor treinar desde jovens a praticar todo tipo de magia, por coisas assim adultos que entram em contato com as artes são mais instáveis. Eles não aprenderam a diferenciar o que parte deles e o que é a magia obscura falando mais alto, não conseguem ver com a clareza de quem sempre foi ensinado a entender e avaliar suas emoções, quando estamos pensando ou quando estamos ouvindo a necessidade da magia de ser mais.
Magia é viva.
Se você está irritado ela vai querer destruir.
Mas ela só faz se você quer e deixa.
Eu nunca usei uma magia que fosse capaz de matar aquele dia, porque amava Dumbledore, gostava de Ariana, entendia a raiva de Aberforth, mesmo que ele me culpasse pelas atitudes do irmão, é normal que você aponte o dedo para o desconhecido estranho, psicótico, que vê coisas, é gay e está arrastando seu irmão para o mal caminho. É mais fácil ter um vilão do que dizer que seu irmão falha.
Eu não usei magia alguma que podia ferir. Acredite no mentiroso aqui ou não.
Mas eu peguei a culpa por isso.
Porque Alvos não aguentava a culpa de pensar que fora ele.
Peguei por anos.
Quando nos enfrentamos no fim, entretanto, ele não pode mais negar o fato: eu não mato. Não usei na nossa batalha uma única magia que poderia fazer chegar a esse ponto.
Bem...
Eu não matava.
É uma questão de evolução baseada em necessidade, veja bem...
Aposto que ele usará isso para dizer que sou um mentiroso também.
É a cara dele. Não ver o mundo como é, mas como acha que deveria. Eu mudei, mas para ele, com certeza, eu sempre fui assim, só menti.
Vou mentir mais um pouco aqui: eu ainda acho que o mundo e as pessoas podem mudar para algo que nos orgulharemos...
Mas quem sabe! Isso pode ser mais uma coisa que eu estou errado!
Eu sempre erro mesmo.
Talvez errei em não matar antes".
[...]"
Carta de Gellert Grindelwald para seu bisneto, 1987, Nurmengard. Páginas quatro, cinco e seis.
-x-x-x-
"Eles dizem que eu deveria me sentir culpada e mudar meus modos
Deixando corpos amassados no meu rastro
Juro que não queria que eles quebrassem"
-x-x-x-
Remus John Lupin poderia dizer que o mundo era irônico e estranho.
No ano passado Sirius estava preso, ele não tinha onde cair morto, todos que amava estavam mortos, não se importavam tanto quanto gostaria em seu íntimo ou desaparecidos, afundava-se na sua própria depressão e tentava fingir alguma racionalidade enquanto aceitava um emprego de defesa contra as artes das trevas.
Agora haviam vários pontos a se marcar disso.
Primeiro estava dentro de uma loja onde as roupas eram tão caras que tinha vergonha de respirar perto delas ou sujaria.
Estava vestindo uma dessas roupas, tremendo enquanto seu querido afilhado na sala ao lado (uma distância curta o bastante para sentir o cheiro de morango, uvas e cacau bem sutil), tinha uma discussão alá filhote de James com um Sirius aos berros:
- Eu juro que vou perder o controle e queimar essa loja!
- Aceite a realidade, Black - disse Harry sorrindo. - Um casaco gótico de fenda à casaca é uma escolha muito melhor aqui do que à fraque.
- Escute aqui, Harrison, seu alfaiate terá que entender que quero o meu conjunto com corte quadrado fraque!
- Ficará inferior a estética oferecida à casaca!
- Ao menos não parecerei um besouro!
- Black! É estilo gótico, de cauda reduzida e corte em V duplo! - ralhou pausadamente. - Não vai se parecer com um inseto, vai parecer sensato! Fraque não combina com os detalhes que você está pedindo!
- E você é o entendedor de moda agora?
- Pelo jeito mais que você!
- Eu não vou usar gravata borboleta!
- Quem está falando de gravata borboleta aqui? Mas é claro que não! Você usará...
Remus não conseguiu prestar mais atenção, Lakroff estava com a varinha preguiçosamente levantada e deve ter os silenciado. O lobisomem sorriu em cima de um pequeno pedestal que o alfaiate o arrastara para ajudar suas medidas:
- Descobrimos algo que eles têm em comum.
- A incapacidade de discutir cortes de terno em voz baixa? - questionou o mais velho mal levantando os olhos da revista que tinha em mãos, sentado em uma poltrona bem a sua frente.
- Sirius sempre teve opiniões fortes sobre o que vestir, mas não esperava que ele entendesse tanto de moda clássica. Ou que se importasse. Não estou entendendo metade do que estão falando.
- Sinceramente? Eles estão discutindo o que é melhor, seis ou meia dúzia.
- Com licença! - reclamou o alfaiate que já se levantava para procurar as agulhas para os últimos ajustes. - A discussão deles é muito adequada. Há uma enorme diferença entre...
- Há uma enorme diferença para vocês do ramo - interrompeu trocando a página. - Para mim, eles estão sendo especialmente barulhentos a troco de nada. Isso mostra como Sirius, apesar de sua posição em relação as tradições antigas, não deixa de ser um Lorde em alguma parte, mas realmente... Até se pesquisar na internet você teria dificuldade em ver uma real diferença entre conjuntos casaca ou fraque.
[N/A: Pequena curiosidade. Google foi fundado em 1998, estamos em 1994 na história. Nessa época os sites de buscas mais populares eram: O primeiro motor de pesquisa, que foi o Wandex, criado em 1993; o Aliweb, lançado no mesmo ano, que existe até hoje e que, em 1994, foi lançada como índice durante a First World Wide Web Conference (provavelmente o site que Mitrica usaria para suas pesquisas) e, também fundado em 1994, nasceu o WebCrawler, hoje conhecido como metabuscador (que igualmente seria acessível ao Lakroff). Sobre os ternos a diferença é essa aqui:].
- Internet? - questionou Yiakin.
- Coisa de trouxa, esqueça - dispensou Lakroff.
- É incomum, também - lembrou Lupin. - A maioria dos trouxas ainda não tem acesso. Mas você sabe sobre ela Mitrica?
- O lorde Mitrica usa muita tecnologia trouxa - contou o alfaiate. - Uma vez trouxe uma caixinha que fazia barulho e podia se comunicar com outras caixinhas por todo o mundo.
- Um telefone?
- Celular.
Remus riu, Lakroff também.
- É praticamente a mesma coisa, Yiakin. Telefones tem a mesma função que meus celulares, só são presos a fios ao invés de serem portáteis - explicou Mitrica fechando a revista. - Senhor Lupin, você sabe o que são telefones e celulares, mas não está habituado a internet?
- Já ouvi falar sobre, mas precisam de computadores, não é? Não cheguei a ter contato com trouxas que tivessem dinheiro para um.
- Você anda bastante pelo mundo trouxa, senhor Lupin? - perguntou Lakroff.
- Pode me chamar de Remus e... Eu andava mais antes, com Sirius, quando ele foi... - mas deixou a frase no ar.
- Entendo.
- Ainda vou, às vezes, tento arrumar emprego por lá. Os bruxos já não me dão, então sempre preciso de mais opções sendo... - e olhou para o alfaiate.
Yiakin, o alfaiate ruivo, sorriu enquanto ajustava a barra da calça:
- Senhor Lupin, eu poderia reconhecer facilmente as cicatrizes que têm no rosto, sei bem o que o senhor é. Meu marido é um lobisomem e já ajudei muito com suas noites ruins.
- Oh! - exclamou o loiro surpreso, retirando risadas dos outros dois presentes.
- Achei! - comemorou Lakroff, mostrando a revista para Lupin que levou um tapa e uma reclamação sobre "homens incapazes de não se mexer enquanto fazia sua arte.
- Isso é... - murmurou Remus após ler o artigo que lhe foi oferecido. - Isso é verdade?
- Sim. O Feitiço do patrono é magia das trevas.
- Mas isso...
- Magia das trevas, senhor Lupin, tem três pontos principais para ser considerada assim. Se o feitiço atinge ao menos dois, então estamos falando de artes das trevas. O primeiro é a emoção, o segundo o desejo intenso e o terceiro é o sacrifício. Falando de emoção temos o que a maioria já sabe, as artes das trevas estão diretamente relacionadas aos nossos sentimentos, são mais fortes ou mais fracas baseando-se no que nosso coração manda, um bom bruxo das trevas é capaz de controlar suas emoções para que sejam usadas como arma e isso é a base do poder, mas não é tudo.
Agora eles chegaram ao ponto mais irônico da situação.
Estavam naquele lugar e Remus estava naquele palanque, aprendendo sobre magia das trevas um ano após ser professor das artes contra, porque havia recebido uma proposta para trabalhar na Durmstrang.
Sirius Black, inocentado, professor de trato das criaturas mágicas em Hogwarts, gritando numa loja de moda bruxa chique por qual terno ficaria melhor para assumir como Lorde Black, e Remus Lupin ouvindo uma aula sobre artes das trevas para não ir totalmente ignorante fazer o período de estágio obrigatório no Intituto de magia das trevas da búlgaria e aliados.
O mundo não dava voltas.
Ele dava uma cambalhota que te derrubava no chão com força.
- Certo... - murmurou Lupin pensando no que ouvira e lera no artigo.
- Você já tem uma dúvida, não é? - perguntou o mais velho se recostando na poltrona.
- Você disse controlar sua emoção para usar como arma, mas se você está extravasando suas emoções em forma de magia isso pode ser chamado de controle?
- Sim, se você tem treinamento para isso. Entenda assim... é como abrir uma torneira. Você precisa encher um copo de água. Um bruxo da luz vai procurar outra fonte, algo que não esteja relacionado tanto a sua própria força, mas um simples movimento e algumas palavras, algo mais natural. Ele esperará a chuva, ele irá até um lago, enfim. Ele enche seu copo e talvez se molhe um pouco, mas estará se movendo em direção a água em seu estado natural e tirando dela apenas o necessário. Agora, nas artes das trevas usaremos a torneira. Faremos o encanamento, isso é o "desejo intenso" da magia sombria, querer algo o suficiente para mover o mundo por. A magia da luz vai até a água e interage sem modificá-la, as artes das trevas muda o que é natural, modifica a magia em si para chegar a algo, manipula seus movimentos. Fizemos então encanamentos. Falta, agora, conseguir a água sempre que se quer. Então tem a torneira. Ela é nossa mente. Quando vamos apressados encher o copo podemos acabar abrindo demais e respingando água para todos os lados, certo?
- Sim.
- Da mesma forma que podemos agir com calma e tirar apenas o necessário, depois fechar.
- Sim.
- Para isso, você entende que é só uma questão de pensar antes de agir?
- Mas nem sempre pensamos antes de agir.
- Por isso todo o treino intelectual. Aulas de etiqueta, aulas de oclumancia, meditação, terapia, até outras coisas mais banais como dança, música, poesia, pintura, costura e afins, todos associados garantir um herdeiro adequadamente prendado, mas na verdade foram adotados pelos bruxos na época medieval como formas de usar o corpo e a mente como um... instrumento, uma rocha a ser lapidada. São meios para que, desde criança, você aprenda disciplina, dedicação, esteja adaptado a ser ensinado com calma para ter um resultado e crie uma estrutura de equilíbrio interior que, ao ser apresentado à magia sombria ela não te derrube, você apenas saberá melhor como interagir. Você não pega um violino e faz musica na primeira tentativa. Nem nas dez primeiras. Uma criança que cresceu sabendo que tinha que treinar constantemente para começar a ver algo parecido com satisfatório, não seria impaciente e entenderia que as artes das trevas são como a arte. Uma outra forma de se expressar.
"Claro que isso foi totalmente subvertido em uma espécie de adoração a famílias que mentem os padrões altos, mas antes era apenas isso: ensinar de formas diversas como demonstrar suas emoções. A magia sendo uma extensão e representação visual disso e te permitindo alcançar pontos mais longínquos e belos! Oscar Wilde disse uma vez "A finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma" e a magia das trevas é alcançar os desejos da alma e exterioriza-la. Um autor português também disse certa vez, Fernando Pessoa se não me falhe a memória: "A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos" e isso é a base para os feitiços mais sombrios. O nome da magia sombria é exatamente artes das trevas! Todo um processo rigoroso na infância, mas para que você lembre de pensar com calam antes de agir e possa apreciar a magia em sua totalidade, não apenas com movimentos automáticos de mão e palavras prontas, mas sentindo ela trabalhar com você, para você e da forma mais sincera que um bruxo pode alcançar.
Encerrou com um sorriso.
Os dois homens mais jovens ficaram em silêncio por um tempo.
- Ele está falando daquele jeito de novo - murmurou Yiakin sorrindo, interrompendo aquele momento quando estava prestes a se estender demais, mas sem tirar os olhos do seu trabalho.
Lakroff corou, percebendo o que estava fazendo.
- Daquele jeito? - questionou Lupin.
- Se empolgando - explicou o lorde ainda um tanto acanhado.
- Não estou reclamando Milorde - acrescentou o alfaiate na mesma hora. - Não é a toa que seus alunos gostem tanto do senhor e se dediquem às aulas, ou que o senhor tenha alcançado o que alcançou. Sua empolgação para falar de determinados assuntos é cativante. Acompanhar seu raciocínio é impressionante. Sei que o senhor é professor de história, mas imagino o quão belo seria vê-lo dando aulas exatamente de magia obscura. A escuridão jamais pareceria tão bela.
Remos tinha que concordar.
De repente e pela primeira vez na vida ele estava curioso a pontos quase preocupantes sobre as artes obscuras e o que ele não poderia alcançar estando na Dursmtrang.
Uma voz, no canto de sua mente e muito parecida com a voz de Dumbledore, o lembrou que haviam falhas naquele pensamento. Afinal magia obscura não poderia ser tão boa e ser considerada tão errada. Faltavam informações.
- E quando estiver com raiva? Quando tudo parece se apagar e você se torna impulsivo?
- Claro, pode acontecer, mas lembra o que eu falei da torneira? Sobre respingar água?
- O que tem?
- Troque a blusa ou espere secar. É só água - respondeu travesso.
- Mas...
- Remus, magia das trevas é preciso desejo intenso. Tanto quanto seria necessário para te fazer gastar horas e dias para montar um encanamento. Sempre, das três coisas, você precisa de ao menos duas. Emoção, desejo e sacrifício. No exemplo que eu te dei, o encanamento que existe é um feitiço já criado, então agora qualquer bruxo das trevas pode usá-lo, a parte mais difícil que é não se cortar, gastar anos para planejar direito e evitar falhas como uma barra de ferro caindo na sua cabeça e te matando, ou derrubar a parede errada e fazer a casa desabar na sua cabeça, já foi feita. Você só tem que entoar o feitiço agora, abrir a torneira. Se você apenas abre, se está estressado e solta sua magia em querer, você vai respingar água, vai fazer alguma magia acidental. Mas sabe o que ela será? Magia comum. Não artes das trevas. Faltou alguma das outras coisas para ser artes das trevas. Desejo ou sacrifício. Entenda, eu não vou ficar extremamente feliz um dia, daquele nível que se beija um desconhecido na rua para comemorar, e de repente soltar um patrono. Não é assim que funciona. Um patrono só sai se eu quiser, apenas se, enquanto me concentrar na emoção, deixá-la me tomar e fortalecê-la, eu deseje um patrono. Literalmente está no feitiço! "Expetro Patronum", traduzindo "eu desejo um patrono". Eu nunca vou soltar um patrono apenas porque estava feliz! Isso é fato! Por que raios eu soltaria, não sei, um crucio enquanto estou irritado? Não! Eu preciso querer exatamente aquilo! E uma pessoa boa, que nunca machucou ninguém, apontando sua varinha para alguém que matou seus pais e gritando com toda força "crucio" faria o inimigo apenas sentir desconforto. Por quê?
- Porque é preciso desejar muito a dor. Imaginar seu inimigo sentindo dor intensa, manter a concentração e continuar desejando mesmo depois que perceber que está machucando. Desejo intenso.
- Algo de momento não funciona! Isso! Entendeu como funciona a emoção aqui? Ela é necessária, mas para fortalecer os feitiços das trevas, ela é o gás de cozinha que deixa a chama mais quente, mas para fazer a fogueira é preciso...
- Achar algo para queimar, bater com duas pedras até soltar faísca, sobrar as folhas secas....
- Isso mesmo! Está entendendo! - comemorou Lakroff com uma palma alta e satisfeita. - É aí que entra o sacrifício também. Ele pode ser tanto algo obvio quanto... O princípio alquímico da troca equivalente, então um ritual de magia sombria que usa seu sangue para ser completo, ou algo bem mais simples e simbólico, ou mesmo algo externo e físico, como a madeira e as folhas secas da nossa fogueira imaginária. Então... desejo, você quer fogo, emoção, você está com frio, então precisa de fogo e, por último, sacrifício ou oferenda, a madeira, as folhas, as pedras. Temos um feitiço extremamente forte de magia das trevas, pois usa os três princípios. Graças a isso ele atinge um quarto princípio mais raro.
- Quarto?
- Consequências ou sequelas. Suas mãos estarão machucadas depois de tanto mexer com pedras e cheias de farpas, também poderia até ter se queimado, se for um bruxo pouco experiente. Dito isso, você acha que faria uma fogueira completa sem querer?
- Não - riu.
- Então como quer fazer artes das trevas sem querer? Literalmente não há como.
- Mas e Harrison? - perguntou baixinho e sentiu uma pontada forte no estomago, como se tivesse sido socado.
- Eu te dou, como guardião de Harrison James Mitrica Potter e um dos assinantes e beneficiário do contrato mágico que lhe prende, permissão para falar sobre o que descobriu na noite de quarta-feira aqui e agora, na presença de Demian Yiakin, mas apenas na presença dele. Que tem Harrison?
Remus olhou para o alfaiate surpreso que tivesse mesmo permissão para conversar abertamente sobre as coisas que viu na penseira na frente do homem.
Afinal ele vira até assassinato de dois trouxas!
Mesmo que em auto defesa.
E a criação de uma magia que prendeu outros quase como que em uma jura mágica de suicídio.
- Não se preocupe com Demian. Ele não contará nada sobre o que estamos falando, posso te garantir. Ele goza da minha mais estima e confiança.
- Me sinto lisonjeado, Milorde. Não sei se mereço tanta consideração, mas garanto que lhe sou grato e farei o possível para mantê-la - agradeceu o alfaiate se levantando apenas para fazer uma reverência.
- Vocês se conhecem bem, então? - questionou Lupin bem confuso com a reverência nas palavras do homem.
Ele falava com Lakroff quase como que a um mestre.
- Meu pai - murmurou o homem, parando por mais alguns instantes sua costura e olhando diretamente para Lupin. - Era um seguidor de Gellert Grindelwald - o lobisomem arregalou os olhos para a revelação, confuso de porque teria lhe contado isso. - Existem diferentes jeitos de se jurar lealdade a um lorde das trevas, meu pai jurou as exatas palavras "eu, Samuhe Yiakin, lorde da casa Yiakin, declaro Gellert Grindelwald, lorde da casa Grindelwald, como meu senhor e como senhor de todos os meus futuros descendentes até o tempo não existir mais".
- Alguém pode jurar os FILHOS?! - arfou o lobisomem em choque.
Quase caindo do palquinho se não fosse pelo outro o segurar rindo:
- Cruel, não acha?
- Mas eu sou um lorde tão gentil Demian, querido - disse Mitrica fazendo beicinho.
O alfaiate se virou para o mais velho e sorriu de olhos estreitos:
- Essa é a única coisa que não em fez correr para o ritual que retira a coisa, então não vacile, meu senhor.
- Como assim você é um bom lorde? - questionou Remus.
- Ele não sabe? - Demian murmurou com uma sobrancelha levantada.
Lakroff negou com a cabeça enquanto explicava:
- Um lorde, Remus criança, pode dar tudo para seus herdeiros, sejam as coisas boas, sejam ruins. Dinheiro ou dividas. Se eles podem prender os filhos em contratos de casamento, acha que uma jura dessas é difícil? A família Yiakin será leal não só a Gellert, mas toda a sua família Grindelwald a qual ele era lorde por parte de seus sucessores. Assim como o lorde da casa jurou seus filhos, os filhos terão de manter a jura através da próxima geração enquanto qualquer um dos dois primeiros envolvidos estiverem vivos. Gellert está vivo. Em outras palavras, todos que juraram herdeiros a Gellert, mantem seus herdeiros presos a isso e a mim, Harrison, até mesmo Petúnia. Demian é leal desde o nascimento por juramento, mas também sempre foi uma escolha. O próprio Samuhe podia ir contra sua lealdade e trair o lorde que jurou, qualquer seguidor podia, mas há consequências em descumprir algo jurado à própria magia, é preciso muita força de vontade para fazer a coisa, mais ainda para aguentar depois. Demian aqui não precisou se preocupar com a falha do pai, acima de tudo, é um amigo.
- Amigo?
- Eu espero que seja! - ralhou.
O alfaiate riu.
- Somos amigos sim, milorde. É uma honra ser visto assim, minha lealdade pelo senhor apenas se fortalece.
- Espere um minuto... - murmurou Remus, de repente e Lakroff o olhou com tanto julgamento que o lobisomem sequer teve coragem de terminar o raciocínio que estava lhe vindo.
- Você ia dizer que então é perigoso para Harrison ficar tão perto de filhos de comensais na Sonserina porque eles seriam leais a Voldemort, não é?
- Eu... - sussurrou e baixou a cabeça. - Eu ia. Desculpe.
- Isso é uma história muito longa e, sinceramente? Não é útil agora. Você deve estar preparado para sua entrevista de emprego como professor da Durmstrang, não para entrar num exército de lorde das trevas. Harrison está seguro, não precisa se preocupar e, quando for útil, ou tivermos tempo hábil, eu te conto sobre as juras à lordes das trevas e coisas do gênero. Quando Harrison decidir se levantar como um, por exemplo...
- EU OUVI ESSA MERDA DAQUI! - gritou Harrison da outra sala. As barreiras de silêncio sumindo sem que nenhum dos adultos percebesse.
Yiakin e Mitrica riram enquanto Remus ficava impressionado.
- Nunca perde a graça - disse o lorde.
- SENHOR HARRISON, POR FAVOR ME AVISE QUANDO FOR SE LEVANTAR, SERÁ UMA HONRA REAFIRMAR OS VOTOS DA MINHA FAMÍLIA PESSOALMENTE AO SENHOR! - gritou Yiakin.
- NÃO INCENTIVA DEMIAN!
Os dois adultos riram e bateram com as mãos.
- É uma piada que lorde Mitrica faz a um tempo - explicou Demian, para uma expressão confusa de Lupin. - Dizer que o herdeiro Potter será o próximo lorde das trevas da família, eu quero dizer.
- Para não perder o costume, sabe? - brincou o loiro.
- Harrison detesta.
- Mas é divertido provocá-lo - sussurrou, ainda cobrindo a boca com a revista de antes, como se Harry pudesse ler seus lábios sem nem estar presente.
Remus achou um tipo de piada bem estranha, até macabra ou sombria... mas então se lembrou da memória que vira na penseira, de Harrison dizendo que a morte detestava os Gindelwalds ao ponto de só aceitar um morto por vez e que Voldemort foi punido por isso, além de alguns comentários sobre o senso de humor estranho da família.
Eles eram assim.
Grindelwalds.
Ele teria que se acostumar.
- Bom, conto com você para me manter informado. Imagine se eu fizesse algum vexame do tipo jurar incorretamente quando Harrison precisar, eu me sentiria tão mal...
Os três adultos escutaram passos rápidos e de repente havia uma cabeça de adolescente muito brava no batente da porta:
- Você não se junte a eles!
Remus deu uma risadinha nasalada e em seguida gemeu:
- Ai!
- Desculpe, mas você se mexeu - pediu Demian.
Harrison voltou para a outra sala e para sua discussão com Sirius.
- Acho que nos desviamos do ponto... - comentou Mitrica. - Estávamos falando... Ó sim, Harrison era o tema, mas você ia usá-lo de exemplo para questionar algo nas artes sombrias. Consegue se lembrar?
- Sim... Você disse que magia obscura não se faz sem dois dos princípios, pelo menos. É só que, quando Harrison era criança... ele... cruciou a tia e....
- Bem, ele tinha o desejo e a emoção. Não foi sem querer. Meu ponto permanece.
- Mas ele não queria necessariamente torturá-la e foi o que aconteceu...
- Ele queria que a tia sentisse uma dor assim como ele quando fez a "tortura" - fez aspas com as mãos. - Se aquilo foi o suficiente para ela virar uma bagunça no chão mereceu, mas assim como ele queria fazer ela parar quando a imperiou, no fim ele quis, desejou mais do que tudo e foi movido por raiva, medo, etc. Ele desejou e se concentrou, de certa forma. A magia de Harrison é absurda, é estranhamente fora da média, então o tempo para se concentrar é menor, mas continuam sendo os mesmos princípios. Ele não pode, por exemplo se estiver dormindo, fazer algo assim.
- E se ele estiver sonâmbulo?
- Também não. A magia é quase um ser vivo e ciente. Se ela sentir que você está ameaçado vai atacar, mas nada que chegue perto das artes das trevas, é apenas magia acidental nesse caso. As artes das trevas não reagem a algo que não seja intencional. Magia das trevas é intenção suprema da alma. É preciso querer muito algo e ir contra a natureza para conquistá-lo.
- O que quer dizer ir contra a natureza?
- Vamos pegar dois feitiços simples em teoria. Bombarda e Avada Kedavra. Não é natural que as pessoas simplesmente morram. Trouxas já fizeram necropsia em pessoas mortas pelo Avada Kedavra. Necropsia é um estudo que avalia exatamente como alguém morreu. Não é o coração, não é uma doença, não é nada. Você simplesmente morre. Como se sua alma fosse arrancada do corpo. Não é natural. Para fazer isso você tem que, deliberadamente, desejar uma morte e muito, mesmo na raiva não é fácil, você tem que estar disposto o suficiente a coisa para que sua magia aceite ir tão longe, então sua magia desconectará a outra pessoa desse plano, até onde eu teorizo, é claro. O que quero dizer que se eu ensinar para os meus alunos, que sabem artes das trevas, as palavras e pedir que apontem a varinha para mim nenhum deles me matará mesmo que esteja bravo comigo ou tenha algo contra, pois sua magia tem que acreditar que você quer chegar àquilo. Então, para isso, também é preciso o sacrifício. Matar corrompe a alma tanto quanto tira a do seu inimigo. É um feitiço que se vale do princípio alquímico da troca equivalente. Você usou sua magia para desconectar uma alma de um corpo para sempre, a sua ficará momentaneamente fraca e instável.
- Mesmo?! Aí!- gemeu.
- Desculpe! - pediu Demian. - É que também fiquei surpreso.
- Há poucos estudos sobre isso, a maioria feitos por necromantes e portanto suas pesquisas foram categorizadas como necromancia e retirados totalmente de circulação. Isis Mitrica, um antepassado obviamente, tem algumas teorias sobre isso. Pouca informação, mas garanto que é verdade. Por isso Gellert Grindelwald queria tanto a varinha das varinhas.
- Como assim?
- Ela foi feita para diminuir os danos desse feitiço em especial. Lembra-se do conto dos três irmãos? O mais velho queria ser o mais forte e provar isso, então foi até uma taverna e matou um homem sem nem lhe dar tempo de reação. Isso lá é algo impressionante? Qualquer idiota homicida com uma varinha pode fazer isso. Avada Kedavra e pronto. Basta querer e você tem um inimigo morto. Que prova ele tinha, se o outro nem lutou com ele, de que sua varinha era a mais forte? Agora, suponhamos que, naquela época, a época em que as relíquias foram feitas a centenas de anos atrás, o feitiço exato da morte ainda estivesse em desenvolvimento, suponhamos que o sacrifício era ainda maior quando ele estava em fase de teste, que demorasse mais para ser feito, que te deixasse pior ou precisasse de uma força de vontade para matar que as pessoas ainda não tinham, afinal aqueles tempo podiam ser mais pacíficos? Talvez. Mas quando as varinhas não eram tão boas, quando todos não sabiam lidar com um feitiço forte desses, quando as pessoas e suas magias ainda não tinham contato com algo tão sobrenatural quanto magia de alma... O primeiro homem que fizesse uma varinha que não te deixasse mal depois de usar seria aquele com a varinha mais forte. Ele podia usar um Avada Kedavra sem consequências aparente, ele tinha a varinha entre varinhas!
- Você está supondo que a varinha das varinhas nada mais foi que uma feita para evitar exaustão de um feitiço que ainda estava no começo?
- Muitas varinhas são melhores para tipos específicos de magia. Não é só a personalidade do dono, há fabricantes que produzem varinhas para você praticar áreas específicas da magia. A varinha das varinhas tinha pelo de calda de trestrálio, que é uma substância ligada a morte. Gellert acreditava que a varinha das varinhas impediria sua alma de ser tão afetada, então seria útil. Não que ele gostasse de matar, ele evitava muito, mas e se fosse necessário? Sem contar que, se ela era forte para isso, serviria para muito mais. Claro que também porque queria o título de mestre da morte. Uma mistura dos três fatores.
- Mas se é tão simples resolver o sacrifício com uma simples varinha...
- Pelo de calda de testrálio é difícil de trabalhar, poucas varinhas realmente funcionam com isso e, se você tiver uma, então entrará na categoria do sacrifício do tipo recurso. Você usou ou deu algo em troca que não partiu de você, mas que existe.
- A própria fabricação da varinha conta como sacrifício?
- Uma varinha dessas? Sim. Basilisco é uma fonte boa para varinhas das trevas, dito isso você morre se olhar para o bicho, o veneno é tão mortal que você precisa de luvas especiais e magia para manusear e mesmo assim não pode entrar em contanto com muita magia ou será arruinado. Sangue, suor e lágrimas será dado para fazer uma com essa substância. Sacrifício. Mas ainda pequeno. Um feitiço das trevas como a maldição da morte ainda exigirá sacrifícios por parte do lançador, sem contar seu desejo e a emoção sempre é útil. Raiva, medo, magoa, até inveja ou decepção são sentimentos que podem acompanhar um feitiço desses. Dito isso, a varinha "da morte" deve ter algo realmente impressionante, algo que nem Gregorovitch conseguiu descobrir e replicar centenas de anos no futuro. O que a torna igualmente forte ainda poderia ser a lenda por trás dela, assim como títulos de lordes das trevas, da luz, senhor da morte, ao empunhar uma varinha que se diz ser a mais forte você está convencendo seu inimigo a se assustar e usando um efeito placebo para te ajudar...
- O QUE EU ACHO! - gritou Harrison da outra sala.
- Efeito placebo?
- Termo médico trouxa para quando uma substância ou procedimento produz um efeito fisiológico positivo, mesmo que não tenha capacidade para isso, mesmo que seja apenas água, mas que após você dizer que era o melhor remédio do mundo melhorou os sintomas.
- Isso é possível?
- Eles pesquisam e já encontraram vários casos nesse sentido. Então sim. Nossa mente é enganosa e ilusória. Com a ilusão adequada, a manipulação da verdade, você pode fazer maravilhas dos outros. Dito isso, a varinha poderia realmente pertencer ao melhor dos necromantes que convenceu a própria morte a ajudá-lo a forjá-la. Enfim, é minha teoria.
- Mas nem sempre a maldição da morte é feita de emoção. Correto?
- Nunca vi alguém matar apenas por matar com um Avada Kedavra. Entenda a diferença aqui. Com um tiro de arma trouxa? Sim, vários já mataram sem pensar. Com uma faca? Sim. Até com uma maldição cortante, deixando uma pessoa sangrar até a morte. Mas um Avada? Você já viu?
- Claro! Na guerra...
- Antes de terminar essa frase peço que pense com cautela: os comensais matavam por matar, ou eles tinham medo de vocês os atacarem primeiro? Ou tinham raiva de vocês estarem atrapalhando algo? Tinham magoa do mundo e desejo por mudança? Até mesmo inveja de alguém da família que estava do outro lado e podiam, enfim, se vingar ali naquele momento? Qualquer emoção. Você pode afirmar, com certeza, que eles faziam a coisa só por fazer? Que nunca colocavam emoção nisso? Ainda mais sabendo que bruxos das trevas são ensinados a usar as artes das trevas através da emoção para fortalecê-la? Enfim, a resposta não importa tanto, pois a maldição já se utiliza de dois princípios, mas eu acho que todos sempre usaram isso com alguma emoção em seu interior.
- Qual a emoção de Voldemort?
- Vai de você. No caso dos Potters posso listar três opções plausíveis: Satisfação, ele enfim estava se vingando de todo trabalho que lhes deu. Medo, ele estava com medo da profecia e raiva. Eles vinham atrapalhando. Lilian... Lilian eu acho que foi raiva.
- Por quê?
- Por que ela não quis sair da frente.
- Como assim?
- Ele... Não importa. Vamos focar na sua aula, ou não estará pronto para a entrevista de emprego! Artes das trevas então são uma forma de expressão em magia, que usa a força do emocional para conquistar mais força. Para alcançá-la é preciso concentração, dedicação e sacrifício constante da sua parte para mantê-la melhor e controlada. Qualquer magia não intencional, magia acidental, é da luz! Pois, mesmo que seja movida por uma emoção, artes das trevas precisam de mais pelo menos um elemento. Os elementos são?
- Emoção. Um sentimento forte. Desejo. A vontade de fazer algo exatamente de uma forma, não se pode estar com sede e querer beber algo, deve se querer um copo cheio de água e o copo se encherá. Se alguém simplesmente quer água também pode fazer chover, mas isso será magia acidental. Artes das trevas precisam de mais clareza no objetivo final e isso as diferente também. O objetivo aqui era se saciar, nunca choverá, e você precisa saber com o que quer se saciar. Foco no objetivo, não na imagem do efeito do feitiço, como a magia da luz. Magia da luz se imagina um objeto flutuar, artes das trevas se espera que esse objeto vá para um lugar, todo o processo de como ele fará esse caminho não é imaginado, apesar de que você pode ter essa visualização. É apenas dispensável. O fim, o objetivo do feitiço, a intenção clara de algo acontecer.
- Como uma maldição da morte, onde não se imagina o cadáver no chão, nem o feitiço indo até a pessoa antes que se torne o cadáver, mas sim o resultado: morte. Quero que morra e é isso, não preciso ficar visualizando mais que meu resultado esperado - exemplificou Lakroff acenando com a cabeça. - Continue.
- Sacrifico. É preciso dar algo em troca, por isso também pode ser chamado oferenda. É mais comum em rituais e maldições complexas. É o princípio menos exigido ao usar a maioria dos feitiços sombrios, mas é o mais forte. Uma magia com sacrifício consegue muito mais. Ele pode ser obvio ou não, até sacrificar o seu emocional é válido, como no feitiço que Harrison está fazendo, onde se precisa de um perigo ou sacrifício intelectual intenso de angústia para funcionar. Pode vir de forma materiais também. Existe um quarto princípio mais rigoroso e incomum: consequência. Ir muito longe em determinadas áreas o força a aturar consequências severas, uma extensão do sacrifício.
- Diferença primordial entre luz e trevas?
- Luz precisa de uma imagem mental do que você quer com o feitiço, por exemplo a tranca se abrindo com um aloromora. Artes das trevas - e o loiro sentiu algo interessante ao perceber melhor a palavra arte ali. - É preciso desejo. O desejo canaliza a magia para alimentar o feitiço, você não precisa ter uma imagem clara do seu patrono, pode nem conhecê-lo ainda, mas precisa ter o desejo de formá-lo e a emoção felicidade como combustível ou até sacrifício base.
- Muito bem! Fantástico, já está até correlacionando os princípios como um! Muito bom, aluno Remus! E por que é considerada perigosa?
- É volátil, se você não souber como interagir com ela pode realmente te consumir, se não tiver controle emocional é como... - mas não encontrou as palavras certas.
- Me disseram uma vez que é como estar bêbado. Magia sombria é o álcool. Se você bebe em pequenas quantidades desde sempre, sua resistência aumenta, então mesmo que se tome todas em uma noite você não vai vomitar até as tripas na privada do banheiro da balada. Você se acostuma com o sabor, aguenta mais tempo de festa, capota menos, reconhece diferentes drinks quando os bebe... Mas se você nunca bebeu e o fizer de forma desenfreada em uma noite, vai entrar em coma alcóolico ou vomitar no pé de alguém que vai te dar um soco e quebrar seu nariz.
"Adolescentes e jovens também aguentam mais do que um adulto com metabolismo ruim e que nunca teve contato com a coisa. A analogia falha em alguns pontos da parte biológica, mas é muito boa para os bruxos das trevas. Estamos constantemente bebendo, a tanto tempo e nas quantidades adequadas que criamos essa capacidade de resistir e festejar de verdade. Aí que entra o Instituo de magia sombria a propósito, para ensinar essas quantidades e fazer o máximo para adaptar o ensino a diferentes metabolismos. Bruxos das trevas estão nisso de forma que um copo, um feitiço, uma garrafa, um ritual, e coisas do gênero já não mudam tanto nossas atitudes. Sabemos como lidar com a embriaguez e com a ressaca também. É viciante, porque te liberta de certa forma, das amarras que todos colocam constantemente, por isso é perigoso.
- Quem não sabe lidar com a coisa tende a fazer besteiras, se sente mais livre e faz o pior sem medir as consequências, depois passam anos arrependidos e culpando o álcool, ou a magia sombria, por coisas que eram deles, apenas se sentiram a vontade para fazer.
- É como álcool mesmo. Que já foi proibido antes.
- Bem... Sim. Proíba por não saber lidar com um grupo de pessoas inconsequentes que fazem besteira com álcool na mão. Tenha medo e nunca mais beba por dizer que é um vício perigoso que te fez perder a noção e fazer a bosta. Ainda culpe quem te deu o primeiro copo e tentava te ensinar a ir com calma, mas você não quis ouvir por ser arrogante.
- O que?
- ELE ESTÁ MANDANDO FARPAS PARA UMA PESSOA QUE O IRRITA! - explicou Harry rindo muito da indireta.
- Pare de escutar nossa conversa curioso! - reclamou Lakroff.
- BLACK FOI EXPERIMENTAR O TERNO! ESTOU ESPERANDO ENTEDIADO.
- ENTRE NO PROVADOR E VEJA COM SEUS PRÓPRIOS OLHOS COMO SEU PADRINHO SABE DE MODA, ENTÃO!
- Qual uma das maiores controversas entre as magias? - Mitrica perguntou voltando ao teste, ignorando os dois corvos negros.
- Que bruxas das trevas, então, são mais emotivos e emocionais, por isso tem facilidade com o elemento, enquanto os da luz são mais lógicos. É valido, mas também falho no ponto em que os bruxos das trevas considerados bons são exatamente os que controlam esse lado emotivo e o mantem apenas como poder, nunca se deixam levar por eles, mostrando um controle que a lógica da luz nem sempre tem, ainda mais em contato com as trevas. Outra coisa controversa é de que, como magia das trevas é muito movida pela emoção, a mistura de sentimentos pode causar descontrole, um feitiço pode se tornar outro quase experimental e ainda menos controlável, por isso a maioria dos países proíbe ou evita as artes. Feitiços tão potentes como são, mas sem o controle adequado são voláteis e são justamente um dos pontos que mais causam loucura, além de danos ao lançador. Em outras palavras, mesmo que o emocional seja incentivado, você deve ter ciência das próprias emoções e acessar as corretas e na hora adequada, se misturar elementos você danificará a mente ao acessar aspectos não explorados da magia sem querer e sem proteção alguma para a coisa.
- Excepcional! - comemorou sorrindo. - Você sabe a base corretamente! Falta apenas aprender a usar a magia, mas isso é um processo.
- A propósito... - comentou Yiakin se afastando e se ponto ao lado de Lakroff que sorriu estranho para o lobisomem. - Está pronto. Ficou ótimo, não acha milorde?
- Perfeito.
Remus se virou na plataforma, para se ver no espelho que ficava às costas.
Quase caiu para trás de choque, Yiakin o segurou de novo.
- Eu pareço um Malfoy! - sussurrou horrorizado, vários decibéis mais agudos do que seu tom de voz habitual. - Ou um Nott!
- Algo entre os dois... - murmurou Lakroff estreitando os olhos. - Você ainda é mais branco que os Nott, mas é bronzeado demais para o tom fantasmagórico, de quem não trabalha no sol nunca, dos Malfoy...
- Eu pareço estar em uma fantasia! Sem querer ofender, Yiakin...
- Não ofendeu. Até porque...
- É uma fantasia - disseram Lakroff e o alfaiate ao mesmo tempo.
- O que?
- Fantasia de Lorde Lupin - disse Demian.
- Herdeiro da casa Lupin, futuro consorte Black, futuro professor do Instituto de artes das trevas Durmstrang.
- FUTURO O QUE?!
- Professor?
- Você entendeu!
- Consorte. Marido de Lorde Sirius Black - Yiakin continuava sorrindo muito satisfeito com seu trabalho.
- Eu sei o que é consorte...
- Então qual foi a pergunta? - questionaram os dois.
- Eu só... Sirius não me...
- Sirius Black está te cortejando, é isso que diremos aos Goblins com sua roupa, Remus - disse Lakroff se levantando sério. - Goblins obedecem a ouro, títulos e posses. Para eles não importa o que você seja, eles sequer gostam de bruxos, importa seu poder social e econômico.
- Mas meus pais...
- Você pode não ser declarado e tratado como herdeiro da casa Lupin por culpa do preconceito bruxo, mas os goblins vão tratá-lo assim se agir de acordo. Eles não se importam com a Licantropia, isso posso garantir, mas se importam com o fato de que os bruxos não te dão o valor. Automaticamente eles acreditam que se você não tem posses, não terá sua atenção. Dito isso, para que ser tratado como herdeiro? Eles o tratarão como rei se for o futuro consorte Black. Independente dos avanços que você e Sirius estejam ou não fazendo, estamos interpretando um papel aqui. Harrison tem o respeito das criaturas, ficará muito mais satisfeito se você e Sirius o ajudarem a manter, deixar sua imagem ainda mais forte e para vocês, igualmente, chegar com Harrison James Mitrica Potter e usando vestes adequadas mostra que estão andando como as pessoas certas e sabem se portar de acordo. Você terá respeito. Também te ajudará muito mais na sua entrevista de emprego.
- Por quê? O que minha posição tem a ver com minha capacidade para dar aulas? Eu sequer sei se tenho qualquer capacidade e se deveria dar aulas lá! Eu não sei as bases da magia que ensinam, não tenho muita experiência na área do ensino, nunca pratiquei artes das trevas, não sei se não farei besteira quando bêbado, porque eu nunca fui o mais equilibrado e já sou adulto, além de que...
- Você é um lobisomem - interrompeu Lakroff.
- Que tem nisso?
Yiakin realmente riu.
- Meu marido vai te comer vivo - murmurou virando a cabeça.
- Seu marido?
- Esqueci por um instante que estava falando cum outro lobisomem que ouviria.
- Demian Yiakin aqui é marido de Leandro Spinosa - contou Mitrica. - Nosso professor lobisomem sangue puro do tipo Alfa.
- Isso existe mesmo? - questionou de olhos arregalados.
Uma pessoa cujo os avós eram ambos lobisomens, que passaram para o filho a licantropia e este igualmente arrumou outro lobisomem e tiveram um filho...
Alfa nascido.
Capaz de se transformar quando queria em um lobo gigantesco e magicamente forte, em níveis equiparáveis a um dragão.
- Existe. Nos conhecemos desde crianças, éramos vizinhos e nossas famílias sempre foram amigas, desde que a minha... bem... desde que minha perdeu a guerra e quis fugir das consequências de suas ações durante ele. Fomos para o Brasil como tantos outros...
- Ele é brasileiro, então?
- Sim.
- Mas vocês agora vivem...
- Alemanha. Essa loja é apenas minha filial. Lorde Mitrica queria vestes para sua família e me recuso a dar isso na mão de qualquer outro.
- Não precisava se dar tanto ao trabalho.
- Precisava sim, se não o senhor sequer teria me avisado que viria.
- Eu queria apenas autorização para reservar a loja.
- E eu vim com ela, assim como o senhor me deu para começo de conversa.
- Você deu uma loja a ele? - perguntou Remus.
- Leandro não queria sair do Brasil. Ainda mais para, e admito parafrasear, mas estou certo de que soava como: andar no meio de europeus ridículos, racistas, preconceituoso e sem culhões que vou fazer questão de xingar em português sempre que quiser, se não for acertar o tapa na cara e mandar direto para o hospital. Aparentemente ele descobriu, não foi por mim - e o tom que Demian usou deixava claro que foi por ele. - Que por aqui lobisomens eram tratados ainda pior e mais rigorosamente que no Brasil, além de que eram uma minoria marginalizada ao ponto de mal terem emprego ou serem permitidos em determinados lugares. Depois disso ele ainda gritou que depois chamam o Brasil de terceiro mundo e que, ao menos ali, miscigenação não era defeito, era natural da relação humana e entre espécies conscientes.
- Para convencer um lobisomem capaz de derrubar um prédio com um soco eu tentei convencer o marido.
- E você o convenceu seu marido como? - perguntou Remus a Yiakin.
- Oras, eu ia receber a minha loja e poderia voltar para o país que nasci. Ele poderia ter seus problemas com a Europa, mas eu tinha com o calor tropical e vivi anos com ele. Estava na sua vez de me ajudar. Outra que quem manda na relação sou eu, ele alfa ou não que mande só no bandinho dele, comigo abaixa a cabeça ou eu saio.
Remus arfou com aquilo.
- Veja bem, eu nunca vou me equiparar a ele em força, acha que nossa relação seria saudável se não fosse totalmente passivo comigo? Um "não" dele deveria ser ordem, porque não há o que me salve dele se quiser algo de verdade, mas damos certo exatamente porque desde crianças, quando ele está bravo e prestes a morder alguém, eu dava um tapa no seu focinho e ele parava. Sempre foi muito emocional e me ver irritado era como dar uma facada no seu peito, então conseguimos fazer funcionar. E ele gostou da neve. Rola até hoje nela pelo que me contaram, então deu tudo certo.
- É um dos professores prediletos dos jovens, com certeza. Dito isso, Remus, Spinosa provavelmente vai ser o responsável por te ajudar na adaptação e no estágio provatório no Instituto se passar na entrevista com os demais professores. Ele vai te explicar tudo, mas quando eu disse que você era um lobisomem para justificar que tudo ficaria bem, eu disse isso porque, e saiba que se fizer uma pergunta dessas a Leandro, ele irá fazer chacota com sua cara, é parte da personalidade dele, tente não levar para o lado pessoal, lobisomens são criaturas das trevas.
- Bem...
Yiakin riu de novo:
- A europa da luz e sua ignorância para elementos da magia bestial e natural - murmurou revirando os olhos.
- Criatura das trevas, Remus, primeiro pelo emocional, é claro. Suas emoções são totalmente afetadas pela lua cheia e os tornam em criaturas puramente movidos por elas e seus instintos bases, a materialização das artes sombrias, com certeza. MAS vocês também são uma maldição sombria. Vocês carregam uma maldição sanguínea que causa essa reação das artes sombrias. Se vocês usarem artes das trevas estarão apenas usando o elemento natural que carregam. Lutar contra isso é mais difícil que aprender artes das trevas, porque o lado sombrio agora faz parte de cada fibra do seu ser. Você será um bruxo das trevas incrível se esforçando bem menos que a maioria apenas porque as artes são você! Estão ligadas a você! Lembra da varinha das varinhas e como ela podia ser o próprio sacrifício? Bem, a maldição é o seu sacrifício. Qualquer magia que lançar de hoje em diante vem acompanhado disso. Você é uma arma. Sua varinha é outra. Seu desejo e depois suas emoções. Você é perigoso e temido por países mais conservadores porque se dedicar-se e estudar a magia, sua força é quase inigualável! Você é um monstro no melhor sentido da palavra! As pessoas tratam os lobisomens assim pelo mesmo motivo que tratavam Harrison mal na infância: medo. Medo de uma força muito maior e que não se pode ter controle.
- SOCIEDADE DE COVARDES! - gritou Harrison.
- Exatamente, milorde, lorde das trevas Harrison Mitrica!
- NÃO ESTRAGA!
- Só vocês podem se controlar, não os outros. Tanto quanto eu ou Harrison, que temos linhagem de necromantes para contaminar o sangue, ou os Black, todos com dons de sangue naturais dessa ligação sanguínea, você ganhou um dom de sangue que te torna magicamente mais resistente a efeitos de magia sombria. Igual a qualquer dom, ele também pode ser uma maldição, mas garantirá que você possa retirar das artes das trevas coisas que os outros meros mortais apenas sonham, porque a maior consequência já é se perder totalmente, seu corpo físico e consciência racional, toda lua cheia. É sua sina, é sua benção. Você poderá gastar todo seu período de estágio aprendendo tudo em velocidade recorde ao ponto de ano que vem ninguém duvidar da sua capacidade para dar aula no instituto, porque enquanto eu entraria em coma alcóolico, você terá algumas ressacas quando fizer algo muito pesado, mas nada além disso.
- Eu não sabia...
- Sem contar que as artes das trevas conversam diretamente com seu lobo, o deixará mais forte, MAS também racional! - acrescentou quando viu o olhar de medo no outro. - A ligação de vocês se tornará mais forte pois ambos estarão... "falando a mesma língua" e poderá acessá-lo melhor nas luas cheias. Será como beber uma bebida forte demais das que está acostumado, você vai acabar dando perda total até o fim da noite? Sim, você ainda é um beta, mas vai dar menos trabalho para as pessoas em volta.
- Essa analogia do álcool só fica melhor - brincou Demian.
- Leandro o ajudará com tudo, tenho certeza que ele vai te considerar da matilha e como professor de magia bestial e Elemental, ou seja, as magias da natureza ligadas as artes das trevas, ele será o melhor dos instrutores para você nesse novo caminho.
- Dito isto, lembre-se de chamá-lo pelo nome, no Brasil usamos o primeiro nome e ele prefere assim, e não leve nenhuma das brincadeiras para o lado pessoal. Principalmente quando ele estiver rindo de você. Sempre vai rir antes de ajudar. Se ele estiver falando em português provavelmente é um xingamento e nem tente entender, eles mudam bastante.
- Mudam?
- Brasileiros.... fazem muitas palavras ganharem novos significados, se quer saber. Há as padrões, mas a maioria envolvem sexo ou partes íntimas, como "seu cu" para qualquer coisa que escutam que acham absurdo. Algo como, "não concordo".
- Seu o que?
- É isso mesmo que entendeu. Mas "seu cu" - dessa vez ele disse a frase em português apenas para que o britânico aprendesse o som e o reconhecesse quando Leandro se irritasse algum dia. - Serve para tantos contextos que fica estranho para um estrangeiro acompanhar. Outro exemplo, se você juntar um verbo, um artigo e um substantivo, e usar o tom certo, todos vão entender como sexo.
- Como assim? Tipo...
- Afogar o ganso, molhar o biscoito, sujar a chuteira, depenar a coruja, olhar a florzinha, te garanto que tem um monte desses. Não fique tentando traduzir o que sai da boca dele, é besteira e não compensa o tempo.
Remus tentou não fazer uma careta tão engraçada, mas pelas risadas dos outros ele falhou muito.
- Ok, mas e minhas roupas? Entendi a utilidade no banco, mas qual é na escola? Quer dizer, eu...
- A maioria das famílias que matriculam seus filhos na Durmstrang são nobres. Veja bem, há seis países envolvidos diretamente na escola, mesmo assim nosso número de alunos é menor que Hogwarts. Claro, Hogwarts recebe pessoas de todo o mundo, mas um dos motivos é o padrão da escola. Famílias que ainda aceitam magia das trevas na Europa são as mais tradicionais, as mais antigas e, portanto, os nobres. Desde que entrei também foram feitas muitas reformas e a mensalidade teve que aumentar para pagar todos os professores extras, mestres de todo o mundo. Não perdemos alunos, só ganhamos desde então, mas ainda estamos falando de herdeiros por todos os lados. Para que o conselho de escola dos pais aceite o senhor como professor, a fachada de lorde é o ideal.
- Eu não sei agir como um lorde, eu só pareço...
- Falso?
- Sim!
- Dito isso, que nobre não é? Todos estão fingindo uma imagem perfeita, quando por dentro são pessoas como quaisquer outras e muito frustradas em sua maioria, com casamentos que não queriam e vidas que nunca pediram. Você será só mais um usando máscara.
- Mas eu nem sei se sirvo para ser um professor se seus padrões são tão altos...
- Remus John Lupin, se vier me falar algo sobre suas capacidades como professor novamente, vou lhe acertar um tapa. Ou pior. Esse foi um aviso feito por educação! - reclamou irritado.
- Eu apenas... eu não tenho...
- O senhor é ex-professor da escola de Magia e bruxaria de Hogwarts, uma das escolas mais renomadas mundialmente e, sem dúvida alguma, a mais importante historicamente. O senhor foi professor de defesa contra as artes das trevas e no ano que foi responsável a matéria teve um aumento de 50% no desempenho e nas notas, tanto práticas quanto teóricas, nos NIEMS dos alunos em comparação ao ano anterior, na verdade foi oficialmente o ano com maior desempenho de toda a Hogwarts desde a década de 1950. Nos NOMS o resultado é ainda mais impressionante, contando com uma melhora de 75% em comparação ao ano anterior. Entende que foram notas 75% melhores? Os índices de aprovação e permanência de alunos nas turmas de sétimo ano pularam de 25% para 89%, isso é um resultado tão impressionante que as escolas fariam fila para tê-lo como docente. Seu pouco contato com o foco do nosso instituto torna-se irrelevante uma vez que o senhor está se dispondo a fazer um estágio de treinamento durante esse ano para a vaga efetiva ano que vem. Você é um ótimo candidato e estará trabalhando por quase um ano inteiro com metade do salário apenas para ser ensinado em algo que provavelmente fará nos primeiros meses, parece até que estamos tirando vantagem de você, isso sim. Vou chamar Black.
- Sirius?! - ralhou se virando para o espelho e se vendo naquele terno tão caro que ficou com medo de tocar, como se fosse quebrar. - Eu não sei.
- Ele vai adorar vê-lo e precisa lhe dar um presente.
- Presente?
- Sim. Se vamos fingir que ele está te cortejando, não que não esteja, uma vez que ouvi ele mencionar a palavra namorado umas sete vezes desde que nos encontramos... - e Remus corou com aquilo, baixando os olhos. - Então ele tem que te dar um presente como pedido oficial e que anuncie a corte em questão para os demais. Harrison já deve tê-lo ajudado a escolher um a este ponto, não os escuto discutir mais sobre fraques e casacas... - e saiu.
Lupin olhou para Demian em pânico e o mesmo tentou acalmar aos risos contidos o lobisomem, afinal, mesmo que fosse uma sugestão de Lorde Mitrica, dar um presente de corte era um costume de famílias tradicionais muito importante.
Primeiro poderia acontecer quando sua família firmava um contrato de casamento com outra, assim os dois herdeiros envolvidos entravam em corte e futuramente noivariam e se casariam.
Quando adultos era como anunciar ao mundo que se queria o tal contrato com a pessoa que se ofereceu a corte, que nada mais era que o período antes do pedido de noivado para que pudessem se conhecer intimamente.
Era um pedido de namoro com promessa de casamento.
Remus tentou se acalmar com a coisa toda lembrando que era apenas parte da fantasia, assim como o terno, fechou os olhos e inspirou fundo e foi quando ouviu Sirius arfar.
Ao abrir os olhos tremeu de emoção com o olhar de devoção que seu namorado estava lhe dando, boca aberta e tudo.
- Sirius?
- Você oficialmente mudou toda a minha opinião sobre roupas bruxas - sussurrou ainda vidrado.
- Que quer dizer?
- Elas deviam ser proibidas! Pessoas como você ficam bem demais nelas para ser saudável para quem olha!
Harry riu atrás do padrinho.
Remus corou e baixou a cabeça.
Yiakin o ajudou a descer do palquinho enquanto Sirius se aproximava sorrindo, quase babando.
Lupin estava simplesmente a coisa mais linda que já vira em toda a sua vida, ele seria capaz de simplesmente desmaiar de fome e sede distraído demais com aquela imagem.
Mitrica já os havia arrastado para o cabelereiro e manicure (sim manicure) antes, por isso os cabelos do Lupin estavam perfeitamente hidratados e brilhosos espalhados em ondas suaves para trás, mas com o terno... estava simplesmente de tirar o fôlego! Branco de linho, detalhes em verde (do mesmo tom de seus olhos), prata e preto, discreto como o homem, mas de muito bom gosto, uma capa de veludo verde de ombro único e com algumas poucas pelugens brancas na base.
Para Sirius era o pecado ou a tentação em pessoa.
- Lindo - murmurou em adoração.
- Obrigada.
- Eu te amo tanto.
- Eu também te amo, Sirius - respondeu apesar da timidez e vergonha.
- Remus John Lupin, eu Sirius Orion Black não consigo imaginar minha vida sem você, peço humildemente que aceite meus sentimentos em forma deste presente que jamais atingirá o nível dos meus sentimentos por sua pessoa, mas representa meus objetivos para com você...
- Sirius! - chamou Remus.
- O que? Eu falei algo errado? - perguntou virando-se para Harrison que riu e negou com a cabeça.
- Você não precisa fazer a jura mágica de uma corte! - explicou Remus.
- Por que não?
- Por que você não está me cortejando de verdade!
- Mas eu estou!
- Como é?
Sirius pegou a mão de Remus e levou até a boca, dando um beijo longo e cheio de afeto:
- Remus, não há uma única palavra numa jura de corte que eu não queira e não me sinta feliz em lhe dizer, então porque não fazer?
- Mas... uma jura... - e quase perdeu totalmente o foco com Sirius dando beijinhos em sua mão, ao ponto de puxar o membro para o lado do corpo para falar. - Você basicamente estará...
- Te pedindo em casamento no final? Eu sei.
O lobisomem arregalou os olhos e sentiu as pernas falharem, quase lamentou que Yiakin não estivesse ali para segurá-lo.
- Sirius... você quer...
- Me casar com você? Se a corte der certo, se até o fim dela você não tiver percebido que sou uma bagunça insuportável, se você puder me amar com ao menos metade do que eu te amo, eu te pediria em casamento todos os dias pelo resto de nossas vidas. E que sejam lado a lado. É tudo que eu mais quero - e sorriu.
- Eu... - sussurrou em choque. - Você não acha que é muito rápido?
- Eu? Não. Eu estou correndo atrás de você desde os doze anos, estou é achando muito lento. Eu não consigo estar com você sem pensar no para sempre, então nada mais justo que oficializar.
Todos arfaram quando Sirius simplesmente se ajoelhou e mostrou a caixinha com o presente que ele e Harrison escolheram para o momento:
- Esse presente representa meus objetivos para com você. Herdeiro Lupin, eu, futuro lorde Black, desejo do fundo de minha alma e juro pela minha magia que nada me deixaria mais feliz do que ter sua aprovação para cortejá-lo oficialmente e, ao fim da corte, ter a honra de pedir sua mão em casamento. Aceitaria me dar a honra de ambicioná-lo como meu consorte?
- Eu aceito.
O mundo não dava voltas, pensou Remus enquanto era beijado apaixonadamente e quase levantado por Sirius em um acesso de emoção que lhe garantiu força para o ato. O mundo dava uma cambalhota completa e te deixava ou de cara no chão, ou de pé.
Sirius estava livre e ele, um lobisomem herdeiro de uma casa simples como os Lupin, poderia ser consorte Black.
Ambos poderiam ser professores.
Um de trato das criaturas mágicas na grande e renomada Hogwarts.
O outro de feitiços no principal Instituto de Magia Sombria da Europa.
Por algum motivo Remus se lembrou de Dumbledore, as conversas que tinham durante a guerra na ordem, talvez por ter sido o primeiro a sugerir a carreira a Remus, mas ele se recordou de algo interessante:
"Magia sombria engana. Os bruxos das trevas ou mentem, ou caíram tanto que não percebem os riscos. Ela é instável demais para qualquer um controlar".
O engraçado é que quando ouviram isso Remus viu James revirar os olhos ao ponto de quase fugirem da cabeça e ele sempre pensou que fosse por ser algo obvio, que Alvos não precisava lembrá-los.
Mas agora...
Parecia que James estava só incomodado.
Travando a mandíbula demais. Mantendo as mãos em punhos em cima da mesa.
Concidentemente uma coruja entrou na loja no mesmo instante e voou até Lakroff.
- Ela veio até aqui? Não te esperou em casa? - perguntou Harry curioso indo até o mais velho.
- É de Langkau. Segundo comandante de Nurmengard.
Todos na sala pararam o que estavam fazendo para olhá-lo, um silêncio tenso para a expressão incomodada de lorde Mitrica:
- Não é nada de mais... - comentou baixinho. - Gellert está vivo, só quiseram me avisar que recebeu uma visita hoje.
- Visita?
- Vivo? - questionou Sirius.
- Ele anda bem doente, então sempre esperamos algum aviso. Ele recebeu uma visita de Dumbledore.
- Que merda ele foi fazer lá?! - questionou Harry muito irritado. - Pensei que as visitas estavam proibidas!
- Pelo jeito só para nós...
- Langkau? Ele é um dos comandantes da prisão? - questionou Yiakin reconhecendo o sobrenome de outra família que jurou lealdade ao lorde das trevas e aos Grindelwalds.
Família que conseguiu fingir bem que não faziam parte de tudo, mas sempre estiveram entre aqueles no topo do circulo íntimo.
- Sim.
O alfaiate preferiu ficar quieto e ir atrás do conjunto que tinha feito para o herdeiro Harrison. Não entendia os planos de seu senhor, mas quem afinal entendia videntes?
Eles pensavam tão a frente...
"Ah, algumas coisas nunca mudam, nunca mudam, ah
A redenção nunca chega"
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Gostaram?
Espero que sim porque esse capítulo acabou ficando IMENSO e não sei se não enfraqueceu ao ser dividido.
Parte dois sai domingo, provavelmente, para não precisarem esperar tanto (mas aviso que conta como capítulo da terceira semana de junho, ok? Ok.)
Se essa foi: O Lorde chacal e o herdeiro Slytherin.
O próximo (provavelmente eu vou trocar o nome, mas por enquanto) será: Mariposa Grindelwald e Cobra Slytherin.
Até lá e um beijo!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro