Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 25 - Insanidade e apego

O próximo capítulo será o fim de semana no Gringotts, como foi decidido na votação, mas nesse espero que curtam o desenvolvimento de Sirius Black e prometo que de agora em diante ele para de sofrer tanto.

Pequeno aviso: Prestem atenção na passagem de tempo, voltaremos para sexta-feira de manhã, quando Hazz ainda estava de baixo da capa com Draco e Neville conversando com Ron. 

Também quero deixar registrado que algumas partes da revisão eu fiz já com muito sono porque precisava postar hoje que depois não ia dar mais, então me avisem qualquer erro.

Lembrem-se sempre que se quiser apoiar meu trabalho você pode acessar meu livro publicado na Amazon chamado "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza, totalmente gratuito para assinantes do kindle unlimited. Seria muito bom para apioar essa autora nacional independente. O prólogo está disponível nesse perfil e seria muito bom para mim se der uma chance e ler ao menos ele!

 Beijos e boa leitura.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

No capítulo anterior...

Harry, na proa do barco da Durmstrang, pensava sobre todos os passos daquele dia e se algo havia ficado para trás.

Conseguiu o mapa para confirmar a identidade de Bartolomeu Crouch Jr., Luna conseguiu toda a ficha dele com um pedido em nome do jornal de seu pai ao ministério (usou a notícia do profeta a seu favor, afinal o governo não suspeitaria de um repórter pesquisando sobre o caso dos Longbottom agora) Axek e Ivan distraíram Bartalomeu todo o dia para que "os reconhecessem" na mata depois e conseguissem sua atenção para Tshkows ter a chance de invadir a mente, confirmaram que podiam usar formas animago sem serem pegos, usaram o mapa para fazer uma tocaia, todos que não faziam parte do conselho continuavam no castelo, de olho em alvos preocupantes, como Dumbledore, apenas por garantia (apesar de Harry duvidar que o mapa do pai falharia), ninguém estranharia o conselho ter uma reunião e Axek já tinha preparado todos os feitiços de proteção na sala que fora oferecida ao conselho.

Então...

Faltava apenas terminar seu plano.

"Isso é muito arriscado! Não devia fazer isso!" reclamou Tom.

O diadema já próximo o bastante para que fosse sua voz.

Isso retirou um sorriso de canto do de olhos verdes.

Um sorriso sombrio, gélido como o vento da noite de novembro.

- Eu já fiz.

"Você não..."

- Tom - interrompeu sério. - De um jeito ou de outro, não vou deixar que Voldemort tenha posse de você. Já disse, você não é mais uma horcrux dele. É meu.

Faltava apenas modificar as memórias de Junior antes de mandá-lo para a toca da cobra com sua armadilha.

Tom não soube o que responder. Se Harrison faria uma coisa insana como aquela, ele também tinha seus próprios planos.

O problema... suspeitava que Harrison, de alguma forma, descobrira ou sentia as intenções de Tom e estava tentando impedir. Impedir de se prejudicar em prol de Harry e sua segurança.

Seria comovente, se não fosse irritante.

Nem que precisasse possuir a criança e destruir Voldemort ele mesmo, não ia viver se o menino estivesse correndo riscos, era fato.

Havia Grindelwald do seu lado. Quando Harrison dormisse de novo, conversaria com o homem, dariam um jeito.



Capítulo 25 – Insanidade e apego



"Sirius Black tinha ao menos duas coisas em comum com um Lorde das Trevas,

Ele entendia bem como era a insanidade e havia Harry Potter em sua vida".



SEXTA-FEIRA.

MANHÃ DO DIA DO ATAQUE A BARTY

MANSÃO RIDDLE

Voldemort acordou surpreendentemente mais cedo do que pensou, mas percebeu logo de cara que não poderia sair da cama.

Já nem era mais uma questão de exaustão mágica. Na verdade, ele se sentia magicamente bem disposto. Mais do que vinha se acostumando e isso era ótimo.

Mostrava que o ritual tinha dado certo, ele tinha reabsorvido com sucesso outra parte de sua alma. Já podia sentir aquele alívio, aquela completude indescritível que era estar...

Mais inteiro.

Ser real de novo, vivo, consciente.

As memórias de sua vida, que eram tão nubladas e pareciam tão insignificantes, voltando, criando conexões cerebrais, forçando-o a ver o mundo de novo com os olhos abertos, não com aquela película horrorosa de insanidade.

Até respirar tinha uma sensação nova. Ficou um tempo assim, aproveitando o momento, o peito subindo e descendo, esses pequenos detalhes que nunca damos atenção, mas que agora eram especialmente valiosos. Tom nunca foi de aproveitar o simples viver, mas agora... Parecia que tinha se remodelado nisso.

Ao menos o faria pensar duas vezes antes de praticar um ritual sem saber todos os detalhes por trás dele. Não era boneco de teste de magia.

Podia usar em alguém primeiro.

Como era agradável simplesmente respirar e fazer isso bem!

Mas seu corpo estava muito fraco, estava se sentindo tonto, provavelmente não conseguiria segurar uma pena, a quantidade de vezes que vomitou durante o ritual não ajudara em nada.

- Tink – chamou sua elfa.

A criatura apareceu ao lado da cama muito surpresa.

- Meu senhor já acordou?! Meu senhor é realmente o mais poderoso, por já estar...

- Tink, calada – ordenou quando sentiu uma pontada na cabeça. A criatura levou ambas as mãos a boca com tanta força que parecia estar se punindo ao mesmo tempo que obedecia a ordem. – Quero poções de restauração e saúde, além de uma comida que não vou vomitar no instante que entrar em contato com o estômago. Prepare meu banho também.

- Deseja comer na banheira?

- Não, traga aqui. Vou comer, depois ir para a água.

- Sim senhor – disse com uma imensa reverência, que fez o nariz tocar o chão, então saiu com um pop.

Depois de comer, com muita calma, uma boa sopa de legumes, ser auxiliado até a banheira e passar uma longa hora lá, Marvolo enfim se sentiu capaz de andar. Foi até seu escritório e pegou uma cópia do profeta em cima da mesa para se distrair.

Ainda estava furioso.

Malditos Black's.

Como Régulos ousou traí-lo daquela forma? Que teria acontecido para chegar a tal ponto? Não apenas virar as costas à causa, mas realmente ajudar a matá-lo?!

Sua raiva na noite passada era tanta que sentiu perder o controle da consciência de novo, assim como quando não tinha quase nada da alma. Quando viu Barty quis descontar tudo nele, tortura-lo, fazê-lo pagar pelo ex-namorado assim como ainda pretendia fazer com Sirius Black.

Precisou se lembrar que aquilo não era ele, que estava tentando deixar a instabilidade para trás, deixou que a magia se libertasse de outra forma, ainda com as artes das trevas, mas longe de qualquer um.

Talvez tenha sido um tanto estupido fazer o ritual de absorção depois de tanto estresse, mas se já estava com a cabeça ferrada, qual era o problema de piorar um pouco mais?

O problema era vomitar até as tripas e chorar como não fazia desde que era uma criança (memórias que nem teria mais se não tivesse voltado pelo diário, com certeza).

Por que ele ainda fazia esse tipo de coisa consigo mesmo?

Porque era imediatista.

Abriu o jornal apenas para ver como aquela porcaria sensacionalista praticamente ignorou o roubo em si (provavelmente com medo de insultar além da conta os goblins e sofrer as consequências quando se recusassem a manter a conta administrativa da empresa e as pessoais de seus funcionários), mas ficou satisfeito já que teve uma boa atualização do que acontecera com parte dos seus mais fiéis.

Quando estivesse forte o suficiente teria que liberta-los. Eles mereciam por sua lealdade, Voldemort os devia depois de lutarem como seus e seriam úteis para a retomada do poder.

"Retomada..." pensou com um suspiro.

Já não tinha certeza de como pretendia fazer isto.

Obviamente faria. A sociedade mágica cairia sob seus pés um dia. Só que agora, mais consciente, avaliava a forma correta de agir que não na força bruta.

A política ainda não lhe parecia uma opção. Diferente de Gellert, que via utilidade em trouxas e queria subjuga-los para usá-los quando precisasse (processo pelo qual os bruxos passaram com os elfos e até goblins antes), Voldemort preferia que todos vivessem o inferno então morressem.

Não conseguiria tal feito na política.

Sentiu a cabeça doer apesar das poções, então optou por ignorar o tema mais alguns dias. Precisava dar o devido descanso a sua alma e magia, o mesmo para a mente.

Viu seu reflexo no espelho do escritório e imediatamente fez uma careta, estava com olheiras gigantescas e parecia que tinha sido socado, haviam marcas roxas em todo o copo dos apertões que dera em si mesmo, além das marcas (totalmente negras a este ponto) das amarras que fizera para suportar a experiência traumática até o fim.

Se sentia quase em um dos exorcismos da infância de novo.

Aquela associação o fez rir.

"Porque você é pó, e ao pó voltará" Eclesiastes 12:7.

Teve que ouvir muitas passagens daquele livro insuportável trouxa, mas a situação toda era uma ironia interessante.

Amarrado e forçado a dor na infância, para tirar "o demônio do corpo" e "purificar a alma", amarrado por vontade própria já adulto, para recuperar a alma e deixar de ser insano como um demônio.

- Mas que situação... – murmurou se recostando na poltrona, um suspiro longo escapando pelos lábios.

Magias sombrias eram perigosas, sempre soube, mas se não tivesse que descobrir tudo sozinho podia ter evitado muita coisa. A falta de conhecimento sobre o assunto, como estava todo espalhado pelo mundo nos poucos lugares que o permitiam, falta de tutores adequados e mestres dispostos...

Lembrou-se de Durmstrang, como parecia estar se encaminhando para se tornar uma escola líder. Nos exames nacionais deles já tinham uma maior taxa de aprovação por alunos que Hogwarts, pelo que descobrira em suas pesquisas mais recentes. Aulas diversas e úteis, um conjunto de fatores que fariam a diferença e criariam guerreiros das trevas muito superiores a geração passada.

Lembrou-se da briga entre os professores em Hogwarts e, e claro, de Harry Potter.

Estudando artes obscuras, convencendo as pessoas de sua utilidade quando bem trabalhada...

Foram bons discursos os dele, sem dúvida.

Se não fosse a profecia, poderia subjugar o garoto enquanto ainda era jovem, impedi-lo de querer ir mais longe que Voldemort, coloca-lo como seu comensal, controla-lo e suas capacidades obvias.

Alguém com talento, boas ideias, influência e desenvoltura seria muito útil. Subiria na hierarquia mesmo sendo um mestiço e se tornaria o maior do círculo interno se assim desejasse. Não parecia o tipo de pessoa que iria querer menos que isso. Nem o tipo que deixaria de lutar até alcançar tal posição privilegiada, mas poderia se sentir satisfeito estando bem ao lado do lorde das trevas? Apenas ao lado?

- Aquele com o poder de vencer o lorde das trevas se aproxima – murmurou para o teto.

Potter também não parecia muito de seguir ordens, a menos que sentisse que o outro tinha algum poder. Pelos relatórios de Barty e as memórias, ficava claro que tinha respeito por seu vice-diretor, que não indicava passar de um homem calmo, amistoso com todos, de muita inteligência e boas ideias. Não via grande coisa ali, parecia fraco de espírito apesar de sábio.

Mas havia algo naquele loiro quase albino... Fazia o sentir-se estranho, um déjà vu como se já o tivesse visto antes, até sua forma de agir, só não conseguia se lembrar de onde vinha isso.

Não conhecia nenhuma família Mitrica, mas talvez a família da mãe? Trejeitos de algum de seus comensais?

Era uma pena que Theomore Nott o tivesse traído, ele com certeza saberia. Os Nott sempre sabiam sobre todos que tinham alguma importância, de um jeito ou de outro. Mas, mesmo com todos aqueles anos juntos, ele não tentou procurar Voldemort e o filho era muito novo. Sem dúvidas Nott foi o que demorou mais a ter um herdeiro.

Mas era de se pontuar o fato de que o filho de Nott estava convenientemente perto de Harry Potter à mesa todos os dias.

De toda forma, Marvolo julgava que se Potter respeitava o lorde Mitrica, alguma coisa interessante o homem guardava, por isso estava planejando achar informações sobre a família em questão e pediria a Lucius, assim que o visse no sábado (se Barty fizesse seu trabalho direito).

Ouviu uma batida na porta e resmungou para Tink entrar, a elfa, muito cautelosamente para não fazer nem mesmo barulho no assoalho, entrou, depositou um bilhete na mesa e se retirou.

"Estou em posse".

Era a letra de Barto. Aquilo ao menos era uma boa notícia. O diadema estaria seguro.

A alma dele, caminhando sem corpo.

O diário, que conseguiu se solidificar e juntá-los.

O anel, já absorvido.

A taça, igualmente.

O colar...

Destruído.

O diadema, logo consigo.

Lorde Voldemort estaria, desconsiderando a margem de erro, cerca de 80% inteiro, mas já era mais do que podia oferecer quando se nomeou assim. Seria maior, mais forte, mais astuto e implacável. Conseguiria seja lá o que desejasse.

Só precisava se livrar dos garotos empecilhos.

Neville Longbottom e Harry Potter morreriam, mas verei a profecia primeiro.

-x-x-x-

ENQUANTO ISSO.

HOGWARTS. 

HORÁRIO DA REUNIÃO DE PROFESSORES.

Sirius estava caminhando em direção a sala do diretor para a reunião que teriam, assim como todas as sextas, entre o corpo docente.

Foi nesse momento que vira Snape.

A verdade é que no dia anterior inteiro, desde o momento em que despejou quase todas as suas inseguranças encima do colega, eles não se encontraram mais. 

Severo não foi para o almoço, ocupado revendo a memória, o que rendeu um arrependimento tremendo, pois perdera a discussão luz contra trevas e ainda estava tentando descobrir alguém disposto a lhe dar uma memória do evento (os professores no geral estavam com vergonha da cena que fizeram em frente aos alunos, então não falavam sobre isso) e o próprio Black não fora no jantar, decidido a mandar uma carta para Lupin e ter uma conversa sobre os dois.

Não funcionou.

No instante que vira o homem passando pela lareira limpo, com roupas mais decentes e aparentemente bem cuidado, derreteu de alegria e praticamente se jogou aos beijos em cima dele. Quando foi retribuído seu cérebro virou gelatina e não conseguiu conversar sobre nada.

Estava usando a boca para outras coisas.

Algumas envolviam se ajoelhar.

Mas quando acordou no dia seguinte sozinho (de novo) quase gritou de frustração, percebendo que devia ter focado na conversa.

Eles precisavam se resolver de uma vez!

Um boa noite de sexo não era nada se Remus não fosse seu. Se quando dissesse que amava o lobisomem, este não dissesse nada de volta!

No fim Sirius e Snape não tiveram contato até então. No instante que quase se chocaram em uma encruzilhada no corredor e seus olhos se encontraram, Black quis correr.

Passara uma boa parte do dia anterior remoendo suas inseguranças e como as revelara tão fácil para outra pessoa e de tantas, justamente o ranhoso, estava com vergonha, irritado e confuso, mas especialmente não se sentia compelido a ver o antigo rival de casa. 

Tinha dado seu máximo para agir feito adulto, mas duvidava que o outro (que tinha sim tido tempo para amadurecer, mas ainda prejudicava de propósito crianças específicas pela casa em que estavam) faria o mesmo.

- Black – cumprimentou Severo, o tom totalmente neutro.

- Snape – cumprimentou de volta, tentando se lembrar das aulas ridículas da mãe sobre o comportamento "sangue puro" adequado que não deveria demonstrar reação e analisando a linguagem corporal do morcego.

Merda, porque tinha que ser um aluno tão horroroso?

O que tinha que fazer com as mãos? O que significava a pessoa manter contato visual?

- Tome – disse o de capa preta, fazendo uma careta e um bufo frustrados, estendendo uma pequena caixa para o animago.

- O que é isso?

- Livros.

- Livros?

-Anotações, principalmente, da antiga professora de trato das criaturas mágicas. Mandei uma carta para ela, você mesmo poderia fazer, isso é o básico da vida adulta, você pode e deve perguntar as pessoas tudo que quiser saber, ninguém te dirá nada por conta própria, todos estão ocupados demais com a própria vida para perceber suas dificuldades, mas se você diz, se pede ajuda e da maneira certa, adultos tendem a se ajudar. É complicado saber a maneira certa de conversar com cada um, mas você se acostuma. Disse a ela que você estava preocupado com suas aulas, se estava tendo um bom desempenho e ela concordou em mandar isso, assim como uma lista de todos os autores que ela usava de referência, não que eu ache que vá ler, mas enfim. Também tem algumas anotações minhas sobre o que os alunos da Sonserina mais reclamam das suas aulas, mas mesmo que eu não goste de admitir, são poucas e fáceis de resolver.

"Pergunte a Minerva qualquer coisa, vocês são da mesma casa e ela gosta de ajudar seus colegas, me ajudou muito quando eu me tornei professor. Não, eu não te perdoei, mas aceito suas desculpas como sinceras. Sim, eu ainda te odeio, sim eu te empurraria numa vala se tivesse a chance. Não, não quero ter qualquer contato com você, mas você é professor dos meus sonserinos e não quero que eles tenham mais um imbecil prejudicando seus estudos, um por ano é o suficiente e milagrosamente neste D.C.A.T não está o fracasso usual, então talvez eu possa alcançar o nível de excelência que minha casa exige. Dito isso podemos começar a fazer o que adultos sempre fazem quando se odeiam e nos ignorar completa e totalmente, o ódio velado é uma arte que se adquire depois dos vinte e cinco, verá que é frequente.

- Nos vemos na reunião.

Então saiu.

Ele disse tudo de uma vez, então deus as costas e saiu, a capa preta esvoaçando dramaticamente de um jeito quase não natural.

Sirius ficou totalmente confuso, olhou para o corredor por onde o sebos... Snape... fora.

Olhou para a caixinha encantada em sua mão, depois para seus próprios pés e para os quadros na parede, um deles ainda fez um sinal com a cabeça, dizendo que aquilo tinha sim acontecido, mas Black permaneceu muito confuso.

Anotações? Mandar uma carta para a professora anterior?

Inferno, porque ninguém lhe avisou que era só fazer isso?

"Todos estão ocupados demais com a própria vida para perceber suas dificuldades" aquilo fazia sentido e o raciocínio de conversar com a professora sobre o que já fora ensinado parecia lógico, parando para pensar.

Mas ninguém notou suas dificuldades.

Ele tinha que falar.

Snape o ajudou. Realmente lhe deu conselhos e se deu ao trabalho de conseguiu (em um dia, veja só) aquelas coisas para o entregar.

É... agir como adulto até agora não o matou...

Seguiu para a reunião se sentindo mais leve.

"Não, eu não te perdoei, mas aceito suas desculpas como sinceras" Sirius não queria perdão, mas percebeu que estava agradavelmente feliz em não sentir mais que era um babaca de bosta. Faltava falar com Remus e...

Parando para pensar ele tinha se aberto tanto, quase como uma barragem que se parte e libera todo o rio, mas esquecera do principal em seu pedido de desculpas: se explicar.

Ele apenas disse que era culpado e sabia disso, mas Snape não sabia o porquê do que fez e...

Será que isso era importante?

Para Harry foi, mas ele tinha mágoa guardada, o colega parecia apenas irritado.

Perguntaria depois a Lakroff o que ele achava e...

"Espere aí Black" pensou estagnando um momento no lugar. "Você acaba de pensar em Lakroff?"

Credo, Sirius era um homem muito carente.

Era impressão sua ou já estava colocando o lorde Mitrica em uma posição de fraternidade?

"Podem sempre vir falar comigo, sobre Harrison ou qualquer coisa, estarei a postos" foi o que o Grindelwald, assim não nomeada, disse após a reunião na quarta-feira. "Quero muito que meu neto veja e saiba que é amado, mas entendo as dificuldades dele para permitir aproximação, então não se sintam tímidos em vir me pedir alguma opinião de como agir com ele. Sobre tudo realmente. Acho que, se querem fazer parte da família dele, isso terá de nos fazer próximos também" e o sorriso simpático dele, a forma gentil, calma e acolhedora que se dirigia a dupla... Não era à toa que, mesmo com todas as inseguranças, Harrison tenha aceitado estar com Lakroff. Era alguém que bastava ouvir falar um pouco e suas barreiras pareciam ser derrubadas pela brandura do loiro.

Mesmo que sentisse que era causado por sua necessidade de ser aceito em um grupo, decidiu que iria sim falar com Mitrica.

Um grupo...

Ele sequer tinha um agora?

Dumbledore não entendia tudo pelo que estava passando e o próprio Sirius ficara irritado com o homem devido ao que aconteceu com Harrison; a maioria dos outros professores eram muito mais velhos, talvez já teria dificuldade para interagir com eles, mesmo que não tivesse a mentalidade atrofiada por tudo, não aceitariam suas "infantilidades" tão pouco quanto qualquer outro; Remus estava daquele jeito estranho e distante; não tinha mais James, nem a doce Lily para o consolarem, apoiarem ou aconselharem; Pedro era um traidor, então também não o tinha; Harrison estava apenas começando a perdoá-lo...

Nem sabia mais como fazer amizades.

Ou com quem.

Estava se sentindo sozinho de novo. Assim como na mansão Black, durante a infância e adolescência.

Assim como em Askaban.

Só que, agora, era tudo quieto. Não haviam os gritos dos pais, os sons de seus castigos (que eram mais torturas físicas e verbais que lições), não haviam os gritos dos prisioneiros novos, o barulho deles batendo com a cabeça ou arranhando as celas. Não haviam monstros, nem machucados. Ninguém diria que tinha razão em sua tristeza. Ele tinha que "aprender a ser adulto".

Era isso amadurecer? Ficar quieto, aguentar, levantar a cabeça e seguir?

Se ia fazer a coisa, ao menos podia falar com o tio de uma de suas melhores amigas, certo?

Certo.

O resto, podia resolver depois. Agora era inspirar fundo e entrar para mais uma reunião dos docentes.

.

Tudo começou normal.

Exceto que já ao entrar percebeu que o único acento vago era entre Alastor Moody e Severo Snape.

- Black – ralhou Moody em sua forma única de comunicação "amigável" quando se sentou.

- Bom dia Alastor. Professor Snape – cumprimentou por educação, Severo o olhou com uma careta julgadora e imediatamente se virou para Sprount do seu outro lado.

Minerva olhou para Sirius com uma expressão estranha, depois para o próprio morcego.

- Severo, será que poderia trocar comigo? Eu precisava discutir um assunto com Sirius e... – ela não continuou, Dumbledore entrou na sala e fez todos se calarem.

- Bom dia meus colegas – cumprimentou com seu sorriso amistoso de sempre e Sirius desviou o olhar dele. – Vamos precisar debater o que aconteceu ontem, infelizmente, mas vamos começar com o de sempre, sim?

Alvo pegou a lista de alunos por ano e foi na ordem de casas, Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina, um por um ele dizia o nome, esperava que todos fizessem considerações, se necessário, então partia para o próximo.

Os primeiros, terceiros, quintos e sétimos anos eram mais demorados, uma vez que tinham grande importância acadêmica. Enquanto todos conversavam, Sirius tentava prestar o máximo de atenção para pegar detalhes dos alunos e ter uma ideia do que fazer.

Quando chegaram aos quartos anos que as coisas começaram a ficar estranhas:

- Longbottom e Weasley são um desastre! – ralhou Snape e Sirius evitou dar um sorriso.

- Severo... – murmurou Dumbledore e o herdeiro Prince quase revirou os olhos com aquele tom. 

Dizia claramente "seja menos rigoroso com os meninos..."

- Eles quase explodiram um caldeirão, sua poção estava abaixo do medíocre, se eu tivesse deixado tomarem teriam ido direto a enfermaria por um ano e nem quero mencionar a atrocidade que me entregaram no trabalho escrito, eles nem se esforçam!

- Talvez se você os encaminhasse na direção certa, Severo, um pequeno toque de onde deveriam melhorar...

- Estou com cara de tutor? Eles sabem de suas dificuldades, deviam ao menos se esforçar, a amiguinha deles faz trabalhos descentes, poderiam pedir sua ajuda. Minerva – chamou Snape para a colega. – Eles chegaram a pedir a sua ajuda?

- Não, mas...

- Meus sonserinos sempre vem a mim quando estão com problemas. Pomona, Fílio, o mesmo com os lufanos e corvinos, imagino?

- Bem, sim... – comentou a professora de herbologia. – Eles sabem que tentarei ajuda-los.

- Afinal é para isso que servem os professores chefes de casa e sei que Minerva sempre está disponível para seus leões, mas então porque Ronald Weasley e Neville Longbottom não pedem auxilio? São orgulhosos demais para isso? Os salvadores de plantão não precisam se esforçar como os outros mortais?

Sirius cobriu a boca com a mão, tentando segurar o olhar de deboche que queria mandar. Neville era um garoto muito esforçado, apostava sua vida que o colega estava sendo apenas desnecessariamente áspero.

- Tentarei conversar com os meninos, Severo – disse Minerva.

- Deveria. Essa semana, ao menos Longbottom, tinha todas as chances para entregar algo apresentável e falhou miseravelmente. Os senhores Crabbe e Goyle se saíram melhor!

- Todas as chances? – questionou Hagrid.

- Oras, ele tinha Potter!

E o peso que aquele nome causou era impossível de não sentir, Sirius ajustou a coluna no mesmo instante.

- O que tem Harry? – perguntou Dumbledore.

- Harrison – corrigiu Sirius imediatamente.

- Como? – perguntou o senhor bem surpreso.

Todos estavam, na verdade. Sirius, provavelmente, não segurou a acidez na hora de falar e dificilmente alguém corrigia tão diretamente o diretor.

O ponto é que não fazia a menor questão de segurar essa acidez. Não em sua completude, ao menos. Fechou os olhos apenas por um instante, quando abriu, mesmo com a jaqueta de couro e o cabelo bagunçado, todos sentiram a mudança. Não parecia mais Sirius Black ali, o maroto que usava coisas trouxas e fazia brincadeiras fora de hora, era o Lorde Sirius Orion Black.

- O senhor o chamou de Harry, senhor diretor. Não sei o que aconteceu para que seu nome tenha aparecido nas listas de Hogwarts desta forma, mas o garoto chama-se Harrison, é como prefere, inclusive.

- Entendo... Você e seu afilhado conversaram sobre isso, meu garoto?

Algo passou pelos olhos do Black quando foi chamado de "meu garoto", todos puderam notar, mas a postura continuava a mesma, firme, neutra, fria como mármore.

- Sim. Inclusive, imagino que o tutor dele, de alguma forma, deve ter tentado entrar em contato com o senhor para pedir a mudança – Sirius não tinha ideia disso, mas conseguia imaginar Lakroff mandando uma carta para Dumbledore nesse sentido, ou o próprio Harrison.

- Na verdade, recebi algo sim... – comentou Alvo.

- Está certo então, imagino que sairemos dessa reunião com as listas atualizadas? - questionou em um tom que fez Snape se lembrar de Luciu Malfoy intimidando alguém de menor cargo que ele.

- Bem, eu ainda estava verificando a veracidade do envelope que recebi, em vista que não há assinatura do responsável ou...

- Posso garantir que é. Agora, professor Snape – chamou no impulso, sem nem saber porque e quase perdeu toda a pose que vinha tentando manter só com um olhar de desprezo do colega. – Imagino que tenha mencionado Harrison por suas capacidades, acha que Neville deveria ter procurado pela ajuda do amigo se estava com dificuldade, agora que estavam no mesmo castelo?

- Exato... – respondeu lentamente. – O senhor Potter ficou um único período com Vicente Crabbe e Gregório Goyle e os dois pontuaram para casa muito mais do que já fizeram antes. Sua poção estava excepcional e Potter apenas indicava direções, nunca deu as respostas. Além disso, sei que vem dando aulas de reforço no barco da Durmstrang, veio ainda ontem me contar sobre o sistema de trabalhos do Instituto, se eu gostaria de receber as redações que ele mandava aos colegas ou se queria que trabalhasse qualquer coisa em especifico com eles. Mesmo que estejam apenas turmas de quinto ano em diante aqui, aposto que Potter arrumaria tempo para ajudar em uma simples redação se Longbottom tivesse se dado ao trabalho de pedir.

- O senhor Potter dá redações aos seus colegas? – perguntou Sibila.

- Pelo que ele me explicou, ficou claro que dá aulas. Não é apenas reforço, se o professor da matéria explicar a Potter o que deseja de seus alunos, o garoto praticamente estará dando uma aula a mais na sua grade, como se te substituísse um dia na semana. Me perguntou se eu queria que melhorasse o desempenho dos alunos ajudando a fazer suas redações, se preferia que trabalhasse o assunto por outro víeis, se queria que desse mais prática ou teoria, até questionou se eu preferia um relatório semanal, mensal, bimestral ou trimestral dos alunos e dos planos de aula dele por escrito, também se era irrelevante desde que apresentasse resultados.

- Como é? – surpreendeu-se McGonagal. – Mas ele não veio falar nada disso comigo...

- Eu ia deixar isso para o final da reunião, mas já que o assunto foi tomado... – começou o professor Flitwick. – Ele também veio falar comigo. Perguntou se eu não poderia estender o debate para uma reunião de professores, se nós tivéssemos uma. Ele me explicou que estava sem tempo com tudo para falar individualmente a todos nós, que aqueles que pudessem, ele pedia encarecidamente que fizessem um relatório escrito e mandassem por algum aluno para que soubesse como planejar suas aulas e as do conselho. Basicamente é como Severo disse, Potter é uma espécie de professor geral do Instituto, mas não sozinho. Os reforços são divididos junto com os outros membros do Conselho Estudantil. Cada um tem cerca de duas matérias durante a semana a noite, e também há as aulas de sábado a tarde, como o vice-diretor deles nos informou antes, onde fazem estudos compartilhados de temas que decidem de acordo com suas vontades. Além dos debates e outros eventos puramente acadêmicos organizados por eles de acordo com os pedidos dos colegas.

"Focando nas aulas, Potter me deu o exemplo de Feitiços. O reforço é oferecido dois dias na semana, sem diferenciação de idade, os alunos se reúnem com Potter, a senhorita Natasha Chicha Sidorov e Rusev Spasova, os dois homens cuidam da prática, dividindo os alunos em duplas ou grupos, onde os mais velhos ajudam os mais novos, e Potter e Spasova chamam os mais velhos um a um para treinarem com eles individualmente. Potter oferece explicações em voz alta, aprimora feitiços daqueles que já sabem e ensina os que não os conhecem. A senhorita Sidorov fica nas mesas ajudando nas redações e observando, se alguém comete um erro na prática ela avisa Potter para que vá ajudar. Ela também é quem aponta quem deve ou não apresentar um trabalho extra e é a principal responsável por notar e evitar acidentes, aparentemente é boa com magias de área e de proteção, então mantê-la atenta a todos os alunos é o que permite aos outros trabalhar concentrados e despreocupados. A dinâmica muda totalmente para cada aula e Harrison veio me perguntar se eu queria que mantivesse assim. Avisou que, se desejasse ler os trabalhos feitos pelo instituto, seria com a senhorita Natasha, ela era a responsável pela matéria, ele era apenas o apoio. Tenho, inclusive, uma lista dos membros do conselho, quais matérias cada um é responsável, quais são os "professores assistentes" e como funcionavam antes. O senhor Potter me deu cópias para todos desse relatório ainda ontem.

- É bem extenso, o menino não deixa uma ponta solta, sem dúvida – encerrou retirando uma pilha de papeis de uma algibeira e entregando aos colegas.

Sirius arregalou os olhos para as oitenta páginas que recebera.

- Ele fez isso aqui em Hogwarts?! – questionou Séptima Vector incrédula.

- Ele deve ter feito antes de vir para cá – murmurou Dumbledore enquanto esperava uma cópia chegar até ele.

- Alvo – chamou Minerva. – Não seria possível, são anotações também sobre nossas aulas.

- Como?

- Tem planos de aula aqui – murmurou Aurora Sinistra (professora de astronomia, para quem não lembra). – "Segue-se os dois últimos planos utilizados no instituto e cinco novos baseados nas minhas observações de Hogwarts, para que escolha o melhor e seguirei com ele após aprovação". Isso tudo é... absurdo!

- São oitenta páginas – sussurrou Sirius. – Não é a toa que ele vive cercado de papel... Ele vive? – Murmurou enquanto corria os olhos até achar seu próprio nome.

Havia observações da aula de Sirius, o que achou que era "seu foco como professor", como a interação de Sirius e Hagrid ajudava em alguns pontos mais intrínsecos da aula, relatório sobre como era o professor da Durmstrang e como as diferenças poderiam afetar seus colegas estrangeiros. Rusev era o responsável pelo reforço de trato das criaturas, então haviam relatórios sobre ele, suas capacidades e projetos de aula que podiam ser utilizados pelo Luft que juntassem o que já estava acostumado com o que Hogwarts exigia, por fim uma extensa lista de matérias para serem assinalados de quais Sirius e Rúbeo gostariam que seus alunos tivessem contato no reforço.

- O mais impressionante, se querem minha opinião – continuou o meio duende, chefe da corvinal. – É que ele fez tudo isso sendo um dos alunos que mais tem matérias, ajudando a adaptar o currículo do Instituto ao nosso para as eletivas, das quais ele participa de todas, e ainda nos entregou isso – comentou retirando mais folhas de sua algibeira. – Isso são trabalhos que ele deu essa semana, testes de capacidade, para que pudéssemos entender melhor sobre os limites de nossos novos alunos. Já estão todos corrigido e com anotação, por exemplo... – ele pegou uma das folhas e leu em voz alta. – "Como podem ver aqui, Luka Dimitrika possuí muitos problemas com interpretação, ele não parece entender com facilidade as coisas, mas tem uma ótima memória, se tratando de lembrar fatos históricos ou em qual adubo correto para determinada erva, você terá alguém capaz. Ele se move no automático, portanto, sabe seguir regras e não pensar mais a fundo, para isso é preciso força-lo". – Leu em voz alta. – Esse teste também foi dado essa semana, perguntei a um dos alunos, ele entregou na terça-feira. Quer dizer que ele corrigiu em menos de três dias inteiros cerca de duzentos e cinquenta trabalhos, talvez mais, e mesmo que não sozinho, ainda é impressionante. Há uma redação nesse teste.

- Ele não dorme, não é possível – ralhou Moody.

Todos os outros estavam calados, impressionados demais com o quão longe Harry Potter ia pela educação de sua escola. O próprio Instituto era impressionante, se os alunos estavam tão dispostos a aulas extras ou mesmo realizar testes inteiros que deviam ser facultativos. Era assustador. Sirius ainda viu, já que seu relatório continuava aberto, que haviam observações de como ajudar os sétimos anos a chegar no melhor resultado de seus N.I.E.M.s.

Precisava falar com Lakroff, Harrison não estava se sobrecarregando com tudo isso?

- Realmente um garoto admirável – comentou Dumbledore baixinho, mas todos puderam ouvir. – É um tanto preocupante, também.

- Preocupante? – questionou Sirius.

- Bem, não é à toa que seus colegas o respeitem tanto, fica claro que se dedica por todos de formas que a maioria não chegaria perto de alcançar. Dificilmente eu diria que Harry Potter tenha menos influência no instituto que os próprios professores.

- Harrison – murmurou Sirius. – Mas não entendi o que é preocupante.

- Eu dou todos os créditos ao garoto Harrison – disse olhando para o Black, depois para os demais colegas. – Mas fico preocupado com sua influência aqui em Hogwarts.

- Que quer dizer com isso?

- Bem, vocês viram o que aconteceu na última, o garoto fez os alunos realmente conversarem, e vocês professores brigarem, sobre magia das trevas.

O animago cachorro ficou tão confuso com a linha de raciocínio do outro que preferiu ficar quieto e observar.

- Alvo, seja mais claro – resmungou Moody irritadiço.

- Todos aqui concordamos que as artes das trevas devem ser tratadas com máxima cautela, sim? - A maioria concordou. – Pois bem, o fato inegável de que Harry – Sirius quase sentiu sua cabeça doer. – é alguém a se dar atenção faz com que nossos alunos escutem suas opiniões e o menino, infelizmente, apoia o uso de artes sombrias. Suas palavras podem colocar ideias erradas na cabeça de nossos alunos.

- Ideias erradas? – questionou Snape.

- Como vir a praticar a magia das trevas. Vejam bem, sabemos como isso é prejudicial, sem contar que vai contra nossas leis, nossos alunos não tem as instruções certas e corremos o perigo dos mais ousados quererem testar limites escondidos. Mesmo que nenhum de nós tenha gostado de ouvir, a verdade é que um de nossos fundadores defendeu sim a pratica de artes sombrias e escondido, independente da casa de cada um, é uma realidade que pode acontecer e já seria preocupante que fizessem a coisa na nossa frente, mas eles não podem, não poderão nem pedir nossa ajuda, pois sabem que estarão cometendo um crime. A partir de hoje teremos que ficar totalmente atentos com a possibilidade assustadora de que nossos alunos estão se escondendo para fazer algo que pode prejudicar para sempre até a sua sanidade. Temos que pensar em como barrar essa situação o quanto antes.

- Isso não faz muito sentido – murmurou Sirius.

- Como? – questionou Dumbledore parecendo realmente em choque que o outro dissesse isso.

- Quer dizer, por que raios eles fariam a coisa sozinhos? O castelo está cheio de bruxos das trevas capazes de ensiná-los e agora eles têm a matéria de Oclumância para proteger sua mente, mesmo que tentem algo.

- O que quer dizer, professor? – perguntou a professora de estudo dos trouxas, que Sirius tinha dificuldades para lembrar o nome.

- O que eu quero dizer é que, se Durmstrang está aqui não devíamos ver como uma desvantagem por aproximar muito algo proibidos dos alunos, mas uma vantagem para impedir que aqueles que já fazem coisas proibidas não se machuquem, nem levem ninguém com eles.

- Como assim?

- Katharina, por exemplo, parece uma ótima professora, não é tão difícil ver os sinais de uso de magia das trevas, eu sempre consegui sentir só de chegar perto de uma pessoa, no Japão o uniforme até troca de cor por causa disso, não é tão complexo para quem tem sensibilidade mágica. Dito isso, Katharina sabe que é contra a lei aqui na Grã-Bretanha, todos os professores lá sabem, acham que eles não vão sentir se alguém, que sempre teve total e único contato com magia da luz, comece a usar das trevas? Eles vão! Agora, me parece que temos duas opções. Ou continuamos como estamos e corremos o risco de mais brigas, afinal se os tratarem como inimigos eles farão pior, são bruxos das trevas apesar de tudo, não serão pacientes conosco...

- Não foram eles que disseram que é uma questão de controle emocional? – perguntou Hagrid de forma bem infantil, na opinião de Sirius. O homem realmente tinha o dobro de sua idade?

- Sim, é, mas lembrem-se: eles controlam essas emoções para que se tornem poder e assim eles possam usar contra o que os aflige.

-Você só está provando que temos razão em querer distância de coisas assim e de nossos alunos - comentou a mesma professora de antes.

- Estou me expressando mal! O que quero dizer é que bruxos das trevas escolheram que não precisam se reprimir a vida inteira para se encaixar num padrão, mas sim usar sua magia para proteger suas vontades. É complexa? Muito! Perigosa? Sem dúvidas! Mais importante: é proibida. Contra a lei. Apoiando ou não, você não pode usá-la aqui no nosso território. Dito isso, quando um aluno nosso usar o que vamos fazer? E não estou dizendo que isso é influência do Instituto, estou dizendo que é influência que vem desde a guerra.

- Desde a guerra, meu garoto?

- Dumbledore, sabemos que muitos pais por aí se livraram da cadeia por muito pouco, acha que eles pararam de usar artes das trevas? Claro que não. Uma criança que cresce com os pais usando vai achar errado fazer o mesmo? Nunca. Nem que todas as leis do mundo digam o contrário. Dito isso, de novo, temos duas opções. Na primeira, onde ficamos em pé de guerra com Durmstrang e proibamos eles de falarem sobre o tema, uma vez que seria possível, além de magia experimental nenhuma tem qualquer coisa no currículo sobre, o que eu vejo é o seguinte: eles ficarão bravos conosco por sermos estúpidos as suas tradições, os alunos que já praticam, por causa dos pais coisas pequenas, irão procura-los e eles não vão denunciar, pelo contrário vão ajudar, recomendarão alunos para conversar, livros para ler, lugares para treinar, porque eles sabem que está tudo bem, porque eles vieram preparados caso isso acontecesse. Bem mais que nós, aparentemente.

- Preparados para o que? Não entendi... – ralhou Moody.

- Para ajudar os alunos quando nós virássemos ignorantes. É como Jaminke disse, não adianta proibir, farão escondido e fazer magia escura escondido é a fórmula para o desastre. Dito isso, eles devem ter imaginado desde o princípio... Julgo até que... Tenha sido ideia de Mitrica... – disse pausadamente, pensando na possibilidade do vidente ter realmente planejado a coisa toda e ficou meio impressionado se fosse o caso. Muitas peças se encaixavam: – Imaginado que reagiríamos mal a algumas coisas e que poderíamos, como resposta, fazer coisas como reiterar a proibição dessas magias, aumentar a vigilância, punições pelo uso, até pedir a eles para fazerem coisas que ajudassem nisso, e o que causaria o cenário onde todos os curiosos, até aqueles que nunca fariam isso antes, posso supor de exemplo até Fred e George Weasley, iriam atrás do máximo que conseguissem sobre as artes da trevas unicamente porque estamos proibindo tanto. Seria horrível e eles sabem que poderia acontecer, então o que fizeram? Trouxeram para nossa escola todas as aulas que podem impedir que alunos se machuquem e, talvez até seus melhores e mais capacitados professores deles, para sentir os sinais negativos e ajudar.

"Vocês viram quantos alunos nossos se inscreveram para a aula de Oclumancia? Quer dizer, não vamos ter o problema da sanidade dos alunos, porque não há livros perigosos o suficiente na escola, e se há, é só tirar apenas esses e de forma discreta, só os essencialmente nocivos, o resto deixe, para sanar a curiosidade. Controle de danos, não proibição, apenas até o fim do torneio. Além da Oclumancia, que já é a maior arma para garantir a estabilidade básica para o uso das trevas, há ainda: Magia marcial, que ajuda a liberar endorfina e acalmar a mente, além fortalecer o corpo, todas juntas diminuem o estresse e auxiliam no controle da raiva (o próprio Sirius vinha praticando exercícios para sentir a vantagem desses efeitos), uma das emoções mais complicadas para as artes das trevas; línguas antigas impede que um aluno idiota faça algo perigoso por não saber ler os avisos de um livro e Feitiços Experimentais, por fim, se tornam nossa maior arma, principalmente com a palestra de Harrison.

- Como assim? – questionou Snape.

- Hora, agora todos os alunos sabem como funciona magia obscura, sabem que ela é emocional, instável e sabem como ela te afeta. No instante que usarem o primeiro feitiço sombrio, na mesma hora, já que não tem costume ou contato algum com a coisa, vão perceber a diferença, vão entender como os afetou, isso os fará pensar com cautela. Em outra situação eles teriam medo de contar a alguém e se esconderiam com isso, a curiosidade os faria repetir e continuariam assim até chegar num ponto que já estavam instáveis e talvez insanos. Mas agora tudo pode ser bem mais fácil, é só lidarmos junto com os especialistas e os alunos terão a quem recorrer. Colegas em que confiam e professores mais abertos. Podemos sim, explicar melhor aos alunos de porque achamos tão errado a prática aqui na Grã-Bretanha, o histórico de problemas que isso causa e lembra-los sempre que se não conseguem notas perfeitas em oclumancia, já mostra que teriam dificuldades e poderiam se machucar ou a alguém com a prática dessas magias. Mas não deveríamos fazer nada além disso que não com os professores do Instituto que já sabem ligar com tudo isso e aqui, perfeitamente próximos para ajudar.

"Como nossos aliados, oclumancia por exemplo, desde que ninguém pratique nada tão fora da casinha, mesmo que façam uns trinta feitiços até o próximo ano não os afetaria em nada, teria que ir muito mais fundo que isso, no máximo ficarão mais hormonais e birrentos, mas são adolescentes, o que poderíamos esperar? Agora, para Katherine, o primeiro e mais simples feitiço bastará, ela saberá que foi feito algo e se estiver conosco pode nos contar, se confiar na gente ela virá aqui e nos auxiliará com um plano para resolver o problema porque eles entendem que são as nossas leis e não querem mudar isso, querem apenas dar as suas aulas em paz. Ensinar. Todos eles, cada aula, podemos trabalhar juntos para impedir os alunos de ir longe demais, perceber sinais que eles veem todos os dias, ou podemos continuar brigando.

- Parece ilógico ter toda essa discussão porque se estamos com medo por nossos alunos, acham que os estrangeiros não estão? Vocês viram os planos de aulas dele, perceberam como foram cuidadosos com o tema até os questionarmos, mas além dos nossos, eles já passam a vida preocupados com os deles. Eles sabem como tentar tornar a coisa saudável, e mesmo que não seja nosso objetivo: eles com certeza são os que mais sabem aqui como afastar um aluno do perigo, porque já devem ter tido sua cota de alunos que foram muito longe, ou tentaram e foram impedidos. Eu mesmo só me lembro de um que os fez chegar ao ponto da expulsão, mas de resto nunca ouvi nada além de pessoas que se formaram na Durmstrang, o que mostra, de um jeito ou de outro, que conseguem ensinar seus alunos a ficarem seguros mesmo com o contato constante com magia das trevas.

- Aluno expulso? Houve um aluno expulso do Instituto? – questionou Hagrid.

- Gellert Grindelwald.

E todos olharam para Dumbledore em reação ao nome.

Sirius percebeu que não era como Voldemort, ninguém tremia ou gritava, mas dizer o nome do Lorde das Trevas que quase dominou a Europa e boa parte do mundo, criou um silêncio sepulcral e incômodo.

Era como um mau agouro, uma força por si só, lembrar dele tinha seu poder.

Mas o rosto que veio na mente de Black foi o do sorridente Lakroff e das poucas cenas que teve dele ensinando coisas a Harrison. Não temeu o nome Grindelwald. Apenas sentiu sua pressão externa.

Após longos segundos de todos tão quietos e receosos, como se um predador os tivesse caçando e o som o atrairia, Dumbledore enfim suspirou:

- Eu concordo que seja melhor não brigar com os outros professores. Mas Sirius, meu garoto, você se ouviu?

- Como?

- Você mesmo mostrou como a arte das trevas deixa as pessoas instáveis, sugeriu que o Instituto pode agir de forma impulsiva em relação a nossa forma de nos proteger. Estamos falando de coisas que são contra a lei! Entendo que está preocupado com o aluno que quebre as regras e como ele poderia não sair ferido da história, mas se formos analisar de forma crítica, teríamos que denunciá-los legalmente.

- Denunciá-los Dumbledore? – perguntou Minerva, parecendo tão incrédula quanto o próprio Sirius.

- Vejam bem, o que estaríamos ensinando nossos alunos do contrário? Que suas ações não tem consequências? Que não sabemos puni-los de forma adequadamente severa? Que não sabemos fazer com que entendam o peso de suas atitudes? Que estamos incentivando sua impulsividade e impedindo que amadureçam? É uma linha muito tênue entre ajudar um aluno porque achamos que ele merece o benefício da dúvida, mesmo com a família que tem e que o influenciou a ser assim, ou agir de acordo com a lei e prendê-lo por descumpri-la, no final, seremos os errados por permitir que falhem...

Sirius, no começo, não quis acreditar, depois foi impossível negar e dali em diante ele quis estourar e bater em Dumbledore.

Alvo tinha escutado sua conversa com Snape.

De alguma forma ele escutara a parte em que Black dizia não ter aprendido a lição por causa da ajuda do diretor e estava usando isso contra ele agora?!

Isso era... ridículo! A situação era a mesma? Não tinha certeza. Dumbledore estava apenas lhe dando uma chance? Viu que ele não queria matar Severo e não merecia ir preso por isso? Mas então ele estava dizendo que as coisas tinham o mesmo peso? Curiosidade sobre magia e mandar um garoto na direção de um lobisomem na lua cheia por impulso?

Ou estava o jogando na categoria de Black, alguém que inegavelmente faria isso por excesso de exposição a magias sombrias e Dumbledore apenas quis perdoar o deslize?

Snape, por outro lado, achou o comentário baixo. Ele sabia que Alvo não estava no corredor quando ele e Black conversaram, o que queria dizer que propositalmente descobriu aquela informação. Possivelmente com os quadros (aqueles fofoqueiros). Não só isso, o diretor decidiu usar as inseguranças de uma pessoa contra ela para que parasse de apoiar uma causa que era contra. Baixo. Nada que ele mesmo não faria, mas ainda sim...

Dali em diante Sirius se recusou a falar qualquer coisa e pegou poucas frases de um diálogo para o outro.

"Magia negra vicia" foi a última que tentou responder.

- Cigarro também e tudo que fazemos é explicar que é prejudicial, quais os efeitos e deixar que os alunos tomem sua decisão. Entendemos que, no fim, eles conseguem comprar de qualquer jeito, sabem onde e possuem os recursos para conseguir. Mata da mesma forma também, lentamente e por dentro. Não tivemos uma reunião sobre cigarros, imagino?

Moody riu. Mas o som pareceu de algum animal grasnando.

- Sirius, você fumava não é mesmo? Recuperou o vício depois de tantos anos preso ou conseguiu se libertar disso? – questionou Alvo.

O Black não entendeu o porquê daquela pergunta, mas se sentiu atacado mesmo assim:

- Eu parei, não queria dar o exemplo aos alunos.

- Parou com magia das trevas também, mesmo que sua família apoiasse. Dito isso, se livrou de dois vícios prejudiciais e apenas estudando aqui, com professores como esses, é a prova de que podemos ajudar nossos alunos a serem melhores que isso.

"Melhor que isso o que?! Artes das trevas? Você também já as fez!" quis responder, mas estava se sentindo pesado e desistiu.

Não disse nada quando Alvo acrescentou sobre como alguns feitiços mais simples causavam emoções complexas que confundiam os sentidos e podiam fazer os alunos cometerem erros sendo tão jovens, pois era um exagero, isso só acontecia com despreparo total e, de novo, haviam recursos naquele ano para isso! 

Igualmente manteve-se em seu canto quando outros dos comentários do diretor deixaram claro que ele sabia demais sobre a coisa e a temia.

Sirius tentou. Tentou de verdade olhar pelo lado dele.

Um homem que pegou a magia das trevas quando já era quase um adulto, possivelmente perdeu para ela, afinal magia era quase consciente e se ela estava viciada, você não conseguia pensar direito, te drogava mesmo, a pessoa tem que ir mais longe e mais fundo, pois ela está pedindo e é mais forte que você, era assim que os Black enlouqueciam, mas de novo:

Bastava controle mental.

Lakroff era obviamente um bruxo das trevas talentoso e lembrava Lilian em sua simpatia em muitos pontos.

Estava sempre calmo, sorrindo e de braços abertos para as pessoas.

Realmente o viu abraçar uma aluna no dia anterior que veio lhe contar, aos pulos de felicidade, que havia conseguido um estágio na área que queria quando se formasse e "queria agradecer ao meu professor preferido".

Dumbledore obviamente tinha medo de que um aluno fosse muito longe e cometesse os mesmos erros que ele: quase ajudar um Lorde das Trevas (ao menos foi sua interpretação dos fatos), talvez se julgasse tão poderoso (as pessoas o diziam isso todo dia, não era de se estranhar que começasse a concordar) que se ele próprio falhara contra a coisa, outros fariam o mesmo e decairiam mais e mais. Só que aquilo tudo pareceu tão irreal, todos estavam parecendo tão ignorantes que...

Ficou triste e quieto.

Se questionou por quantos anos ele ouvira aquelas coisas sem dizer uma única palavra, sem perceber como estavam enganados...

Então se lembrou.

Ele não dizia nada, nem ouvia nada sobre isso, pois era uma guerra, ninguém estava dizendo o porquê as artes das trevas serem erradas, estavam dizendo que as atitudes dos bruxos sombrios eram.

Prestou certa atenção quando Minerva defendeu os alunos da Dursmtrang dizendo que, diferente do que lhes foi avisado, eles não tinham problemas em interagir mesmo sendo de casas rivais.

Era mentira, mas Sirius não a corrigiria apenas para causar mais discordia.

A verdade é que os alunos da Durmstrang só eram muito bons em esconder a coisa.

Sirius percebeu, certa vez, que um havia jogado uma maldição em outro durante a aula, mas não viu quando ou quem, apenas percebeu os efeitos da coisa, então partiu para ajudar. Quando questionou, o garoto que fora a vítima mentiu o tempo todo, não aceitou dedurar colega nenhum e desfez o feitiço enquanto falava com Sirius, dizendo que era impressão sua.

Eles se atacavam sim. E muito. Mas nunca deixavam os professores descobrirem. Por isso Lakroff disse que colocavam os Feuer e Lands, por exemplo, só em aulas de professores capazes. Não era para apaziguar uma briga, ou coisa parecida, não era explícito como em Hogwarts. Era para notar eles se matando em silêncio e pelas costas.

Percebeu, também, que havia algo que sempre acabava com o problema, independente de qual. A solução foi muito usada durante a semana em suas aulas quando o atacado não se virava sozinho ia logo falando alto: "Vou falar com a corte hoje" e de repente estava resolvido. Se antes tinha uma maldição em si, ela caia, se um objeto tinha sumido, reaparecia, se estava com dificuldade de pegar a ração porque ela havia ganhado o dobro do peso por magia, de repente estava leve como uma pena.

A corte.

Seu afilhado era "alteza", não tinha como não ter escutado isso ao menos uma vez durante a semana, então só podia imaginar que "a corte" devia ser o conselho estudantil.

- Vou falar com o Harry também – Sirius escutou Dumbledore falar, mas estava frustrado demais para corrigir, apenas o encarou muito confuso.

Sirius, entretanto, teve uma agradável supressa pois ouviu dizerem:

- Creio que Black deixou claro que a criança prefere ser chamada de Harrison.

Foi Snape.

Naquele seu tom grave, baixo e de quem detestava a vida.

Mas Black quase sentiu-se eufórico com esse som, encarou Severo que apenas o ignorou, mas estava satisfeito demais para se importar.

- Para que falar com o garoto? – questionou Moody.

- Seus colegas o respeitam, até os de Hogwarts. Se o fizermos ver com clareza o problema, ele pode nos ajudar.

- Problema? – murmurou Sirius.

- Em que sentido? – continuou Moody.

- Bem, suas palavras tem força, todos o escutam, se ele os lembrar das leis, dos perigos...

- Mas Alvo, o menino estuda magia das trevas, se o quer usar de exemplo seria muito complicado – comentou Minerva.

- Sirius – chamou Dumbledore. – Já que teve uma conversa com seu afilhado, talvez saiba nos dizer o porquê de o menino ter decidido estudar na Durmstrang e praticar magias das quais seus pais eram contra...

Sirius quase deu uma resposta infantil aquilo. Algo como: Lily era tão contra as artes das trevas quanto você um dia foi quando o nome Grindelwald estava no meio.

Ou talvez: James já o teria mandado ir pastar por chegar perto de questionar seu filho.

James detestava ser questionado.

No fim, ele sempre criava as próprias regras e leis, passava por cima dos outros se quisessem que agisse de forma contrária, tão forte quanto um Nundu raivoso. Não se pode chegar perto de um lobisomem? James diria: Me impeça! Não se pode ser um animago ilegal? "Não é ilegal se não me pegarem". Não se pode andar pelos corredores a noite? Me enxerga primeiro antes de denunciar. Não se deve fazer magia experimental sem auxilio? Olhe só, um mapa que rastreia e registra a assinatura mágica de todas as pessoas em uma área de quilômetros de um castelo magicamente protegido, mantendo todos sob constante vigilância para que pudesse fazer o que quisesse sem ser notado.

Você nunca conquistará Lilian Potter?

Casou-se com ela e teve um filho.

James era, em essência, o que queria ser. Independente dos outros.

Bruxo da luz? Sim, mas...

Parando para pensar, o que o fez escolher isso foi apenas seu senso de sacrifício, não é? Um lado subjugava os fracos e o outros os defendia. James ficou do lado que defendia.

Mas era o homem na ordem da fênix com mais contagem de mortos.

Um dos únicos que Voldemort considerou para seu lado, mesmo que fosse "traidor de sangue" e tivesse casado com "uma nascida trouxa".

Voldemort teria sido mais insistente se soubesse que Lilian era uma mestiça?

Ele até a considerou, imagine se soubesse que se encaixava no seu grupinho?

E James...

Sirius questionou Harrison (ou foi Remus, já nem se lembrava agora) sobre de onde o garoto tirara o absurdo que James e Lilian treinaram artes das trevas, afinal duvidava disso principalmente por nunca ter sentido diferença alguma na magia do seu irmão de consideração. Em todas as reuniões da ordem parecia o mesmo.

Só agora notou a falha gigantesca de seu pensamento.

Só agora percebeu que: como seria possível não notar nada se James não hesitava em usar uma das magias sombrias mais fortes: Avada Kedavra.

Do instante que Alastor contou a ordem que os aurores estavam liberados para usar as imperdoáveis e que eles o fariam, mesmo com Dumbledore dizendo que não deviam se rebaixar ao nível, James também adotou a política liberal e não houve uma luta em que ele participasse que ao menos um comensal não caísse.

Sirius sentia em Fleamont magia das trevas. Bem lá no fundo, escondido, abandonado, quase nada. Sabia que o homem teve sua cota de feitiços obscuros, mas havia se afastado da coisa. Talvez durante a juventude, quando viajou o mundo para melhorar a poção que os enriqueceu mais?

Mas Black não sentiu em James...

Justamente aquele que os poucos informantes que tinham, sempre diziam que Voldemort tinha marcado: se vir, matar. Perigoso demais. Apenas o círculo interno tinha chances contra o Potter, só eles lhe trocavam palavras, lhe contavam que podia ir para o outro lado, mas apenas porque eram os únicos que sobreviviam por tempo suficiente para tanto.

James nunca respondia.

E Sirius nunca sentiu qualquer mudança na magia dele.

Justamente daquele que, logo no primeiro dia que se conheceram disse:

"Sua família pratica artes das trevas, não é? Me ensinaria alguma coisa?" e depois riu, dizendo que era brincadeira.

Mas olhando para trás agora não parecia mais.

Nem foi a primeira vez que o Potter brincou com algo assim.

James... era um Black. Não importava muito quantas voltas "o sangue deu" até chegar nele como Potter, a própria mãe dividia esse DNA sombrio.

Além que tinha aquele olhar. Aquele sorriso de quem com nada se preocupa e sempre se diverte, mas as vezes... Parecia como se o sorriso torto...

Estivesse torto demais.

Para o lado errado e pelos motivos errados.

- Sirius? – chamou Dumbledore e só então o Black percebeu que estava divagando.

- Desculpe, é que eu assinei um contrato mágico e estava analisando até onde poderia revelar... – desconversou.

- Você assinou um contrato mágico? – questionou Minerva.

- Sim.

- Por quê?

- O tutor de Harrison prefere garantir que as coisas continuem seguras.

- Conheceu o tutor do menino? – perguntou Dumbledore parecendo bem interessado.

- Não sei, não posso dizer que sim ou não. Apenas que ele tem razão, manter-se cauteloso protegeu o menino por todos esses anos, não julgo que continue com a técnica.

- Mas você é padrinho dele! – exclamou Hagrid.

- Eu fui escolhido para isso por James, não por Harrison. Ele já é grande o bastante para escolher em quem quer depositar sua confiança e se ele escolheu seu tutor, entendo totalmente. Foi quem o criou. Acredito que essa também seja a resposta para sua pergunta Alvo. Harrison escolheu a Durmstrang porque era o antigo lar de seu tutor e isso lhe valia mais que estudar na antiga escola dos pais que não conheceu.

- Mas...

- Entenda, o garoto está muito feliz de estar aqui esse ano e aprender mais sobre James e Lily, mas vê a dor de cabeça que já teve de passar logo nos primeiros dias por causa de sua fama? Na Durmstrang ele evitou comparações desnecessárias como as que tivemos no Halloween. Eu mesmo o comparo as vezes, entendo que é inevitável, mas também devia parar com isso, pois Harrison é ele, um indivíduo próprio formado por suas experiências e não nas de seus pais.

- Não acha que Lily e James ficariam chateados dele praticar artes das trevas? – questionou Hagrid. - Consegue ignorar isso?

- Acho que eles ficariam mais chateados se soubessem que você, Alvo e Minerva pegaram seu filho e colocaram do lado de fora de uma porta, a noite e em pleno outono, com apenas uma carta e foram embora sem nem falar com a irmã de Lily, uma trouxa que se mostrava abertamente odiosa a família Potter e a magia no geral.

Todos arregalaram os olhos para aquilo.

Sirius, entretanto, continuou:

- Eu não vejo porque Harrison tem que estar envolvido nessa conversa, mas acho que ele já demonstrou o quão cruel é ficar colocando o peso do passado em suas costas. Se ele quisesse estudar em Mahoutokoro no Japão assim seria, o tutor o teria levado lá, aprendido japonês e arrumado um emprego no país, a escolha foi de Harrison e continua sendo até hoje. O tutor sempre o apoia. Não acho que devemos entrar nesse mérito, tudo que tenho a dizer é o mesmo que disse antes: podemos parar de brigar com a magia de Durmstrang e nos unirmos, pois será o melhor para os alunos. Quer falar com Harrison? Fale, mas não venha depois reclamar das respostas que vai receber, nem o chamar de instável por causa da magia sombria que nem de longe será o real motivo, sim que ficará bravo de você questioná-lo, Alvo, quando podia ter feito isso anos atrás na época que era Guardião Mágico dele e nunca foi verificar sua saúde, ao ponto de nem notar... – mas parou, quando sentiu uma pontada na cabeça e uma rigidez pesada no corpo.

- Nem notar? – questionou Moody.

- Não posso dizer. O contrato. Mas Alvo sabe o que eu ia dizer, afinal o próprio Ministério descobriu como a história dos tios de Harrison acabou. Agora, diretor, você não pode convenientemente se fazer de ignorante a isso tudo e ir falar com o menino, mas vai ofendê-lo e ao seu tutor.

-Ofendê-lo? – questionou Snape.

- Você conhecia Lilian, talvez conhecesse a irmã também. A megera, junto com seu marido horroroso, não fez a menor questão de cuidar de Harrison. Pelo contrário, contaram que seus pais morreram em um acidente de carro e proibiram a palavra magia.

- Acidente de carro?! - alarmou-se Hagrig.

- Pior ainda, quando fazia magia acidental diziam que era culpa dele, mas sem nem explicarem o que era ser um bruxo. Então era punido simplesmente por coisas estranhas que lhe aconteciam, sem saber o motivo disso.

- Punido?! – questionaram vários dos professores.

- Não posso falar mais. O contrato.

- Alvo! – chamou Minerva, horrorizada. – Você sabia disso?

- Claro que não. Sirius, meu filho, eu fui mais de uma vez conversar com os tios de Harry...

- Harrison – corrigiram Sirius e Snape juntos, surpreendendo a todos.

- Eles sempre falavam bem do menino e...

- Mas não foi falar com o próprio Harrison, foi? – interrompeu Sirius. – Pois bem, agora que ele tem idade, já disse que pode ir ter uma conversa, mas lembre-se que o menino não tem contrato nenhum que o impeça de gritar como foi errado confiar unicamente na palavra de trouxas que detestavam abertamente magia e não lhe dar uma única olhada em toda a vida!

- Sirius... – chamou o professor Flitwick – você está sugerindo que...

- Eu não estou sugerindo nada além de que, em uma semana de contato com Harrison, sei que meu afilhado tem ao menos duas coisas em comum com seu pai, a principal delas é que, bruxo da luz ou das trevas, vai odiar que uma pessoa a qual tinha a chance de conhece-lo, mas nunca fez qualquer questão, venha falar qualquer coisa sobre suas decisões de vida e não reagirá com a menor paciência a isso. Ele mal gostou que eu apontasse algumas e estava preso, não tinha como vê-lo antes. Você não estava, Dumbledore. Ele vai odiá-lo.

- Eu apenas não queria que o menino crescesse com a pressão que o mundo da magia lhe causaria, que tivesse uma vida normal...

- Normal para quem? Ele é um bruxo, tinha que ter crescido com uma vida bruxa normal, não uma trouxa!

- Você parece até estar insinuando que a vida trouxa não é adequada Sirius - comentou cheio de julgamento, estreitando o olhar. - Não parece você...

- Não coloque palavras na minha boca, estou dizendo que haviam outras opções, outras escolhas.

- Sirius, que opções eu tinha? Eles eram sua última família, você estava preso...

- Preso sem um julgamento, diga-se de passagem, já que ninguém se importou em me dar o benefício da dúvida naquela época. - Moody deu uma tossida, mas Sirius preferiu ignorar. - Sem contar que essa história de que Harrison só tinha os trouxas como família é um absurdo. O garoto é um Black, você tinha uma lista bem grande de opções se pegasse minha arvore genealógica. No mínimo Andrômeda e Ted Tonks, que ficariam muito felizes com ele. Ninfadora, sem dúvidas, o aceitaria como irmão. Mas será que "minha traição" o fez julgar todos os Blacks com maus olhos? Pensei que estivéssemos do lado que diz que sangue não tem qualquer importância, mas sim a integridade individual. 

- Claro que não, meu garoto, isso é... - começou Dumbledore, mas Sirius não queria ouvir.

- Não quero entrar nesse ponto, de toda forma. Em nenhum dos que estamos! Tínhamos que estar debatendo sobre os alunos, não da minha vida, da de Harrison e nem da de ninguém! 

Afinal a história inteira parecia uma piada mal contada. Ninguém havia pensado em fazer um maldito teste de sangue nele depois de tudo? Lakroff apareceria e a única coisa que o tirava da lista de possibilidades era julgar sua família sem conhecê-lo, mesmo que a própria Lily fosse Grindelwald e, portanto, Mitrica tivesse a tal proteção de sangue da qual todos falavam. 

- Alvo... – chamou Minerva e Dumbledore se levantou, parecendo bem cansado.

- Acho... – começou lentamente. – Que todos estamos com os nervos um pouco aflorados e fugimos muito ao tópico. Vamos retomar amanhã...

- Alvo – Moody se pronunciou.

- Alastor, é claro, não estará presente, mas tenho certeza de que um de seus colegas lhe partilharia as informações depois. Pensem em estratégias de como podemos lidar com a situação e vamos tentar manter o foco nos alunos, voltamos a noite, todos de acordo? – com alguns acenos e murmúrios hesitantes Alvo se deu por satisfeito e liberou o grupo. – Sirius, meu garoto... – chamou conforme todos juntavam suas coisas em silêncio.

- Alvo, amanhã, sim? Estou com a cabeça cheia – então saiu. Ninguém esperava maturidade dele mesmo.

Desceu as escadas correndo, virou o corredor e se sentou no chão. Estava com muita dor no corpo e iria o quanto antes conversar com Harrison, pedir desculpas. Não que ele sentisse que o estava traindo e a sua confiança, Lakroff mencionou coisas que podiam sim ser ditas em público e o animago ainda evitou a maioria dos tópicos complexos, mas deve ter passado alguma coisa que nem notou, estava irritado e era irracional assim, sabia disso bem.

Daria sua memória ao afilhado e rezaria pelo seu perdão se tivesse ido longe demais.

Ficou um tempo sentado, os olhos fechados, tentando se acalmar quando ouviu aquela voz de novo, a mesma quantidade de desprezo de sempre:

- Black, no chão?! Ao menos vire logo um cachorro, parecerá menos impróprio! – reclamou Snape.

- Professor Snape... – chamou, se levantando e limpando a roupa com algumas batidas. – Posso lhe trocar algumas palavras?

- Não.

- Mas...

- Eu disse que não queria contato com você, não entendeu? Ódio silencioso e distante! – disse virando-se, a capa balançando dramaticamente atrás de um jeito muito cômico para Sirius, e seguindo pelo corredor.

O animago foi atrás.

Afinal foi o próprio narigudo que disse as primeiras palavras.

- Não me siga! – ordenou Severo irritadiço.

- Desculpe mesmo, professor Snape, mas você é o único que posso perguntar algo assim, porque é o único que não vai dizer que estou louco depois de tantos anos em Azkaban – murmurou, o tom de voz não tinha a menor questão de esconder sua angústia.

O mais baixo parou de andar e encarou o outro muito irritado, avaliando meticulosamente se não estava ficando louco em considerar dar atenção para o sarnento.

Inspirou fundo para se acalmar. Para um espião, tinha um coração muito mole.

Bastou algumas inseguranças de um homem injustiçado para que não o mandasse ao inferno e ignorasse todo seu bom senso?

- Articule, Black! Depois não me perturbe novamente!

- A história das artes das trevas milagrosamente mudou desde que fui preso ou eles sempre foram ignorantes assim e só eu que não estava vendo?

Aquilo surpreendeu um pouco o herdeiro Prince:

- Sempre foram assim – respondeu mantendo a pose de indiferença.

- Mas metade do que disseram é... é...

- Mentira? Boato? Conclusões precipitadas tiradas de informações sem fundamento?

- Dumbledore, ele...

- Sabe bem mais que os outros? Mas não se preocupa em corrigir nada disso porque tem... – mas ficou quieto.

- Muito medo? – Snape concordou com um aceno. – Ele obviamente tem traumas com magia sombria. É o único que sabe verdadeiramente como funciona, mas é o que menos confia na capacidade das pessoas para lutar e resistir contra os impulsos mais nocivos dela.

- E você teve capacidade para notar, parabéns, não é um perfeito idiota.

- Professor Snape, por favor... – gemeu. – Eu realmente não...

- Certo, foi o costume.

- Como eu nunca notei isso antes?

- Não consegue pensar num motivo? – questionou de sobrancelha levantada.

- Consigo...

- Que é?

- Eu não queria ver. Queria que o lado que acredita nessas coisas gostasse de mim, porque do outro eu só tinha minha família e eles me odiavam, então eu odiei de volta.

- É um motivo bem profundo, eu estava pensando apenas que seus amigos te fizeram acreditar nessas coisas e você deixou que a verdade que conhecia desde a infância fosse embora.

- Meus amigos, eles...

Pedro foi para o lado negro.

Lupin era um lobisomem, criaturas que estiveram do lado das trevas e eram consideradas sombrias.

Então James...

"Se eu não terminar esse mapa com os livros dessa biblioteca acho que vou ter que começar a caçar a câmara secreta para testar se Salazar deixou alguns livros por lá. Deve ter deixado, o lugar servia para as aulas de artes das trevas escondidas..." comentou certa vez enquanto estavam na biblioteca ajustando os feitiços do mapa do maroto.

Ou melhor, ele estava, Remus ajudava e os outros ficavam de vigia.

"Não brinque com uma coisa dessas!" Pedro tinha ralhado, parecendo apavorado com a ideia da câmara e da magia "E o monstro?"

"Mais importante, você disse que uma menina morreu da última vez que a câmara foi aberta" lembrou Remus "Não devia brincar com temas assim, nunca".

"E você não conseguiria abrir" lembrou Sirius.

"Eu daria meu jeito" foi a única resposta oferecida por James antes de voltar aos livros.

Vários minutos depois o de óculos ainda acrescentou "Mas e na biblioteca Black?"

"Não!" negou Sirius, firmemente, e o assunto morreu.

O animago cachorro teve uma conversa que fosse sobre magia obscura contra magia da luz com seus amigos? Uma única sequer?

Não conseguia se lembrar.

Mas lembrava deles discutindo a maldade da guerra, a injustiça, como era errado atacar trouxas, desprezar nascidos trouxas, se achar superior a alguém por causa do "seu sangue mais puro" e como podiam ajudar. Fazer sua parte.

Como bons grifinórios que eram, esse foi o pensamento, mas...

Eles estavam lutando pela luz ou pelas pessoas? 

Por aqueles que estavam morrendo ou por questões de tendência mágica?

- Não importam. Meus amigos não importam agora – murmurou por fim, tentando focar em Snape e no presente. – Eu só quero entender o que fazer. Quer dizer, se continuar assim, amanhã vão decidir alguma coisa realmente idiota sobre a questão da Durmstrang e não sei com quem falar sobre isso. Você parece pensar com mais clareza sobre o tema e sei que não me suporta, mas posso pedir seus conselhos mais uma única vez professor Snape? Eu realmente não sei o que...

- Pare.

- Eu juro que tentarei ser suportável e...

- Não sobre isso! – interrompeu, parecendo bem consternado. O de nariz cumprido ficou um tempo em silêncio, encarando Black, depois bufou, revirou os olhos e mordeu a própria boca, incapaz de acreditar no que diria a seguir: - Estou falando sobre a forma como me chama. Pare de me chamar de "professor Snape", faz parecer um aluno. Snape ou Severo, somos colegas eu gostando disso ou não.

Sirius sorriu e o Prince achou aquilo muitíssimo estranho.

- Quer dizer que vai aceitar conversar comigo? Vamos trabalhar juntos?

- Quer dizer que meus sonserinos, com certeza, estão sendo afetados pelo seu afilhado pomposo e, para minha completa infelicidade, você parece ser o único professor capaz de falar a favor de propostas que não os façam entrar em uma enrascada de praticarem coisas escondidos. Não que eu esteja nos separando, mas você sempre foi mais do lado deles, dos que lutam contra as artes sombrias, eles podem te ouvir mais do que a mim, mas apenas se souber como se posicionar sem apenas jogar sua opinião aos ventos. Podemos realmente criar uma proposta que faria até Dumbledore concordar de interação com a Durmstrang, coisa que já teria que ter sido feita, mas Alvo parece sempre deixar as coisas para quando estão na cara dele. Eu sei como falar com ele e você tem mais credibilidade com os outros.

- Então vamos trabalhar juntos! – disse parecendo bem mais satisfeito do que Snape gostaria que estivesse. – Como faremos? Eu realmente não sei, mas talvez conversar com os outros professores, ou avaliar os planos de aula da Durmstrang e os nossos? Bem, eu não fiz um plano, nem Hagrid, mas agora tenho a base do Harrison, posso tentar produzir algo e...

- Você disse que tentaria ser mais suportável – comentou naquele tom lento e julgador quando o começou a falar rápido demais.

- Eu nem fiz nada, só... Onde vai? - questionou no momento que o colega deu as costas para retornar a andar. Sirius foi atrás só depois de imaginar como seria interessante jogar um castiçal na cabeça daquele arrogante.

- Sua falação desenfreada já estava me irritando – murmurou.

- Onde estamos indo agora?

- Estamos?

- Vamos ou não vamos trabalhar juntos?

- Depois, Black. Estou indo para o salão principal. Não vou te suportar ainda de barriga vazia.

-x-x-x-

"Caro padrinho,

Eu e meu tutor estaremos neste fim de semana hospedados em Londres para que terminemos o processo de emancipação e achei oportuno convidar o senhor, uma vez que também está precisando realizar uma visita ao Gringotts, em função de conseguir seu anel de Lorde Black assim como havia me dito que faria. Meu tutor acredita que seja uma boa oportunidade para nos conhecermos um pouco melhor e também estava pensando se o senhor desejará que eu assuma oficialmente como herdeiro Black diante do banco goblin, me tornando seu herdeiro legítimo. Seria uma boa oportunidade igualmente. Já esclarecendo meu ponto em relação ao tema: não vejo nenhuma desvantagem nesse arranjo, mas sei que o senhor ainda é jovem e talvez prefira esperar um possível herdeiro consanguíneo ou talvez um filho adotivo (considerando sua atual relação com Remus Lupin e na possibilidade de ser duradoura). Gostaria que pensasse com calma acerca disto e me desse a resposta o quanto antes, para que possa analisar minhas novas funções e propriedades, se for o caso.

Soube, ainda, que o senhor possui uma antiga moradia da família na capital, poderíamos ficar por lá se estiver em bom estado. Se não, um hotel será suficientemente adequado, mas ainda gostaria de conhecer a residência, uma vez que é a oficial Black e faz parte do legado da minha família. Sei que o senhor não parece muito apegado a questões do tipo, mas eu sou. Além de alguém bem curioso. Se puder me mostrar, seria grato.

Garanto, ainda, que esse convite se estende ao senhor R. J. Lupin, se desejar a companhia dele e vice-versa.

Aguardando resposta,

Harrison J. M. Potter.

PS: O nome da coruja é Edwiges. Ela gosta de ser presenteada com guloseimas pelo ótimo trabalho que sempre faz. E de ser elogiada. É uma ótima amiga e merece ser lembrada disso. Agradeço ser fizer a gentileza de trata-la de acordo, ela ficará à espera de sua resposta".

-x-x-x-

Sirius praticamente quis bufar quando terminou de ler a carta.

Recebera no instante que saiu do chuveiro, a coruja majestosa e branca estava em cima da mesa de escritório, ao lado da porta do banheiro, parecendo quase tão convencida quanto seu dono de que era a mais bela e inteligente entre qualquer uma, e em qualquer lugar que entrasse.

Sua pose e olhar fizeram o Black nem se considerar se vestir com algo melhor que sua toalha entorno da cintura, já foi se sentando para começar a analisar a letra cursiva muito bonita, mas sem grandes floreios. 

Era quase como se Harrison pudesse fazer algo ainda mais belo, mas não visse um bom motivo, então as palavras eram formadas de modo objetivo.

"Malditas aulas de caligrafia Blacks" pensou o animago quando percebeu que estava avaliando demais algo tão pequeno. Como se pudesse mesmo, assim como sua mãe sempre dizia "ler e descobrir mais sobre a pessoa" apenas com como escrevia uma carta.

Certo. A carta. Sirius queria muito ir com Harrison e, sem dúvidas, o queria como herdeiro. Não se importava em ser um Lorde, só o faria pelo contrato que assinou, em prol do anel que protegeria a mente, mas ficava claro que Hazz tinha uma opinião mais favorável ao título. Ele merecia. Faria bom uso dele, sem dúvida.

Ou qualquer uso.

Já seria mais que Sirius, que só se lembrava dele por possuir o irritadiço e insuportável elfo doméstico Monstro, e (muito raramente) pedir algo a ele, como conseguir um shampoo para a casa de Lupin quando se esqueciam de comprar.

Mas... e a reunião no sábado?

Ele e Snape conseguiram mesmo ter uma conversa decente sobre o tema das aulas e agora iria simplesmente não estar lá? Talvez se discutisse o tema com Dumbledore... Moody já estaria indisponível, perder dois professores o faria pensar? Ou podia pegar a rede de Flú a noite e estar ali no castelo na hora?

A rede de flú parecia bem possível, havia na Black Manor uma lareira que podia ligar para Hogsmeed, Harrison já estava querendo visitar o lugar e ele mesmo pensara seriamente em dar os objetos pessoais de Régulos ao afilhado, assim não precisaria simplesmente jogar fora ou abandonar naquela casa horrorosa, e daria a alguém que o irmão teria aprovado, se mandasse Monstro deixar o lugar no mínimo do habitável poderia deixar todos por lá jantando enquanto voltava para a reunião e depois para Hogsmeade quando acabasse.

Ele olhou para Edwiges enquanto pensava e percebeu como não a havia paparicado ainda (assim como lhe fora ordenado), então imediatamente se levantou e começou a procurar por algo que pudesse lhe dar.

- Desculpe, Edwiges querida, não sei se tenho algo e... – Distraído e apressado, acabou resvalando no tapetinho que deixava entre os ladrilhos do banheiro e a madeira do quarto.

[N/A: Resvalando = escorregando].

O pequeno retângulo felpudo escorregou, o pé direito de Sirius fez um arco absurdamente alto, que ultrapassou seus limites mundanos comuns, o esquerdo ficou preso ao tecido deslizando como que se estivesse de patins no gelo, as costas foram diretamente para o chão com um baque alto, a toalha (porcamente amarrada), se desprendeu e dançou no ar para cair bem graciosamente (em comparação ao humano) bem ao lado.

O corpo de Sirius Orion Black estava jogado no chão como veio ao mundo, em questão de segundos.

Edwiges piou e balançou as azas parecendo muito divertida com o show do humano desastrado. Praticamente o parabenizando pelos movimentos incríveis, antes de voar para mais longe, na janela do quarto.

- Ai... – murmurou Sirius dolorido, a cabeça latejando. – Pelo menos não bati com a cabeça na mesa...

Edwiges piou novamente, como se concordando. Na verdade, Sirius Orion estava muito próximo da mesa. O cenário poderia ter sido trágico.

O animago começou a rir da própria estupidez, ainda deitado.

Ele seria o LORDE BLACK?

Lorde da antiga, nobre e histórica casa dos corvos negros?

Morgana...

Acabaria tropeçando na capa e caindo em alguém na primeira reunião de Lordes da câmara dos Lordes.

Podia evita-las depois que reivindicasse a posição? Podia mandar seu herdeiro no seu lugar? Isso não era para ele. Muito menos saberia criar alguém adequado para o papel. Harrison seria perfeito para lhe tomar tudo quando quisesse.

Talvez até a notória Walburga Black aprovaria o de cicatriz na testa. A própria cicatriz parecia ser a única coisa a reclamar, por "manchar seu rosto perfeito". Não poderia nem julgar o sangue da mãe, considerando que dizer algo sobre isso implicaria reclamar da linhagem de um Lorde das Trevas e isso seria quase heresia. 

Filhos?

Sirius nunca.... nunca pensou nisso com calma.

Ele não podia tê-los.

Assim como Bella, sua prima, ele foi um dos Black que nasceu infértil.

Não era tão incomum na família, diziam ainda que era causado pela a magia obscura, como se ela estivesse envenenando o corpo depois de gerações envenenando a alma.

Podia até defender a magia que Harrison escolheu praticar, mas Sirius era a prova viva de que tinha, sim, consequências severas se não tomasse todos os cuidados do mundo. Era preciso muita cautela.

A adoção, entretanto, sempre foi uma opção para o Orion. Quando seu pai ainda não o odiava por ser o primogênito imperfeito, quando a infertilidade era apenas um infortúnio que podia ser resolvido por magia, e não a gato inicial de uma chuva de decepções, pensavam nisso.

Mas em algum ponto se sentiu agradável com a ideia de ser o tio Sirius.

Talvez no mesmo momento em que James começou a lhe falar como amaria ter dezenas de crianças e encher a casa como ele nunca pôde ter antes. Ser o primeiro Potter a criar galhos e mais galhos na árvore genealógica ao ponto de precisar de uma própria. Ter uma família grande, feliz e amável.

Seria o tio gostosão e rico que aparecia para dar presentes e conselhos duvidosos às crianças, que seriam totalmente desaprovados pela mãe.

Sirius não queria filhos e isso também era uma escolha.

Principalmente agora, sem James para ser padrinho.

Sem Lily para cantar para todos antes de dormir quando estivesse de visita.

Mas talvez devesse perguntar a Remus?

- E por que eu perguntaria a ele? Nem consigo mais chama-lo de namorado! Vou questiona-lo se tem algo contra oficializar Harrison como meu herdeiro? Como se pudesse querer esperar por um filho nosso! Eu nem sei se posso espera-lo no dia seguinte de manhã! Eu pareceria um louco emocionado, não acha?

Edwiges piou concordando e voou até seu lado, bicou sua orelha de forma calma e carinhosa, como se o consolando por sua frustração.

- Você é a coruja de Harrison. Ele também é péssimo em deixar pessoas chorando no chão, pelo que vi. Mas ao menos você consola, acho que ele ia ficar me encarando e tentaria mudar de assunto, para ver se eu me distraio.

A piada animada mostrou que até a coruja pensava assim.

Harrison era seu afilhado, era um Black mesmo pelo sangue Potter, mas havia sido apadrinhado por ritual de adoção de sangue a pedido de James, então era seu herdeiro legítimo sem tirar ou por. Faltava apenas o anel aceita-lo e a coisa não o poderia negar se Sirius, com o de lorde, lhe desse o de herdeiro.

Tudo seria oficial.

A escolha era sua, não era? E queria dar ao menino.

- Só que eu também queria a opinião de Remus... – chorou sentindo-se uma bagunça miserável, pelado e caído no chão.

Foi quando ouviu uma batida na porta.

- Já vou! – gritou e se apoiou na mesa para se levantar.

Impressionante como quando se está em um dia assim as coisas só pioram. O maldito tapetinho estava no exato local onde tentou apoiar seu pé e, agora sim, deu de cara com a mesa.

A dor foi forte o bastante para que gritasse e o som dele batendo de novo no chão deve ter assustado a pessoa à porta, pois ouviu o som dela se abrindo e alguém entrando.

Nem viu quem era, ficou concentrado em procurar a toalha, se cobrir e descobrir se aquilo que sentia escorrer pela testa era água do seu cabelo molhado, ou sangue.

- Que merda é essa Black?! Como você fez esse arrombo na cabeça?! – questionou Snape e Sirius não se aguentou.

Teve que rir.

Olhou para a própria mão ensanguentada e riu alto do absurdo da situação.

- Se eu te disser que começou comigo pensando em como agradar uma coruja de um garoto riquinho que deve ter mimado o familiar além da conta?

- E porque estava fazendo isso nesse estado? – perguntou apontando para o outro, sem realmente olhá-lo. – Você tem um roupão?

- Tenho, dentro do armário... Veio trazer os documentos que conversamos?

- Sim. Estou batendo na sua porta a um tempo, inclusive, entrei porque já era a segunda vez que você parecia prestes a derrubar o mundo. Então não me julgue por invasão.

Sirius riu, nem escutara a porta antes.

- Estava apenas derrubando a mim mesmo.

- Nota-se.

- Obrigada.

- Por quê?

- Por entrar. Vir verificar se eu não tinha me matado.

Severo pensou em dar uma resposta grossa sobre aquilo, algo como "quem disse eu que me importo?", mas deixou para lá, até porque havia sim entrado, seja por curiosidade ou qualquer outra razão, estava ali.

- Eu queria ser o primeiro a receber a boa notícia se fosse o caso – comentou antes que percebesse.

Sirius Black o olhou por alguns segundos, Snape estava tentando evitar fazer o mesmo, envergonhado por sua atitude.

Já era a segunda vez no dia que mostrava não ser tão maduro quanto deveria. Implicando como um adolescente, mas aparentemente Black tirava o pior dele.

Também não olhava naquela direção devido ao estado do homem, entretanto. Black se mantinha com a mão ensanguentada no corte que fizera no topo da cabeça, toalha jogada no colo cobrindo apenas o mínimo do corpo - que era bem grande e forte para alguém que ficou anos preso sem se alimentar ou viver corretamente (algo quase injusto já que exibia um porte atlético daqueles em tão pouco tempo livre) - cabelo amarrado em um coque e...

Sorrindo.

Aquele sorriso tão comum em Sirius Black. Provocativo, olhos brilhando em diversão, um leve toque de deboche e superioridade.

- Ao menos ninguém pode dizer que você não sabe dar boas respostas às pessoas – comentou o animago divertido, mordendo o lábio e revirando os olhos.

Snape acompanhou o movimento quase revirando os próprios da pose ridícula do homem.

Quem ficava confiante pelado sangrando no chão?

- E você? Perdeu o dom da resposta ácida depois desses anos? – questionou ainda tentando achar o maldito roupão no armário desorganizado. – Você não arruma isso nunca, Black?!

- Não faço questão. E sobre as respostas, estou tentando evitar dá-las e ser imaturo.

- Acha que estou sendo, então?

- Não, quem sou eu para decidir o que é maduro ou não? Acho que eu mereço boa parte deles e é divertido receber, sem realmente levar para o lado pessoal ou me sentir na obrigação de reagir. Prometi que tentaria ser suportável, de toda forma.

- Entendo. Então está fazendo o que eu mandei. Já posso pedir para sentar e dar a pata? Ou só controlo quando late mesmo?

- Depende, eu ganho um petisco?

- Você não pode estar falando sério? – questionou se virando de braços cruzados e incrédulo.

Sirius soltou uma gargalhada gostosa com a reação do outro.

- Que foi? – questionou travesso.

- Achei que você revidaria ao menos a isso!

- Por quê?

- Por que nos detestamos? Eu te tratei como cachorro?

- Já disse que quero deixar de ser o idiota que era. Não ligo para ser tratado como cachorro, James fazia isso o tempo todo - Snape fez uma careta para o nome que divertiu Sirius. - E sobre te odiar... Todos no mundo tem caras diferentes da última vez que os vi, expliquei isso, mas não é apenas os rostos. Tudo neles mudou. O tempo passou. Decidi apagar a personalidade antiga também. Você não é o primeiro que estou vendo com novas perspectivas e, provavelmente, não é o último. As pessoas tem camadas demais para eu continuar julgando por alguns poucos momentos que tive com elas.

- Tivemos anos para alimentar o ódio.

- Éramos adolescentes. Fala sério, você foi espião para Dumbledore contra Voldemort, é uma das atitudes mais corajosas que alguém poderia ter e eu nunca te julgaria capaz disso. Mas foi. Fez e muito bem, para que estivesse aqui hoje, com Minerva o respeitando tanto e Alvo também. Enquanto isso Pedro foi nosso traidor, que covardemente vendeu os amigos. Acha mesmo que eu tenho direito de te julgar pelo passado? Fica claro que nunca fui o melhor analista de caráter.

Snape voltou-se para o armário, parecendo bem desconsertado com o comentário sobre sua coragem, se lembrando como foi o causador da morte da pessoa que amava e se odiando por isso.

Sirius percebeu a mudança de atitude do outro e se levantou preocupado com o que poderia ter dito, segurando a toalha no lugar, mas naquele instante sua lareira se acendeu em verde e Remus Lupin apareceu.

Os dois morenos no quarto olharam para o lobisomem que acabara de entrar, depois um para o outro e ambos, exatamente ao mesmo tempo, para a figura desnuda do corpo de Sirius e sua toalha.

Snape não teve tempo nem para corar por ter visto ainda melhor a virilha de Black, afinal seu corpo todo quase entrou em pânico.

- Não é o que você está pensando! – disse o Sirius imediatamente desesperado.

Severo nem teve reação, seus instintos mais intrínsecos gritando de que aquele era seu fim. Ele estava num quarto com a parceira de um LOBISOMEM. 

De todos os motivos que poderiam tê-lo matado, aquele nunca passou por sua cabeça.

Mas então Remus começou a rir.

Os dois bruxos de cabelos cumpridos permaneceram em silêncio horrorizado com a possibilidade do que aconteceria, os corações batendo rápido na caixa torácica, mas Lupin continuou rindo, tanto que teve que levar os braços a barriga e apertar, enquanto seu rosto ganhava um tom corado e uma pequena lágrima escorria do olho esquerdo.

- Não é o que estou pensando? – perguntou o loiro e Snape arrepiou cada pelo do corpo contendo o impulso de correr.

Se corresse provocaria o lobo?

Parecia a típica ideia do: se correr o bicho pega, se ficar ele come.

A imagem de quando quase foi morto pela criatura ainda estava bem fixa na mente.

Remus percebeu o pavor do ex colega e decidiu ajudar a dupla murmurando entre os risos:

- Sirius, você deu conta de bater com a cabeça saindo do banho e Severo teve que te ajudar? Mas não antes de reclamar da bagunça que você chama de guarda roupas?

- Eu... Ta, na verdade é bem próximo do que você está pensando, sim – murmurou o Black confuso e o loiro riu mais um pouco.

Os dois se esqueceram que podia sentir suas emoções?

Estavam tão preocupados consigo e sua reação que se esqueceram que eram Sirius Black e Severo Snape? Os dois nunca teriam nada! De tantos cenários, justo uma traição? Nunca algo assim passaria pela cabeça de Remus.

Sirius não sairia com qualquer um que fosse estando com Lupin (mesmo que não tivessem nada oficial, não era seu feitio), mas era mais aceitável imaginar Severo comendo vidro que querendo propositalmente estar na presença do outro desnudo.

- Desculpe por isso Severo - pediu o lobisomem. - Só posso imaginar como você, de todas as pessoas, foi arrastado para essa situação.

- Vim trazer alguns documentos de alunos – murmurou tentando acalmar sua mente e seu corpo ainda muito alertas. – Ele fez muito barulho quando caiu e eu...

- Você veio verifica-lo?

- Sim...

- Obrigada por isso, Severo – agradeceu, parecendo surpreso com a informação. – Sei que não gosta muito de Sirius.

- Claro...

- Não precisa se preocupar mais, eu dou um jeito no desastrado, mas realmente sou grato que tenha se disposto a cuidar dele, mesmo com... tudo... – murmurou a última parte parecendo bem receoso, Snape viu como as bochechas do mais alto coraram de novo, ao ponto de revelarem sardas bem discretas que tinha na face dócil.

Ficava ainda mais bonito com elas. Além das pintas que se espalhavam em pontos estratégicos pelo corpo.

Aquela parte irracional de Snape, que sempre se sentia compelida a olhar alguns segundos a mais para o lobisomem, logo foi reprimida por seu medo de continuar tão próximo dele sem algo para pará-lo.

Andou o mais rápido que pôde até a porta.

- Se é assim estou em retirando. Adeus – e fechou a porta do quarto sem olhar para trás.

Sirius ficou um tempo encarando a madeira até ouvir a movimentação do lobisomem se dirigindo a ele:

- Você devia tentar fazer as pazes com ele. O homem também me odeia, mas fez o que podia para me ajudar com o problema da licantropia enquanto eu dava aulas aqui.

- Ele ficou preparando um veneno para você por um ano inteiro, isso não é cuidar do problema... – resmungou de má vontade, não queria pensar no quanto o seu amor teve que se sacrificar para parecer "normal" aos olhos das pessoas.

- Devia pedir desculpas a ele, você sabe que é o errado da história – murmurou colocando sua mão no queixo do mais baixo e virando seus rostos para ficarem frente a frente.

- Eu... – mas, por algum motivo, ele não quis dizer que já tinha feito isso e que estavam sim conseguindo se entender com Snape.

Algo nele dizia que falar aquilo em voz alta acabaria com a pouca paz que tinham conseguido, pois tornaria real.

Lembra-los que estavam conseguindo superar as coisas estranhamente rápido demais, destruiria isso e...

Não queria.

Era mais agradável assim, sem sentir que tinha inimigos a espreita.

Da forma que estava parecia até natural. Snape era rabugento e sincero além da conta e Sirius era animado e confuso, mas estavam chegando em um entendimento no meio disso. Parecia uma ilusão nublada pelo passado, mas intocada, então podia permanecer funcional se assim mantivessem.

Snape sabia agora, mais que qualquer um, as inseguranças de Sirius e tinha aceitado cada uma delas e oferecido o mínimo de sua simpatia, mas admitir isso... 

Não.

Continuar brigando quando estavam sozinhos fazia mais sentido (de alguma forma estranha).

- Eu vou pensar no caso – se notou dizendo.

Remus percebeu que o outro estava mentindo, mas assumiu que fosse apenas sobre não querer pedir desculpas.

Decidiu ignorar, afinal já esperava uma resposta dessas.

- Vou cuidar desse corte, sim?

- Claro.

O lobisomem puxou o de cabelos negros para a cama e o deixou por lá, passou no armário e com uma única olhada achou o roupão que Snape tanto lutou para encontrar e sem sucesso, jogando para o outro e seguiu para o banheiro pegar uma toalha húmida.

- O que veio fazer aqui? – perguntou Sirius.

- Não me queria aqui? – questionou o loiro com um sorriso calmo.

- Claro que queria! Eu sempre quero! – respondeu rápido fazendo o outro corar um pouco com o entusiasmo presente ali.

- Então, eu...

- Mas – continuou Sirius, quando já estava o companheiro limpando seu corte, com todo o carinho e calma que Lupin podiam oferecer. – Eu não achei que te veria tão cedo.

- Eu... que coruja é aquela? – perguntou encarando Edwiges que voltara para a janela.

- Do Harrison, ele me mandou uma carta nos convidando para o fim de semana com ele e Lakroff. Está esperando uma recompensa e uma resposta.

- Fim de semana?

- A carta dele está na mesa, se quiser ler...

O loiro concordou encarando o machucado do Black, avaliando sua extensão. Começou a procurar as poções para primeiros socorros pelo quarto e a tal carta.

Entregou o papel para Sirius enquanto o curava.

- Leia para mim...

Obedientemente fez o que lhe foi mandado, antes mesmo de terminar as últimas linhas Remus já tinha terminado o próprio trabalho e sentara ao lado.

O delicioso cheiro de chocolate (aaaaaa), shampoo de coco, ferro e pergaminho velho invadindo as narinas do animago e o fazendo meio besta.

Como ele era apaixonado por aquele homem, mal conseguia descrever.

- Entendo... – murmurou Remus quando a leitura acabou. Olhava para o teto quando questionou: – O que acha?

- Sobre o que exatamente?

- Bem... tudo? Vai querer ir?

- Sim, mas eu preciso participar de uma reunião no sábado, então vou deixá-los por algumas horas. Você vai conosco, né?

- Sirius Black deixando um fim de semana com o afilhado para participar de uma reunião do trabalho? Quem é você e o que fez com meu namorado? – perguntou divertido.

O silêncio que se seguiu a aquilo foi brutal.

O sorriso do loiro sumiu e seu olhar se arregalou, então corou e encarou seus joelhos.

Sirius o encarava muito mais sério que o normal:

- Namorado

- Eu... – começou Lupin. – Descul...

- Não peça desculpas! – pediu praticamente se arremessando contra o outro que caiu deitado na cama com o movimento bruto. 

O mais baixo sentou em seu colo o olhando de cima. Os cabelos negros Black brilhando com a luz que vinha da janela:

– Você me chamou de namorado, por favor, por favor Remus, me diz que isso quer dizer que você me quer como seu namorado, porque isso é tudo que eu mais quero!

- Sirius...

- Eu não aguento mais isso! - praticamente gritou, interrompendo o outro antes que pudesse dizer qualquer coisa que mudasse o assunto. Eles tinham que ter essa conversa! - Eu não aguento essa dúvida! Não aguento mais você não me responder quando digo que te amo, não aguento acordar sem você na cama ou ter qualquer coisa entre nós. Por favor, eu te imploro! Não me diz que fez isso sem querer, ou que não teve a intenção, porque isso vai me destruir! – sua voz não escondia a verdade por trás daquelas palavras, estava quase tão desesperada e angustiada quanto o cheiro que saia dele. 

O lobisomem em Lupin chorou ao ver sua companheira assim, ainda mais quando notou lágrimas se formando nos olhos azuis dele e como seus dedos estavam brancos de tanto apertar as roupas do loiro. 

As mãos também tremiam. Muito. Assim como sua voz quando continuou:

- Eu juro que te amo, eu juro que vou fazer de tudo para te fazer feliz, eu juro que você é quase tudo que penso desde o instante em que acordo até quando vou dormir. Se não fosse por Harrison provavelmente não haveria nada na minha cabeça além de você. Tudo que mais quero é que você, por favor, por todas as deidades da magia, me aceite como seu. Eu te imploro Remus, não peça desculpas, porque eu não vou aguentar ouvir isso. Posso aguentar seu silêncio sempre que me declaro, mas sua recusa...

E fungou, o peito subia e descia tão rápido com as inspirações que tremeu no segundo fungar. A cada palavra parecia mais fraco, as lágrimas já começaram a cair, poucas, bem lentamente, como se também estivessem com o medo que seu dono demonstrava de seus próprios sentimentos. 

- Não pede desculpas – implorou fechado os olhos.

O aperto nas roupas de Remus sumiu e este sentiu quando o Black perdeu totalmente suas forças, como pareceu derreter e mal soube como reagir quando precisou enxugar o rosto esfregando as mãos entre os olhos mais de uma vez.

Lupin não conseguia lembrar dia que vira o companheiro tão abalado. O mais próximo foi quando descobriu que ninguém sabia onde Harrison estava, mas mesmo assim ele mantinha a força, como se o corpo soubesse que teria que se manter firme para achar a criança.

Mas agora Sirius parecia apenas desolado, acabado, incapaz de fazer qualquer coisa. 

Tremendo em seu colo, fungando.

Era até impressionante que se mantivesse sentado. 

Vê-lo assim era tão agonizante que mesmo as partes mais instintivas do lobo nem reagiram ao fato de que Black estava só de roupão em uma posição que o teria feito querer qualquer coisa no sentido mais carnal.

Calmamente levou sua mão até a do outro, os olhos azuis marejados o encaram incerto e o loiro acariciou a face do homem, pegando o máximo de detalhes que podia. 

O queixo nobre e fino, mas másculo, o nariz pequeno e arrebitado, os cílios cumpridos, o formato bonito dos olhos, a cor chamativa, o lindo cabelo escuro Black que parecia engolir toda a luz do mundo e se transmutar em castanho quando queria, a pele alva uns quatro tons mais clara que do próprio lobisomem, de um típico sangue azul europeu que nunca passou muito tempo no sol (claro que boa parte disso é porque passara horríveis doze anos em uma cadeia sem nem ver o sol), o corpo...

Bonito.

Perfeito.

Sirius era lindo em tudo que se dispunha.

Remus nunca conseguia olhar para ele sem derreter.

Foi tão difícil no começo, quando achou que não podia ser correspondido, quando se achava uma aberração em todos os sentidos, que nunca poderia nem mesmo olhar para ninguém, que dirá com desejo....

Mas agora o Black estava no seu colo e aos prantos com a simples possibilidade de ser rejeitado.

- Eu te amo – disse Remus, incapaz de ver o amor da sua vida assim.

Mesmo com todas as suas inseguranças, mesmo que se odiasse e não sentisse que Sirius merecia alguém tão quebrado e horrível quanto ele, se o seu amor ia chorar por não ouvir aquelas palavras, ele tinha que dizê-las. Não podia negá-lo isso.

Não podia negar nada a Sirius.

Nunca.

O amava demais.

Com cada parte de si.

Mas o negou o benefício da dúvida, o negou um julgamento. Não tentou ajuda-lo quando mais precisou, então ainda... temia a verdade pro trás delas. Amava, mas merecia ser amado de volta?

- Repete – implorou Sirius baixinho.

- Eu te amo – obedeceu Remus, acariciando um pouco mais o belo rosto.

- De novo.

- Sirius, eu te amo.

- Mais uma vez.

- Eu te amo, Sirius Orion Black - murmurou sorrindo.

- E porque não me disse isso antes?

- Porque eu não te mereço.

- Por que é um lobisomem?

- Por que eu duvidei de você.

- Eu também duvidei! – reclamou Sirius. – Até Harrison sabe disso, ele nos disse...

- Você não duvidou de mim. Duvidou do lobo. Duvidou que eu continuaria suportando a forma como me tratavam enquanto o outro lado me oferecia ser eu mesmo...

- Ainda duvidei!

- Não por doze anos! Você apenas foi cauteloso!

- Eu falhei com você! Confiei em Pedro, não em você! – gritou aos prantos.

Remus agarrou os braços do outro para dizer enquanto tentava acalmá-lo:

- Eu te perdoo!

- Você sempre perdoa! Você perdoa tudo! Tudo que eu faço, tudo que te fazem! Você não fica bravo, porque não se da o valor, mas eu não quero seu perdão, eu só quero que me ame! Falho, ridículo e quebrado do jeito que sou e pare de me afastar sempre que fica com medo!

- Sirius, eu...

- Você tem medo de si mesmo, medo de suas falhas e de não ser o bastante, mas eu também tenho medo, por Circe! Só que eu te amo e sei que junto de você eu consigo enfrentar esses receios. Você me faz melhor, mais forte, mais calmo, mais racional, você é muito mais do que eu poderia ter, mas eu o quero mesmo assim! Eu juro que uma parte de mim morre no dia que me rejeitar, Remus, e não sei quantos anos eu levaria para recuperar! Por favor, só para! Para de ter medo desse maldito lobo porque eu quero ele também, porque faz parte de você e eu amo cada parte. Eu me dou para vocês dois de olhos fechados cada dia da minha vida desde que te vi na multidão de Hogwarts. Surto toda vez que penso o contrário, que penso que não serei seu! Eu mandei Severo Snape para você na lua cheia só porque ouvi meu irmão dizendo que ele tinha uma queda em você, inferno!

- Como é?! – questionou se apoiando para se sentar e ficar frente a frente com o outro.

- Esse era o motivo da maldita "pegadinha"! Eu nem lembro que desculpa dei na época, mas eu quis assustá-lo só por olhar para você! Porque eu me torno o maior idiota do mundo quando se trata de te perder, porque eu queria provar que seu lobo não me machuca, mas o mataria sem nem pensar, porque isso fez sentido na minha cabeça ridícula de adolescente e eu estava tão furioso! Você nunca olhava para mim, mesmo depois de todo o esforço que fiz, mesmo quando meu animago foi um maldito cachorro, mesmo quando eu conseguia acalmá-lo na lua cheia, mesmo quando eu estava lá para te ajudar com cada corte ou que tentasse de tudo, você nunca me notava. Então a simples ideia de alguém olhando para você me deixou idiota e eu sinto muito, muito mesmo por isso. Foi algo ridículo, mas eu contei para James porque sabia que ele resgataria o Snape. Eu menti para vocês sobre meus motivos, eu os manipulei para acharem que eu era só um idiota inconsequente, mas eu era muito pior, eu era um idiota ciumento, invejoso e inconsequente. Eu queria que o lobo atacasse Snape para que ele tivesse medo de você e não ousasse mais olhar, mas também porque queria provar para o lobo que eu não tinha esse medo. Eu era um babaca que achava que ninguém no mundo podia te amar mais do que eu e queria que soubesse, independentemente do quão perigoso o lobo fosse, eu não fugiria. Nunca. Queria que visse que enquanto qualquer um podia virar as costas, eu estaria lá toda lua cheia do seu lado, porque não temia o lobo, porque o amava também. Ver do que você era capaz e não temer, mas ficar ainda mais interessado, então eu...

O Black se levantou, parecendo horrorizado consigo mesmo, incapaz de continuar olhando nos olhos castanhos do mais alto enquanto falava, enquanto se odiava por suas ações.

Começou a andar em círculos pelo quarto, puxando sua própria pele, seus cabelos, ansioso, raivoso.

- Eu sou um maluco. Igual a Bella. Eu sempre fui! Eu não quero que você diga que não merece o amor porque é um lobisomem, pois eu sou um humano e sou capaz de matar por algo pequeno como ciúmes. Sou capaz de enlouquecer com a ideia de alguém olhar para a pessoa que nem meu namorado é. Eu sou maluco. Eu tinha que ser internado, não tem como alguém gostar de mim! Eu sou o monstro, não você. Sou o babaca instável, o Black surtado que vive numa maldita corda bamba de insanidade e que, com o menor estímulo, seria capaz das coisas mais idiotas do mundo. Eu sou muito pior que você Remus, não mereço amor, porque sou instável e problemático, mas... 

Arranhando o pescoço, enfim parou de andar, ficou bem no meio do cômodo, a cabeça baixa, o olhar focado no chão:

- Eu juro que estou tentando mudar, juro que estou tentando melhorar. Você sabe disso. Estou fazendo meu máximo para ser uma pessoa melhor. James, você, Harrison, todos sãos os motivos para isso e... eu acho que estou conseguindo. Eu odiava muita coisa em mim, minha família me ensinou que eu não tinha nenhum valor, que sou incapaz de conquistar qualquer coisa e que ninguém nunca vai gostar de nenhuma parte de mim, mas quando me deixava levar por esse lado insano ignorava tudo e ia atrás do que eu queria, independente dos meios. Quando eu estava com raiva eu só... A raiva me fazia pegar toda a tortura que me fizeram passar, toda a dor por não ser como devia, seja um bom herdeiro Black, ou um grifinório nobre decente, e transformava em arma para jogar na cara dos outros. Eu me perdia. Só que, agora, eu odeio mais esse lado que o resto. Eu acho que... Eu não sou uma pessoa ruim, só sou ruim da cabeça. Estou tentando consertar. Você não é ruim, só tem um lado do qual não se orgulha. Eu... desculpa.

- Desculpa?

- Por me declarar para você! – disse de repente, abraçando o próprio corpo e parecendo que tornaria a chorar. – Por tentar fazer isso dar certo. Você merece alguém que não seja... Eu.

- O que?!

- Você merece alguém que não seja um insano instável que no menor sinal de raiva pode machucar as pessoas envolta. Alguém que...

Alguém que saiba se explicar, para começo de conversa?

Sirius não sabia se tinha conseguido. Ele estava surtando, queria que Remus entendesse que nunca foi um monstro, para Sirius sempre foi apenas uma pessoa que tinha um lado escondido... Incrível. Incrível como ele próprio. Descontrolado, forte, desumano? Sim! Mas o que tem? Todos tinham suas partes ruins, características da personalidade das quais não gostavam.

Remus mantinha uma selvagem e corpórea que fascinava o Black. Se o loiro mantinha um lobisomem, Sirius nascera com a loucura Black. No fim, podia causar tanto estrago quanto, pois não viam quem iam machucar no caminho, apenas obedeciam a seus instintos mais selvagens e quando tudo passava (a raiva ou a lua cheia) se odiavam por não ter a força contrária. 

Era simplesmente perfeito!

Os dois... O Lupin ainda era forte de espírito, conseguia se manter calmo durante todo o resto do tempo, manter o mundo mais...

São.

Aquela pessoa era parte do que fazia Sirius se sentir em paz com a vida, mas para isso tinha que haver a instabilidade andando ao lado.

Para que se identificasse, para que se aceitasse.

Mas não era como se visse Remus como posse, longe disso. Talvez dizer simplesmente que mandara Snape por ciúmes não tenha deixado claro.

Talvez nem fosse ciúmes, mas inveja pura e simplesmente, por achar que qualquer opção era melhor que o Black?

Mas Sirius estaria bem se Remus viesse hoje e lhe dissesse que estava apaixonado por alguém.

Bastava que estivesse feliz e vivendo, então ficaria bem.

Doeria, o envenenaria e sua inveja o faria pensar e fazer coisas estúpidas, mas lutaria contra cada coisa pelo bem do homem que amava.

O lobo não devia impedir Remus de viver e Black amava tanto o "monstrinho", porque outro (ou outra) também não o faria? Só o queria bem acima de tudo.

- Você está retirando sua declaração? - perguntou o loiro.

- Estou dizendo para lutar por coisa melhor que....

- Que VOCÊ?! Não é possível! Sirius, está se ouvindo? – perguntou incrédulo.

- Eu... Estou horas!

- Aparentemente não. Só saiu merda da sua boca agora Sirius Orion Black! – gritou irritado, se levantando e caminhando em direção do moreno.

Sirius até se assustou um pouco com a reação explosiva, mas não moveu um músculo.

No fim, ele não temia, seja o que fosse que Remus mostrasse.

Só temia perdê-lo.

- Merda?

- "Você merece alguém que não seja um insano instável que no menor sinal de raiva pode machucar as pessoas envolta"? Que tipo de comentário idiota foi esse?

- IDIOTA? É o que eu penso, ok? Você...

- Você me descreveu, Sirius! Eu sou instável e machuco os outros sem perceber! Está dizendo então que não mereço alguém como eu mesmo? – perguntou segurando pulso do outro com firmeza.

Muita.

- Você não é...

Remus interrompeu o outro apertando ainda mais aquela região. Sirius pensou que poderia até deixar marca, mas nem ligou, ele nunca ligava.

O loiro continuou:

- Culpa minha ou não, natural ou não, algo nato ou maldição forçada, eu sou instável. Eu sou uma criatura isso nunca vai mudar, eu nunca vou poder tirar o lobo de mim e se eu sinto o cheiro de outra pessoa em você eu fico três vezes pior na lua cheia. Acha que em Hogwarts, quando você aparecia com uma namorada nova, eu surgia com o dobro de cortes por quê seu idiota? Sirius, eu não fazia ideia de que você era tão inseguro! Quando disse aquelas coisas para Harrison eu achei que finalmente tinha entendido uma parte de você que faltava, mas agora eu percebi porque sempre fui perdidamente apaixonado por você: eu não estava apaixonado pela ideia de um garoto confiante e nobre que me amava apesar de tudo, eu estava vendo isso, o maluco insano que faz coisas na raiva, mas que pode e quer lutar contra isso. Estava sentindo que podia ser eu mesmo com você, porque nunca me odiaria, pois mesmo quando você não tinha dito eu podia sentir. Você é instável? Eu também! Você se acha um monstro? Novidade, isso se chama segunda-feira para mim. Você está tentando ser melhor: então somos dois. Eu nunca poderia te julgar por ser insano e levado pela raiva, ainda mais com você percebendo que é uma falha e se tratando.

- Mas eu...

- Eu te amo e, sinceramente, fico feliz em saber que não é perfeito, eu nunca me sentiria digno de você se fosse. Mas nunca mais venha me dizer que você não é de mim!

- Você é digno de qualquer um, é a pessoa mais incrível e apaixonante que conheço.

- E você é um caos completo e é perfeito! - sussurrou soltando o pulso do moreno e agarrando seu rosto com ambas as mãos.

Sirius arrepiou e tremeu no lugar.

- Você merecia alguém que não fosse assim, para te ajudar a melhorar, não te arrastar para a vala.

- Podemos melhorar juntos.

- E se eu falhar?

- Também vou gostar, porque eu quero o caos que vem com você.

- Mesmo?

- Eu, o lobo, não sei, não me importa, eu não quero paz Sirius Black! Poderia fingir ser algo que não sou, lutar para ser como as pessoas querem que eu seja, controlado e seguro, faria isso a vida inteira, mas então seria triste. Como sempre fui quando você não estava comigo! Sem você... meu relacionamento seria uma tortura, porque eu sempre teria que ser essa mentira. Se você é insano, então poderá aceitar cada parte de mim sem me julgar. Ao menos quando estivermos sozinhos, eu posso ser eu mesmo, ao menos a sós eu posso aceitar o caos e... deixar a coisa acontecer! Não viver amarrado por correntes e mordaças como um maldito animal!

- Você quer o caos?

- Quero – admitiu, porque se Sirius podia admitir que era um Black louco, ele podia admitir que lutava com o lobo sem nunca querer isso de verdade.

Ele queria poder ser o lobo também.

Era apenas sua parte mais natural e instintiva aflorada, mas era ele!

Em seu pior, mas não a odiava, pois ao menos era sincera! 

Odiava como as pessoas o olhavam e o faziam se sentir em relação a isso, em relação ao seu próprio carinho ao lobo. 

Sentia uma raiva gigantesca de como todos odiavam a verdade escondida por trás do tom simpático de cachorro treinado, como não queriam o lobo, só o Lupin adestrado.

E mesmo essa versão ainda era desprezada.

Só que no fim eram a mesma pessoa e ele se cansava de lutar contra isso o tempo todo.

Sirius ficou fascinado com como os olhos do loiro se transformaram em fendas amarelas ao admitir aquilo.

O pouco que tinha de sensibilidade mágica sentiu a energia sombria saindo em ondas do mais alto, controladas, mas imprevisíveis.

Caos.

Eles eram um caos.

- Você não vai se odiar por se deixar levar? – perguntou o Black baixinho.

- Talvez. Mas esse é o problema, ninguém deixa que eu goste de uma parte inteira de mim mesmo. Talvez, com alguém que a aceite.... eu pare de me irritar tanto quando faço o que quero. Pare de me odiar. Isso não é saudável, para nenhum de nós dois. Não estou dizendo que esse lado da nossa personalidade é bom, nem que devemos deixa-lo livre, ambos sabemos que temos que ser pessoas melhores e estabelecer limites, mas podemos fazer isso sem odiar a coisa. Sem nos sentirmos monstros. Apenas evoluir, não reprimir. Crescer como pessoas da forma que queremos ser. Da melhor forma que podemos e daquela que nos orgulharemos de nos tornar, mas nunca faremos isso apenas odiando a nós mesmos e jogando para o fundo da mente. Precisamos saber quem somos e agirmos naturalmente, sem medo, para que possamos nos entender e... então aprender como tirar as partes boas. Eu quero alguém que me deixar ser eu e o lobo, para que ele pare de brigar comigo, para que eu pare de me detestar e talvez... eu consiga me entender com ele finalmente! Mas também alguém que vai me trazer para a realidade quando eu preciso e você faz isso, sempre fez. Biruta ou não.

- Eu deixo você ser o lobo, eu o amo também! – disse levando suas mãos para as do lobisomem, ainda em seu rosto. Lupin estava absurdamente quente ou era ele e sua pele que queimavam com seu toque? – Se você puder perdoar a minha parte louca que acha o lobo excitante, eu juro que vou melhorar e ser algo que vai nos orgulhar!

Remus riu aproximando seus rostos, apenas o suficiente para estarem pairando como que se atraindo e repelindo por imãs.

- Sério? Excitante?

- Você acha que eu consigo? Melhorar, eu quero dizer? – perguntou ao invés.

- Bem... Se não conseguir, eu ainda vou te amar.

- Mesmo quando eu fizer coisas idiotas movido pela raiva?

- Você não vai fazê-las, porque é forte e quer algo, nada vai te impedir Sirius, mas sim, eu ainda te amaria. Sabe disso, eu te perdoei pela última, não foi? – perguntou levando uma das mãos para a cintura do outro e aproximando seus corpos.

Foi quase como se um raio os atingisse, pois ambos tremeram ao mesmo tempo.

Mesmo com todos os anos... Eles simplesmente precisavam tanto um do outro que seus corpos reagiam como na primeira vez.

- Você me ama? - perguntou Black.

- Amo.

- E vai aceitar que eu te ame de volta? Cada parte?

- Sim.

- Vai parar de pensar que é um monstro que não merece amor? - questionou fechando os olhos, aproveitando o instante torturante e abençoado que Remus deixou seus lábios se roçarem. Quase se perdeu tanto no momento que quando continuou parecia um gemido: - Vai parar... de dizer que nunca será amado? Vai aceitar a realidade de que eu o amo?

- Vai parar de pensar que sua família teve razão de te odiar? - perguntou dando um beijo longo e molhado(quase um chupão) no pescoço do outro, que soltou um muxoxo sofrido e quase derreteu em seu braço. Remus sorriu satisfeito, o lobo interior o fazendo agarrar com ainda mais força a cintura alheia. - Vai perceber que só é meio louco por culpa deles? Vai perceber que só se deixa levar pela raiva porque nunca se achava digno de nada e de então explodia quando passava do seu limite? Que suas próprias inseguranças e ódio de si mesmo o faziam, na raiva, ir longe demais, não porque não se importava, mas porque se odiava tanto que se houvessem consequências seria natural ser punido? Perceber que só conhecia o conceito de punição, não de amor? Que agora você tem a sua própria vida e pode ser o que quiser?

Sirius não se aguentou mais, a cada frase o outro mandava lufadas de ar quente por toda a extensão de seu pescoço e colo, então puxou seu rosto e o beijou.

Um beijo longo, cheio de paixão, apertando ambos seus braços entorno do pescoço do mais alto ao ponto de precisar ficar na ponta dos pés e curvá-lo. Ainda estava molhado pelas lágrimas de antes.

Mas antes que Remus pudesse aprofundar, Sirius se afastou para perguntar, olhando bem em seus olhos:

- Quer ser me namorado?

- É tudo o que eu mais quero – respondeu o Lupin.

E o próximo beijo fez o loiro levantar o namorado (SEU NAMORADO!) nos braços e arrastá-lo para a cama com toda a brutalidade que queria ter e que sabia ser algo cujo o outro não só aceitaria, mas gostava.

Aproveitou que o Black estava com o roupão aberto e com um rosnado instintivo vindo diretamente do lobo abocanhou cada parte que conseguia do outro que aceitava aos gemidos.

O que acontece em seguida, igualmente, foi selvagem.

Edwiges já tinha desistido da resposta a um tempo e ido embora.

-x-x-x-

[N/A: O capítulo NÃO ACABOU é que a próxima cena talvez alguns pulem, então já vou fazer aqui a votação. Vocês querer um capítulo bônus do hot wolfstar? Sim ou não? Digam aí e voltando ao capítulo normal...]

AVISO DE GATILHO ABAIXO: CENAS DE TORTURA, PODEM SER PULADAS SEM ATRAPALHAR O DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA. COLOQUEI AVISOS SEMPRE COMEÇA E QUANDO PARA.

-x-x-x-

SEXTA-FEIRA A NOITE.

BARCO DRUSMTRANG.

- Rusev, tem certeza de que quer ficar aqui? – questionou Harry com cautela para o amigo.

- Claro alteza! – ele, assim como qualquer um da corte, queria ter certeza de que Hazz ficaria bem e se recusava a sair com um comensal ali.

Amarrado ou não.

Com Nagini sibilando ameaçadoramente ou não.

Como apenas os membros do conselho estavam ali, todos se sentiam na obrigação de estar atentos e próximos, mesmo que o grupo ali já esbanjasse força mais que suficiente, ainda compartilhavam da idade de que qualquer cuidado era pouco por seu príncipe.

- Certo, mas se ficar desconfortável...

- Não vou.

- Se ficar, você sai! – ordenou Harry bem sério, o que fez o secretário baixar a cabeça em uma reverência.

- Imediatamente, alteza.

- Isso vale para todos.

- Sim, alteza – disseram os outros em conjunto, todos fazendo suas reverências.

- Agora... – murmurou Harry olhando para Bartolomeu Crouch Junior, já sem efeito algum da poção polissuco. – O que acha? – perguntou ao vento e o uso de singular fez com que os amigos soubessem que estava falando sozinho.

Harry raramente fazia na presença de alguém e quando acontecia era um sinal ruim.

Para seu alvo.

Ivan, que estava em um ponto estratégico em frente, mal teve tempo de reação quando percebeu que os olhos do príncipe simplesmente tornaram-se vermelhos antes do mesmo murmurar:

- Crucio.

Não estava segurando uma varinha. 

Mas imediatamente Bartolomeu acordou aos gritos.

O Potter estava sentado em uma poltrona do quarto, a posição bem relaxada, mas a mandíbula travada mostrava suas verdadeiras emoções, sua imensa cobra rastejava entorno do acento criando uma imagem assustadora de si, Bartô mantinha-se em uma cadeirinha amarrado, enquanto Axek, Ivan, Rusev, Yorlov e Natasha ficavam com varinhas em mãos e em pé, espalhados por todo o cômodo.

No instante que o feitiço saiu pelos lábios do garoto, em um tom de voz muito mais grosso que o comum, todos tremeram, bem mais que pelos gritos da vítima.

Mas então isto cessou.

Com um simples suspirar de Harry tudo ficou em silêncio:

- Odeio o barulho de gritos – e dessa vez a voz estava no seu tom normal, calmo, melodioso, brutal em essência, mas com tal âmago escondido por todas as outras camadas de simpatia.

Mesmo que a frase não fosse nada simpática.

A cadeira tremia com o corpo do homem se debatendo, ele devia estar gritando o máximo que a garganta aguentava pelo tanto que as veias estavam saltadas, mas...

Nada emitia um único ruído.

Rusev teve o impulso de fechar os olhos, mas aguentou. Ainda se lembrava de quando ele próprio sofreu com a maldição saída de sua alteza. 

A primeira coisa que Hazz lhe disse foi "Odeio o som de gritos, então tente não ser tão escandaloso ou lhe arranco a língua com um simples accio". O Spasova ficou tão confuso com a fala que quando percebeu já estava no chão, depois de apenas dois segundos de descarga da maldição vindas do mais novo, mas tão em choque que apenas sentia a dor como se ainda a estivesse ativa. Chorou ouvindo a próxima frase, que sempre vinha:

- Quer testar quem faz pior? – perguntou Harry no presente. Bartô já liberto da primeira tentativa de tortura.

Nunca duravam muito.

Quinze segundos foi o máximo que Axek presenciou e os outros não viram mais que cinco.

Bartolomeu oficialmente bateu o recorde com vinte segundos inteiros.

Não era comum que Harrison torturasse. Rusev tentou jogá-lo de uma vassoura, mas também quase acertara a cabeça de Krum com uma das bolas no jogo. Outro aluno lhe certou um tapa na face (justamente o que Axek presenciou a mais longa tortura). Sabiam de mais alguns casos e sempre envolviam ultrapassar limites contra sua integridade ou de quem gostava. No geral Potter preferia resolver de outros jeitos.

Em todos os momenos que o viram partir para algo assim, entretanto, seus olhos ficavam diferentes. Ganhavam aquela coloração vermelha e só voltavam depois da frase "quer testar quem faz pior?". A maioria ali interpretava que era Harrison desafiando seu inimigo a revidar, mas ninguém conseguia se manter forte depois do feitiço, então nunca fora o caso. 

Na realidade... Tom sempre respondia a frase dirigida a ele: "tente pirralho. Aposto que ganho".

Então Hazz respondia em voz alta "talvez na próxima" e todos assumiam que estava debochando da pessoa molenga e chorosa que deixara para trás. A tortura acabava ali.

Dessa vez foi diferente.

Axek realmente suspirou e Natasha riu quando o moreno disse:

- É uma aposta então. Crucio – e seus olhos continuaram verdes.

Brilhando com magia enquanto ondas de sua energia saiam e desestabilizavam todos no quarto com a intensidade.

Fazendo uma tortura sem qualquer ajuda de Tom, sem nenhum deles permitir que qualquer energia da vinha fosse compartilhada. Apenas a raiva de Hazz, ninguém mais.

Com gritos silenciosos angustiantes, o corpo tremendo, olhos cheios de lágrimas, pele vermelha, veias saltadas ao ponto de parecerem que estourariam, Barty sofria. Tudo mostrava como aquilo estava sendo brutal.

Mas continuava quieto.

O rosto de Harry se mantinha frio em seu alvo.

Axek de repente tinha se aproximado do refém e apontou sua varinha. Antes que alguém pudesse questionar muito a movimentação, Bartolomeu perdeu o controle e acabou por urinar em si mesmo. Um aceno de varinha e um feitiço de limpeza do alemão garantiu que o cheiro não incomodasse seu príncipe.

[N/A: A TORTURA DA UMA PAUSA AQUI. É INTERROGATÓRIO]

- Ganhei – comentou Harrison fechando as pálpebras e se inclinando no tecido de seu acento.

"Eu não diria que ganhou. Foi impressionante, mas ele ainda estava afetado da minha tentativa".

"Você é um péssimo perdedor".

"É porque eu nunca perco".

Harry riu, uma risada leve que para quem não estava ouvindo seus pensamentos era tão destoante que assustava.

No chão, abaixo de seus pés, havia algo interessante: uma mancha verde de musgo que não estivera antes.

Que crescia...

"Claro, você queria virar pó e ficar com parte da alma presa em um bebê" pensou Hazz fazendo um movimento de pulso que atraiu a caixa que estivera com Bartolomeu para seu colo.

Imediatamente a sensação foi ótima.

As vinhas de Tom se ligando às de Marvolo no diadema, a completude que era estar com ele.

Suspirou tentando se focar no presente.

Se levantou, deixando a caixa no assento vazio, Nagili sibilou enquanto deslizava pelo quarto, Miller fez uma reverência e se afastou.

- Você, Barty querido, está com problemas – comentou o moreno se aproximando de sua vítima. - Posso te chamar de Barty? - o adulto loiro não respondeu, mas todos notaram como podiam começar a ouvi-lo aos poucos, primeiro um leve choro de fundo, depois sua respiração, até que voltasse a emitir som normalmente de novo.

- Vamos chamá-lo de lixo - comentou Ivan irritado.

- Verme - ofereceu Axek ainda sorrindo.

- Ele precisa de um nome? Não passa de um acúmulo inútil de carne - comentou Natasha com um risinho.

- Viu? Muitos problemas - continuou Hazz. - Sabe, eu sou uma pessoa emotiva. Muito. Tenho sério problemas enraizados da infância, complexo de abandono, sentimento de insuficiência, até algo que chamei de "complexo de monstro", é complicado as vezes. Penso com frequência que, ao menor erro meu, todos podem perceber o que sou e então virar as costas e ir embora apavorados.

Nagini abriu a boca de forma emeaçadora, mas apenas Hazz enendeu o que fora dito.

Todos os amigos ali também quiseram acrescentar algo em relação àquilo, mas perceberam, principalmente pelo fato de que os olhos do menino tornaram a ser vermelhos por um segundo, que aquela não era a hora.

Eles podiam dizer o que quisessem depois, paparicá-lo como sempre faziam.

Mas Ivan sentiu uma dor muito grande no peito ao perceber que, sim, eles o paparicavam, chamavam-no de príncipe, faziam tudo por ele sem hesitar, mas mesmo assim Harrison ainda achava que as pessoas poderiam dar as costas e ir embora?

Por isso queria tanto que concordassem em ir embora antes dele começar o interrogatório?

- Dito isso, eu tenho um amigo que é um anjo - continuou o Potter. - Um perfeito anjo, bondoso, gentil, nobre e íntegro. Quase o oposto completo do que sou. Ele é perfeito, entende? Tanto que esse mundo mal o merece e logo estará aqui, todo deprimido por algo que aconteceu hoje e o lembrou de como o mundo é cruel. – deu uma pausa, quando tornou a falar Yorlov não foi o único que tremeu e se moveu no lugar.

A maioria ali quase (quase) se afastou, seus instintos querendo recuar para evitar estar perto demais daquele predador sedento e raivoso.

Axek e Natasha, entretanto, quiseram se aproximar.

A voz de Harry saiu carregada, a cada sílaba tornava o ar mais rarefeito, mas seu olhar sem dúvidas era a pior parte. Prometia consequências tão severas a quem se metesse em seu caminho, que todos duvidavam existir ser vivo na Terra que teria coragem de cruzar com ele.

– Isso me dá, veja bem, apenas uns vinte e cinco minutos para acabar com você por ousar prejudicar a vida de Neville Longbottom e destruir com a sua da mesma forma irremediável que fez com a dele! Eu tenho vinte minutos para te mostrar o que é o inferno ao menos cem vezes antes de pensar em acabar com sua existência medíocre!

E com o fim de sua fala, em um grito furioso, vários móveis simplesmente foram arremessados em outras direções. Ivan se abaixou a tempo de um vaso não lhe acertar a cabeça, mas achou aquilo especialmente engraçado.

De alguma forma, aquele homem teve coragem para dizer:

- Como?

- Como...? – questionou Harry.

- Como faz isso?

- Isso o que querido?

- Como esconde? Sua magia. Não era assim antes... Não era tão...

- Ah! Isto! Olhe só, então você é sensível a magia, Barty? Que estranho, mesmo assim não notou Ivan invadindo sua mente. Devo parabenizar os meus por suas capacidades ou insultar os de Voldemort por sua ineficássia absurda?

O comensal reagiu ao nome, enfim levantando a cabeça que estava caída sem forças, olhando diretamente para os olhos de maldição da morte.

Havia algo ali. Um toque de ousadia, coragem e ambição que Harrison gostava de ver nas pessoas.

Mas estava no seu alvo.

Que pena.

- A maioria não ousa falar - disse Bartô, lentamente.

- A maioria é tola e covarde. Não sou covarde, eu destruo pessoas assim se estiverem em meu caminho. E sabe o que é covardia, Barty? - o loiro ficou quieto e sentiu seu estômago revirar quando Harry Potter liberou sua magia em uma onda forte para cima de si, igualmente reagiu com todo o corpo quando uma cobra absurdamente grande começou a se aproximar sibilante. - Covardia é juntar quatro pessoas para torturar um casal até a loucura... - encerrou o menino.

Dessa vez seu tom estava baixo, mas parecia igualmente horrível, era como facas perfurando a mente, gélido e uma imensidão sombria. Hipnotizante, doce, frio, obscuro, aterrador, ameaçador e desesperador, de alguma forma tudo isso junto.

Seria torturante apenas ouvir aquele som, só piorava com a memória da dor que era capaz de causar se escolhesse uma palavra específica como sua próxima.

- Sua magia... - comentou Barty, tentando pensar numa forma de distrair aquele adolescente insanamente poderoso (não tinha como não notar o fato), a cobra foi para trás dele, o impedindo de usá-la como ponto de atenção e o assustado com a ideia de um ataque surpresa. - Ninguém consegue esconder algo tão parecido com ele.

- Parecido com ele?

Mas o Crouch ficou quieto, baixando a cabeça de novo, estava prestes a vomitar mesmo e tremia muito. Exausto além da conta. Mal respirava pois a magia do outro pesava, além de que a maldição tinha sequelas.

Nunca se sentiu tão mal.

Nem quando Bella o torturou como punição por um comentário maldoso com sua possível infertilidade.

Alguém mais experiente, se visse Bartolomeu agora, diria que havia passado algumas horas sob tortura.

Não simples segundos.

Juntando as duas sessões não chegava a um minuto.

Hazz se aproximou com um sorriso sádico do loiro, deu a volta na cadeira para ficar por trás e sussurrou em sua orelha:

- Me achou parecido com Voldemort? – e Barty fungou, pelo o que exatamente, Hazz não teve certeza. – Ele já te torturou antes? – a forma pesada que a respiração saiu dizia que sim, sua alma também, tremendo assustada. – Notou nossas semelhanças, que fofo, até que tem algum talento. Imagino eu... – e tornou a andar, seguindo para sua poltrona e se sentando outra vez, caixa no colo, segurada com possessividade. – Que consegue perceber  o risco que está correndo, sim? É uma pena que Neville seja esse anjo imaculado, eu poderia lhe dar de presente a ele, mas como não é o caso, eu mesmo terei que vigar seus pais.

"Ele tinha apenas dezenove" murmurou Tom em sua mente.

- Acha que eu tenho alguma pena?

"Estou dizendo que ele merece apenas morrer logo e que seu plano é arriscado. Eu nao concordo em nada com isso! É ridículo pensar que Voldemort".

- A morte é piedosa para pessoas assim. - disse interrompendo o compnheiro. "E não tenho medo de Voldemort" acrescentou mentalmente.

"Ele é um idiota, mas ainda pode notar a armadilha antes que seja útil e você terá..." mas Harry não queria ouvir. 

Tornou a falar em voz alta:

- Me diga Bartolomeu, meu caro. Você já é o segundo comensal que retorna dos mortos. Você fingiu sua morte enquanto estava em Askaban? Ou nunca foi preso?

O adulto levantou o rosto apenas um pouco, mas não olhou na direção dos olhos da criança. Não correria o risco de ter a mente lida (de novo, uma vez que deu a entender que o haviam feito antes) e estava um tanto fraco para aguentar muitas invasões.

Mas era isso que Potter faria, não era? Olho por olho. Bartô estava envolvido em um caso de um grupo de pessoas que torturou a troco de informações, invadindo e destruindo a mente de suas vítimas até se darem por satisfeitos.

Até não restar nada da consciência alheia.

Potter faria o mesmo. Estava até na posição de Bella.

O mesmo sorriso sádico que via pelo canto dos olhos quando tornou a falar:

- Você foi preso. Posso ver isso. Onde estava esses anos todos? Em casa? Sim, era lá mesmo... E sua mãe? Um amiga querida conseguiu sua fixa e lá dizia que sua mãe morreu de desgosto após a sua partida. Vai me dizer que ela morreu de desgosto porque você não tinha morrido de verdade?

O Crouch prendeu a mandíbula, tentando manter os olhos focados no peito do adolescente. Não lhe daria respostas.

O sorriso sádico aumentou quando ele riu:

- Não! Ela foi quem morreu em Askaban! Vocês fizeram uma troca!

E o comensal arregalou os olhos, tão surpreso que realmente procurou as orbes verdes em choque que tivesse chego a tal conclusão.

Se arrependeu. Potter não o invadiu, como era de se esperar com o brecha, apenas ficou encarando com um sorriso tenebroso. Aquilo... não eram olhos da "cor da maldição da morte". Parecia que a própria ideia da morte estava ali.

Sorrindo para seus últimos minutos.

- As pessoas são tão previsíveis, Barty. É tão fácil lê-las. Me diga: todos esses anos em casa. Como foram? Péssimos, não é? Que tipo de prisão era lá? - o loiro tornou a baixar a cabeça.

Continuava sem sentir Potter em sua mente, mas de que outra forma teria descoberto? De que outra forma tinha a resposta na ponta de língua para cada pergunta que fazia?

- Seu pai... Vejam só, ele não te queria lá. Ele que te prendeu. Com isso posso simpatizar...

- Como você sabe disso?!

- Crouch sênior fez como? Usou magia ou foi fisicamente?

- Eu não...

- Magia. De que tipo? Vai me dizer que um "lutador da luz" foi tão longe quanto amaldiçoar o filho? Império? Todo esse tempo, foi isso mesmo?

Bartolomeu levantou o máximo que conseguiu do corpo:

- COMO?! - questionou incrédulo.

- Já disse, pessoas são previsíveis. Se souber o que procurar na forma de agirem, se souber as perguntas certas a se fazer, a ordem e como, tudo se ilumina. Um pouco de magia aqui, um dom especial ali. Nada de mais. Você é um livro aberto, só não sabe disso. Até a forma como respira afeta esse tipo de coisa, Barty. Quer outro exemplo? Se eu tivesse te dado para minha cobra como refeição, antes que ousasse colocar o nome de Neville no cálice e quase o colocasse em risco, o que teria acontecido? Iam começar a investigar o desaparecimento de Alastor, não o seu. Onde o encontrariam? Você precisa dele próximo para a poção e vivo, então na sua sala? Certo, me dê três tentativas. Primeira delas: tem um baú cheio de trancas no meio do cômodo onde você diz que há uma criatura raivosa para disfarçar os gritos do homem? Nossa, sério? Eu realmente achei que podia esperar mais do comensal que Voldemort mandou, em pessoa, para debaixo do nariz de Dumbledore, mas parece que me enganei.

- Isso não pode ser apenas dedução!

- Interessa? É a verdade, se acredita ou não fica com você. A propósito, você até que é bem obediente, sabe? A maioria dos adultos já estaria gritando "quem você pensa que é" ou qualquer ameaça ridícula e infundada que teria me feito querer alimentar Nagini.

Barty ouviu um sibilado e quase gritou quando a cobra se esticou ao seu lado, finalmente entrando em seu campo de visão, colocando a cabeça em seu braço ameaçadoramente.

- Eu reconheço um bruxo forte quando sou torturado por um - respondeu sem tirar um segundo a atenção do animal bizarro de tão assustador.

Era possível uma cobra ficar daquele tamanho?

O garoto sabia controlar aquela coisa?!

Claro que não! Não era um Slytherin e não era um ofidioglota. O Lorde das Trevas era o último na Grã-Bretanha (e possivelmente na Europa).

Aquela coisa então podia simplesmente matá-lo e dependia do humor de um animal irracional ou um garoto insano e irritado.

{- Ele não parece tão ruim} comentou Nagini. {- Ao menos não é um tolo completo}.

- Meus parabéns, Barty. Você sabe ajular. É um sonserino preso em uma situação perigosa, ganhou a simpatia dos meus colegas por respeito a mim, mas não a minha. Elogios são vazios e irrelevantes, pessoas os usam como dinheiro, para conseguir coisas. Me reconhecer é o mínimo que faz com sua vida. Não me irritar é questão de autopreservação e não me atrapalhar devia ser lei. Dito isso, não tenho tempo para ficar brincando. Preciso de respostas rápido, ver se você me é útil ou se será melhor morto, bem longe do que me é querido.

Barty viu pelo canto dos olhos os dois meios-irmãos se aproximando e ficou alerta mesmo que a cobra tivesse ido embora de novo.

Inferno estava com tanto receio com a aproximação dos dois armários quanto com a cobra.

- Imagino que não vai parar, de livre vontade, de testar minha paciência e me obedecer de agora em diante?

- Reconheço sua força, mas não é maior que a do meu mestre.

- Tenho minhas dúvidas – disse simples, pegando sua varinha de cedro e girando entre os dedos. – Torturas não me apetecem, eu sempre penso no que aconteceu aos Longbottoms e realmente não gosto do som de gritos. Mas você é o culpado por isso. Suas ações tem consequências e, para isso, pode me chamar de Karma. Prefiro que as pessoas decidam seu destino, prefiro que sofram pelo que fizeram, nada além disso. Tudo, até o fim da noite, dependerá de você e se fizer as coisas direito, poderá sair vivo. Não é uma tortura psicológica, é apenas um incentivo mais agressivo para que se torne alguém melhor, que fique claro.

- Do que está falando?

- Ivan, você tem cinco minutos, eu preciso de tudo.

- Sim alteza – e imediatamente foi para a frente do homem, varinha apontada, murmurou: - Legilimens!

[N/A: A TORTURA VAI VOLTAR UM POUCO AGORA].

Axek foi para trás, segurando a cabeça dele e Harry murmurou, olhos vermelhos, varinha apontada:

- Crucio.

Barty sentiu que nada em sua vida era pior que a dor que aquele garoto podia causar com a maldição.

Com varinha então?

Estava a alguns segundos de simplesmente desmaiar quando a coisa parou.

Então mais alguns segundos em silêncio e, de novo:

- Crucio.

Ele se esqueceu de tudo, era impossível manter qualquer barreira de oclumência com aquela dor, mal era possível se manter consciente, seus olhos reviravam na órbita e sentia um fio de saliva sair por sua boca.

Ele nem conseguia perceber que em nenhum momento Harry deixou a maldição por mais que quatro segundos.

Parecia que estava sendo queimado vivo, ao mesmo tempo que sentia pontadas no corpo muito mais fortes que facadas, que rasgavam a carne em toda velocidade, além de que sua pele parecia borbulhar em vários pontos, como se estivesse sendo frita ou queimada em ferro.

Tudo junto.

Em vários pontos.

Era horrível.

Mas durava quatro segundos.

Hazz tentava lembrar a si mesmo que quando foi com ele, aquelas dores duraram minutos, horas, dias. Meses e anos para concertar o que podia dos danos.

Bartolomeu merecia sentir algo por alguns segundos depois do que fez. De quem machucou e de estar ali. Ousar ser um risco para Neville ainda por cima.

"Monstro" seu interior gritava, mas ele ignorava.

Já faziam anos que vivia com orgulho carregando aquele título. Era um monstro sim. Criado pelas circunstâncias. Não era mais Harry, apenas o filho de Lily e James, era também Harrison, filho do príncipe da casa, forjado na dor de Harry, criado a sua própria força.

- Ele precisa de um tempo maior - avisou Yorlov, que ficara responsável por avaliar a saúde do comensal, no instante que parecera que Hazz voltaria a usar a maldição.

[PAUSA NA TORTURA: INTERROGATÓRIO].

- Ivan - chamou Hazz e o mais velho entendeu, se afastando um pouco. Hazz sorriu para Barty, precisava falar com ele, ter certeza que se mantinha consciente, que não fora muito longe. - Você ficou dez anos preso sob um Império de seu pai?

Não houve resposta.

- Ivan?

- Ele ficou.

- Você é um idiota completo por não aprender a resistir mais rápido ou seu pai que é muito forte e bom em esconder? Porque não vi nada demais naquele homem e já presenciei um aborto lutar mais que você, se for o caso. Você mesmo usou a maldição do controle, de forma não verbal e sem nem contato visual, em Crouch sênior na noite que insistiu em me colocar no torneio, o que mostra a inferioridade mágica do homem.

- Você sabe disso também... - murmurou Barty.

- Sempre soube. Fiquei curioso. Por que insistir que eu participasse? Pensei que Voldemort quisesse Neville e ficaria frustrado com minha interrupção.

- Ele quis você também.

- Como?

- O Lorde das Trevas ordenou que colocasse seu nome quando soube de seu retorno, queria ver quem o cálice chamaria. Foi assim que acabou no torneio. Não previu isso?

- Engraçado, não. Afinal eu também coloquei meu nome na coisa. Achei que a culpa era só minha.

- Colocou?! - questionou Barty voltando a levantar a cabeça. Do que adiantava esconder o olho se aquele bruxo absurdamente poderoso sabia tudo que quisesse quando quisesse? Bastava torturá-lo de novo, usar o garoto Ivan e estava acabado. Isso se não usasse seu dom de dedução novamente (que era tão impressionante que tinha de ser magia) . - Mas você fez uma jura de que não colocou seu nome diante de todos, da morte e a magia, você jurou...

- Mentiras. Usei palavras específicas para conseguir uma brecha que não gerasse suspeitas. EU não coloquei meu nome, nem pedi a aluno, professor ou habitante do castelo, foi Nagini - e a cobra tornou a aparecer, indo até ele, recebendo carinho, chiando enquanto Harry olhava com carinho para a monstruosidade rastejante. - Não importa. Rusev, teste a resistência dele.

- Sim, alteza - disse se aproximando e apontando sua varinha. - Império - ordenou e todos viram o olhar do adulto preso nublar. - Nos mostre sua língua.

Barty obedeceu.

Mas cheio de deboche, os olhos de volta ao normal.

Harry sorriu muito divertido:

- Ele sabe resistir ao melhor controlador, que fofo. Bem, isso se me desconsiderarmos da equação. Bartolomeu, eu quero que morda sua língua até arrancar um pedaço. Obedeça.

Não usou varinha ou mesmo a palavra Império, mas todos puderam sentir aquela onda de magia gigantesca, quase elétrica agora, fazendo os cabelos se levantarem e o corpo sacudir com a energia. De repente os olhos de Barty estavam sem foco e ele...

Simplesmente fechou a mandíbula com toda força contra a língua exposta. 

O músculo mais forte do corpo humano: mandíbula. Com toda aquela dedicação, imediatamente a língua começou a sangrar, mas uma única tentativa não foi o suficiente.

Ele abriu a boca para fazer uma nova, mas Hazz murmurou:

- Já chega.

Quando recuperou a consciência estava assustado e muito dolorido.

Harrison abriu a caixa com o diadema dando tempo para o homem se estabilizar. Yorlov correu para lhe jogar algumas poções a força pela boca.

A tiara era tão linda quanto se lembrava. Propriedade de Rowena Ravenclaw, diga de Marvolo apesar de tudo. Passou a mão por ela com carinho e reverencia ignorando como Barty começou a tossir e alguns de seus amigos fraquejavam.

Eles não podiam entender, mas estavam sentindo a fusão das almas causada pela ligação artificial de Harrison e, ao mesmo tempo que lançava sua armadilha no objeto.

Teria que se desfazer de Marvolo se quisesse testar sua teoria.

Mas detestava tanto a ideia...

- Eu fiz uma mãe apontar uma arma contra seu filho e atirar bem ao lado da cabeça - comentou Hazz sem tirar os olhos do objeto querido. - Fiz isso quando não tinha idade nem para saber como se faziam filhos. Fiz homens cometerem suicídio apenas por pensarem em machucar uma mulher de novo, literalmente assim: ordenando que se matassem quando a ideia se desenvolvesse em suas mentes um segunda vez. Fiz uma pessoa entrar em uma floresta e em silêncio se dar para a boca de um grupo de predadores que o destruíram como vingança por atitudes que tinha com pobres crianças órfãs. Controlei tantas mentes que sequer posso contar. Apagar memórias é brincadeira de criança. Seus dez anos contra o idiota do seu pai e uma simples império, maldição que domino desde os quatro anos como fui lembrado ainda hoje, estão longe de terem alguma serventia contra mim e minha magia! Ainda mais quando motivado. Nada me motiva mais que minha família e Neville faz parte dela. Os Longbottons fazem. Eu poderia ordená-lo a morder sua língua até arrancar a carne e então assisti-lo morrer afogado com o próprio sangue, mas não vou. Dito isso... - e encarou Barty com um olhar insano. - Que vida vale mais, a sua ou de seu mestre?

- Qual vale mais?!

- Quero muito acabar com você, mas há um peixe maior. Voldemort está me irritando, está esticando suas garras para o que é meu e não permitirei encostar um dedo sequer. Por mais que seus devaneios ridículos e atitudes infantis sejam úteis para distrair os governos e controlá-los sem ser visto com ainda mais facilidade, não posso deixar as coisas como estão se isso for me afetar tão diretamente. É aí que você é útil.

- Você é os olhos, ouvidos e ações de Voldemort em Hogwarts - explicou Ivan. - Se nos der tudo que queremos e der a ele apenas o que desejamos, a vantagem é nossa. 

- Jamais trairia meu mestre.

- Respeito isso, mas não me tem serventia agora - disse Harry, dispensando a coisa. - Portanto vamos ter que fazer da maneira mais difícil. Você é o anzol perfeito, não vou deixá-lo insano ou matá-lo, mas precisamos que fique conosco. Querendo ou não. Só que então acredite, quando eu acabar com você não haverá fuga se não a morte e nem serei eu a matá-lo. Será você.

- Eu não...

- Anzol alteza? - questionou Axek, incomodado demais com aquele detalhe, falando por cima do comensal.

Harry decidiu ignorar Barty e olhou para o Miller ao responder:

- Claro. A isca sou eu.

- ISCA?

- COMO É?! - questionou Nat se aproximando irritada.

- Para tirar Neville da mira de Voldemort é claro. Ele não quer um escolhido para a maldita profecia? Serei eu.

- Mas... Por que isso? Neville é mais importante que...

- Axek - chamou Hazz em um tom sombrio e alarmante. - Tome cuidado com o que dirá.

O Miller preferiu ficar quieto. Nat porém tinha a coragem para continuar:

- Como pretende fazer isso? Quer dizer, Longbottom vem atrapalhando o homem a três anos e se encaixa nas palavras. Não pode estar considerando parar tudo e se por em risco mesmo que elo melhor dos amigos.

- Eu faria isso por todos aqui, e todos fariam o mesmo por mim.

- Neville o faria?

Hazz não respondeu.

- Tenho meus modos de garantir que tudo dara certo... - comentou ao invés. - Barty, sobre a profecia... Você teve uma reação interessante. Não vai me dizer que seu mestre está interessado em pegá-la do ministério? Quem ele usará para isso?

E o Crouch gemeu frustrado.

Aquela era uma luta perdida.

Só podia imaginar o que seria dele agora.

- Vamos jogar um jogo de adivinhações? Temos mais dez minutos - e riu.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Oi oi.

Capítulo começou leve e terminou no embalo para o caos.

Mesmo assim... gostaram?

DESCULPEM NÃO TER POSTADO ONTEM. Fiquei até meia noite revisando e não deu tempo de acabar, acordei hoje as cinco para isso e sabem o que aconteceu? Meu computador morreu. Ele não liga mais. Usei o de outra pessoa, mas se eu não conseguir resolver pessoal, vamos entrar em Hiato indeterminado.

Eu avisarei melhor no meu perfil quando souber o que aconteceu, então ou me sigam ou podem me mandar mensagem depois perguntando, sim?

De todo forma eu já ia pegar uma folga de uma semana para o TCC, ia voltar só dia 23 então queria deixar claro que se vocês quiserem o capítulo bônus wolfstar ele viria na semana do dia 23 junto com o capítulo normal (SE EU RESOLVER O PROBLEMA DO PC LOGO). 

Então, com o bônus, seriam dois capítulos em uma semana quando eu voltar. Provavelmente o bônus no começo da semana (segunda, terça ou quarta) e o regular no sábado 28.

Também estava pensando em fazer um bônus para o James, mas ainda estou na dúvida se é boa ideia.

Enfim. Obrigada pela leitura pessoa, um beijo, uma boa noite, um bom dia, uma boa tarde e até quando meu PC voltar dos mortos (não tenho dinheiro para um novo, ele TEM que renascer).

PS: O dia tá péssimo, além do notebook "morto" leitores vieram me contar que o capítulo para eles corta no começo, como se nem tivesse que AAAAAAAAAA

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro