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Capítulo 26 - A fênix ferida e o campeão Grifinório

Primeiramente:

VOCÊS NÃO IMAGINAM O PRAZER QUE É ESTAR DE VOLTA!

AVISO IMPORTANTE

Não, meu computador não foi consertado, estou usando o de outra pessoa emprestado, mas não posso pegar por muito tempo. Dito isso achei melhor gastar meu tempo curto com o foco da história, mas relaxem que o capítulo bônus wolfstar vem assim que tiver o meu de volta. 

Não, não sei quando saíra o capítulo 27 pelo mesmo problema de estar sem com o que trabalhar e até esse capítulo estou postando "antes de estar pronto". O que eu quero dizer com isso é que fiz só a parte do Neville do fim de semana, mas não teria espaço para a do Harry, fica para o próximo momento.

Espero que gostem desse...

E que comentem sua opinião sincera depois, para me darem as boas vindas *-*

PS: Essa música é simplesmente A MÚSICA para o que será tratado no capítulo. Apenas sintam.

PSS: Estou com sono, então me avisem os erros que, com certeza, terão.

PSSS: Se está gostando dessa fanfic e do trabalho dessa autora, saiba que tenho um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited, além de que o prólogo está disponível nesse perfil para quem quiser descobrir do que se trata. Vá lá e dê uma olhada para descobrir se te interessa, vai ajudar muito!

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Capítulo 26 – A fênix ferida e o campeão Grifinório

"Neville conhecia um bom número de bruxos das trevas bons

Mas ele sabia que Dumbledore tinha razão, então o que faria com isso?"


Neville acordou sentindo-se estranho. Percebeu um cheiro incomum que não era o que estava acostumado, mas como era bom enfiou seu rosto mais próximo do travesseiro e inspirou fundo.

O reconhecimento veio quase ao mesmo tempo que percebeu a macieis incomum da cama. Era o cheiro do cabelo do Hazz. Inspirou mais uma vez, pois gostava do aroma de vinho e morangos.

Ele dormiu no barco da Durmstrang.

Na noite passada, depois de um dia infernal com as pessoas o encarando com pena ou fazendo comentários bem idiotas, que queriam ser simpáticos, mas falhavam miseravelmente em seu objetivo, o Longbottom finalmente terminou o jantar e correu para fora daquele castelo junto do conselho estudantil da escola estrangeira.

Amava Hogwarts, mas havia dias que parecia sufocar e aquela sexta-feira tinha sido um. 

Então, no instante que entrou no barco da Durmstrang, de repente havia um grudento, animado e beirando ao saltitante Harry Potter em seus braços.

Que o arrastou até o quarto da Haus Feuer onde haviam feito o ritual na noite de Samhain junto de todos os seus amigos e...

Foi como se todo o estresse fosse descarregado aos poucos.

Eles colocaram um imenso tapete felpudo no chão com almofadas e ficaram em círculo conversando sobre tudo e todos, mas sempre coisas leves, histórias do Potter na Durmstrang, histórias de Neville em Hogwarts e em nenhum momento Neville foi lembrado da própria condição, nem forçado a reviver as memórias das visitas ao Hospital St. Mungus vendo os pais.

Alice e Frank eram menos que humanos. Apenas sobreviviam em uma casca vazia, onde a mente foi congelada. Será que ninguém em Hogwarts entendia que Neville não queria falar sobre algo como aquilo? Quer dizer, ele nunca puxou o assunto, não era um sinal bom o suficiente?

Mas os amigos de Hazz pareciam se divertir o suficiente se conhecendo melhor.

Apesar de Neville ter notado algo estranho.

Enquanto lhe contavam momentos marcantes, como no primeiro ano de Harrison, onde acabou trombando com o professor lobisomem por estar atrasado, mas que este, Spnosa, ao invés de dar uma bronca por correr nos corredores, perguntou o que o menino fazia com tanta pressa e ao descobrir que perderia sua frequência perfeita simplesmente virou lobo (metros maior que qualquer outro) e se usou de montaria para ajudar Potter.

"Desde então todos escutamos, ao menos uma vez por semana, o som 'pum, pum' das patas dele ou alguém gritando 'olha o caminho!' e quando você olha o corredor é um lobo gigante com alguma criança atrasada em cima" comentou Rusev rindo "Mas ele só ajuda os primeiros e segundos anos, se for mais velho e ele te pegar atrasado acaba perdendo pontos para sua casa".

"Durmstrang parece tão divertida" comentou Nev.

"Se tiver garra para mostrar que não está para brincadeira e assim evitar que te amaldiçoarem de graça, sim, se torna muito divertida" respondeu Ivan.

Hazz se mantinha sempre junto. 

E Logbottom notou que Viktor Krum não era o único a mandar olhares de inveja disfarçada.

Na verdade, dependendo de como estava o contato dos dois garotos beirava ao ameaçador.

Só que Neville não se importou. Porque durante todo o dia, desde que a maldita Skeeter envenenou todos com a notícia, o Potter foi seu resgate (como sempre era). A simples ideia de que estava no castelo foi o que manteve o grifinório andando. Saber que a noite estaria com a pessoa que sempre foi capaz de animá-lo e tirá-lo das piores situações, que mesmo durante o dia, se estivesse prestes a enlouquecer, era só o procurar em algum canto...

Isso foi o bastante. 

Então aqueles bruxos poderiam até ameaçar Neville de morte que ele não moveria um músculo para afastar  a pele fria de Harry em contato com a sua, quente em comparação. Mesmo com tudo, ele e Hazz ainda se encaixavam.

Os dois só se viam nas férias e por pouco tempo, certas vezes, desde que começaram a estudar em escolas diferentes, mas ainda era como na infância.

Antes que Nev pudesse sentir a perna cansada pelo peso do amigo praticamente em seu colo, Harry já se levantava e procurava outra posição, quando queria beber água, o moreno já estava buscando bebidas para ambos. Ficavam com as mãos entrelaçadas, ou os braços, ou a cabeça no ombro um do outro, se cutucando, se empurrando, ou, no mínimo, os joelhos se encostando. Sempre procurando contato e, quando teve sono, Hazz já o arrastara para a cama reclamando que cansara de ficar no chão.

Estar juntos fazia o Longbottom se desligar.

Tanto que dormiu sem notar.

A única outra coisa realmente interessante foi Viktor.

Neville percebeu que Hazz ainda fazia algo parecido com Krum às vezes, essa necessidade e impulso por contato. O pé de Potter batia no de Viktor com frequência e ele entrelaçou seu braço no búlgaro ao menos duas vezes, mas era como se logo em seguida algo o atingisse e que fazia com que se afastasse. Um fato se tornou obvio com isso: Hazz sabia dos sentimentos de Viktor. 

Sabia que Krum gostava dele, então evitava coisas que eram naturais para ele, mas que podia ser mal interpretadas para não o magoar. Não criar expectativas onde não deveria ter. Depois disso foi fácil notar os mesmos sinais em outros do grupo. Harry nunca afastava Ivan, mas nunca era o que iniciava o contato, deixava que as meninas pegassem em seu cabelo e aceitava beijos ocasionais de Natasha na bochecha, mas...

Dava para ver que ele faria mais, Hazz até queria, só que se continha. 

Era tudo por Viktor? Porque não queria deixar o amigo com ciúmes dos outros? Ou havia algo mais profundo?

Decidiu que futuramente falaria disso com Harrison, mas ignorou naquela noite.

Naquela manhã, entretanto, a única coisa que pensou foi que os lençóis estavam um pouco gelados. Mexeu os braços pelo colchão para ver se sentia algo e foi quando ouviu:

- Já acordou? - era Viktor.

- Harry já saiu? - perguntou sem tirar a cara do travesseiro.

- Faz uma meia hora.

- Vai correr conosco hoje? - perguntou Ivan em algum ponto do quarto.

- Acho que não... - murmurou tomando coragem para se virar e então sentar na cama. - Bom dia a todos.

- Bom dia. - Cumprimentaram Krum, Miller e Tshkows, os únicos por lá. Heinz Horváth devia já ter saído para usar o banheiro, provavelmente.

- Não estou achando meu uniforme de corrida – reclamou Axek mexendo em seu malão.

- Vai achar, você é organizado, talvez só esteja para lavar – comentou Viktor se virando para Neville com um sorriso simpático. - Então, sem corrida?

- Minhas pernas não aguentam tantos dias por semana, acho que tenho que ir me acostumando. Seguir no meu ritmo – o búlgaro deu um sorriso muito satisfeito para o Longbottom com isso, que piscou. - Nos vemos no café?

- Gostaria de sentar com os répteis hoje de novo?

- Eu não...

- Quase não temos tempo para falar normalmente – interrompeu o mais velho, indo até a cama de Harry e se apoiando em uma das hastes do dossel para ficarem mais próximos. - Vamos, Neville. Uma refeição não vai matá-lo - insistiu.

O mais novo baixou a cabeça incerto.

E um pouco corado.

Então Krum também estava pensando no pouco que tinham de oportunidade para se verem? Ele não era apenas o garoto emocionado e besta que já o considerava amigo?

- Bem... acho que só o café realmente não tem problema. Ron demora para acordar aos sábados mesmo. - Viktor sorriu e Nev lhe apontou o dedo exigindo: - Mas você fala com as cobras!

- Não sou ofidioglota, mas pode deixar - brincou. - A propósito, bom dia Nagini.

Só então Neville percebeu o animal e quase deu um pulo ao ver aquela imensa cobra enrolada na beirada da cama, chiando para ele e se espalhando pelo colchão.

- Bom dia Nagini - cumprimentou quando seu coração parou de bater rápido demais.

Gostava da cobra, via como Harry tinha carinho por ela, mas era muito grande! Não tinha como não se assustar... 

- Essa cama já é mais dela que de sua alteza - comentou Ivan no seu canto do quarto.

Neville teve que desviar o olhar para a parede no instante imediatamente seguinte ao perceber que o russo estava retirando seu pijama como se nada fosse, ficando só de cueca. Viktor riu discretamente disso. O pessoal ali nunca teve muita necessidade em esconder o corpo.

Ivan principalmente.

Este provavelmente andaria pelado pelo quarto se não fosse seu meio irmão e Harrison dividindo com ele.

Não que já não ficasse se exibindo sem nada no banheiro alguns minutos depois, então não fazia tanta diferença.

- Como assim? - perguntou Neville sobre o assunto da cama e Nagini.

- Sua alteza vem dormindo bastante com o tio-avô e mesmo que Nagini acabe dormindo com eles, quase sempre que venho a tarde no dormitório ela está deitada aí, então já usa mais que o Hazz.

- Dito isso, Nagini sempre usou qualquer cama mais que sua alteza, ele não dorme - reclamou Axek frustrado.

- Ele deve estar, com o Mitrica - comentou Neville. - Pelo menos eu acho que Lakroff o repreenderia muito se não deitasse uma quantidade de horas mais adequada.

- Não é isso. Mesmo na Durmstrang, Hazz nunca dormiu com a mesma frequência ou tempo que os outros. A noite parece mais com uma espécie de pausa, uma hora do almoço, por exemplo, antes de voltar para o serviço. Não é realmente a hora de dormir.

- Bem... ele sabe se cuidar – comentou Neville. - Ele só... Tem seus motivos, eu garanto e...

- Neville - Krum interrompeu a explicação vaga. - Nós sabemos. Todos aqui sabem sobre ele.

- Ah.

- O dormitório do Hazz não é conosco só por causa do conselho estudantil, se fosse assim eu não estaria aqui. Os professores, na verdade, acharam melhor colocá-lo com os mais velhos por que se ele tiver uma crise, em teoria, somos os mais qualificados a pará-lo.

- Entendo.

- Uma falsa segurança - disse Ivan. - Quer dizer, eles querem que façamos o que? Não conseguiríamos parar sua alteza. Eu apoiei isso porque, pelo menos,  fica com a gente e podemos permanecer de olho, mas é só.

- Por que você chama o Hazz assim até quando ele não está?

- Assim como?

- Alteza!

- Costume - e deu de ombros.

- Filho da mãe! - reclamou Axek irritado se virando para o meio-irmão - Você pegou minha camisa!

Ivan olhou para o próprio corpo e para o uniforme da haus feuer que acabara de vestir, então puxou o tecido e cheirou:

- Puts. Não é que é seu mesmo?

- Devolve idiota!

- Não. Suas roupas são mais cheirosas - provocou.

- Cheiroso o caramba, eu vou te bater se não me devolver!

- Tenta fracote.

- Minhas roupas parecem mais agradáveis porque você é fedido, eu vou ter que queimar essa merda se te deixar usar!

- Ótimo, esta fica para mim e você compra outro. Resolvido.

- Resolvido vai estar quando eu comprar veneno para pôr no seu chá, seu infeliz! - ameaçou correndo até o russo que desviou de uma investida pulando em sua cama para outra direção, mostrando uma agilidade e desenvoltura impressionante.

- Desde quando eu tomo chá? - perguntou sorrindo provocativo.

- Eu vou enfiar pela sua goela se for preciso! - reclamou arremessando um travesseiro no outro e saltando pela cama para tentar alcançá-lo.

Ivan se segurou no dossel de ferro de sua cama e se alçou para cima, pisando nas costas de Axek quando este tentou alcançá-lo e o derrubando no chão, depois se balançou para o lado oposto e saiu correndo.

- Só usa veneno quem não se garante no soco! - gritou tentando atravessar a porta para o corredor.

Quase caiu quando precisou desviar de uma maldição de cor vermelha sangue que saiu da varinha de Axek e rachou a parede ao errar seu alvo.

- Eu vou acabar com você! - gritou o loiro e saiu em disparada atrás do moreno.

Se esquecendo completamente que estava sem camisa e que tudo começou exatamente por isso.

Ivan ainda estava sem calças.

Neville olhou para Viktor que deu de ombros:

- Se eles brigarem logo pela manhã já extravasam e tem a tendência a ser menos barulhentos pelo resto do dia. Nos vemos no café Nev?

- Sim. Até lá.

Krum sorriu e se virou, começando a retirar o próprio pijama por cima da cabeça.

Neville puxou a coberta e se escondeu completamente pensando que alguém tinha que dizer aos Haus feuer algo sobre exposição. Nagini, que sempre foi esperta, pareceu entender o real motivo do desconforto do adolescente e foi como se risse dele ao invés de se irritar de ter sido tirada de sua posição.

- Não me olhe assim – sussurrou Neville para a mesma. - Por que afinal Hazz não te levou? - a cobra, obviamente, não respondeu e se enrolou em um montinho voltando a descansar.

Bem ao fundo puderam escutar a risada alta de Ivan, um grito animado em búlgaro: "Não me pegará vivo, Miller!", a resposta veio em seguida em alemão: "Você já está morto, só não sabe, praga dos infernos!"

Em sua mente, Nagini pensava que estava ali para ficar de olho nas coisas na ausência dos Grindelwalds.

Sabe-se lá o que não aconteceria com eles fora.

-x-x-x-

-x-x-x-

A primeira coisa que poderia acontecer já foi no café da manhã.

Neville esperou o pessoal da Durmstrang voltar da corrida na cama e, em algum ponto, foi para seu dormitório se trocar para o café, Nagini o seguindo até fora do barco e sumindo pela mata. O garoto ainda pensou se haveria problema em deixar uma cobra monstruosa daquelas vagando pela escola, se não seria atacada, mas Harry sempre insistiu que era uma criatura das mais inteligentes que encontraria, então ignorou.

Quando, entretanto, entou no salão, pronto para ser arrastado por Viktor até a mesa das cobras, Luna Lovegoog apareceu e se agarrou ao seu braço:

- Oi Neville, prazer, não me lembro se fomos apresentados adequadamente.

- O-oi Luna - sorriu. - Prazer.

- Sei que os dragões queriam você com eles hoje, mas acho melhor ir até a mesa dos leões. A fênix quer falar com você e o leão filhote está vindo com os doces que precisará para a visita. Acho que são sapos de chocolate, mas não tenho certeza. Eu prefiro pudim, sabe?

- Como é?

- Pudim. Será que os elfos domésticos farão hoje? Enfim... - e saiu, saltitando até se sentar entre Theodore Nott e Pansy Parkinson.

Neville encarou a garota por um tempo ainda, muito confuso com tudo que foi dito, pensando no que faria.

De repente ele sentiu uma mão grande em suas costas, encostando com delicadeza e a figura de Viktor Krum apareceu ao seu lado sorridente: 

- Não está pensando em fugir de nós, está?

- Eu... Não. Eu só... - e olhou para a Luna, que discutia algo com Theodore. Fênix? Sapos de chocolate? Que? 

- Venham logo, quero comer - chamou Heinz puxando Neville e Krum riu acompanhando o amigo na investida de arrastar o Grifinório.

Neville ainda corou muito quando foi posto de frente para o grupo de Malfoy, bem ao lado do grupo de Adrian Pucey e percebeu que não pensou no que diria para que o deixassem estar ali de novo, mas logo ouviu Ivan:

- Aé, vocês se importam de aceitar o Longbottom de novo? Sua alteza nos deixou com a missão de socar a cara de quem falar do jornal de ontem perto dele e fica mais fácil se também ficarmos perto.

- O que?! - exclamou Neville. 

- Ele está brincando - murmurou Miller. 

- É, sua alteza não nos mandaria socar a cara de ninguém. Apenas envenenar de forma irrastreável suas comidas - disse Heinz.

- Ou amaldiçoar sem sermos pegos - completou Krum, tomando um lugar ao lado de Montague.

- Parem de brincar com coisas assim - resmungou o grifinório.

- Sente-se logo, Longbottom, já o aturamos duas vezes, uma a mais não acabará com nossa classe – comentou Draco rudemente.

- Classe? Você...

- Ótimo! Então estamos resolvidos! - comentou Luna interrompendo uma possível discussão entre os dois rivais e pegando um grande pedaço de bolo, servindo em fatias para ela e Pansy. - Logo Neville vai ter que sair mesmo, então não deve incomodar ninguém. Pansy já me deixou ficar aqui mesmo sendo da covinal... Miller, sem chutar Ivan por debaixo da mesa!

O loiro arregalou os olhos e encarou a garota antes de murmurar para a mesa em choque:

- Sua alteza deixou um cão de guarda para nos vigiar.

Ele tinha sido tão discreto e Ivan nem reagiu (ele nunca reagia).

- Ele deixou a princesa para nos vigiar - corrigiu Ivan sorrindo. - Cães somos nós que vamos ter que impedir esse bando de amebas da nossa escola de fazer merda, isso estando sem os dois chefes o fim de semana todo! Credo, me dá até dor de cabeça, só de pensar!

- O sujo falando do mal lavado - murmurou Heinz.

- Dois chefes? - questionou Adrian.

- Lakroff Mitrica também está fora, foi acompanhar Hazz como chefe da casa e vice diretor da escola, tecnicamente os alunos também são responsabilidade dele durante o período de aula e o torneio. Estamos oficialmente dependendo apenas do bom senso de Igor Karkaroff.

- São apenas quarenta horas, mais ou menos, que teremos que aturar, vai dar tudo certo – comentou o monitor da haus feuer dando tapinhas nas costas do russo, mas por dentro Heinz tentava consolar a si mesmo.

- Ele tem razão - concordou Luna – Mas Ivan, é melhor que esteja no corredor sete às nove horas de hoje e não saia do barco das quatro da tarde até a seis. Miller poderia dar uma volta no lago ao pôr do sol para espairecer, se quer minha opinião, e Viktor, nada de bater naquela pessoa, mesmo que mereça.

- Que pessoa? - perguntou o Krum confuso.

- Você vai saber - respondeu a corvina pegando um pedaço grande de bolo, cortando em dois e servindo a ela e a Pansy que aceitou grata e sorridente.

- Eu... - Axek começou, mas pareceu não saber o que dizer.

- Corredor sete às nove, como quiser princesa - concordou Ivan começando a se servir do café também.

- Você só aceita? - perguntou o meio-irmão.

- O conselho da garota que sua alteza adotou depois de duas conversas? Sim. Sem nem piscar.

- Luna... - chamou Neville cautelosamente, quando uma ideia o atingiu.

- O filhote chegou com os doces - foi tudo que ela disse antes que o Longbottom sentisse uma mão em seu ombro.

- Neville - uma voz hesitante chamou e todos se viraram para um Colin Creevey muito assustado.

- Bom dia Colin - cumprimentou. - O que foi?

- Eu tenho um recado para você - sussurrou o menino, como se falar baixo fosse irritar menos aquela mesa assustadora de répteis, também estendeu uma folha de papel explicando: - Do diretor Dumbledore.

- Obrigada Colin.

Assim que o papel foi entregue, Colin correu para a própria mesa e seu lugar entre os amigos grifinórios, coisa que fez os sonserinos darem risinhos e Neville revirar os olhos enquanto abria o pergaminho para ler:

"Neville, meu garoto

Espero que possa me encontrar na minha sala esta manhã para que possamos ter uma conversa. Fique a vontade para tomar o café com seus amigos antes, entretanto. Permanecerei no aguardo.

Do professor Dumbledore.

PS: Gosto muito de sapos de chocolate, apesar de sempre fugirem de mim".

- E então? - Questionou Luna sem olhá-lo ou ao bilhete. - Eram sapos de chocolate?

Fênix. O filhote de leão. Os doces que ele trazia: a senha para o escritório.

- Eram - murmurou meio em choque.

- Você já vai? - ela perguntou.

- Acho que sim...

Mas a ideia de perguntar aquilo que tinha pensado antes de ser interrompido pipocou na sua mente. "Você é uma vidente?" quis questionar.

Como se lesse aquele pensamento a loira foi logo falando:

- Outro momento.

De repente, como se esperasse uma deixa para trocar o foco da conversa, no centro da mesa apareceu uma travessa de pudim e Lovegood arregalou os olhos muito feliz e animada.

Havia um bilhete junto da travessa e Ivan pegou, rindo após ler em silêncio. Decidiu repetir a mensagem em voz alta:

"Se quiser pudim basta pedir aos Elfos, minha pequena Lua, eles são bem simpáticos e os demônios podem te acompanhar se ficar na dúvida de como achá-los. Fique de olho no Ivan por mim. Ivan, fique de olho na minha Lua. Hazz".

- Olhe, eu sou oficialmente a babá da minha minha babá - brincou.

"Sua lua?" pensou Pansy evitando fazer uma careta.

Neville, vendo que a garota ficaria totalmente distraída com sua refeição, também incomodado com a própria capacidade de Harry em ser... Pontual? Um vidente? 

Simplesmente se levantou, despediu-se de todos e foi até o escritório do diretor.

Quando entrou na sala já conhecida, seu olhos correram para registrar as bugigangas multicoloridas e que se mexiam, imaginando se haveria algo diferente da última vez que esteve ali, mas não identificou nada. Fawks piou em seu poleiro quando viu o Longbottom e este sorriu seguindo em sua direção.

- Olá Fawks - cumprimentou sorridente, levantando a mão para receber uma bicada carinhosa da ave.

O animal mágico ainda balançou as asas dando suas próprias boas vindas.

- Bom dia, Neville - o Longbottom escutou a voz de Dumbledore no topo das escadas.

- Bom dia Professor - cumprimentou de volta enquanto o homem idoso se aproximava.

A primeira coisa que o cérebro de Neville registrou foi a estranheza. Havia algo incomum ali na figura do homem, que já lhe era praticamente um avô. Demorou alguns lances de degraus para entender o que.

Normalmente Dumbledore parecia uma pessoa que havia saído direto de sua cama, com pijamas incomuns e multe coloridos, seus oclinhos de meia lua, cabelo cumprido, assim como a barba e chapéu pontudo. Ele nunca passava a imagem de alguém que havia se dedicado para se manter totalmente apresentável, apenas um senhor idoso que muito já tinha feito na vida e se dava o direito de relaxar um pouco e curtir o que o humor lhe oferecesse. 

Hoje estava diferente. Dumbledore estava arrumado. 

Porque Alvos Dumbledore sentira a necessidade de se arrumar de repente, ainda mais considerando que já havia mais de uma semana que tinham visitas no castelo e em nenhum momento trocara seu... estilo usual, Neville não tinha nem ideia. 

Ignorando esse pensamento, Dumbledore estava com roupas de bruxo brancas e prateadas, quase azuladas em alguns pontos, mas BEM MAIS discretas que seu habitual. Eram mais formais, corte justo, manto e toga cinturadas, sua barba estava penteada (havia até uma corrente de contas prendendo ela em certo ponto) e até seu chapéu fora retirado e o cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo. Era tão diferente que Neville diria até que bruxos mais tradicionais aprovariam a escolha do diretor pela primeira vez, mesmo que ainda parecesse trajar um vestido, havia muita classe ali.

Uma mudança muito abrupta.

- Como está sendo seu dia, meu garoto? - perguntou Alvos ignorando a careta de surpresa do aluno, mas lhe oferecendo um sorriso. - Espero não tê-lo atrapalhado chamando tão cedo.

- Não professor... sem problemas. Mas admito que não cheguei a ter tempo de comer.

- Mais tarde terei que resolver algumas coisas fora daqui, por isso o horário. E minhas vestes também. Estou muito estranho assim?

- Não! - Neville sorriu. - O senhor está ótimo.

- Fico feliz - comentou satisfeito e tomando seu lugar na mesa. - Se demorarmos um pouco demais conversarei com os elfos para lhe trazerem comida aqui, então.

A fênix voou do poleiro para o dono, a fim de receber um afago entre as penas.

- Eu agradeceria, se for o caso.

- Sente-se, meu menino. Gostas de limão?

- Não, eu passo. Mas obrigada.

- Ela gosta de você. A Fawkes.

- Também gosto dela - comentou oferecendo um aceno para o animal.

- Existia um mito antes sobre elas. São muito difíceis de se domesticar, sabe? Começou-se a espalhar que só era possível fazer isso se fosse puro de coração, que elas só gostavam de pessoas boas pelas quais valeria viver a eternidade a que são condenadas.

- Condenadas senhor?

- A quem diga que a eternidade é um fardo para quem não tem com quem dividir.

- Então elas procurariam sempre alguém assim?

- Mas infelizmente seriam forçadas a ver essa companhia definhar e morrer. Sim. Uma história muito triste, para um animal tão bom. Em teoria, suas lágrimas curariam porque quando Lady Magic as fez, queria garantir que quando estivessem tristes por alguém fossem capazes de resgatar essa pessoa por mais um dia e assim por diante, até que, para ambos, fosse aceito que era a hora. Então o companheiro da fênix partiria com a morte e ela, o símbolo da vida, cantaria uma última triste melodia antes de se isolar até recuperar seu coração partido.

- Isso é terrível.

- Sim... - sussurrou fazendo uma última carícia antes de Fawkes abrir as asas e sair pela janela. - Sou um homem velho, Fawkes sabe disso, vem se tornando mais carinhosa e apegada. Acordei noite passada com meus lençóis em chamas - contou rindo e Neville o acompanhou.

Que situação interessante essa, acordar com a cama pegando fogo porque seu bichinho queria te dar um abraço noturno.

- Neville... posso ser franco com você? - perguntou o diretor de repente em tom muito sério.

Isso despertou muito a atenção de Neville que logo ajudou sua postura.

- Claro.

- Bem... Não sei ao certo por onde começar.

- Sobre o que seria, professor?

- Neville, eu o considero uma pessoa muito boa, sabe disso, não é?

- Sim? - perguntou pausadamente, confuso com aquilo.

- Eu talvez precise me abrir um pouco com você hoje para chegar onde quero, então... primeiro eu gostaria de pedir que tentasse escutar tudo sem... julgamentos e que tentasse ver os motivos que me fizeram vir até você hoje. Sei que você é um garoto novo e talvez eu esteja te colocando em uma situação delicada, mas depois de tudo pelo que foi forçado a passar me sinto na obrigação de ter essa conversa e começar a tratá-lo como um adulto.

- Como uma adulto senhor?

- Neville, você teve que enfrentá-lo de frente duas vezes e esteve, infelizmente, na copa mundial durante um ataque. Há quem diga que você é muito novo para o que vou dizer agora, mas anos atrás eu esperei e tentei proteger as pessoas até o último minuto e... não serviu para muito.

- Senhor?

- Você acha que Voldemort se foi?

O Longbottom arregalou os olhos com a franqueza daquela pergunta e tão repentinamente. Sua respiração engatou e ele teve que dar um suspiro alto antes de baixar os olhos para o colo e pensar como responder:

- Não, senhor. Não acho. Ele... uma simples memória dele fez o que fez - sussurrou segurando seus punhos com força e fechando os olhos. - No meu primeiro ano ele quase... Se o senhor não tivesse chego a tempo...

- Você o atrasou. Eu não teria vencido sem você. Neville você é uma pessoa excepcional, enfrentou e derrotou Voldemort em sua terna idade.

- Eu tive sorte e ajuda - disse firme, tornando a olhar o diretor. - Ele é muito poderoso, vai dar um jeito de voltar.

- E se já tiver, o que acha que devo fazer?

- Como é?! O senhor está pedindo minha opinião?!

- Não sobre a guerra, meu querido, se acalme. Eu... - e colocou os cotovelos na mesa, para esfregar as mãos no rosto por um instante. - Mas...

- O senhor acha que haverá outra guerra - sussurrou sentindo um peso imenso no peito.

- Eu não tenho como ter certeza e prefiro acreditar que não acontecerá.

"Prefere acreditar" pensou Neville.

- Minha avó sempre disse que era possível. Que... - e teve que inspirar fundo antes de continuar: - A morte de um casal e um simples bebê não iam acabar com toda aquela raiva dos comensais.

- Sua avó é uma mulher sábia.

Neville retirou rapidamente a imagem de sua avó e Dumbledore em um encontro de sua mente.

Alvos sorriu estranho:

- O sacrifício dos Potters foi... uma fatalidade tremenda e espero que ninguém nunca precise chegar a esse ponto de novo. Seria ótimo se tudo que fizeram fosse o bastante e essa guerra tivesse acabado na mesma noite, igual algumas pessoas agiram feito. Igual as festas diziam que acontecera. Mas sabemos que não foi bem assim.

O adolescente baixou o olhar triste.

- Você está bem? Não devia dar atenção ao jornal, muito menos Rita Skeeter, mas...

- Estou bem.

- Soube que dormiu no barco da Durmstrang?

- Hazz queria ajudar a me distrair e acabei distraído demais.

- Eu vejo... Vocês são bons amigos, pelo que percebi.

- Sim - e sorriu. 

- A quanto tempo se conhecem?

- Desde que tínhamos sete anos.

- Nunca me contou - comentou com um sorriso simpático. - Como foi que aconteceu? Harry era criado por trouxas, não era?

- Ele teve alguns problemas em casa e saiu para espairecer. Nos encontramos assim.

- Soube que tentou salvá-lo de um animal selvagem?

Neville estreitou os olhos. Como Dumbledore chegou a saber daquilo? Eles só comentaram rapidamente na mesa da Grifinória, já havia se espalhado tanto?

- Foi, mas ele não precisava ser salvo. Geralmente é o contrário. Eu tenho problemas e Hazz sempre aparece para me ajudar.

- Pela forma como você fala, demonstra quem tem muita admiração por seu amigo.

- Eu tenho.

- Consigo ver os motivos. Harry... ouvi o boato que ele foi rebatizado como Harrison. Isso procede?

- Sim.

- Certo, então Harrison, ele é um aluno impressionante. Uma desenvoltura e atitude singular, conhecimento, curiosidade e uma força invejáveis. Não é atoa que ficou tanto tempo para o chapéu o selecionar. É um amigo interessante, sem dúvida.

Neville praticamente se iluminou para concordar:

- Ele é sim!

- Dito isso ele jurou que não colocou o nome no cálice de fogo e teve que ser forçado a participar de um torneio perigoso. Bem agora. Bem quando... a marca negra apareceu no céu.

- O senhor está insinuando que as coisas estão relacionadas?

- Não tenho ideia. Mas aconteceu no meu castelo, na minha escola, me recuso a deixar que algo assim aconteça sem ter certeza que o menino ficará seguro e o culpado seja apanhado.

- Isso seria ótimo!

- Neville, você se importa muito com Harrison, estou certo?

- Sim.

- Então se importaria em me dizer com quem ele está morando?

- O que?! - ele ficou tão surpreso com a pergunta repentina que quando olhou nos olhos de Dumbledore até sentiu uma pontada no fundo da cabeça.

- Você sabe, não sabe? Já até recebeu cartas do tutor dele.

- Eu sei, mas por que o senhor está me perguntando?

- Você sabia que eu já fui o guardião mágico de Harrison?

- O SENHOR O QUE?! - gritou se levantando da cadeira em choque.

- Isso o surpreende tanto? - perguntou Dumbledore confuso.

Aparentemente sim, ele teve que notar. Neville se afastou da mesa com as mãos na cabeça, passos lentos para trás, um olhar muito carregado:

- Desde quando?

- Desde que os Potters... -e deixou a frase no ar tentando pegar o máximo de informações na movimentação do garoto,

- O senhor o levou para os tios?

- Sim.

Neville soltou uma careta contida, mas Dumbledore era bom em ler as pessoas, não passaria tão fácil por ele.

Raiva.

- Por quanto tempo foi tutor mágico dele? Por que parou?

- Eu não tenho certeza...

- Como assim não tem certeza?! Como poderia não saber? - perguntou tentando segurar a raiva quando olhou para o homem.

- Me tiraram da posição de guardião mágico sem qualquer aviso e de repente. Fui descobrir tempo depois.

- Mas se o senhor exercia sua função com frequência notaria no instante que isso acontecesse, não é? Como podiam se passar "tempos"?

"Se tivesse feito seu papel notaria ele sendo jogado num maldito orfanato onde tentaram queimar ele vivo!" pensou irritado.

Sua raiva deve ter passado para sua expressão, pois Dumbledore pareceu quase arregalar os olhos por um instante antes de pigarrear.

- Acho que eu lhe devo algumas explicações sobre isso.

- A Harry também! - disse, tão alto que quase foi um grito.

Estava nervoso. Muito. Tremendo da cabeça aos pés, desviou o rosto de Dumbledore enquanto imagens passavam por sua mente, lembrando-o das cicatrizes, lembrando de como Harry encolhia sempre que um adulto levantava a mão para abraçá-lo ou fugia descaradamente, de como dormia pouco e acordava fácil, comia pouco e dificilmente tinha coragem de comer em um lugar novo, além de que ficava revirando a comida disfarçadamente antes de tomar coragem para levar a boca, como não haviam espelhos na mansão Mitrica por anos ou como não havia uma tranca sequer nas portas de lá, porque isso o deixava mais calmo por ser tão claustrofóbico.

Isso se fosse mesmo o motivo.

Claustrofobia causada pelos anos no quartinho em baixo das escadas.

Mas Neville tinha suas dúvidas. Todos na casa ficavam quietos demais quando tocava no assunto da inexistência de trancas mesmo nos banheiros.

O adolescente não podia acreditar que depois de todos esses anos era Dumbledore.

Dumbledore tinha a função de proteger Harry.

Não Sirius, que estava preso ou qualquer outro. O guardião mágico que o ignorou até os onze anos e deixou tudo acontecer...

- Minha maior preocupação era garantir que Harrison tivesse uma vida normal - disse Dumbledore.

- Vida normal?! - ralhou Neville.

Lembrou-se do maldito elefante jogando água no amigo quando usava a magia do último recurso que criou.

Lembrou-se da única vez em que esteve na mansão durante um ataque noturno e de como Nagini teve que apertá-lo a um ponto quase mortal para Hazz acordar para a realidade. Como todos na casa dormiram juntos depois disso e que, dali em diante, Neville começou a pensar que as camas eram daquele tamanho para comportar toda a família.

Quis correr dali. Fugir.

Hazz não merecia o que lhe aconteceu e Neville sabia que não conhecia nem a metade. Porque Harrison tinha a mania de protegê-lo, Harrison tinha a mania de querer lidar com tudo sozinho, se algo lhe tinha acontecido Neville não saberia facilmente porque Hazz...

Hazz não queria que Nev se sentisse culpado por nunca ter contado para Augusta Longbottom o que sabia quando eram pequenos.

Mas ele era.

Criança ou não, se ele tivesse dito podia ter evitado tanto...

- A guerra não tinha acabado - comentou Dumbledore. - Sabemos disso. Sabe como Harrison sobreviveu naquela noite?

- Não - murmurou ainda sem olhar para o diretor, ainda em pé em certa distância e com dificuldade para se manter assim, sentindo-se horrível o bastante para querer chorar.

- Lilian Potter fez um sacrifício.

- Como assim?

- Uma magia antiga. Amor Neville. Ela se colocou na frente de Voldemort para proteger Harrison e o embutiu com uma proteção de sangue mágico, tornou impossível para Voldemort machucar seu filho ou sua família. Aqueles que tivessem seu sangue estariam protegidos e fortaleceriam essa proteção com laços de amor. O amor salvou Harrison e então ele estava sozinho, havia sua tia, que tinha seu sangue e corria risco de que comensais tentassem se vingar através dela. Ela, seu marido e o primo de Harry corriam perigo por causa da nossa guerra. A guerra dos bruxos. Eles perderam parte da família em um massacre cruel e poderiam ser os próximos. Então Harrison tinha que ir morar com eles, protegeria a todos e eram família. Eu tinha certeza que fiariam felizes em acolhê-lo.

- Tinha certeza?

- Família... é complicada. A minha já teve suas desavenças, mas meu irmão me protegeria com sua vida e eu a dele.

- Seu irmão? - questionou muito surpreso.

- Eu tenho um.

- Ah.

- Bem, Harry tinha uma magia muito poderosa com ele, que poderia continuar salvando sua vida e manter seus parentes seguros. Eles o amariam, eu tinha certeza e, tão importante quanto, ele não precisaria estar entre os bruxos.

- Como é?

- Você cresceu aqui, poucas pessoas sabem o que aconteceu com seus pais, o caso foi tratado com cautela, mas imagine que fosse Harry? Não havia um bruxo no mundo que não soubesse seu nome, não havia bruxo que não quisesse apertar sua mão e saldá-lo. Eu não queria isso para ele. Não queria que tivesse que se preocupar com todas as coisas que aconteceram na guerra como seus pais. Que fosse constantemente lembrado de um massacre, assim como aconteceu aqui semana passada. Eu achei que o melhor seria deixá-lo com a sua família e que não precisasse o arrastar para tudo isso antes da hora. Não a fama, mas o peso dela. Sendo bem sincero, eu acho que eu queria que a hora de encarar isso demorasse para chegar.

- O senhor alguma vez visitou Harry enquanto era guardião mágico dele?

- Não - admitiu.

Pensou em mentir, pensou em tentar falar de uma forma que acalmasse Neville, que obviamente estava transtornado, mas mentir não levaria a nada. 

Não com Neville. 

Não com alguém que era de uma família antiga, que tinha um anel de lorde no dedo e estava obviamente a anos sob a influência de Harry e seu tutor.

Tinha que ser sincero.

Isso bastaria.

Neville entenderia seu ponto. Era um garoto bom. Veria o verdadeiro problema.

- Por que não? - perguntou o menino, novamente evitando olhar para Dumbledore.

Será que ele estava fazendo aquilo para que não lessem sua mente? Mas Alvos duvidava, a criança não parecia ser do tipo que sabia disso, nunca demonstrou antes e mesmo que soubesse ele tinha um anel de herdeiro. 

Um fraco que permitia ver uma ou outra coisa, mas ainda um anel, não precisava evitar o contato por tanto tempo.

O diretor também preferia evitar a coisa, ele queria que Neville estivesse do seu lado, não era bom conseguir isso com manipulação. Não com alguém como aquela criança. 

Augusta ainda surgiria aos berros em seu escritório se soubesse que tentou invadir a cabeça do neto e era importante manter a boa relação com os Logbottoms. Com Neville principalmente. 

Já o via quase como um neto e mesmo com sua mania controladora, ele entendia que não deveria passar de alguns limites com as pessoas.

Não forçaria sua experiência naquela criança por um bem maior.

Harry Potter provavelmente era o garoto da profecia, tudo indicava que sim, uma vida arruinada por aquela coisa era o bastante. 

Uma vida arruinada por sua decisão estúpida de querer evitar uma conversa longa por todos os corredores do castelo com um maldito vidente já lhe causava pesadelos.

No fim, se não quisesse tanto evitar um vidente real, se não tivesse decidido se encontrar com Sibila para a entrevista no bar do seu irmão para ter algum tipo de apoio moral, se não fosse tão fraco emocionalmente ao ponto de se sentir desconfortável com a simples ideia de encontrar com alguém com o dom de Gellert, se não estivesse tão transtornado em ser obrigado a conversar com isso e tivesse verificado o lugar adequadamente, se não quisesse acabar com a entrevista no instante que Sibila lhe pareceu uma charlatã para poder beber e parar de pensar em lindos olhos heterocromáticos que sempre sabiam exatamente o que estava pensando antes que precisasse pensar.... nada disso teria acontecido.

Já era sua culpa.

Não precisava arrastar Neville consigo.

Mas Harry Potter já estava afundado até o pescoço, se Voldemort realmente fosse o responsável por colocar seu nome no cálice.

Pediria apenas ajuda a Neville, enquanto a conversa franca estivesse a seu alcance como solução manteria assim, o garoto entenderia e eles poderiam impedir que a situação fosse para um lado desastroso.

- Não visitei Harry Potter pelos motivos que disse antes, Neville. Eu não queria que ele fosse arrastado para tudo isso. Arrastado para tudo que é o mundo da magia, ainda mais no pós guerra. Ele poderia nos conhecer em nosso pior, ou vir quando estivéssemos recuperados, mais evoluídos, quando as cicatrizes não estivessem tão feias e abertas e pudéssemos mostrar um mundo pelo qual vali a pena o que aconteceu aos pais. Pelo qual vali a luta.

- Mas esse é o mundo dele!

- E foi esse mundo que matou a mãe dele.

Neville arregalou os olhos e deu um passo vacilante para trás.

Dessa vez ele olhou para Dumbledore quando o velhinho retirou os óculos e colocou em cima da mesa:

- Esse mundo tirou a mãe de Harry. Ela nasceu em um mundo onde não havia um genocida tentando destruir todos que fossem como ela apenas por serem diferentes.  Claro, já houve um assim no mundo dela, mas isso só nos faz parecer mais retrógados, não acha? Eu ia arrastar Harry Potter para onde o pai lutou e morreu aos vinte um anos, para tentar impedir que as pessoas se matassem apenas por onde nasceram, mas que possivelmente poderia ter sido um sacrifício em vão, uma vez que comensais da morte tinham conseguido liberdade? Ia criá-lo no meio de ruas onde sempre olharia por cima do ombro para verificar se um comensal não tentaria matá-lo e a todos que gostava, de novo, apenas para se vingar? Era isso que queria para uma criança? Porque saber do nosso mundo desde o começo faria isso. A outra opção seria isolá-lo e escondê-lo, contar toda a verdade, mas isolá-lo. Que bem isso faria? Ele cresceria sentindo-se preso e o mundo pareceria muito mais assustador. Eu ia replicar uma história de Rapunzel? 

- Como?

- Desculpe, é um conto trouxa. O que quero dizer é que... sete anos, você disse que se conheceram aos sete? Com esse tempo já tínhamos ido longe. Você obviamente não notava a mudança, pois era muito novo, mas tínhamos melhorado as coisas. Reconstruído nossas estruturas e, aos poucos, voltávamos a ser mágicos e não apenas cinzas. Mas e se ele tivesse ficado entre as cincas desde o começo? Acha que ele se sentiria confortável na Sonserina, por exemplo, como ele vem se mostrando? Sabendo e crescendo com a ideia de que os pais daquelas pessoas foram capazes de torturar e matar e ainda sair "empune". Claro, a justiça inocentou, mas muitos não acreditam nessa inocência, não é?

- Bem...

Neville não acreditava. Para ele, Lucius Malfoy sempre foi fiel a Voldemort, independente do que dissessem em público.

- É a casa dele, ele foi selecionado para lá, mas seria se tivesse aprendido desde sempre que pessoas com tatuagem de cobra poderiam caçá-lo apenas por ter sangue "mestiço"?

- Eu não...

- Esse mundo cruel, que divide as pessoas, foi o que tirou Lilian de Harrison. Ela teria sua vida se não fosse uma bruxa e eu pensei Peúnia, sua tia, a única pessoa viva de todas as duas famílias, Potter ou Evans, que conhecia James e Lilian, poderia oferecer o consolo necessário para suprir essa perda. Petúnia era a única pessoa viva para lamentar com a mesma intensidade que Harry a perda de um ente querido e próximo. Ela já tinha um filho que era muito bem criado e mimado com carinho e afeto, eu tinha certeza que ela poderia oferecer esse carinho a Harry e ele cresceria feliz como qualquer outra criança. Isso é o mais importante, como qualquer criança. Ele não teria que carregar o fardo de uma guerra por onze anos. Poderia viver e formar sua personalidade e estar forte o bastante para enfrentar isso quando fosse a hora.

Neville ficou quieto. Sem saber muito como refutar aquilo.

Havia....

Sentido.

Ele mesmo foi criado em uma casa afastada e mal havia fama no caso Longbottom antes do antigo do dia anterior. A avó evitava sair com ele por anos e ele nunca percebeu, mas agora com Dumbledore falando... Ela estava evitando comensais? Estava com medo? Lembrava-se da surpresa que ela teve ao perceber que uma criança havia conseguido passar pelas proteções de aparatação e como pareceu estranha quando descobriu que a criança era Harry Potter. Claro, ele achou que era a mesma euforia que toda a casa teve (inclusive Neville) quando viu isso, mas...

Agora parecia alívio.

Augusta estava com medo do mundo mágico? Estava o protegendo o mantendo longe na medida do possível?

Harry... Ele teria que se isolar e as raras vezes em que foram visitar o beco não seria apenas com um chapéu na cabeça e resolvido o problema... Ele ia crescer com os murmúrios que enlouqueceram Neville em um único dia, com dedos apontados, com olhares de pena e, por fim, ainda teria medo constante de perder todos que amava porque era um mundo cruel cheio de pessoas rancorosas.

Como Lúcius Malfoy.

Que tentou matar Neville.

Não houve nada disso com os trouxas.

Se eles fossem bons...

Talvez Harry até hesitaria em ir para o mundo da magia, onde havia um basilisco assassino de crianças, enquanto com os trouxas ele era normal.

Se eles fossem bons aquela... parecia a melhor alternativa. Quem ia querer o mundo perigoso onde lhe queriam morto ao mundo onde podia viver sem...

- E o peso? - perguntou Dumbledore como se lesse sua mente e seu raciocínio. - Harry Potter de repente era o salvador do mundo mágico e tinha apenas um ano de idade! Você viu como as pessoas foram cruéis com ele quando foi selecionado para a Sonserina. Viu como falavam dos pais dele levianamente e no aniversário de morte deles. Você já conviveu e convive com o peso de ser um exemplo, alguém que as pessoas esperam que faça a coisa certa, mas não sabe nem um por cento de como realmente é ser o herói público que ele seria. Eu já fui ao Salvador do mundo mágico, Neville. Eu já fui aquele que derrotou o lorde das trevas. Ninguém nesse mundo sabe mais do que eu a carga absurda e torturante que Harry teria que carregar, mas eu comecei a levá-la comigo aos SESSENTA E QUATRO ANOS. Alguns trouxas nessa idade se consideram perto da cova. Eu escolhi lutar contra um vilão e me tornar um herói para as pessoas e fiz isso sendo um adulto formado. Eu vivi. Eu fui uma pessoa antes de me tornar um símbolo pela luta da luz. 

"Antes de cada palavra que digo se tornar notícia de jornal, antes de minha opinião ser motivo para debates políticos, antes de um voto meu na câmara dos lordes valer por 15 por ser chefe da Suprema Corte dos Bruxos porque as pessoas me deram suas cadeiras acreditando que eu, um simples humano, era perfeito para dar a martelada final para todo um país! Eu vivi, me formei, errei e fui normal antes de me tornar um símbolo cujo cada erro se torna distorcido e odiado e repetido como se eu fosse um monstro por errar. Por pensar errado das pessoas, ser enganado por suas máscaras porque eu, eu não, eu não posso errar. Eu tenho que ser perfeito. Porque sou um exemplo! Porque todos confiam em mim. Eu não posso deixar nada passar, eu não posso deixar que nada aconteça numa escola com tantos quilômetros que é maior que muitas cidades no mundo, com tantas pessoas que podem simplesmente sumir em passagem secretas protegidas por magias que nunca conseguiria desfazer, mas que eu deveria. Porque sou o salvador.

"Eu vivi e fui uma criança obediente, um adolescente idiota, um adulto falho, um professor bondoso e sábio, antes de me tornar tudo que dizem para eu ser antes de pensar em mim mesmo. Eu vivi antes de me sentir culpado e horrível por cada passo que dei mais torto porque eu deveria ser melhor, eu não deveria ter sentimentos, eu não deveria querer dormir, não deveria desejar deixar de olhar por cima do outro, deixar de prestar atenção em cada movimento das pessoas porque elas podem estar querendo me manipular e eu não posso ser manipulado, eu sempre tenho que ser mais, perfeito, calmo, compreensivo, atento, bondoso, mas desconfiado, sábio, acessível.

"Eu deveria votar mais nas reuniões, decidir as leis, saber o que é melhor, criar a próxima geração de bruxos, cuidar do máximo que consigo, não julgar ninguém pelas aparências MAS identificar alguém mal antes que faça algo errado, porque ninguém quer o próximo lorde das trevas e eu como derrotador de um deveria perceber "sinais". Punir, mas não demais, todos podem mudar. Mas Grindelwald tinha que ter sido morto e eu fui fraco. Todos merecem uma segunda chance do herói, mas eu tinha que ter impedido Grindelwald na raiz. Sempre sou fraco de personalidade, então me tirem da posição de diretor quando a escola estiver sofrendo ataques causados por um monstro centenário de um bruxo tão poderoso que até hoje ninguém aprendeu a desviar de todas as proteções feitas por ele na escola. Me coloquem de volta alguns dias depois porque eu sou a arma perfeita para lutar contra monstros e duas meninas foram levadas. Briguem comigo por não ter lutado mais para ficar na escola e ter deixado que minha ausência causasse uma morte. 

"Também me chamem de louco sempre que brigo por algo que discordo, como colocar dementadores perto de crianças. Queira minha opinião, mas só quando é o que querem ouvir. Queira a arma, queira o perfeito, queira um Deus capaz de cuidar de tudo e todos, que são incapazes de saberem o melhor para si mesmos, que preferem ter alguém para culpar quando tudo da errado, mas não queira perder a liberdade então não permita que a arma fale alto demais, ou será um tirano, ou será louco, será o indesejável numero um. A arma nunca pode falar alto demais. Ela deve ser o que querem e assim vão amá-lo. Quando ela erra... é... um circo. Esconda todas as suas falhas, seu passado, porque tudo é mil vezes pior, porque a arma devia ser perfeita. Eu devo ensinar as crianças, mas nada de alienar, certo e errado não existe, mas quando decido chamar um lobisomem para ser professor então é errado.

- O salvador do mundo bruxo, o líder da luz, o guerreiro grifinório, ordem de Merlin! Tudo isso...deve ser no máximo dois ou três anos da minha vida - ele olhou diretamente para Neville antes de perguntar. - Você queria que eu deixasse uma criança crescer assim?

O menino teve que se sentar.

Suas pernas pareceram falhar de forma absurda.

- Acha que Harry ia poder cometer qualquer erro, fazer qualquer coisa de diferente e se sentir confortável com a ideia de ser uma criança e, portanto, falha? Quando todos estivessem olhando e reportando? Pensa que ele se sentiria livre para tomar decisões apenas porque queria? Até mesmo seus relacionamentos, seus amigos ou... por quem iria se apaixonar, Neville, tudo teria que ser pensado.

"Eu sei que crescemos um pouco rápido demais,

Eu sinto falta dos dias que relaxávamos e relaxávamos

Para onde foi o tempo? Tudo passou 

Agora eu preciso voltar"

- Você foi selecionado para a Grifinória, Neville, e já me confidencializou que pediu ao chapéu pela Lufa-Lufa porque não queria decepcionar sua avó por não ser tão bom quanto seus pais. Como acha que Harrison se sentiria quando o chapéu dissesse sonserina aos onze? Acha que ele pediria por outra casa também? O que seria pior? Ficar na Sonserina e aguentar todo o julgamento que ele só teve que passar agora aos quatorze, ou... não sei, pedir pela grifinória e se sentir forçado a fingir ser o perfeito Potter que todos queriam dele? Te acompanhando nas aventuras que você escolheu ter para ajudar as pessoas, mas fazendo isso para ser o que queriam dele, não porque realmente concordava com aquelas coisas?

- Eu...

"Eu não tinha preocupações, mas sempre tenho planos

A única coisa que fiz foi tirar o lixo"

- Eu vejo o quanto isso é horrível todos os dias, a pressão que colocam em cima de você por ter vencido um lorde das trevas. Você viu um pouco disso. Quando soube da morte dos Potters e da sobrevivência de Harry eu corri para tentar entender e em questão de minutos já haviam festas por todo o país! As pessoas mal sabiam a história, mas não importava, havia um herói, um simples bebe os salvou! Imagine o que não faria mais velho? Se eu erro ainda posso alegar que sou um velho que já está passando da validade, mas e Harry? Eu não suportei a ideia de arrastar alguém para isso. Eu pensei... nossa! Harry vai ser assim. Nunca vai ter uma vida normal aqui, no mundo que matou seus pais e festejava a morte deles! Sirius Black me disse ontem mesmo que eu poderia ter dado Harrison a prima dele, Andrômeda, que se casou com um trouxa e teve uma filha, eles gostariam de ter Harrison. Mas ele ainda seria um bruxo e Andrômeda correria perigo. Ela não tinha a proteção de sangue de Lilian. Harrison, de um dia para o outro, poderia ter que estar numa casa onde mais um massacre aconteceria e para ele se sentir culpado no futuro. 

"Eu descobri em uma noite que pessoas que eu me importava morreram porque seu melhor amigo, em teoria, os traiu, que o lado das trevas estava mais forte que eu pensava, mas o líder deles tinha caído. Eu tinha que agir rápido, proteger uma criança de um mundo terrível, proteger o mundo para que fosse menos terrível, impedir que os peões machucassem as pessoas desgovernadas sem seu rei, tinha que ignorar meu próprio luto, minha própria culpa por não ter feito mais e talvez tomado decisões erradas, como pedir uma coisa emprestada para usar e salvar outras pessoas, não que venha ao caso, escolher uma nova família para Harrison, porque a única que os pais tinham selecionado foi a causadora da morte, sorrir e comemorar com as pessoas, porque elas esperavam isso, acalmar os alunos da escola que estavam com medo, tinha que fazer tudo e tinha algumas horas porque nenhum lugar parecia seguro para Harrison!

"Agora é muito mais difícil rir

Difícil levantar e trabalhar no meu ofício".

- Mas havia alguém. Petúnia Dursleys não morreria fácil. Ela tinha a proteção. Ela tinha um filho gordinho e rosinha que amava e cuidava maravilhosamente bem e... quando era criança amava magia, chegou até a me pedir para estudar em Hogwarts.

- Mesmo? - perguntou baixinho, a voz falhando, ainda muito em choque com o que estava ouvindo.

- Sim. Eu pensei: ela é perfeita. Ela entenderá o que aconteceu, entenderá o perigo da magia e cuidará dele. Claro, uma hora ou outra ele ia ser arrastado para isso tudo, mas levariam onze anos. Ele viveria até lá. E viveria de novo, sem todo esse peso todas as férias. Poderia se desligar dessa pressão e continuar assim. Uma vida dupla da qual poderia tirar proveito de todas as coisas. 

Neville  estava com dificuldade para respirar.

Dumbledore só queria livrar Hazz... Petúnia era sua tia, era irmã de Lilian e cuidava bem de Duda, como Dumbledore saberia que ela seria tão má? Se ela ainda gostava de magia antes, o que mudou? Como Dumbledore haveria de saber que ela mudou?

- Você nunca viu Harrison pessoalmente... - sussurrou.

- Você já me viu Neville? Acha que eu passo como trouxa? Como que explica a minha aparência sem revelar a coisa toda? Pior que nem fui eu que disse isso, mas os próprios tios dele. Eu ri muito na época porque fazia sentido. Eles concordavam em manter Harrison longe de tudo para protegê-lo, concordavam que o mundo da magia era perigoso. Eles não queriam que eu visse Harrison.

- Eles disseram...

- Eles nunca me proibiram, mas deram a entender que, por eles, eu não passava do batente da porta. Sempre foi assim, eu fazia visitas, poucas afinal Harrison era bebê, não precisava que eu ficasse olhando, mas pela atitude dos tios eu preferi evitar muitas. Enviava cartas. Nunca vi Harrison pessoalmente, nem queria e eles nunca ofereceram. Fui uma vez para perguntar se precisavam de algum conselho ou auxílio, eles me enfiaram na casa para "os vizinhos não verem e comentarem", depois me encheram de bronca por aparecer e só reclamaram de Petúnia não ter tempo de cuidar das crianças ou ficar em casa porque tinha que trabalhar para alimentar a boca a mais. Foi uma epoca complicada essa.

"Eu não sabia se usava o dinheiro dos Potter os o meu próprio. Eu tinha acesso a conta de Harrison, mas aquilo não era meu, da mesma forma eu tinha a impressão que James se sentiria pessoalmente insultado se estivesse entre nós por seu filho não ser criado pelo próprio dinheiro. No fim, peguei sete galeões..."

- Sete?!

- Oitenta libras. Para a época haviam pessoas com salários menores. Era para garantir que pudessem tirar Petúnia do trabalho e voltar a mimar as crianças. Se eles me pedissem mais para coisas mais fúteis eu daria do meu. Mas nunca pediram. Imaginei que estavam tirando do próprio bolso. Eu mandava pessoas para vigiá-los e na época dos aniversários, por exemplo, eles sempre compravam mais de vinte caixas de presentes. Passavam dias levando pacotes para dentro da casa, então imaginei que estava certo. Harrison estava sendo criado com carinho e mimado como merecia.

- Mas você nunca verificou com os próprios olhos...

- Eu ia pessoalmente entregar os sete galeões mensais, usava o câmbio de desculpa para aparecer, eles ficaram bravos e me forçaram a parar de visitar a rua, então eu ia no serviço do tio de Harrison, mas ainda ia. Todo mês. Sem falta. Pensei em aumentar a quantidade quando a inflação subiu e assim por diante. Ia, perguntava se estava tudo bem e Valter sempre me dispensava. Eles obviamente me detestavam eu eu entendia.

- Entendia? Por que eles te detestariam?

- Eu tirei Lilian deles. Eu fui até a casa de Lilian e tirei sua irmã dela, a trouxe para o mundo que a matou. Claro que me culpariam por tudo. Claro que iriam querer distância de mim e manter o sobrinho longe de tudo.

Neville novamente arregalou os olhos totalmente chocado.

Então foi isso que Dumbledore pensou que estava acontecendo?

Fazia sentido. 

Por Merlin, tudo fazia sentido agora!

Dumbledore nunca teve a intenção de ser negligente! Ele vigiava Harry de longe como podia, longe demais para ver os problemas que os tios eram bons de esconder (a própria avó e Neville tinham visto mais de perto e ainda perderam coisas importantes demais), mas também nunca forçou o caminho para perto porque se sentia culpado com o que aconteceu aos Potters, sentia que falhara com eles e com Petúnia por ter-lhe tirado a irmã. Considerou a negligência dos Dursleys como reação a ele e ao mundo da magia como mundo em guerra, ele nunca percebeu que o problema deles era com a magia em si!

Ele só interpretou tudo errado!

Mas estava tentando respeitar o espaço pessoal de uma família de luto que, no superficial, parecia comprar presentes o suficientes para um exército!

Ele pagou custos e estava disposto a pagar mais se pedissem, mas nunca pediram então também supôs que eram boas pessoas. Justas. Eles escondiam a verdade de todos, o próprio Harry contribuía com isso querendo resolver tudo sozinho.

Dumbledore não foi mal...

Foi inocente.

Demais.

Mas ele tinha provas para sustentar seu pensamento. Se Petúnia queria estudar em Hogwarts, não pôde e de repente sua irmã estava no meio de uma guerra que as afastou depois matou...

Ela ia tratar mal o homem que levou sua irmã.

- Hoje... - murmurou Dumbledore após alguns segundos em silêncio, tornando a vestir seus óculos. - Eu penso se não errei nesse ponto. Harrison parece o tipo de criança rara que amaria toda a criação de um herdeiro tradicional. Os Dursleys nunca me disseram que não estavam mais com Harrison mesmo com minhas visitas para entregar o dinheiro, não contaram que deram a guarda dele para um bruxo até o próprio Ministério tirar a coisa, o que prova como... eles não eram boas pessoas. Hoje eu vejo que cometi erros, que falhei como guardião e é esse o ponto, eu erro. Mas todos esperam mais de mim, então meus erros são os piores. Eu tinha que ter imaginado, tinha que ter impedido, mas quando eu faço algo antes, quando tento evitar que alguém faça coisas ou passe por coisas que acho errado... Então também sou o vilão. Eu tinha que ter impedido Gellert de continuar com magia das trevas mais ativamente, impedido entrar na política, mesmo que ele fosse inteligente e tivesse apoio honestamente, como não fiz, estive errado. 

"Mas também fui errado em fazer essas coisas com Tom" pensou. Apenas pensou.

Isso ele não poderia contar a Neville. Pois todos apontariam o dedo se soubessem. O julgariam por ter tentado manter Riddle longe da magia nas férias, para não sucumbir rapidamente a magia sombria. Colocá-lo no orfanato onde qualquer magia seria rastreada então estaria feito. Não ter contado, quando percebeu, quem ele era e levado a sua família que o ensinaria a coisa se não o renegasse e o magoasse profundamente com isso. Por tê-lo impedido, quando ficava claro que estava fazendo seu próprio exercito e se levantando como lorde das trevas, de entrar na política, de ser professor.

Porque não havia provas de que Tom havia feito algo. Mas Dumbledore sabia e seria culpado por não reagir.

Culpado por não fazer nada com Gellert até já estar no topo. Culpado por fazer demais com Tom Riddle e aumentar sua raiva.

- Eu tenho que estar dez passos a frente do resto do mundo, ser um guardião presente, mas sem forçar Harrison a experiências que acreditava que eram negativas para ele e seu desenvolvimento.- "Eu tinha que mantê-lo longe de tudo isso até pensar no que fazer, acrescentou mentalmente". - Além disso tinha de lutar com todos os comensais que estavam por aí, porque cada um que fizesse algo e que não dei um jeito de prender antes, então era culpa minha. Manter uma escola de pé no pós guerra, com alunos traumatizados e órfãos que precisavam todos de ajuda e cada um que eu desse um pouco mais ou um pouco menos de atenção... eu estava errado, pois a responsabilidade era minha.

- Professor...

- Eu devia ter notado que os Dursleys não eram tão bons e impedido seja lá o que pode ter acontecido para você, Neville, ficar tão transtornado com a revelação de que eu era o guardião mágico de Harry Potter. Para o tutor atual do Harry achar que eu não merecia uma carta notificando a troca. Para que todas as minhas fossem ignoradas, para que todas as minhas tentativas desesperadas de comunicação com o filho de dois alunos, e amigos queridos, fossem ignoradas, recebidas com um silêncio torturantes enquanto todos continuavam dizendo como falhei. Falhei em não perceber que um casal, que fez tanta questão de mentir e fingir para todos os vizinhos, amigos, família e qualquer um que os visse, que eram bons, comuns e uma família respeitável. Eu devia ter sido diferente, não podia ter sido enganado pela fachada, porque eu sou bruxo? Queriam que eu fizesse o que? Lesse a mente deles? Isso é contra lei. Eles enganaram pessoas que moravam do lado deles, que viviam em constante contato com eles, todos diziam que eram bons e cuidavam como podiam de Harry, mesmo ele sendo um garoto difícil. Mas eu tinha que saber. Mesmo visitando, ainda contra a vontade da família, apenas uma vez por mês. Eu tinha que ter suspeitado que não gostassem das minhas visitas, mesmo que eu fosse indiretamente culpado pela morte de um familiar além de outros vários motivos que eu conseguia pensar para que quisessem distância. Respeitar o espaço pessoal deles era irrelevante, não é? Mas se eles fossem bons, se estivessem dando uma boa criação a Harry e eu forçasse a entrada eu seria o louco que queria... não sei.... manipular o novo salvador para não deixar que fosse maior que eu? Eles inventam cada coisa que já nem sei mais.

"Eu preciso de inspiração, não preciso de validação"

Dumbledore se levantou. Foi um movimento calmo e cansado, mas Neville estava tão em choque que se assustou.

O homem pegou um punhado de balas de limão e colocou na boca.

"Não há mais medicação, deve tentar meditar"

Eles ficaram em silêncio por um tempo, cada um com seus pensamentos. Alvos...

Se lembrou de Gellert.

Se lembrou de Lakroff Mitrica, de como era parecido com o pai, de como aquele ano parecia algum tipo de túnel infernal ao passado, com sombras de um tempo que ele queria esquecer e com problemas grandes demais. Voldemort, proteger o mundo (de novo), a profecia, Harry Potter...

Harry parecia falar como Tom falaria, como Gellert ou até como Credence quando estava bravo. Enchendo o ar de magia caótica.

E o olhava com raiva.

Seja lá o que tenha acontecido com os tios trouxas devia ter sido importante, Neville reagiu muito mal, Harry Potter parecia como ser aficionado no espaço toda vez que seus olhos se encontravam mesmo que só durasse um milésimo de segundo. Era um silêncio e uma indiferença sombrias, o vazio do infinito em olhos cor da morte.

Era quase o olhar de Lilian quando estava brava.

Mas centena de vezes pior.

Pois havia alguma coisa bem no fundo... aquela imensidão infinita e sombria...

Mas o garoto tinha tudo para ser de quem a profecia falava. Se Voldemort estivesse vivo viria atrás dele! Precisava da ajuda do menino, o mundo precisava, mas...

Ele agia como Tom e Gellert.

Ele o lembrava os dois maiores e piores lordes das trevas.

E estudava magia das trevas.

Estava fazendo o seu próprio feitiço sombrio.

Ele seria capaz de ver a razão?

Ou ele seria como Gellert e ferraria com tudo? Enganando a si e aos outros com suas mentiras constantes e sua visão distorcida do mundo? Deixaria que, seja lá o que houve no passado, fizesse dele tão quebrado e somado a sensação inebriante, não visse o problema de algo o arrastando para a lama e carregando todos consigo? Tudo em prol de...

Um bem maior que só ele via em certo ponto.

Do qual se sentia digno de forçar aos outros com suas palavras.

"Alvos" disse Gellert em sua memória, uma daquelas que jogaria na penseira para tentar nunca mais recuperar "Eu não forcei ninguém, eles vem por conta própria".

"Enganar também é uma forçar as pessoas" foi o que respondeu.

O Grindelwald, por sua vez, inclinou a cabeça para perguntar:

"Mesmo? Você está se forçando a que então?".

"Eu não preciso de você para me salvar, sinto que todos vocês me odeiam 

Tudo tem sido tão difícil com todas as situações ultimamente"

- Neville, eu disse que ia me abrir com você hoje - comentou decidindo que andar poderia acalmá-lo um pouco. Estava prestes a chegar no ponto mais delicado, no que mais queria falar e precisava de Neville para ajudá-lo mais do que nunca. - Eu já me abri muito, mas farei isso um pouco mais, porque confio em você, na sua integridade e na bondade de seu coração. Eu quero que me entenda e me escute, pode fazer isso?

- Sim senhor - e ficou surpreso 

com o quão sinceras eram aquelas palavras.

- Eu era amigo de Gellert Grindelwald.

Neville se sentiu na obrigação de fingir surpresa.

Olhou para qualquer outra direção porque sabia que era um mentiroso péssimo demais para aquela situação. Lembrou-se ainda de Harrison andando pela mansão Mitrica gritando um dia, provavelmente quando tinham uns nove anos já: 

"Lakroff! Meu bisavô tinha péssimo gosto para homens! O velho dele envelheceu mal assim e estava solto!".

O momento aconteceu no dia que Hazz tirou um Dumbledore de figurinha em um sapo de chocolate. Neville quase engasgou com a risada que tentou segurar e ralhou para o amigo sobre ser educado com bruxos mais velhos e importantes. Harrison fez questão de acrescentar que:

"Espero que para mulheres a coisa fosse melhor, meus genes dependem disso!"

 Augusta riu tanto que ficaram preocupados se não teria algum ataque.

O adolescente tentou focar no presente, não em Lakroff comentando naquele dia que: "Olhe para mim, nossos genes vão muito bem, obrigada, ninguém arruinaria isso".

- Eu sei, a maioria das pessoas não pensa algo assim... - murmurou Dumbledore interpretando mal o silêncio de Neville. Ele observava as janelas do escritório e o campo de Hogwarts lá embaixo. - A maioria o vê como alguém que teria nascido mal e monstruoso. Eles preferem pensar assim, é mais fácil aceitar as coisas terríveis que monstros fazem se os separarmos de humanos.

- Foi assim com Tom Riddle.

- Sim. Bem lembrado. Você viu como preferiram mentir sobre o diário dele, sobre ser o monitor na época de Myrtle Elizabeth Warren, fingiram que Tom Riddle era um garoto e que Voldemort o usou, assim como usara Ginny e todo o resto que apareceu nos jornais. O prêmio por serviços prestados teve que ser retirado no fim do ano passado e com cautela, o ministério não queria alarde nem que suspeitassem. Justamente de que? Da verdade? Que Tom era uma criança que enganou todos? Mas ainda um humano. Com Gellert não é diferente. Nem sempre ele foi um lorde das trevas.

- E o senhor o conheceu antes.

- Sim - e sorriu, se permitindo falar sobre aquilo pela primeira vez em anos para alguém que não fosse Minerva. Seria difícil, mas tinha que ser feito, Neville precisava entender... - Ele era uma pessoa excepcional. Ele foi expulso da Durmstrang, não me pergunte o porque, ele se sentia muito envergonhado com o fato e nunca me contou o real motivo, dizia apenas que foi um acidente, que se culpava muito e dava para ver isso no seu olhar.

"Ou eu achava que sim" pensou.

Mas que certeza ele tinha diante de um mentiroso quase patológico?

- Mas ele me falava do restante. Como era monitor da Haus Feuer mesmo sendo muito mais novo do que o normal, porque seus colegas o quiseram lá e assim foi feito. Como se dedicava nos estudos, como gostava de história da magia e do mundo mágico, além do que lia. E ele lia de tudo. Era alguém impressionante. Falava com propriedade, sempre tinha um livro, um pensador, um filósofo, uma obra, uma peça, um historiógrafo, um conto e assim por diante, na ponta da língua. Citações. Ele amava fazer citações. Te diria tudo sobre o autor, a época, o contexto em que aquilo que disse foi escrito. Era como conversar com uma enciclopédia viva, mas cheia de animação, que gesticulava e andava, tão empolgado com o tema que você parava para prestar atenção. E ele gostava de política - e riu. - Gostar é a palavra errada. Ele discordava de tudo na política e gastava horas para debater sobre isso, as falhas e mudanças que podiam ser feitas. Mas nós vimos onde isso chegou não é? Quando nos conhecemos... não era assim. Ele não queria causar uma guerra e destruir a vida de pessoas inocentes. Ele queria ajudar. Sabia que existem leis no ministério alemão até hoje implementadas por ele?

- Não - mentiu de novo.

- Eles apenas fingem que foi outra pessoa que as idealizou. 

- Isso é...

- Quando conheci Gellert ele era como Harry Potter é hoje.

- Como é?!

- Gellert era gentil, bom com as palavras, extremamente simpático, inteligente, disposto a ensinar as pessoas e sempre pronto para dar sua opinião, não tinha como conhecê-lo, conversar com ele sem gostar dele e eu vejo muito de Harry nele. Por isso é tão estranho ver vocês dois juntos, Neville. Por que eu já estive no seu lugar.

- No meu lugar? Você está comparando Harry com um...

- O que você pensa sobre magia das trevas, meu garoto?

- O que eu penso? Eu conheço Harrison, ele é uma das pessoas mais incríveis do mundo e ele pratica, seu tutor é um dos humanos mais amáveis da Terra, amável, compreensivo e divertido. Artes das trevas não é sinônimo de mal!

- Eu sei.

- Então o que...

- Não havia nada em Gellert que dizia que ele era alguém mal, entretanto. Você considera Gellert Grindelwald como alguém bom?

- Claro que não! Ele matou pessoas, ele fez uma guerra, ele queria escravizar uma espécie e era um...

- Lorde das Trevas? - completou Dumbledore virando-se para seu aluno com uma sobrancelha levantada.

- Bem... sim.

- Sim, não é. Um Lorde das trevas. O nome não diz nada além disso: alguém que é um lorde entre os praticantes de artes das trevas. Dito isso, o nome é sinônimo de mal.

- Claro, todos foram maus!

- E o que todos tinham em comum? - perguntou com um sorriso.

O Longbottom murchou na cadeira.

- Eu... Não acho que... - mas não soube como continuar.

- Eu e Gellert... nós conversamos, nós nos entendemos, nos tornamos amigos e talvez até um pouco mais...

- Mais?

- Era uma amizade muito forte - dispensou. - Eu me importava muito com ele e achei que o conhecia muito bem. Confiava nele e nas coisas que me dizia e ele era praticante de artes das trevas. Naquela época, não havia nada de errado com isso. Não havia nada de errado nele. Mesmo que algumas pessoas passam dizer que ele já era diferente, eu discordo, ele só era... solitário. Tinha muita na cabeça e poucos se preocupavam em ouvir. Para mim, do que me dizia respeito, ele só praticava um tipo diferente de magia. Ele dizia coisas sobre elas, as artes das trevas e como o ajudavam a controlar seu emocional, como eram libertadoras e o faziam se sentir mais confortável em seu próprio corpo. Magia das trevas estão ligadas a emoção, sabe disso, não é?

- Sim.

- Ele dizia que deixar que sua magia se ligasse a mente e mostrasse ao mundo a sinceridade por dentro de você era libertador e sua maior terapia. Eu confiava nele, eu acreditava no potencial dele, então... acreditei nisso. Eu quis conhecer a magia que ele tanto falava. Então ele me ensinou.

- O senhor? O senhor já praticou magia das trevas?

- Sim. Por isso tenho propriedade para dizer que isso é mal.

- Mas...

- As pessoas não são automaticamente más, Neville. A magia é. Magia tem Senciência , Lady Magic está observando aqueles que usam seu presentes. Magia da luz é vida, é natureza, é o ciclo natural. Magia das trevas é destruição, é a luta para ir contra o que se quer mudar e moldar o mundo a força. Magia da luz não afeta a mente, pois é natural e passiva a tudo que o mundo representa. Faz parte dele. Magia obscura... subverte o mundo e essa subversão tem consequências severas. Sacrifícios. Esses são os princípios da magia obscura. Emoção, vontade extrema e sacrifício. É querer ir contra uma força com o dobro de outra e aguentar o que vem depois. Mas isso eles não contam. E sabe por quê? Porque eles se esquecem. A magia obscura faz esquecer. Ela te muda e te faz viciado e perdido. Gellert dizia que magia obscura era liberdade, mas não é. É uma droga que te "liberta" a troco da sua consciência. E ela é perigosa exatamente porque os bruxos não percebem isso a menos que tenham muita força de vontade para lutar contra.

- Que quer dizer com isso?

- Gellert começou a me ensinar magia das trevas e me incentivou a pensar sobre o mundo. Sobre essa divisão desnecessária entre magia da luz e magia das trevas. Como eu pedi todos esses anos de estudo que poderia estar aprendendo todos os tipos de magia e porque as pessoas estavam impedindo de praticar as artes das trevas por medo. Parecia ser só por medo. Medo de suas próprias emoções, de como elas podiam ser uma arma. Como o professor Musska disse mesmo? "Nada mais é que um ramo de feitiços que usa manipulação emocional para aumentar a eficácia e atingir pontos mais intrínsecos da nossa magia". Eu acreditei nisso. Nessa mentira.

- Mentira?

- Magia das trevas é "deixar que seus instintos falem mais alto, se alimentar e mover através da sinceridade de suas vontades mais profundas, o que em tese oferece resultados bem mais fortes. Com os exercícios mentais corretos podemos entender esses sentimentos e utilizá-los a nosso favor", alguém da Durmstrang também disse isso. "Conhecimento é poder" e seria covardia nos manter ignorantes a uma área por medo de acidentes. O que eles não falam é o quão longe os acidentes podem ir, o quão grandes são os sacrifícios e como você se perde fácil. Começa a ignorá-los apesar de todos que está envolta. Como você pode machucar e destruir tudo sem qualquer intenção. Acidente...

A imagem de Ariana, sua doce irmãzinha, morta no chão e com Aberforth segurando-a em prantos, gritando até ficar quase rouco, veio a mente de Dumbledore de forma tão clara que parecia como ver uma pintura mágica.

"A culpa é sua!" urrava Aberforth. Olhando para, ele nunca soube exatamente quem, Gellert ou Alvos.

Mas Alvos olhou para Gellert quando percebeu o quão longe as coisas foram. 

Aberforth nunca usaria uma magia capaz de matar. Não acreditava no irmão para isso. Só que então...

Só podia ter sido um dos dois.

"Bem, talvez eu terminei, talvez eu tenha perdido 

Ainda lutando porque 

Eu amo minha mãe, eu amo minha família 

Quando eu era jovem, todos eles cuidavam de mim"

Das mentiras de Gellert a pior nunca foi o "eu te amo".

Mas que magia das trevas nunca machucaria.

Que bastava controle emocional.

- Eu estava me enganando com Gellert. Eu me importava com ele, gostava dele, muito, era meu amigo acima de tudo, cuidava de mim, me ouvia e me colocava para cima quando ninguém mais fazia. E ele parecia ser tão bom em tudo. Então, se alguém como ele praticava magia das trevas e dizia que estava tudo bem, era porque devia estar. Eu acreditava no julgamento dele, porque ele era... melhor que eu. Na minha cabeça ele era.

Neville sentiu seus pelos se arrepiarem.

Quantas vezes ele não se comparou a Harry? Quantas vezes ele não pensou em palavras exatamente iguais das de Dumbledore agora?

- Mas ele estava me enganando, ou já estava tão afundado nas artes sombrias que não via o problema na cara dele. Nunca viu. Eu tive que ver da pior forma para acordar, mas nunca doeu nele como em mim, então ele nunca acordou. Era tudo mentira. Ele agiu como se magia das trevas não fizesse a diferença, mas se faz. 

"Eu só preciso anestesiar a dor por um minuto

Eu só quero fugir de férias

Eu não sei mais o que dizer

Agora eu só preciso anestesiar a dor"

[N/A: Daqui meu sono atingiu níveis astronômicos e preciso trabalhar, então peço desculpas, mas amanhã já tenho que devolver o computador consequentemente precisava postar assim mesmo].

- Ele era instável e eu não percebia isso porque ele sabia como esconder por trás de uma máscara de boa pessoa. Ele estava sempre com uma e nunca percebi! Sempre fingindo ser algo que não era e eu achei que comigo ele não precisaria fingir, que era só a velha lapidação de imagem natural em sociedade, mas era muito mais profundo que isso!

O Longbottom se sentiu pessoalmente afetado de novo. Não sabia exatamente o porque, mas se lembrava de, ainda na semana passada, ter pensado em como Hazz se escondia por trás de uma máscara de sorriso simpático falso. De como Neville queria acreditar que via por trás daquilo, mesmo quando também recebia os sorrisos ensaiados.

De que era diferente.

Mas esse era o cerne da questão? Importava que ele fosse diferente e visse mais que os outros? Harrison ainda vivia fingindo ser algo? Estava criando a sua imagem de "boa pessoa"?

"Então você é ainda mais impressionante, porque veio armado com um simples galho, nada de magia, até onde sabia internamente, e cheio de medo" disse um Harry de sete anos em sua mente.

Alguém novo demais para estar mentindo. Um menino mirrado e meio diferente de qualquer outra criança que já conhecera, mas muitíssimo simpático e que se iluminou com a ideia de um amigo, mas principalmente que disse: "Neville, você é incrível!"

Aquela pessoa fez Neville começar a acreditar em si mesmo e o ensinou a fazer as primeiras magias. Provou que era capaz. Acreditou em cada minuto, sem nunca vacilar, nas capacidades de alguém que todos já haviam desistido, até o próprio Neville.

Harry esteve lá. Sorrindo com a ideia de ter um apelido. Fazendo piadas estranhas e não querendo incomodar ninguém com seus problemas.

Harrisson Potter é bom. Isso não era mentira.

Então por que Neville estava ficando tão confuso?

"Eu estava me enganando com Gellert. Eu me importava com ele, gostava dele, muito, era meu amigo acima de tudo".

Era por isso, não era? Porque...

Também estava vendo semelhanças entre a amizade de Harry e Neville com o que sabia de Gellert e Dumbledore. Com o que estava ouvindo.

Mas além do sobrenome, Harrison não tinha nada a ver com o bisavô!

Alvos continuou:

- O pior de Gellert e da magia das trevas... é que eu estava me tornando instável e não percebia isso! Ele sabia que era alguém instável, pois se conhecia profundamente, bem mais do que alguém em sua idade. Sabia que era perigoso e escondeu isso de mim. A cada dia, eu estava sendo afetado pela magia das trevas, mesmo que fosse pouco, mesmo que ele só me ensinasse um feitiço por vez. Aquela pouca que eu aprendi, em uma quantidade que não deveria fazer diferença... - ele riu, uma risada deprimida. - Todos dizem que não faz diferença assim, em pequenas quantidades, até Sirius Black disse isso numa reunião com os professores, mas fez! Eu comecei a me tornar diferente do que era e não via problemas óbvios que notaria facilmente hoje em dia, mas estava preso numa neblina, que cobria meus olhos. Essa neblina era a magia sombria. Eu não estou dizendo o que todo bruxo das trevas é ruim, nem que Harry Potter esteja errado, estou dizendo que ele tem que ser avisado! 

"Eu estou dizendo que magia das trevas é ruim porque ela cria essa neblina onde você não consegue ter certeza das decisões que está tomando. Se são certas ou erradas. Gellert sabia que eram. Porque essa neblina, para ele, já era muito mais forte, mas não era nada comparada a tantas outras coisas. Ele era mais consciente porque estudou desde criança e eu só adulto e todos dizem que aí está o ponto, em ensinar desde cedo para não ter problemas, mas olhe onde ele chegou! E ele nunca me impediu quando eu comecei a afundar! 

- Ele sabia que as pessoas não podiam descobrir o quão forte as artes das trevas estavam arraigadas nele, então fingia ser diferente do que realmente era. Quando mostrou sua verdadeira face... eu me assustei, porque primeiro eu mostrei a minha pior, descobri o quão ruim podia me tornar e machuquei uma pessoa que amava de forma irremediável. Eu não tinha como reverter aquilo. Tinha cometido um erro do qual nunca cometeria antes, mas foi porque a magia das trevas me levou e ele...

Foi como voltar ao passado, em seu reflexo Alvos pôde ver claramente um lindo jovem loiro de olhos heterocromáticos conversando consigo em um quarto em Godric's Hollow:

"Foi um acidente! Não é culpa sua, nem de ninguém. Ninguém queria fazer aquilo, chegar àquele ponto. Você precisa se acalmar ou vai estourar de novo! Lembre-se dos exercícios de meditação, deixe a magia fluir de forma saudável"

"Saudável?! Ela matou uma pessoa! Você ou eu, matamos minha irmã! As artes da trevas..."

"Eu?" questionou, de repente a postura muito séria.

Muito diferente de quem conhecia.

Dumbledore beliscou o próprio braço com força disfarçadamente para voltar a realidade.

- Gellert agiu como se não fosse nada quando eu fiquei com medo da magia das trevas. Disse que era normal um erro outro surgir. Um acidente. "Acidentes acontecem, é claro, mas é um processo". Mas não é assim que deveria ser um simples erro. Quando estamos falando da magia da luz uma falha é um pequeno ferimento, não uma cicatriz eterna em todas as pessoas que estão em volta. Magia das trevas é muito perigosa! Ela é volátil e todos estão agindo e falando como se fosse uma questão de controle emocional... é sim, mas ninguém tem controle emocional para sempre. Ninguém tem controle emocional o tempo todo. Ninguém é perfeito e é disso que eu estou falando. Harry Potter tem uma pressão gigantesca em volta dele para ser perfeito e talvez ele tenha recorrido às artes das trevas para que ninguém colocasse essa pressão nele. Se ele fosse diferente dos pais, se ele apoiasse coisas diferentes, não o comparariam ou o lembrariam constantemente de coisas que o deixam emocionalmente instável.  Mas o fazem. 

"Nós vimos que ainda colocam ainda dizem coisas sobre os pais. Ainda o tratam diferente e ele tenta ser uma boa pessoa, mas e quando estourar? Me disseram que Harrison machucou um amigo uma vez. Hagrid até fez um comentário dizendo como ele deve se sentir culpado todos os dias por ter feito aquilo com um amigo. Harrison machucou uma pessoa uma vez e quando houver o descontrole? Se ele machucar mais alguém? 

- Você gosta de Harry Potter, não é Neville?

- Claro!

- Eu gostava de Gellert. Muito. Acha que sou uma pessoa ruim?

- Não!

- Então você acredita quando digo que Gellert era diferente antes?

- Sim...

- Imagino que goste do tutor de Harrison também?

- Sim, senhor.

- Pessoas não deviam mexer com artes das trevas. Nós não deveríamos nos envolver com nada disso. Não é natural e nós nunca teremos controle das nossas emoções. Não totalmente. Não importa o quanto nós treinemos, estudemos ou o quanto de terapia fazemos. No fim, nós vamos nos descontrolar em alguma hora e quando mais forte o bruxo, pior vão ser as consequências do que vai acontecer quando eles tiverem esse descontrole. O quanto Harry Potter vai se arrepender se ele machucar alguém de verdade e para sempre como eu fiz? Eu não quero isso para ele, Neville. De jeito nenhum. Eu estou falando isso como alguém que já foi o guardião mágico dele, como alguém que foi amigo dos pais dele e que queria ter tido alguém para me parar enquanto era tempo. Eu realmente estou preocupado. Não posso fazer nada em relação a todos no mundo. 

"Esse torneio... eu gosto da ideia desse torneio, do pensamento das pessoas conversarem e verem pontos de vista diferentes, mas eu fico muito preocupado com as artes das trevas e como isso afeta a todos. Eu deixei que as aulas se misturassem porque pensei que, talvez, os alunos de Durmstrang vissem que dificilmente não existe um feitiço da luz capaz de fazer o que os feitiços das trevas fazem, mas com a luz eles nunca precisarão estar constantemente preocupados com a possibilidade de se machucarem se forem longe demais. Eles poderiam ter alguma paz com a magia da luz enquanto a magia das trevas é caos e destruição. Instabilidade. A magia das trevas, no começo, não te deixa perceber o que está fazendo, só se vê quando já foi longe demais, mas a magia da luz é tão diferente que um ano inteiro aqui poderia abrir seus olhos. Tirar um pouco da névoa.

"Eu sei, entretanto, que não vou mudar a opinião do mundo todo. Eu já tentei tentei fazer isso na Grã-Bretanha e do que que adiantou? Ás vezes eu penso que a culpa é minha pela guerra com Voldemort, como se eu tivesse errado em tentar mudar o próprio Tom, mesmo vendo como aquela névoa estava aparecendo em seus olhos. A culpe é minha por ter tratado ele como um bruxo das trevas e tentado evitar que ele ficasse mais tempo no mundo da magia e em contato com essas coisas a força, apenas para tentar abrir seus olhos por um segundo.

"Não sei porque, mas me sinto um fardo

Eu passo minha vida pensando demais no meu propósito

Realmente não posso chorar, estou tão acostumado com a dor

Trauma se aproxima de mim nos momentos errados"

- Eu me culpo pelos comensais da morte, porque tentei impedir as artes das trevas na Inglaterra, porque votei em politicas que iam restringindo mais elas a cada dia. Porque tentei ser contra a magia obscura. Mas eu acho que nunca serei a resposta, nunca saberei o que é certo mesmo que todos esperem isso de mim. Eu sou o diretor de Hogwarts. É o melhor que posso fazer. É por isso que venho me afastando da política mesmo sendo o chefe da suprema corte e tendo tantas cadeiras. Acho que o melhor que posso fazer é cuidar das gerações, ter o máximo de alunos que não vão se machucar por causa dessas coisas e que entenderão os perigos da magia sombria. Eu sou o diretor dessa escola. A decisão é minha de como ela deve funcionar e a minha decisão é tentar evitar que pessoas se machuquem. Lakroff Mitrica e Igor karkaroff são os diretores da Durmstrang, eles têm as suas próprias opiniões sobre magia e vão interagir com ela da forma como quiserem na escola deles. Não vou tentar influenciar um lado ou outro. Mas as pessoas me colocaram essa função porque acreditavam em mim e vou cumpri-la: é meu dever tentar lutar contra os meus alunos se machucarem. Vou ir contra a ideia do país onde moro aceitar isso.

.

"Magia das trevas não é o problema, Alvo" disse Gellert. "Você não pode culpar a magia por uma falha sua!"

"MINHA?!"

"Se você se acha capaz de matar alguém ao ponto de não saber se fui eu ou você, então foi uma falha. Você era instável, não eu ou a magia das trevas. Você sabe que não é assim que funciona, não adianta se enganar".

"VOCÊ ME ENGANOU!"

Dumbledore fechou os olhos e tentou evitar pensar tanto naqueles momentos dolorosos.

Para sua desgraça a imagem de Gellert não sumiu . Apenas foi substituída por seu filho. 

Isso fez a voz do pai continuar em sua cabeça. 

Dizia:

"Eu nunca vou ter filhos, Alvos, porque sou gay. Não conseguiria me deitar com uma mulher".

"Você é o que?!" questionou muito surpreso se afastando do amigo que estava deitado consigo na grama, enquanto observavam o céu e as nuvens, pensando no futuro. "Você está brincando, não é?"

"Por que eu brincaria?"

"Mas você nunca pareceu..."

Gellert riu e agiu tão rápido que Alvos sentiu que foi em um piscar de olhos. De repente, Grindelwald estava em cima dele, uma perna de cada lado em seu colo, o rosto muito próximo de si, uma mão na orelha do ruivo, por entre seus fios: "O que foi? Vai me dizer que nunca notou como te olho". 

Depois que Alvo sentiu como se fosse vomitar seu coração, Geller simplesmente riu e se afastou, comentando que era brincadeira.

.

- Professor... - Neville chamou, arrastando-o para a realidade. - O senhor está dizendo que... O senhor...

- Sim Neville?

- Harry... - sussurrou.

- Harry é diferente. Eu já fui guardião mágico dele e por mais que tenham me tirado essa posição eu ainda me sinto na obrigação de ter certeza de que vai ficar bem. Ele não vai se praticar magia das trevas.

- Como pode ter tanta certeza?

- Você não confia em mim, meu garoto?

- Claro que confio, mas...

"Eu também confio em Lakroff" pensou o Longbottom.

Devia ter alguma coisa, o garoto se sentia dividido entre tudo que já conhecia e o que estava vendo agora. 

"O mundo não é luz ou trevas. Nem preto ou branco. Mas quer saber?" perguntou Harry um dia, quando eles estavam observando o céu deitados na grama: "Ele não é nem cinza. Essa é a parte boa, Neville. O Mundo é colorido!"

- Magia das trevas é algo perigoso - continuou Dumbledore. - Até a melhor das pessoas pode cair. Ninguém é perfeito. Ninguém controla suas emoções totalmente. Aquela nuvem, a névoa das trevas, vai pegar as suas emoções e vai usar, te descontrolar, te mudar e no momento da raiva te levará para lugares que nunca iria. Lugares que nunca iria querer conscientemente. Neville, você já falou alguma coisa de que se arrependeu enquanto estava irritado?

- Sim. Todos já fizemos isso. 

- Exato. Todos. Agora imagine que isso seja magia. Imagine no dia que Harry ficará irritado, mas ao invés dele falar, a magia dele vai reagir. Quanto mais forte ele for, quanto mais longe ele tiver ido com a magia das trevas, pior vai ser o feitiço que saíra. Você entende o meu ponto?

- Sim.

Neville realmente entendia. 

E realmente ficou preocupado. 

Nunca pensou nessa possibilidade, nunca pensou nesse lado das artes das trevas, mas fazia sentido. Sua avó, apesar de apoiar Harry, sempre estabeleceu limites do que Neville veria ou não com a família Grindelwald. 

Lembrou-se de novo de Lakroff e de como ele não apoiava o pai.

Neville sentia que havia uma peça muito importante faltando naquilo tudo. Ele estava tão confuso. Dumbledore tinha razão, mas então Lakroff e Harry estavam sendo controlados pela magia das trevas? Sendo entorpecidos por ela?

"O mundo é colorido" sua mente repetiu e ele não entendeu ao certo porque pensou nisso de novo.

 Lakroff não apoiava as coisas que Gellert fez, nem quem se tornou e quem machucou, mas Harry era alguém estável.

Neville o conhecia o suficiente para saber disso.

A magia das trevas começou porque queria ser mais estável. Porque Mitrica disse que aprender a ligar a maga as emoções enquanto se aprendia a controlar magia, assim como se fazia naa escola, garantiria um controle do emocional.

Se fosse feito direito.

Harry não queria que as emoções dele tomassem conta de si. Não queria machucar ninguém, como fez no ataque que teve depois de terem tentado matá-lo. A magia das trevas treinava muita emoção e vinha com terapia na Durmstrang, mas e quando Harry estourasse? 

Ele poderia chegar a isso a qualquer segundo! 

Ter um ataque. Mais um. E talvez agora, depois de anos estudando e fortalecendo as artes das trevas, esse ataque seria pior? Machucaria mais pessoas e agravaria suas incertezas emocionais? Seus arrependimentos?

- Harrisson é importante para você.

- Sem dúvida.

- Eu quero ter certeza de que ele está bem, de que seus pais ficariam felizes. Eu devo isso a eles, é o mínimo. Se falhei antes, só tenho a tentar concertar o presente porque não posso voltar. Ninguém pode. Dito isso, Neville, você é amigo de Harry, talvez o veja até como algo a mais.

Neville não respondeu, ainda estava pensando.

- Ele te escuta e por isso quero te pedir um favor, por mais difícil que possa ser.

- Que favor?

- Meu garoto, você acha que alguém, qualquer pessoa que seja, é capaz de manter a estabilidade mental sempre?

- Eu não... - sussurrou.

- Então quero sua ajuda.

- Com o que exatamente? - perguntou com medo da respostas.

- Quero que me ajude a chegar até Harry Potter, me ajude  mostrar para ele, abrir seus olhos para os perigos da magia sombria e, se isso, não for possível, ao menos afastá-lo da coisa.

- Eu não sei se isso...

- Neville - interrompeu, indo até o garoto e o encarando nos olhos ao afirmar: - Eu disse muitas coisas hoje e de extrema importância. Você precisa pensar sobre elas e precisa de tempo para absorver cada uma com calma - Neville voltou a sentir aquela dor na cabeça, uma coceira atrás dos olhos, mas manteve o contato visual com o diretor. - Amanhã voltaremos a discutir sobre Harrison e seu tutor. Hoje, porém, apenas considere tudo que revelei e o que vou te pedir agora. Algo importante e que não vejo motivos para não me ajudar, pois seria agradável a você, além de me manter mais tranquilo em relação a tudo.

- Que é?

- Quero que me ajude a convencer Harry Potter a estudar em Hogwarts a partir do ano que vem.

"Eu te amo Alvos" admitiu Gellert enquanto os guardas o algemavam "Mas perguntei isso uma vez antes, quando você decidiu virar as costas para mim, e vou tornar a questionar..."

.

"Quem vai te amar agora, Dumbledore?"

.

"Você vai se amar quando perceber as mentiras que conta para si mesmo?" 

Alvos nunca mais o viu depois daquele dia. 

Não fez qualquer questão de cutucar aquela ferida insuportável. A última imagem do Grindelwald ficou em sua mente. Seus cabelos brancos, seu sorriso torto e quase insano, e o olho azul.

Daquele ângulo ele só via o olho azul. Como se só essa cor houvesse. O sol no fundo criava uma cor vermelho sangue macabra para sua última frase, dita por cima do ombro:

"Você diz que eu minto, mas então o que você faz?"

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E então? Qual a opinião de vocês sobre o capítulo?

E sobre o Dumbledore?

Se esse capítulo foi "A fênix ferida e o campeão Grifinório" o próximo já estará em produção assim que eu conseguir um computador emprestado de novo, mas como ele contem cenas deletadas desse já imagieni até o título:

"O lorde chacal e o herdeiro Slytherin".

Vocês estão prontos? 

Talvez não...

BOA NOITE!

PS: Se eu contar para vocês que estou com medo de ver o novo animais fantásticos porque eu shippo Grindeldore e acho que vou chorar quando eles romperem de vez e todos vão me julgar? AAAAAAAAAAAAAAA

Só não shippo esse casal nessa fanfic porque acho que amo o Gellert demais para dar o Dumbledore a ele, ele merece o mundo, alguém que o perdoe pelos erros e apoie nas jornadas. Dumbledore e ele tem ideias distantes demais. No fim um teria que mudar pelo outro e é igual ao canon, ELES NÃO VÃO ;-;

Também já to shippando o Gellert com outro na minha cabeça e vai ser difícil quem mude. Fico imaginando cenas dos dois com muita frequência.

Enfim, próximo capítulo vocês verão um pouco do passado dele. Beijos.

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