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Capítulo 23 - Tom & Marvolo Riddle

Esse capítulo pegou a posição de "capítulo que mais gostei de escrever" do cap de número 10 e deu um chute com todas as forças, jogando do pódio e subindo como se fosse seu trono.

Virou meu novo xodó, amei de mais e quero muito aplausos por ele, se eu fosse leitora e estivesse lendo teria surtos mínimos por período, por isso estou esperando seus comentários para massagear meu ego. Vocês sabem que é raro eu estar confiante com algo, então temos que comemorar!

Beijos e espero mesmo que gostem tanto quanto eu gostei de escrever <3

A propósito, para quem ainda não sabe to sempre avisando:  se quiser apoiar meu trabalho você pode acessar meu livro publicado na Amazon chamado "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza, totalmente gratuito para assinantes do kindle unlimited. Seria muito bom para apioar essa autora nacional independente. O prólogo pode ser visto aqui nesse perfil no wattpad para que descubra se a história vai te interessar, entre e dê uma chance!

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Capítulo 23 – Tom e Marvolo Riddle

"Muita coisa estava acontecendo em Hogwarts,

igualmente do lado de fora o mundo continuava girando"

Sirius estava sentado em uma mureta do castelo. Não teria mais aulas naquele dia de quarta-feira e a cabeça parecia um turbilhão.

Primeiro passou uma noite infernal com pesadelos terríveis onde via Harrison sendo acertado por tiros e queimado vivo.

Sentia que nenhum som (nunca) em sua vida o atormentaria mais do que de uma arma disparando daquele dia em diante.

"Bam!", se fechasse os olhos podia ouvir outra vez.

A dor que era receber uma dessas ele só conseguia imaginar.

E havia sido a própria tia. Bem pelas costas. Sirius não ignoraria isso, pois se via muito ali, sua mãe o acertando um Cruciatos a primeira vez que lhe deu as costas numa discussão.

Mas o grito do menino quando o fogo atingiu a pele estava claro que se tornaria seu maior trauma. Pensar que Harrison cortou a memória e os poupou de vê-lo.

O Black poderia vomitar aqui e agora se tivesse uma imagem para acompanhar os gritos.

Estava desde que acordara pensando nisso e notando que nunca viu o Potter trajado com menos que o uniforme de presidente do conselho (botas, calça comprida e jaqueta, além de luvas muitas vezes) ou seu uniforme de corrida, uma malha colada ao corpo, mas totalmente fechada e de mangas cumpridas (enquanto os colegas usavam regatas para fazer a mesma corrida).

Sempre roupas que cobriam o máximo.

O quanto daquelas cicatrizes que viu na memória ainda existiam? O quanto de pele teria se recuperado?

Lakroff disse que a poção de Gellert Grindelwald tinha o problema de perder o efeito conforme era usada. Haviam se passado seis anos...

Ele mal teve tempo ou cabeça para pensar no próprio Gellert Grindelwald, que tinha ideais bons pelo que tinha visto picotado dos quais nunca ouvira falar em uma única aula... Mas a escola era controlada por Dumbledore, o que o derrotou, não é? O ex lorde das trevas ainda entupiu uma casa que nunca usaria com remédios que poderiam nunca ser úteis ali, protegeu a casa, tentou ajudar os Potters e quando não conseguiu fugiu da cadeia apenas para avisar como encontrar o bisneto e (possivelmente na cabeça do animago) se deixou ser preso para que o filho não sofresse as consequências como algum tipo de cúmplice.

Então, para terminar com qualquer estrutura psicológica em si, houve a apresentação da aula de magia experimental depois do café.

Sirius foi porque estava louco para ver Harrison e a magia da qual estava desenvolvendo e sentia que seria a distração perfeita para suas perturbações noturnas (e o fato de que Lupin não estava mais na cama quando acordou depois de uma hora apenas de sono).

Não foi o único professor curioso, tão pouco.

Na verdade, na imensa sala encantada que foi reservada para a palestra, havia uma plataforma suspensa que permitia ver todo o salão, nela o Black se surpreendeu ao ver junto de todos os professores das três escolas que não possuíam aula naquele período.

Lá embaixo o número de alunos era igualmente impressionante.

Alunos de todas as casas de Hogwarts, quase todos os alunos franceses (que haviam ficado curiosos com a matéria quando souberam da mesma) e tantos outros da Durmstrang que queriam entender melhor como seriam as aulas naquele ano.

Numa imensa plataforma no centro estava o professor Huseff Musska, um homem idoso que tinha um sotaque estranho, bem diferente dos alunos da Durmstrang, e do qual a maioria ali não conseguia identificar. Tinha cabelos brancos compridos e bem amarrados em um rabo de cavalo, não mantinha barba, mas um belo bigode reto, usava roupas de bruxo em tons sóbrios e andava sempre ereto.

Ele pareceu encarar satisfeito sua plateia, mas tomou ar antes de continuar. Sirius ouviu uma conversa entre Musska e o professor Flitwick e sabia que o homem gostaria de ter vários alunos, assim teria mais chances de encontrar pérolas no caminho, mas estava a par das dificuldades de sua matéria e não pretendia enganar as crianças. Seria cruel em sua palestra. Precisava apenas dos que pudessem encarar o desafio.

[N/A: A partir de agora são explicações sobre a aula de feitiços experimentais, não interfere na história e é meio grande, igual ao ritual de Samahin vou avisar quando acabar para os que desejarem pular].

- Bem vindos alunos, meu nome é Huseff Musska e sou professor de magia experimental do Instituto Durmstrang há cinco anos – começou o homem e Sirius parou a conversa que estava tendo com Moody para prestar atenção. – Como podem ter ficado sabendo, sou ex funcionário do ministério da magia japonês. Apesar de ser russo, eu me formei em Mahoutokoro e vivi minha vida quase toda na Ásia. Fui ganhador do prêmio coreano 'maseuteo beulideo' (mestre criador) em 1975 e 1987. Para os que não sabem, este prêmio é dado àqueles que fazem grandes avanços nos campos de pesquisa da magia em diferentes categorias. A que fui honrado era a de excelência nas artes das trevas – ele deu um tempo para que os alunos das escolas Beauxbatons e Hogwarts reagissem àquilo, pois entendia bem como ambas essas escolas tinham preconceitos errados contra as artes. – Minha especialização nessa área, entretanto, não interfere no que quero ensinar a vocês: a criação de seus próprios feitiços. Vocês deverão entender as diferenças primordiais entre luz e trevas sim, com toda certeza, mas até o final talvez entendem mais sobre o mundo que os cerca com isso. Se não forem capazes de criar algo por si mesmo, ao menos podem evoluir como parte de uma sociedade mágica.

"Minha matéria é complexa, poucos se formam e menos ainda conseguem alguma coisa realmente significativa. Eu fui reconhecido pela criação da maldição katarse ivertum, capaz de criar uma área de corrupção mágica onde objetos e feitiços perdem a instabilidade no núcleo mágico e descarregam sua energia no dobro de sua velocidade normal. Isso, como podem ter percebido, garante imensa vantagem em batalha e pode ser usado também para evitar acidentes mágicos de grande escala, acabando diretamente com a energia do causador.

"Entretanto, para chegar a isto levei anos de carreira e estudo rigoroso. Em um ano, vejam bem, vocês nunca terão resultado parecido. A maioria dos que tiverem sucesso na matéria serão aqueles que conseguiram alguma tese que aprimora um feitiço já existente, isto é, vocês apenas terão uma boa ideia e tentarão prová-la como verdadeira. Fazer magia, apenas os excepcionais serão capazes e, tenho que dizer que mesmo sendo novo em instituições grandes como Durmstrang, sempre fui muito requisitado por aprendizes já formados e até hoje não tive mais do que um prodígio por década para um feito notável.

"Eu sou grato que tantos tenham criado interesse em me ouvir, mas não é uma matéria a ser levada de forma leviana, se não quiserem perder um braço, um olho ou mesmo a sanidade e a vida. Cada segundo terá que ser bem aproveitado, cada passo calculado e no fim pouco se haverá na prática, apenas na teoria. A magia é um elemento vivo e senciente que pode detestar que você queira controlá-la, principalmente se for contra seus princípios e fluxos naturais, ela irá atacá-lo e o que Lady Magic faz, os mortais são incapazes de desfazer, isso se ela tiver piedade e mantive-lhes vivos. Um par de chifres, a falta de um órgão, uma doença fatal, são consequências comuns e dependem do quando Lady Magic se irritar com sua ousadia".

"Quero ensiná-los a andar com suas próprias pernas. Entender o básico da criação de feitiços, como alguns surgiram, que tipos de treinos e pesquisas são necessárias para dar os primeiros movimentos e começar a entender o que uma ideia precisa para conseguir avançar até sua conclusão. Em suma, quero que saiam desse ano letivo sabendo como pesquisar, onde pesquisar e o que levar em conta para quando tiverem uma ideia realmente boa conseguirem desenvolvê-la. Com toda segurança, isso é igualmente importante. Todas as questões políticas de registro e auxílios do ministério também serão colocadas em pauta e nada ilegal para nenhum de nossos vigentes saíra, não se preocupem.

[N/A: Fim da explicação da matéria].

- Trouxe alguns de meus alunos para falar com vocês também, assim poderão escutar de vozes jovens como as suas. Esses são os únicos dois grupos em cinco anos no instituto que mostraram capacidade para fazer um feitiço novo, o que mostra o avanço dificultoso que é esta área de pesquisa. Dito isso, por favor, subam.

Sirius riu enquanto algumas meninas realmente davam gritinhos e batiam palmas conforme Harrison subia na plataforma com seus colegas, aquele sorriso arrogante, mas travesso e simpático, tudo ao mesmo tempo e que apenas James Potter conseguia replicar, estampava a face.

O professor pediu para o segundo grupo falar primeiro e quando chegou a vez de Potter todos se viram dentro de uma aula. Harrison era o professor e não havia uma pessoa que não estivesse totalmente atenta. Mesmo o rebuliço esperado de que Harry Potter estava fazendo uma magia nova no ramo das artes das trevas (um feitiço de PROTEÇÃO, mas ainda das trevas) não foi capaz de interromper as palavras do garoto, que saiam como ondas, acariciavam, entravam da mente e o faziam pensar. Ele estava em um palco, tinha sua plateia e fez um show.

Mas o Black não tirava da cabeça o fato de que o menino e seu grupo tinham feito uma magia que invoca um patrono, mas ao invés de usar felicidade, usava dor.

Ele praticamente esquecerá tudo que o afilhado disse naquele momento sobre a matéria, sobre todos os detalhes de porque uma magia de proteção era considerada magia sombria e não da luz, como haviam diferenças tênues entre as duas (eram coisas que ele mesmo aprendera na infância então não precisava da informação, mesmo que visse que o afilhado realmente estava se dedicando em dar uma explicação boa e que fez os alunos questionarem. Alguns realmente levantaram as mãos e fizeram perguntas, como Hermione Granger, é claro. Não perguntas ao professor, mas à Harry. Ele havia se tornado o mestre naquele momento).

Mas Sirius focou no feitiço.

Como foi o começo do processo de desenvolvimento, como decidiram mudar a magia de um simples escudo, para uma invocação e todas as falhas que ainda tinham que passar para terminar a coisa.

Tudo que o animago pensou foi que, para ser usada, a magia precisava de muita dor e desespero, você precisava sentir que não tinha alternativa e assim o "patrono" seria mais forte.

Tudo que Sirius focou foi na pergunta inevitável "mas então como vocês testam o feitiço?" e ele soube que Harrison mentiu na resposta.

Saber de verdade, no fundo de sua mente, que havia muita coisa escondida por trás das palavras seguintes, o destruiu:

"Usamos meditação, feitiços de ilusão controlados, bichos papão e tudo que é possível para criar situações forçadas na mente, evocar nossos piores momentos e de maior medo, assim conseguimos ao menos um pouco do efeito da magia, o suficiente para estudá-la, apesar de em quase nenhum momento realmente conseguirmos a invocação completa. Sabemos que é algo que só será comprovado no caso de risco real, então talvez nem sejamos nós a terminá-la. É trabalhoso, mas temos que estudar no campo da especulação. Vale a pena, pois achamos muito necessário, afinal será um último recurso que pode salvar a vida de um bruxo menos habilidoso. Não precisará que saiba lutar, apenas querer a ajuda de verdade e sua magia saberá o que fazer.

"Ela vai acabar, você vai desmaiar por exaustão mágica dependendo do nível do problema e da criatura que foi necessária para seu resgate, é realmente um último feitiço apenas para te livrar de um problema X, não serve em batalha ou coisa do gênero, mas se estiver... não sei, sendo atacado por um trasgo e precisar fugir ou mesmo em uma floresta em chamas, poderá invocar um cavalo e sair de lá. Se for forte o bastante e tiver magia de sobra, até um grifo e voar para longe. Durará até que esteja em segurança ou que suas reservas se encerrarem e isso vai te tirar todas. A criatura será mais corpórea dependendo do nível do seu desespero também, poderá ser translúcida em casos como o nosso, de meditação, mas já conseguimos fazer uma real certa vez. É bem difícil enganar a magia para que ela acredite que você realmente precisa disso, mas durou alguns minutos inteiros nosso maior sucesso. É realmente um estudo de cálculos e especulação, é o tipo mais difícil de estudo, só que... – e continuou por um tempo.

Black soube que Harrison estava mentindo ou omitindo coisas, porque simplesmente conhecia o olhar que tinha no rosto do afilhado.

Inferno sangrento, o menino era o mesmo que James. Seu melhor amigo, a pessoa que mais conhecia, não tinha como enganar Sirius com um olhar daqueles.

Prongs havia feito algo novo, o mapa do maroto foi praticamente toda ideia dele. Remus ajudou a achar os livros que precisava para terminar as magias e Sirius e Rabicho (aquele merda) conseguiram as informações para desenhar as passagens. Mas sem James nada teria avançado.

Ele foi o gênio que criou os feitiços, encantou o pergaminho, que soube e teve o talento para entender as complexidades de um encanto experimental e fazer os próprios.

Lily, quando já eram adultos, comentou uma vez a palavra "artesão" para se referir a James e aos Potters, já que Fleamont enriqueceu com as próprias poções. Só agora Sirius sentia entender bem o motivo.

Harrison estava criando sua magia, era mais um artesão.

Mas o que ele fazia não era uma solução para o cabelo, nem um mapa para brincadeiras. A dele precisava de dor.

Uma magia que usava meditação para lembrar dos piores momentos de sua vida e invocar uma criatura. Uma que levaria os tiros por ele? Ou apagaria o fogo? O tiraria dos exorcismos? Qual das coisas o afilhado se obrigava a reviver para conseguir avançar nos estudos? O quão complexo tinha que ser o sentimento para ir tão longe quanto criar um ser?

Aquilo era insano.

Se a palestra tivesse acontecido no começo da semana, como estivera programado antes, Sirius não teria notado esse detalhe perturbador, mas agora sim e imediatamente ele se perguntou como Lakroff Mitrica permitia uma coisa dessas.

Então sua mente respondeu tão rápido quanto o pensamento havia o atingido:

Harrison não dependia dele e não respondia a ninguém.

Harry não deixaria de fazer uma única coisa porque havia sido desaprovado e poderia simplesmente ir embora a qualquer instante. Não se manda em Harrison James Mitrica Potter, se conversa e tenta convencê-lo no máximo. Lakroff provavelmente não gostava daquilo tanto quanto Sirius, mas o que poderia fazer além de estar perto e aconselhar? Ajudar, diminuir a dor do neto?

Teve que aceitar que, para Harrison, aquele feitiço era importante, algo o que poderia ajudar uma pessoa em situação tão desesperadora quanto as que passou e se lhe era tão valioso nada, nem ninguém, poderia ficar em seu caminho para conquistar.

Tinha que aceitar, pois se James já faria coisa parecida por algo que quisesse, sendo o grifinório que era, o afilhado iria ainda mais longe como uma boa cobra ambiciosa.

- Black – ouviu lhe chamarem, o tirando dos devaneios preocupados e reconheceu a voz no mesmo instante.

Ninguém ali tinha tanto nojo ao pronunciar essa simples palavra se não Severo Snape.

Sirius não estava com cabeça para isso agora.

- Severo – cumprimentou usando o primeiro nome, apenas para irritá-lo.

Funcionou, quando olhou para o outro este estava com uma carranca tão marcada que faria um aluno do primeiro ano da Grifinória chorar. Ao menos tinha que dar crédito ao ranhoso por conseguir ser tão...

Ranhoso.

Era um mestre nisso, sem dúvida.

- Eu sei que seu desempenho como professor não passa de uma piada – comentou Severo naquele tom enjoativamente lento que usava para dar bronca em alunos que Sirius já estava perdendo as estribeiras de tanto ouvir. – Mas ficar numa mureta dando um mau exemplo para os alunos é o mínimo que poderia evitar.

- Mal exemplo?

- Isso não é lugar para se sentar, Black!

- Vai tirar pontos de mim? – provocou.

- Estou pensando apenas em aproveitar a oportunidade de você estar em um lugar tão íngreme e empurrá-lo, se quebrar uma quantidade adequada de ossos ao menos ensinará algo aos alunos de porque não gostamos que eles sentem aí!

Sirius ia dar uma resposta afiada ao outro, mas então olhou para trás e percebeu que realmente a queda ali causaria problemas, se lembrou de todas as broncas que ele e James recebiam por ficar naquele lugar, escorados e de qualquer jeito e percebeu que havia uma lógica de os professores reclamarem daquilo.

Mas ele era um adulto.

Só que deveria ser o maldito exemplo.

Certo... Estava tentando ser uma pessoa melhor, fazia terapia, era professor, pediu desculpas a Harrison, estava vendo a vida por ângulos que nunca considerou, até duvidando de Dumbledore como o sábio que sempre viu, mas apenas um humano, e realmente tinha uma chance agora de mudar. Não ia implicar com o seboso só porque o detestava.

Se levantou da mureta e assistiu como a máscara do seboso quase caiu revelando um pouco sua surpresa de ter sido obedecido.

- Então o cachorro ainda escuta quando pedem para dar a pata – murmurou o sonserino. – E eu achando que tinha que chamar o líder da matilha, pensava que só entendia quando lhe latiam.

Sirius considerou dar um soco em Snape. Se batesse com força podia endireitar a cara?

- Você está pensando em chamar Aluado? Achei que tivesse medo... – comentou, mas se arrependeu no mesmo instante.

Inferno.

A maldita pegadinha.

Sentiu uma pontada no peito, mesmo que a expressão de Snape não tivesse vacilado um único segundo.

A verdade é que Severo já não esperava muita coisa de Black, mencionar o dia que quase o matou como se não fosse grande coisa não o afetava:

- Não tenho medo de alguém que parece fazer tanta questão de se envenenar. Tenho pena – comentou com desprezo.

Sirius poderia se importar com aquele comentário, poderia se magoar e descontar todas as suas frustrações acerca da situação de Lupin em Severo. Poderia gritar e se descontrolar, era o que queria a um tempo já. Moony parecia pior do que na adolescência, mal falava com Sirius, ficava ainda mais fechado, não parava de comer aqueles malditos chocolates e tinha certeza de que sentiu o cheiro de cigarro nele em uma das visitas, continuava se vestindo com trapos ao invés de aceitar o dinheiro do Black e simplesmente não respondia a suas tentativas de avançar o relacionamento, como se tivesse medo e raiva de si mesmo.

De novo.

Por todas as deidades mágicas, ele queria tanto moony, mas havia aquela barreira insuportável que ele mesmo colocava e às vezes só queria socá-la até quebrar, mas não era fácil. Sirius não era delicado para saber os pontos certos que tinha de derrubar, nem forte o suficiente para a opção mais rápida.

Mas no meio de tudo isso a mente de Sirius se voltou para Harrison e quando olhou para Snape, viu que não precisava de mais um problema na sua vida.

Eles eram colegas de trabalho agora, se viam todos os dias, comiam na mesma mesa. Se Severo queria continuar com a briga, que seja, Sirius até podia entender pois faria o mesmo.

Ontem.

Não hoje.

- Snape, com todo o respeito – começou e ignorou o bufo do outro. – Eu sinto muito por ser um babaca inconsequente e arrogante – ao menos foi divertido ver como o outro simplesmente pareceu tão confuso com aquilo que demorou para ter qualquer reação.

Não que tivesse conseguido pegar todas.

Severo primeiro não escutou. Realmente seu cérebro teve tão pouca fé de que ouviu aquelas palavras que não escutou. Então o pouco de silêncio o fez perceber que era real. Então duvidou.

Depois travou.

Ficou confuso.

Avaliou de novo.

Travou outra vez.

Ficou em choque e desnorteado, por fim respondeu a primeira coisa que veio a mente sem nem perceber:

- Bateu com a cabeça na lata de lixo que tirou as roupas pela manhã? Você parou de fazer sentido, Black.

Aquilo foi totalmente infantil. Ele sabia. Mas realmente estava confuso demais para pensar o bastante. Apenas ficou repetindo a frase em sua cabeça: "Eu sinto muito por ser um babaca inconsequente e arrogante".

- Estou me referindo ao episódio da lua cheia. A minha completa falta de senso e estupidez além do imaginário – disse Sirius inspirando fundo. Certo, mais um passo e ele podia tirar mais um peso das costas, podia dar mais um passo para ser um adulto, independente do que pensasse do ranhoso e mesmo sabendo que aquilo seria inútil, o homem ainda o odiaria, eles ainda se odiariam, ao menos teria feito sua parte. E seria sincero. Era mais do que qualquer um podia esperar dele mesmo. - Eu nunca deveria ter feito algo como aquilo e, sinceramente, Dumbledore foi muito inconsequente em não ter me punido mais e de forma severa. Eu não aprenderia minha lição com aquelas detenções, nem sinto que aprendi totalmente em algum momento, me arrependi apenas de ter irritado James, magoado Moony, ter feito meus amigos brigarem comigo. Nem me importei com você, essa foi a verdade. Era função do diretor não ter acobertado o caso e me feito ver com clareza o problema. Isso só piorou o que eu já tinha de ser impulsivo e idiota. Tive que ser preso para aprender alguma coisa, não que tudo esteja relacionado, mas enfim. Eu fui preso.

"Passei doze anos em Askaban, sozinho e sendo torturado e me recuso a sair de lá para brigar com você como uma criança. Eu perdi doze anos, doze longos anos Snape, que nunca vou recuperar. Eu saí para não reconhecer as pessoas de primeira, para ouvir que alguém morreu, que uma rua não existe mais, não me ver quando olho no espelho. Para você do lado de fora talvez nem fosse nada, mas eu passei de vinte e um, para trinta e quatro anos em um piscar de olhos horrível. Eu nem sempre vou saber agir como a minha idade, mas preciso, porque ninguém vai esperar mais doze anos para que eu aja adequadamente, ninguém vai deixar que eu seja o homem de vinte e um que foi trancafiado em um cubículo escuro, frio e cheio de dementadores que me impediam de olhar o futuro, só o passado. Ninguém vai lembrar que o tempo não passou para mim, não na mente, não de verdade. Todos vão querer o adulto de trinta que tive alguns meses para assimilar, tudo porque Dumbledore me deu algo que achei que podia ser uma oportunidade de ser... normal, mas que é uma responsabilidade tremenda que estou fazendo meu máximo para aguentar!

"Então obrigada pelo toque de que sou um professor e estava dando um mau exemplo e a você, minhas sinceras desculpas por ser uma pessoa idiota, não posso mudar o passado, mas no presente espero que se for para me odiar, ao menos podemos fazer isso sem que eu sinta que estou correndo atrás do próprio rabo. Só porque me torno cachorro, não quer dizer que eu goste disso. Não quero responder às suas provocações e espero que você, que parece ter tido todo o tempo para amadurecer e feito isso com sucesso, parabéns, possa apenas não fazer esses comentários sem necessidade. Apenas me ignore e eu tentarei ser o menos insuportável e infantil para sua vida, antes tão pacífica sem mim. É tudo que posso oferecer!

Muita coisa se passou na mente de Severo Snape.

Nenhuma delas foi totalmente racional ou completa.

Realmente parecia que nenhuma de suas ideias chegava até o fim antes de dar uma guinada, uma cambalhota estranha, então se estatelar no chão.

Como alguém que trabalhava como espião, ele tinha a tendência a avaliar cada palavra que saia da boca de uma pessoa, cada sentimento que seus olhos revelavam, cada traço de sua movimentação corporal para entender seu alvo.

A questão é que seu cérebro virou gelatina.

Simplesmente não conseguia encaixar um ponto no outro e fazer sentido.

- Professores, espero que não estejam brigando no corredor – Snape ouviu a voz de McGonagall se aproximando e só então se perguntou que tipo de expressão estaria fazendo enquanto se perdia em devaneios.

Sirius, por outro lado, olhou em todas as direções percebendo que tinha dito coisas de mais em público, por sorte não parecia ter ninguém por perto.

- Eu estava indo almoçar, gostariam de me acompanhar? – perguntou a mulher, imaginando que assim poderia ficar de olho na dupla problemática.

- Tenho algumas poções para terminar – murmurou Severo. – Encontro com você no salão, Minerva.

- Como desejar, Severo. Professor Black? – perguntou a mulher estendendo o braço para o homem que acenou com a cabeça e lhe deu o próprio para que ela se acomodasse. – Até mais Severo.

Sirius não se preocupou em dar uma segunda olhada.

Snape esperou que eles virassem o corredor antes de andar apressadamente até os aposentos de Dumbledore. Com sorte, o homem estaria no café da manhã e poderia usar sua penseira em paz, tentar entender aquela situação se a assistisse vezes o bastante.

- Vocês dois tinham que tentar ser mais... educados um com o outro – murmurou Minerva enquanto era acompanhada por Sírius.

O homem pensou em contar a colega o que tinha acontecido, mas achou que já tinha se aberto demais com pessoas que tinha intimidade de menos por um dia:

- Talvez – foi tudo que disse.

Ele, assim que chegou na mesa do grande salão viu Lakroff e o homem lhe sorriu, depois do momento no corredor, sentiu uma necessidade muito grande de estar com Moony...

Ou James.

Eles sempre sabiam como deixar Sirius mais focado, mas o sorriso do Lorde Mitrica pareceu ser suficientemente acolhedor, então foi se sentar ao seu lado.

- Bom dia, professor Black.

- Vice-diretor – cumprimentou.

Na conversa que tiveram, depois de Harrison sair na noite passada, Mitrica deixou claro que deveriam manter distância para não deixar que as pessoas em Hogwarts percebessem que era o tutor do menino, pois dificilmente não o irritariam com o fato de estar com o filho de Gellert Grindelwald.

Se soubessem sobre Lily...

Lembrar disso o fez rir.

Lily, a neta do lorde das trevas Grindelwald.

Era uma mestiça, herdeira e última Lady das nobres e antigas casas que colocariam a maioria dos sangues puros no chinelo e faria alguns tremerem. Era quase como ser filho de Voldemort.

Riu mais um pouco com isso. Voldemort tendo filhos? Eles teriam nariz?

- Lembrou-se de algo divertido? - perguntou Lakroff.

- Sim.

- Eu e o professor Fílio Flitwick estávamos debatendo sobre a aula de magia experimental.

Aquilo quase o tirou totalmente do humor, mas o olhar de compaixão que recebeu do loiro mais velho mostrou que entendia bem a sensação e comprovou sua teoria de antes.

Droga, Harrison seria difícil, se mesmo Lakroff ainda precisava se contentar com coisas assim.

- Mas é realmente impressionante, não acha Black? – perguntou o meio doende chefe da Corvinal, do outro lado de Mitrica. – Talvez as crianças não tenham entendido a complexidade do que o senhor Potter está fazendo junto de seu grupo, mas criar uma magia sem realmente usá-la, baseando-se em cálculos de probabilidade centrados em pequenos resultados que exposições controladas de estímulos carregam... é incrível! Realmente estupendo!

- Sem contar que se funcionar seria realmente de se aplaudir – comentou Séptima Vector (aritmancia, para quem não lembra).

- Eu só me preocupo que ele esteja usando magia sombria... – comentou Hagrid.

Sirius não perdeu como a maioria dos professores da Durmstrang pareceram revirar os olhos, mesmo que de forma contida.

- Qual sua preocupação exatamente, senhor Hagrid? – perguntou Musska. – O senhor Potter pareceu deixar bem claro, para mim, que magia das trevas nada mais é que um ramo de feitiços que usa manipulação emocional para aumentar a eficácia e atingir pontos mais intrínsecos da nossa magia. Pontos que normalmente não alcançamos com simples movimentos de varinha. Uma técnica que mistura efetivamente as motivações da mente, as emoções e a magia.

- Entretanto ainda é algo instável - disse o meio gigante. - Ele é um adolescente, as emoções são confusas e muitas, forçar isso a interagir com sua magia, incentivar que ela responda mais a seus impulsos do que simples palavras de ativação, poderia causar problemas. Quer dizer, não estudamos em escolas quando fazemos onze exatamente para parar de fazer coisas como magia acidental movidas por raiva ou medo? A magia negra está me parecendo literalmente isso. Magia acidental sendo encorajada e manipulada, mas exatamente por ser algo instintivo, não se pode ter certeza de que continuará controlando.

- É muito mais complexo, senhor, mas entendo a confusão. Sim, esse ramo se utiliza de uma base muito semelhante a magia não intencional, tanto que magias bestiais também são declaradas das trevas. A teoria começa nisso, deixar que seus instintos falem mais alto, se alimentar e mover através da sinceridade de suas vontades mais profundas, o que em tese oferece resultados bem mais fortes. Com os exercícios mentais corretos podemos entender esses sentimentos e utilizá-los a nosso favor. Toda magia, mesmo a da luz, é movida pela intenção, pois precisamos querer que algo aconteça, mas com a magia sombria não basta querer que algo flutue, por exemplo, você deve permitir que sua magia entre em cada parte do seu corpo, descubra tudo que se passa e reaja com força total a isso e apenas isso. Nada mais é que um recurso extra para uso de nossas capacidades natas, onde se libera a magia para dar cem por cento do que é capaz. Nossas energias se fundindo, mágica, intelectual e emocional por um único objetivo e sim, geralmente isso se reflete em feitiços nocivos, mas não nos limitamos a isso. O importante é fundir tudo que temos.

- Não apenas um "movimento de mão" automático onde a magia obedece e se retrai de novo. Uma invocação de sua essência e sua liberação. Liberar suas emoções através da magia ao invés de reprimi-las! – disse Jaminke Drist, professor de magia marcial, se colocando na conversa. - Não vejo onde está o problema.

- Pelo que o senhor Potter disse, os feitiços de magia sombria ainda elevam a nossa reação às emoções que está tentando despertar – A professora Pomona Sprout também se intrometeu e nesse momento Sirius percebeu que todos na mesa estavam começando a se focar nisso, parar qualquer outro tema. – Se me permite perguntar, mas não é comprovado que artes das trevas podem consumir o psicológico daquele que usa demais? Quer dizer, vocês negam isso?

- Não, claro que não. Ela consome, mas isso é uma questão de treino. O exemplo mais obvio são as imperdoáveis. – respondeu Margriet Aliska, professora de línguas antigas, que estava mais uma vez ao lado da Lufana de Herbologia. – A maldição da tortura é movida pela sua vontade e suas emoções de querer causar dor, depois que se começa você vê seu inimigo sofrendo e para mantê-la funcionando você tem que sentir prazer em ver aquele sofrimento, continuar desejando que aconteça e quanto mais o quiser, mais forte será a dor do inimigo e assim por diante. Uma bola de neve de poder, como praticamente todas as artes das trevas. Ela consome muito de quem usa, vicia, pois ativa partes do cérebro responsáveis por hormônios da felicidade, mas se você não tem o impulso de gostar do que está vendo nem conseguiria mantê-la. No primeiro grito do inimigo perderia a força, então ela nunca te viciaria. Você não teria tempo para isso. Magia sombria precisa que você a deixe continuar. Precisa que você deixe que consuma. É uma questão de individualismo da pessoa, eu nunca seria afetada por isso, pois nunca usaria para começo de conversa. Mesmo que me visse forçada a usar algo do tipo, é de controle emocional que estamos falando e...

- Desculpe-me, mas controle emocional? – Interrompeu McGonagall. – Estamos falando de adolescentes! Potter é jovem. Seus alunos, como um todo, o são. A magia negra é muito complexa, vocês não podem dizer que sempre a controlam sendo adultos e se estamos falando de crianças... Parece idealismo!

Lakroff tossiu em sua taça, Sirius viu Dumbledore dar um sorriso estranho, a cabeça do Black ia de um lado para o outro da mesa para acompanhar a discussão.

- E não tem como saberem com certeza se os alunos não estão indo longe demais sem que chegue a vocês. Pior ainda, se não estão usando feitiços proibidos que não deviam e que podem piorar ou estragar qualquer avanço que estavam trabalhando com eles – encerrou Minerva.

- Temos terapia em nossa escola. Eu sei que vocês não possuem, mas garanto que é útil - respondeu Jaminke, ele continuava sendo o professor, entre os estrangeiros, mais ríspido nas palavras.

- Sem contar que, feitiços proibidos? Nossa escola não proíbe feitiços, proíbe o uso indevido. Impedir as pessoas só faz com que tentem descobrir um jeito de usar aquilo escondido e do qual não poderíamos ajudá-los, para evitar justamente o cenário que está imaginando - completou Musska.

- Idealismo é pensar que os seus alunos não fazem nada proibido - tornou a falar Jaminke. - Se não se escondem em seus dormitórios ou em suas casas para conseguir praticar coisas ilegais, existe literalmente uma câmara na sua escola que um de seus fundadores fez para incentivar isso.

Pela primeira vez em sua vida Sirius simpatizou com Karkaroff porque o homem riu com ele. Sirius provavelmnete por sua implicância com a Sonserina, mas enfim. Mitrica manteve melhor a pose, apenas fechando os olhos e inspirando fundo ao seu lado, mas o animago jura que pode ouvir Alastor Moody xingar baixinho algumas cadeiras ao lado. Algo como "porra".

- Professores – chamou Dumbledore que estava distraído, sem dar tanta atenção à conversa dos professores por se preocupar mais com uma movimentação estranha na mesa da Sonserina, mas agora teve que intervir. – Estão se exaltando. Claro, diferenças políticas entre países tão diferentes são normais. Vamos tentar manter a conversa educada.

- Sinto muito se pareci indelicado, é um problema que tenho – desculpou-se o professor de magia marcial. – O que quis dizer é que entendemos todos os pontos que vocês estão levantando, mas nós decidimos enfrentar os problemas da magia sombria e aprender como torná-la funcional, da melhor maneira que conseguimos e para nossos alunos. Nós entendemos seus riscos e a respeitamos, por isso temos tantas aulas extras em nosso currículo, por isso Durmstrang é tão diferente, mesmo que seja algo novo é apenas um processo de evolução natural causado por nossas tentativas de torná-la mais segura e desenvolvê-la como arte mágica válida. Não há como impedir um adolescente curioso de conhecer magia obscura, mesmo em um país onde é proibida, ficaríamos apenas cegos as suas ações e depois coletaríamos os frutos quando essa pessoa já estivesse totalmente instável psicologicamente. Estamos fazendo nossa parte para ensinar como usá-la sem que te consuma e para isso é necessária transparência.

- O melhor não seria evitar que entrasse em contato com crianças e deixar que apenas adultos tentassem? – perguntou a professora de estudo dos trouxas.

- Seria pior – respondeu o próprio Lakroff, finalmente falando ali. – Um adulto sem o preparo mental correto para magia sombria seria imediatamente afetado por todos os impulsos que ela causa. O controle a que nos referimos tanto é um músculo como qualquer outro, é um conhecimento e um condicionamento, se você ensina uma língua para uma criança ela a conhecerá com muito mais facilidade que um adulto, se um adolescente começa a treinar um esporte ele será muito melhor quando adulto que começou naquele ano. O adulto tem que lutar contra os impulsos das trevas e vai bater em muito mais barreiras que alguém que ainda está aprendendo a magia do zero ainda, uma mente em branco onde tudo é novidade. Estamos aperfeiçoando desde as primeiras vigas para construir uma estrutura firme um dia.

- Mas estão construindo essa base a troco de que? Quantos vocês tem certeza de que aguentarão? – disse Hagrid. – São jovens, se estiverem muito irritados com alguém? Vocês incentivam todos os dias a magia deles a reagir sem estribeiras, os feitiços os consomem também, aumentam elas, então de repente podem atacar alguém! Aconteceu já! Não disseram que o próprio Harry, que é um dos melhores alunos, teve um episódio de ataque noturno onde praticamente torturou um dos amigos dele?

- Era o segundo mês dele na escola e ele estava dormindo! – resmungou Katharina, a professora de oclumência ao lado do meio gigante.

- Mas vocês estão colocando os alunos em risco. E a culpa que Harry não sente até hoje de ter ferido um amigo?

- Não vejo seu ponto. Ele podia ter vindo para cá que o mesmo aconteceria. Aquilo não era magia das trevas, era magia acidental. Aí está a diferença entre as duas, ele não tinha como ter a intenção dormindo.

- Entretanto é verdade o perigo. E se um aluno errar? Se deixar levar demais? Vai ferir todos os outros – acrescentou Rolanda Hooch (instrutora de voo de Hogwarts, quem não lembra).

- A magia da luz também tem acidentes durante o ensino. Alguém só iria se ferir nas nossas aulas com um simples erro se não fizermos nossa função como professores direito – acrescentou Jaminke.

- Controle de algo pode ser o suficiente? Intelectualmente vocês não têm qualquer poder e estamos falando de magia que mexe com a mente – disse Hagrid.

- Desculpe? Para isso que estou dando aulas, senhor Hagrid – lembrou Katharina. – Acidentes acontecem, é claro, mas é um processo. Não adianta temer nossas emoções e nossa magia, estaríamos apenas nos tornamos ignorantes à toda uma área e por medo! Conhecimento é a coisa mais importante para a evolução de uma sociedade e é poder, muito mais valioso que covardia provinda de preconceitos sem embasamento.

O olhar de Sirius se encontrou com o de Moody naquele instante e de alguma forma estranha soube que o homem estava pensando o mesmo que ele. Apesar da diferença de idade e experiências, ele sentiu que Alastor Moody talvez não fosse como as pessoas achavam, um simples velho rabugento e meio maluco que odiava bruxos das trevas, porque ambos sorriram exatamente da mesma maneira por trás de seus cálices, mas o auror aposentado ainda teve a coragem de dizer:

- Está dizendo que nós na Inglaterra somos covardes ignorantes por proibir e não ensinar magia negra?

E Sirius quase gritou de incredulidade quando Katharina simplesmente terminou de acender aquela fogueira:

- Sim.

Estava feito.

Os professores de Hogwarts e Durmstrang começaram uma briga.

No salão principal.

Sirius quase se levantou para bater palmas, aquilo estava sendo incrível.

A mesa da Sonserina simplesmente parecia em alvoroço. Desde o começo estiveram ouvindo toda a conversa porque Harry Potter havia colocado um feitiço de escuta com um dos alunos do primeiro ano mais próximos à mesa dos professores e os colegas de verde utilizaram feitiços de ilusão fracos para não deixar que os professores notassem, se aglomerando em volta da bacia de água onde podiam ver melhor tudo. Com a resposta de Katharina Wakrot Hogwarts presenciou dezenas de herdeiros arfando ao mesmo tempo, chamando ainda mais atenção para a discussão.

Luna, enquanto todo o salão explodiu em discussões acaloradas e a Sonserina em risos satisfeitos, sendo arrastados para conversas entre grupos principalmente de Corvinos que queriam uma opinião mais franca sobre o que estavam debatendo, se aproximou de Hazz e sussurrou:

- Parabéns sua alteza. Chamou a atenção deles.

- Só não sei se do jeito que eu queria – respondeu aos risos encarando agora diretamente a mesa onde os professores discutiam em voz alta.

-x-x-x-

Voldemort saiu da penseira naquela noite impressionado.

E eram poucas pessoas que conseguiam impressioná-lo.

Normalmente Bartolomeu Crouch Jr viria aos fins de semana dar seu relatório, mas Marvolo estava pronto para roubar a taça da Lufa-Lufa no Gringotts e reabsorver mais essa parte de sua alma, por isso precisava da ajuda do comensal. Faria o roubo sozinho, mas não podia confiar totalmente no que viria depois.

O corpo instável de homúnculo que o diário e seus rituais o haviam proporcionado ficaria exausto depois da invasão e da luta contra as magias de proteção goblins, precisava que alguém ficasse de olho nele e na taça até que estivesse em condições para a reabsorção.

Outra coisa extremamente exaustiva, dolorosa e irritante.

Muito.

Por Morgana, como odiou reabsorver o anel.

Mas apreciou tanto recuperar a alma que repetiria o processo todas as vezes que fossem necessárias.

Era ótimo que o diário tivesse conseguido formar algo físico, já que o livrou de passar pela experiência ao menos uma vez.

Isso, o diário, era algo realmente interessante. Mesmo sendo uma Horcrux forte, era apenas por manter memórias, não deveria conseguir ressuscitá-lo. Mas o fez. Sua teoria? A magia que inseriu nas memórias, misturada a alma e a absorção de uma outra como sacrifício foi um conjunto de fatores capaz de muito mais do que Marvolo esperava.

Mas ainda sentiu falta de coisas.

No físico já tinha conseguido resolver praticamente tudo, mesmo que fosse um tanto degradante por parecer uma atitude muito trouxa, malhação estava tendo resultado. Desde 1992, dois anos que voltará, ninguém podia dizer que foi um corpo forjado em magia, não havia mais nada de diferente de outro qualquer. Não que fosse útil, mas testou até sua fertilidade com uma poção e comprovou que até nisso havia se tornado um bruxo qualquer.

A magia, entretanto...

Inferno, não importava o quanto tentasse, não conseguia criar uma poção funcional para controle de estabilidade mágica.

Já estava achando que era impossível.

Não parava de explodir janelas, derrubava coisas pela casa quando espirrava, congelava as penas quando estava distraído pensando segurando uma. Tinha que ficar constantemente atento em público e cansava muito rápido, pois tudo ia embora com quaisquer feitiços em sucessão.

Ficaria acabado com o próximo passo, mesmo que já tivesse treinado o suficiente para se sentir confiante. Bartolomeu deveria fazer a proteção da mansão e cuidar da taça, assim mesmo que Marvolo desmaiasse não aconteceria de seus feitiços caírem ou serem facilmente derrubados.

Mas assim que o comensal chegou a primeira coisa que informou foi que os professores haviam brigado em pleno salão principal por causa de magia sombria. Que todos os alunos estavam discutindo o tema e que a casa da Sonserina literalmente havia aplaudido Harry Potter durante o dia.

Teve que ver as memórias daquilo e agora, novamente em seu escritório, Bartolomeu Crouch Jr. em pé em frente a mesa o encarando com expectativa contida percebeu que não sabia qual de suas linhas de raciocínio focava.

Colocou os cotovelos na mesa, juntando as mãos em frente ao rosto para criar um apoio onde colocou o queixo e fechou os olhos concentrado em absorver todos os detalhes que havia pego.

- Barty – chamou após longos minutos. – Algum aluno da Sonserina vem falando sobre aquela teoria absurda de que Harry Potter me derrotou porque seria o próximo grande lorde das trevas?

- Sim, meu senhor. Ouvi um ou outro comentando isso.

- Em que contexto?

- Apenas comentando como o garoto é talentoso com feitiços. Em qualquer matéria, na verdade – acrescentou após ponderar um pouco. – Ele não tirou uma nota perfeita em Herbologia, mas foi o suficiente para passar nos N.O.Ms, então poderia abandonar a matéria, mas ao invés disso ele continuou apenas para se formar com ela nos N.I.E.Ms também, mesmo que fique claro que nem aprecia muito o conteúdo. Os professores disseram que ele luta pela perfeição e que eles o incentivam. Todos os sonserinos vem notando as capacidades dele, principalmente como presidente do conselho. Ele praticamente é o próximo na liderança da escola depois do diretor e do vice-diretor. Às vezes, acho que deve mandar mais até do que Karkaroff, principalmente se tratando da lealdade dos alunos. A escola inteira o respeita ou obedece e alguns parecem beirar a serventia. Chamam-no de "Alteza".

- Alteza?

- Sim. Potter vive os corrigindo, mas dificilmente alguém muda. Há aqueles que parecem falar apenas para irritá-lo, mas seu círculo íntimo... não. Eles falam porque o consideram assim, seu superior. Ouvi um dos da Durmsgrand chamando os membros do conselho de uma coisa que quando perguntei me explicaram significar "corte". Não é uma questão de tradução que os fez chamar Potter de alteza. Eles já o chamavam assim já no Instituto, mas em búlgaro. Toda a escola começou a nomear os colegas dele de "corte" depois disso, mas não sei quais são os membros da corte, ficou óbvio que não gostavam de falar demais sobre o menino, como se ficassem com medo de irritá-lo. Há uma garota em Hogwarts que já começou a chamá-lo de alteza também, uma corvina meio estranha filha dos Lovegood, mas muito boa aluna. Está todos os dias na mesa da Sonserina e não a vejo mais andando sem estar acompanhada de um aluno da Durmstrang.

- E sabe o porquê disso?

- Apenas uma suspeita. A menina obviamente sofria bullying, agora seria impossível tocá-la sem dopar com um Durmstrang. Dentro de sua casa não posso ter certeza, mas para mim Potter a colocou sob proteção e todo o Instituto entendeu o recado.

- Entendo.

Ele entendia.

Estava impressionado.

E preocupado.

Achou um absurdo saber que seus comensais haviam considerado o garoto Potter como alguém que o superaria, mas agora via algo muito estranho e difícil de ignorar.

"Aquele com o poder de vencer o lorde das trevas se aproxima".

Ele se focou tanto nas outras palavras da profecia, tanto em descobrir quem teria o poder, que ignorou algo importante?

Que tipo de poder estamos falando?

Vencer sim, mas em que jogo?

Ele não conhecia todas as palavras daquela maldita coisa e agora, mais do que nunca, sentiu uma necessidade por elas. Porque não podia continuar sendo um jogador cego nessa partida.

Harry Potter estava formando seu exército.

Você poderia dizer o que quisesse, mas Marvolo sabe como funciona o levantar de um Lorde das Trevas. Era simples e começava assim.

1. Ideais.

Princípios políticos, projetos, uma linha de raciocínio firme de organização social.

O próprio Marvolo começou querendo reaver as tradições bruxas pagãs, reafirmando a superioridade de famílias antigas por seu conhecimento e magia de sangue únicas, apoiando a separação trouxa/bruxa, principalmente criando orfanatos bruxos, e a liberação das artes das trevas como magia válida igual qualquer outra.

2. Espalha-los.

Garantir que as pessoas soubessem seus ideais, que fossem fixados na cabeça dos demais, eles formariam seu sistema, representariam seu futuro governo e precisavam que as pessoas se encaixassem nele um dia, por bem ou por mal. Marvolo criou seus cavaleiros de Walpurgis em Hogwarts, que viriam a se tornar seu círculo interno.

3. Formar um exército para conquistar e estabelecer seu sistema vigente.

Os comensais da morte.

4. Ser nomeado oficialmente lorde das trevas.

O profeta diário o chamou assim e estava feito. Voldemort era um lorde das trevas real e perigoso.

O que a maioria das pessoas não sabia era a importância de tudo isso. "Lorde das trevas" era um título e, como tal, tinha poder.

Mas estamos falando de bruxos. Não é o poder figurado, abstrato ou coisa parecida.

A magia é naturalmente muito mais forte com palavras, tanto que crianças só a usavam assim, a palavra tem poder imensurável. Então imagine que centenas de bruxos o chamem de lorde das trevas? Isso cria uma espécie de consenso com Lady Magic que lhe dá capacidades as quais você jamais atingiria de qualquer outra forma. Você se torna alimentado pelo movimento popular, uma força maior, um símbolo para uma causa constantemente alimentado pelas vozes dos bruxos pelo mundo.

Um fruto do que o título representa nas mentes, num efeito manada de magia natural e não intencional que te atinge e gera força mágica própria.

Ter um título que bruxos reconhecem era muito importante e o título de Lorde das trevas existia a milênios. A cada geração tinha mais força, era mais temido, mesmo com o fenômeno anormal de dois em uma mesma geração como foi com Gellert e Voldemort, ele fazia as pessoas automaticamente te respeitarem como o mais forte bruxo das trevas e isso te tornava inegavelmente o mais forte.

Para ser derrotado com um título desses era quase impossível pois as pessoas não esperam que seja derrotado.

A menos que por um líder da luz.

Por isso Gellert Grindelwald tentou conseguir um segundo título também, "mestre da morte", alguém que controlaria quem vive e quem morre. Se tivesse conquistado isso...Seria um perigo muito maior.

Por isso as pessoas escolhiam um campeão. Era a tendência natural. Era preciso dar esse poder mágico a quem você queria no poder político e social. Lorde das trevas, ou Lorde da luz, alguém nomeado para se igualar ao grande vilão.

É claro... Vilão ainda seria o que perde, independente da luz ou das trevas, afinal não passavam de áreas de estudo diferentes.

E Harry Potter estava espalhando isso.

A dúvida sobre a magia das trevas ser má ou não. Estava usando o título de "menino-que-sobreviveu", um possível campeão da luz, para se infiltrar entre as pessoas sem que percebam suas manipulações. A camuflagem mágica perfeita lhe dada de bandeja.

Marvolo trocara seu nome por vários motivos, mas um dos mais importantes era o som. "Lorde das Trevas Tom" jamais teria a força que "Lorde das Trevas Voldemort" e dar medo nas pessoas, fazer com que o título as aterrorizasse, era alimentá-lo mais.

Lorde das Trevas Harry.

Se o garoto trocasse de nome para algo mais forte, Marvolo oficialmente o consideraria um alvo de urgência máxima e o destruiria no ato.

Mas aquilo era absurdo. Os outros podiam ser idiotas para não ver, mas Potter praticamente gritava Lorde das Trevas em ascensão.

Estava manipulando todos, desde o primeiro dia se colocou como uma força, para depois se inserir como vítima injustiçada filho da luz que só queria poder ter sua vida normal e fazendo a magia que gostava, tornando difícil para as pessoas julgaram-no por usar artes das trevas sem se sentirem culpadas, então agora apresentar o que era magia sombria bem debaixo do nariz torto de Alvo Dumbledore, Lorde da Luz, e em seu território, mostrando inconscientemente para as pessoas que nem ele podia proibi-la, tornando a ideia de que não era tão errada mais e mais plausível. Por fim causando a discussão entre todos (até os professores!) sobre ser ruim ou não de forma a conquistar de vez o lado das trevas dos alunos jovens e ainda atraindo os da luz que nunca foram... tão luz assim. Estava espalhando sua palavra, sem que pudesse ser julgado como mal logo de cara, criando a semente da dúvida, conquistando espaço e exércitos, além de tudo tendo um maldito sucesso nisso!

Parecia tão natural nele...

Assistir as memórias de Barty quase o enlouqueceu, pois Harry Potter parecia nem se esforçar para conquistar essas coisas.

É como se ele abrisse a boca apenas para enfeitiçar todos à sua volta com naturalidade invejável. E era um maldito adolescente!

Só podia imaginar o que já não tinha feito em três anos na Durmstrang, pois ficava claro que muito. O infeliz dava palestras na escola? Organizava debates para "descobrirem pontos de vista"? Ele estava colocando todos exatamente onde queria o tempo todo!

Exceto Karkaroff, que provavelmente era o único que tinha notado a movimentação e suspeitado dela, todos os professores já o apoiavam e aplaudiam.

Assim como foi com Tom. Melhor até...

Droga, ele tinha que admitir, estava sendo melhor! Potter o estava superando naquela arte!

Voldemort mal podia acreditar naquilo. Sua confiança, sua capacidade para levantar temas específicos como se não fosse o causador, a clara capacidade mágica e até o uso da aparência.

Barty disse que mal haviam meninas no castelo que não suspiravam quando passava, o que o menino não faria com um casamento vantajoso? Só precisava arrumar uma herdeira que tivesse as cadeiras que queria e nenhum irmão homem. Os Potters não tinham tanto envolvimento político e o ele estudava fora, provavelmente morava também em outro país, mas não havia como convencer Marvolo que Harry Potter não queria alguma coisa ali na Inglaterra e usaria um casamento para ter uma justificativa válida para surgir no cenário político.

"Aquele com o poder de vencer o lorde das trevas se aproxima".

Seus malditos comensais idiotas tinham visto algo obvio que ele não? O jogo que estava prestes a perder enquanto achava que enfrentaria um campeão novo para a luz?

Como seria? Potter como Lorde seguiria o caminho de Grindelwald, com política, voto popular e um tanto de força aplicada quando necessário ou pela guerra direta como Voldemort?

Harry parecia até com o próprio Marvolo em algumas memórias que assistiu, era como se olhar em um espelho distorcido, até a postura ou a forma de falar. Isto o estava o enlouquecendo.

Como podia eliminá-lo antes que acumulasse mais força?

Iria pegar a taça, tinha que fazer isso, mas não podia manter os planos de antes.

Esperar e assistir estava fora de cogitação.

Para começar tiraria seu diadema do território de Dumbledore e de perto daquele garoto absurdo.

Não esperaria mais até sábado.

- Barty, amanhã de manhã, assim que terminar todos os feitiços que mandei levantar na mansão, você vai imediatamente achar um objeto para mim. Vou lhe mostrar as memórias necessárias para achá-lo. Me entendeu?

- Sim, milorde – disse se ajoelhando.

- Quero que consiga, também para amanhã, uma liberação de Dumbledore para passar o fim de semana fora. Invente qualquer coisa que esse maluco do Moody faria, mas teremos que resolver um assunto mais urgente que levará tempo. Chegue sábado no instante que eu o contatar.

- Posso perguntar o assunto, milorde?

- Vamos encontrar Lucius Malfoy.

- Milorde? – perguntou, conseguindo conter boa parte da surpresa e do desgosto.

- Preciso de um objeto que está no ministério e no departamento de mistérios. Ele pode ter renegado os seus em prol de se ver livre de Askaban, mas essa falha o fará ainda mais leal e obediente, pois sabe que é a única maneira de se redimir e não arcar com minha fúria. Preciso disso e de sua influência. Vamos mudar esse torneio efetivamente, há tempo para isso ainda.

- Tempo milorde? Acha que o conselho de pais de Hogwarts tem controle sobre as tarefas?

- Não totalmente, mas posso fazer com que pessoas de fora estejam livres para assistir ao evento. Consigo pensar em dezenas de formas de convencer o ministério de torná-lo mais público.

- Assistir, meu senhor?

- Quero ver Harry Potter com meus próprios olhos.

-x-x-x-

À noite, muito mais calmo e animado com os resultados que teve durante o dia, Hazz seguiu para o quarto de Lakroff sabendo que o homem estava fora resolvendo algumas coisas nas empresas trouxas e teria tempo para o que queria. Duas horas até o avô voltar eram suficientes.

{- Nagini} – chamou ao entrar no cômodo e a maledictus apareceu zigzagueando pelo carpete em seu tamanho impressionante.

{- Sim filhote? Porque está com esses óculos?}.

Harrison estava com óculos diferentes do habitual, ainda eram redondos, mas tinham quase a metade dos óculos normais e eram de sol.

{- Você fica parecendo um hippie sempre que os usa.} acrescentou a cobra e o menino riu.

{- Quero fazer uma coisa com eles e preciso da sua ajuda. Poderia ficar de olho aqui do lado de fora? Se alguém aparecer você bate no tampo do malão para me chamar}.

{- Sem problemas filhote}.

{- Muitíssimo obrigada}.

Puxou o malão de baixo da cama e se ajoelhou no chão a sua frente, levou um tempo para retirar alguns dos feitiços que tinha colocado e quando acabou, iniciou o processo de encantar o cômodo.

Ele sabia que ninguém entraria no quarto de Lakroff facilmente, o homem já enfiava tantas proteções por lá que era quase inconcebível a ideia contrária de completa privacidade, mas Hazz ainda era precavido.

E estava falando da alma de Tom.

Seria cauteloso.

O conselho e a corte tinham sido avisados para cuidarem do resto da escola na sua ausência e de Mitrica até que terminasse algo importante.

Tudo estava certo para o que faria a seguir e gastaria o tempo adequado.

Quando enfim abriu o malão já começou a sentir a energia que vinha de lá, o puxando, o chamando, como um imã que atrai seu polo a Horcrux o chamava.

O quartinho ainda estava uma bagunça causada pela última, não arrumou o que sua magia havia retirado do lugar, nem iria tão cedo.

Foi até a parede onde ficava a cristaleira e a levitou até o outro lado do cômodo, depois apontou a varinha de Cedro para a parede e um enorme espelho cobrindo toda ela apareceu.

Harry encarou seu reflexo e sorriu pois conseguia ter uma visão clara tanto de sua alma, quanto de sua aparência normal com aqueles óculos menores.

Fazia um tempo já...

Foi até a mesinha que deixou a caixa do diadema. Levou mais dez minutos para tirar tudo que colocara nela, mas quando finalmente abriu quase caiu.

Suas penas tremeram com aquela magia, seus olhos lacrimejaram com a visão de vinhas negras, grossas e bem parecidas com os tentáculos de Voldemort, todos saindo da joia de forma desesperada e se jogando por todos os lados, expandindo depois se fundindo a si.

Como não fazia a um bom tempo, liberou sua própria magia.

Todo o quarto foi preenchido por verde, todos os objetos foram empurrados pela pressão repentina (ele nem se preocupou em fazer aos poucos, realmente só soltou todas as amarras que sempre colocava em si) então depois que a pressão passou...

Começaram a se levantar do chão.

Era igual estar embaixo de um lago cheio de musgo. Harry via pelos cantos da lente dos óculos sua magia e as vinhas, agora por todo o chão, cresciam e se mexiam como algas no lago.

Hazz sentiu seu cabelo começar a se mexer, suas roupas também, tudo ali tremeu por alguns momentos antes dele respirar fundo e se estabilizar, então tudo caiu voltando ao normal, mas sua magia ainda havia preenchido o mundo de verde.

O menino de cicatriz de raio era uma lagoa de águas esverdeadas, as vinhas faziam parte da imagem final, tocavam sua pele, emaranhavam-se enquanto seu sangue brilhava com a proteção de Lilian Potter. Era uma pintura única de poder. Óleo sob tela subaquática, sua magia muito mais externa do que física, mais Potter que Mitrica/Grindelwald. 

Ele foi caminhando até o espelho e se encarou por alguns instantes.

Claro, era bem maior externamente, nem por isso ele não era um perfeito esquisito Mitrica.

Seus olhos eram negros, vendas verdes eram a única outra cor neles e brilhavam em energia pura. Sua cicatriz era igualmente preta e formava um raio muito maior que riscava o olho direito e seu corpo era...

Uma tempestade.

Uma lagoa por fora, tempestade por dentro. Dualidade.

Apenas Harrison.

Suas mãos até o pulso e seus pés, até o joelho eram totalmente verdes e brilhavam, mas o verde florescente ia se tornando escuro até ficar totalmente preto e continuavam formando padrões de raios ou veias por todos os lados, quando inspirava o negro se iluminava em verde.

Um raio de magia atingindo todos os poros do corpo e sumindo.

Mas tudo isso, diferente de sua mãe ou Lakroff era quase translúcido. Ficava mais óbvio quando ele usava magia, mas não é como se visse a si mesmo o tempo todo, sabia apenas porque via sua mão estendida ao usar um feitiço com varinha e aqueles contornos translúcidos de sempre, de repente se tornavam tão fortes e óbvios que imaginava até se os outros estavam enxergando o fenômeno.

Mas ninguém via. Isso era coisa dele.

Encarou o diadema, os tentáculos negros saindo e tentando chegar nele, inspirou fundo e colocou.

Fechou os olhos.

Ficou um tempo assim. Diadema na cabeça, olhos fechados, ainda ajustou os óculos para ficarem mais próximos ao rosto, aproveitando a sensação de estar submerso em energia pura, praticamente escutando o som de sua magia toda vez que inspirava.

Mas então ouviu uma voz:

- Harry Potter.

Abriu os olhos no mesmo instante e deu um pulo com o que viu refletido no espelho, imediatamente se virando para trás em um pulo.

Mas não tinha nada atrás.

Voltou-se para o espelho lentamente e tentou manter a compostura. A voz que ouvia era uma melodiosa, mas firme, de um homem adulto que agora se encontrava exatamente ao seu lado no reflexo, cabelos negros caiam em cachos grossos e sedosos, pele pálida, magro do tipo esguio, mas ainda suficientemente bem definido e de queixo marcado, rosto aristocrático "manchado" apenas por uma cicatriz incomum no nariz, que parecia rachaduras profunda indo da base entre os olhos até o início do buço, e riscos de veias escuras nas bochechas, mas bem mais discretas se comparadas ao nariz.

Olhos vermelhos deslumbrantes e roupas de bruxo negras encerravam o conjunto completo.

Cada parte do corpo de Harry se contraiu.

- O menino que sobreviveu... – continuou o homem. Ou o espectro, a imagem no reflexo.

- Tom – disse Harry um tanto ansioso, bem baixinho.

Seu coração batia tão forte no peito que suas roupas tremulavam, o som era tão alto que qualquer um que estivesse na sala devia conseguir escutar.

Harrison nunca tinha conseguido ver Tom Riddle, nunca sem ser nos seus sonhos.

E lá estava ele.

- Odeio esse nome, não repita – ordenou após alguns segundos.

Harry riu, relaxando finalmente, principalmente quando a figura na sua frente sorriu e todo o seu interior reagiu a notícia.

Era Tom.

Mesmo que fosse o último dos pedaços de Voldemort... ainda tinha a essência da versão que conhecia.

Ele sabia disso porque podia sentir, eles dividiam as emoções a anos, eram uma fusão estranha, mas Harry sabia exatamente quando Tom estava bravo, frustrado, irritado ou... feliz.

Assim como agora.

"Faça" pediu Hazz em pensamentos e enfim baixou seus escudos de oclumência. Todos os tentáculos pareceram entrar e se ligar a vinha em sua cicatriz e isso lhe causou uma dor irritante, mas nada muito terrível.

Era realmente apenas incômodo e lhe daria dor de cabeça se durasse muito, mas não seria o caso.

Ficou olhando para a imagem de Tom Riddle adulto e já bem afetado pelos rituais, absorvendo o que podia dele e fascinado com as emoções que a conexão estava causando.

Como a cada segundo o olhar parecia um pouco diferente, como as emoções ficavam mais claras.

Inconscientemente Hazz acabou estendendo seu braço na direção da figura e quando ia retraí-lo, incomodado que tivesse sido impulsivo, o espectro fez o mesmo.

Sorriu.

- Não vou trocar o nome agora, só porque você está fazendo birra e, repito, é seu nome.

- Birra? Pirralhinho ridículo, estou dizendo que você me nomeou como um cachorro ou pior, um trouxa. Você foi rebatizado de forma adequada, faça o mesmo comigo! Seria ainda menos trabalhoso! – irritou-se o homem, mas aquilo só tirou risadas de Harry.

- Marvolo então? – perguntou percebendo que realmente fazia sentido. O diadema ainda não era Tom, apesar de ficar claro que a vinha estava conseguindo passar suas memórias.

Tinha semelhanças, mas não era a mesma essência como todo.

Não era o que saia correndo para evitar uma briga, amassava papel e jogava em Harry quando estava sendo petulante numa aula, chamava-o de Hazz e realmente tentou enfiar a mão inteira na boca junto do menino um dia para testarem se era possível. O que tinha passado tantos anos interagindo com uma criança que as vezes agia como uma.

Bem... Agora como adolescente.

Mas que era Tom, o ex lorde das trevas poderoso, impiedoso, que sussurrava maldades no fundo de sua mente e tentava o incentivar a ir mais longe, buscar mais poder e derrotar seus inimigos.

Que fazia ver o mundo como tendo inimigos ou aliados.

- Marvolo é mais adequado – disse o reflexo, mas parecia menos seguro disso agora.

A vinha continuava trabalhando, continuava passando suas memórias.

- Estou feliz em te ver acordado – disse o menino

- Eu sei que está, eu sinto o que você sente, esqueceu? – respondeu seco, baixando a cabeça. – Ainda mais quando derruba todas as suas barreiras de oclumancia assim. Deixe de ser irresponsável, eu poderia estar tomando sua mente agora.

- Quero ver tentar, fraco do jeito que está pedaço de alma – provou sorrindo e teve o prazer de ver o mesmo olhar irritado que já conhecia e amava, só que mais maduro, o encarando.

- Seu... – Mas ele não continuou com seus insultos, a forma como os olhos verdes de Hazz brilhavam, como aquele garoto, que havia se tornado tão forte, se tornava a cada segundo mais importante, mais valioso conforme memórias de sua metade presa a ele vinham e se ligavam ao subconsciente da Horcrux diadema.

As Horcrux, o diadema e a cicatriz, estavam se ligando, mas não era algo simples e natural. Não, Horcruxes não podiam se fundir, não podiam se comunicar mais do que sentir a presença uma da outra, eram alheias e (geralmente) apenas objetos com leve consciência do mundo entorno.

Mas havia Harry.

Alguém que já tinha a alma tão ligada à deles, alguém que podia ver e controlar a alma.

As Horcruxes estavam usando a magia de Potter como caminho, a proximidade e a forma como podiam vagar pela imensidão do menino como um submarino na água garantia com que se comunicassem, se juntassem artificialmente em uma e as fortaleciam para criar aquela imagem aos poucos.

Não Harry estava basicamente usando a si mesmo como condutor de dois polos, criando uma ligação através dele mesmo, se juntando ao diadema para que este alcançasse a cicatriz, perdendo a cada instante mais e mais magia, dando para a vinha e a joia tudo de si para fortalece-las o suficiente para a travessia.

Tudo porque ele, no seu fundo, queria ver Tom.

Estar de frente para quem era seu quando não tinha nada.

Marvolo simplesmente não conseguia manter aquelas brincadeiras que tinham desde que começaram a conversar na mente do garoto, porque elas eram no começo. Insultar Harry agora era ridículo, ele queria apenas elogiá-lo por estar tendo tanto sucesso em mais uma maldita magia experimental que conquistou com sua vontade absurda.

Seu pequeno gênio.

Sua criança e companheiro...

Não conseguia ser a pessoa fria que normalmente era, o diadema quase que imediatamente percebeu algo que nunca sentiu antes: ele se importava. Havia um apego muito grande para aquela criança, um calor onde deveria ser o peito, uma sensação estranha na barriga, uma tontura, não sabia descrever ou mesmo entender, mas ver Harry era... tudo.

Nada nele era simples ou pequeno. Era a visão da perfeição. Harrisson James Mitrica Potter era perfeito como Marvolo jamais definiria alguém, mas conseguia ali.

E havia orgulho.

Ele sentia orgulho de alguém. Por sua inteligência, sua magia, suas capacidades. Não tinha inveja, raiva ou ambição para subjugar. Queria estar perto apenas.

Ele se aproximou, precisava disso, uma Horcrux, que nem poderia ter consciência, mas tão fortalecida naquele ponto que estava agindo por vontade própria e contra toda sua natureza apenas quis estar com Harrison Potter. Quanto mais se aproximava mais ambos escutavam o som de um chiado alto, mas só o menino se incomodou de verdade, ele, ainda usando o diadema na cabeça viu quando seu sangue brilhou na magia amarela da mãe e queimou a Horcrux do diadema que tentou tocar seu próprio reflexo, os tentáculos recuaram machucados.

Se preocupou com Marvolo reagiria, mas ele apenas esfregou as mãos e encarou o menino:

- Pare com isso, vai desmaiar de exaustão mágica.

- Eu não vou desmaiar, sei controlar isso muito bem.

- Não corra riscos desnecessários.

"Você não é um risco desnecessário" pensou o menino em um suspiro e Tom simplesmente ouviu aquele pensamento, não tinha como não ouvir quando eles estavam tão interligados para fazer aquele encontro o mais possível. Ele imaginou se o menino também ouviu seu próprio pensamento de que, se fosse o inverso, faria o mesmo.

A incredulidade de perceber esse fato também.

Hazz ouviu e riu:

- Não tem como Tom te passar tudo de uma vez, mas lembre-se que estamos juntos a treze anos. Se ficar surpreso toda vez que for simpático a mim, não terá um segundo de paz.

Marvolo fez uma careta com o nome Tom, mas aceitou sabendo que o menino se referia a outra parte de sua alma.

- O que você pretende fazer com isso? – perguntou apontando para o diadema. – O que pretende fazer comigo?

O menino não respondeu.

Não tinha ideia.

Voldemort tinha mostrado que queria a cabeça de Neville em uma badeja de prata então...

- Você vai me matar para proteger Neville? – perguntou o homem e cada parte de Harry se arrepiou com aquela ideia.

Matar Tom?

Mesmo que por Neville?

Ele quase gritou de dor quando soube que o amigo tinha apunhalado o diário. O diário que pôde criar uma materialização física de Tom Riddle em suas memórias! A maior parte de Tom em um único lugar! Neville tinha visto Tom! Harry só queria ter tido essa chance e agora o amigo tinha matado uma parte de... Voldemort.

Tom ou Voldemort? Ele tinha o direito de fazer essa diferenciação? Ele podia querer proteger um e lutar contra outro para proteger outro amigo? Poderia ignorar tudo e ser neutro?

Ele queria. Queria mesmo. Ser ele mesmo, não se importar com nada, depois que venham as consequências...

- Então faça. É o que quer! – disse Marvolo.

Nunca poderia. Inferno de vida...

- Por que não?

- Porque você viria atrás de mim e sabe disso. Porque Dumbledore acha que Neville pode ser o escolhido e o está colocando de frente para o perigo para testar a teoria e salvar o mundo a troco de uma única vida de um adolescente. Porque, mesmo que eu não me importe com as pessoas ou com essa guerra toda, eu vivo nesse mundo, e quem eu gosto também vive, então não da para ignorar tudo quando eu tenho capacidade para fazer uma mudança. Quando as coisas chegam em mim tão fácil e eu sei o que fazer.

- Ser o elemento, você quer dizer? Krum vindo de mão beijada, depois Axek e Yorlov e toda a corte simplesmente perfeita que você montou apenas vivendo sua vida.

- Seria ainda pior deixar o mundo se explodir quando eu sei que pode acontecer e tinha a capacidade de mudar tudo, porque a chance está aí! Eu não posso simplesmente ficar deixando isso para depois. Eu tenho que decidir o que vou fazer com você e todas as suas partes antes que pessoas comecem a morrer e toda essa merda venha para cima de mim.

- Acha que Neville vai te matar quando souber de você?

E aquilo doeu.

Para Harry ouvir aquilo machucou porque ele achava que a resposta era sim.

Ele não passava de um monstro, não é? Quem o priorizaria em prol de matar outro pior e mais forte?

A visão de Lakroff de como Harry morreria. Se sacrificando para salvar as pessoas de Voldemort. Ele nunca contou, mas Hazz soube. Um conjunto de coisas, olhares, falas soltas.

Como ele pareceu desolado e se segurando muito para não chorar, mesmo que por fora tentasse passar uma imagem totalmente controlada e calma, quase orgulhosa, quando descobriu que Harry realmente colocara seu nome no cálice por Neville. Quando descobriu que Hazz agiu como alguém que se sacrificaria e um grifinório.

O chapéu ficou na dúvida, não ficou?

Ele não faria essa merda. Ele não se mataria, nunca. Por ninguém.

Ele lutaria para viver e se tornaria um monstro se o queriam ver assim, mas Tom era seu e não deixaria o tirarem igualmente.

Agora, o que faria com as outras partes...

Era algo a se pensar.

- Estou pensando em te devolver.

- Como? – questionou Marvolo.

- Não sei quem está indo te pegar, mas tenho a impressão de que seja um comensal seu que está aqui em Hogwarts. Estou pensando em colocar um ponto em você, assim quem te levar eu saberei para onde. Se for o comensal eu deixo que te devolva e fim de história. Quem melhor para cuidar de você do que a si mesmo? Eu não me envolveria com nada, Voldemort nunca saberá que já estive em sua posse e você, apesar da obvia falta de capacidade para perceber as próprias falhas e automutilação... esqueça, entendi seu ponto, também ficaria preocupado em voltar para mim mesmo se fosse você.

- Pirralho! - irritou-se Marvolo.

"Pirralho!" resmungou Tom.

- Enfim, o sociopata vai te pegar e dar um jeito de esconder.

- E se não for esse o meu objetivo?

Hazz ignorou o fato de que Marvolo, o diadema, ainda se via como Voldemort. Tom o havia corrigido ontem mesmo em relação a isso. 

- Qual seria? Não consigo pensar em outro para estar atrás de você. Achar um lugar melhor para te proteger. Espera que o que? Ele queira reabsorver?

- Nunca - disse revirando os olhos. - Nunca me submeteria ao ritual, nem superaria ele.

- Não disse? Eu te conheço, Marvolo.

- E se não for eu que estou querendo o diadema?

- Então alguém vai tentar te matar e eu fico de olho para ver se a pessoa consegue.

- Ficar de olho?!

- Foi Tom que me deu a ideia, antes que queria me matar. Você. É a melhor forma de continuar neutro: deixar que as coisas se decidam. Eu não tenho nada a ver com essa guerra, você ou Dumbledore. Podem se matar. Eu estarei pronto para agir encima do que ganhar e reconstruir a sociedade do jeito que deve ser, seja qual for. – murmurou em um tom sombrio que fez a Horcrux se arrepiar.

O sorriso que veio em seguida, entretanto, foi pior.

Aquela expressão, os olhos verdes brilhando por trás dos óculos escuros, os cabelos negros bagunçados em um rosto de anjo que faria o céu pecar...

Aquilo era a figura da insanidade.

Era a verdadeira face de Harrison sendo mostrada por poucos segundos, a magia tornando a ficar densa e levantando todos os objetos no quarto de forma tenebrosa, as roupas tremendo.

O menino sorriu e encerrou, com a voz tão profunda e sombria que sabia que se fosse um humano ali agora estaria tremendo, sendo jogado diante da escuridão e da insanidade do espaço vazio:

- Pouco me importa quem está no poder depois que a guerra acabar. Ele vai ter que me enfrentar no fim. Então caíra ou trabalhará comigo. O que eu decidir na hora.

-x-x-x-

-x-x-x-

- Tom, eu não estou certo disso – resmungou em voz alta na cama.

"Já disse que nada vai te acontecer. Você já avisou o olhudo, tem Nagini e todo o barco com sua corte. Tome logo essa poção! Você precisa dormir!" brigou a voz, soando muito como um irmão mais velho ou mesmo um pai irritado.

Ainda era a voz de Tom, o diadema permanecia com ele (devolveria bem cedo de manhã), então a bronca foi mais efetiva do que seria normalmente. Mais difícil de ignorar.

Harry olhou para sua mão, estava com três frascos de poção para dormir e sem sonhos, e suspirou.

- Gosto mais de você quando está brincando e não brigando comigo.

"Se estivesse prestando mais atenção a sua saúde isso não aconteceria" resmungou a Horcrux. "Você vai acordar na hora, sabe disso, não há nada que te impede. Vamos, tome!"

Harrison tinha feito várias runas de proteção na cama e no quarto, algumas até de sangue, avisou Lakroff que pretendia resolver o problema das últimas noites sem descanso na marra, recebeu aquelas doses, informou a corte de suas respectivas missões enquanto estivesse apagado e Nagini estava de guarda. Disse que não dormiria até Hazz se levantar.

"Você precisa disso, Harrison!" insistiu Tom "Eu estou aqui também, vou te proteger. Você confia em mim, não é?".

Confiava em Tom para induzir o próprio coma e deixá-lo sozinho com o diadema?

Sim.

Confiaria a vida a Tom.

Isso era o pior. Ou melhor, pois podia ter alguém assim. Hazz tinha uma pessoa a qual estava literalmente ligado pela alma e eles sabiam disso e gostavam, pois parecia certo e completo. Constantemente dependiam emocionalmente um do outro, mas não de forma nociva, pois cresciam e aprendiam juntos a viver da melhor forma e dariam tudo um pelo outro, a ponto de chegarem ali, naquela situação maluca onde não sabiam como agir para parar a guerra sem se perderem no processo. Mas dariam um jeito, juntos, isso que importava.

Dito isso, não precisava desse receio todo.

Engoliu de uma vez os conteúdos e deitou.

{-Boa noite} disse Nagini.

{- Boa noite} murmurou o menino, já sentindo a consciência pesar.

Mais rápido do que piscar, Harrison estava inconsciente.

Nagini podia sentir dali, enquanto sacudia a língua, os batimentos cardíacos letárgicos, a respiração pesada com o tempo, então dormiu.

Foram cerca de trinta segundo para que esses mesmos sinais começassem a sumir.

Sentiu quando os batimentos voltaram e, um minuto depois, viu o menino abrir os olhos. Ficou frustrada, o corpo de Hazz normalmente tinha a tendência a lutar contra efeito de coisas externas, os anéis de herdeiro que tinha aumentavam isto. O menino passou um tempo parado olhando para cima, o que a cobra assumiu ser por frustração. Mais um tempo e então se sentou na cama.

Nagini entrou em posição de ataque imediatamente.

{- Está tudo bem. Só preciso falar com Lakroff. Você pode vir comigo se quiser} ele disse.

{- Eu vou} ela respondeu cautelosa.

O de cabelos negros acenou com a cabeça e se levantou, caminhando até o escritório particular que havia naquele quarto do barco.

Lakroff estava em sua mesa assinando alguns documentos e revisando o que haviam mandado de relatório das empresas para ter certeza de que não tinha deixado passar nada.

Foi quando ouviu o som da porta abrindo, Nagini escorregando e chiando pelo chão, uma voz humana respondendo em seguida.

Levantou o rosto para Harry, que tinha a cabeça baixa para conversar com a cobra.

- Desistiu de tomar o remédio?

- Não. Ele não desistiu. Hazz está dormindo – foi a resposta que recebeu.

Seu coração acelerou em uma velocidade impressionante e quando o garoto levantou a cabeça com olhos vermelhos para si, já tinha sua varinha apontada para a Horcrux.

- Tom Riddle – murmurou pausadamente.

- "Lakroff Mitrica" – cada sílaba foi muito marcada por zombaria.

A forma de falar, mesmo que na mesma voz de Harry e em seu corpo... era diferente. A postura ainda parecia um pouco com a do menino, mas tinha menos daquela confiança e coias escondida por trás de gestos simples. Não, aquela pessoa que possuía o neto agora era o retrato do lorde polido, era Hazz quando estava conhecendo alguém que não tinha qualquer envolvimento, era sua máscara de herdeiro nobre.

Então sempre foi Tom, estava certo nesse ponto.

Além de tudo, Lakroff notou enquanto tentava pegar cada informação sobre o ambiente e o inimigo, Hazz não tinha mais sua cicatriz. Não totalmente, pelo menos, estava tão fraca e branca na testa que com a iluminação das velas sumia.

- Enfim nos conhecemos, que prazer – disse Lakroff irônico e cauteloso, se levantando com graça e desenvoltura de um ótimo duelista, a varinha ainda mirando seu alvo.

Tom sabia que tinha que ser muito cauteloso.

Ainda mais que isso.

Lakroff era simplesmente... Perigoso demais

O maior inimigo que já enfrentara na vida, possivelmente, e não tinha como lutar de volta, nem se quisesse, nas condições atuais. Estava correndo um risco tremendo com aquele encontro.

- Olha só, alguma coisa em que concordamos – comentou cheio de deboche, mas mantendo o corpo totalmente parado, as mãos em frente ao corpo e bem visíveis para que o vidente não precisasse se sentir compelido ao ataque imediato. – Ele sabe. Harrison, eu quero dizer. Sabemos que posso possuí-lo a anos – informou, pois era sua melhor chance. – Pode relaxar velho, ou vai ter um ataque cardíaco.

Lakroff estava preocupado demais com o resto para comentar "Já reparou na sua idade?".

- E ele nunca me falou? Que você tinha a capacidade de possuí-lo? Parece algo a se contar – questionou ainda se aproximando.

- Claro que não! Você surtaria se soubesse. Iria querer me tirar dele no ato. Não ia?

- Bem... Estou considerando muito isso agora.

- Viu? Ele, é claro, assumiu que eu nunca contaria também. Afinal só me geraria problemas. Normalmente eu não faria, mas precisava muito falar com você.

- Quando?

- Ele tinha dez na primeira vez que aconteceu. Estava naqueles treinos intensivos ridículos dele, onde não liga para a própria saúde e quer testar seus limites ao máximo. Mesmo com a sua quantidade insana de magia, enfiou na cabeça que queria esvaziá-la toda para ver quanto tempo demoraria para voltar, estava a dias sem dormir e nem lembrava quando que comeu a última vez. Fiquei tão bravo que consegui possuí-lo. Foi apenas um segundo, nada mais, mas percebemos que era possível.

- E tentaram outras vezes?

- Claro que não! Harrison não é burro, por Morgana! Quem é o idiota que deixa a alma de um assassino tomar seu corpo? Não. Só que as vezes acontece. Principalmente quando ele dorme. Eu abro os olhos ou coisa parecida sem intenção real, só que é raro e rápido.

- Mas então hoje...

- Eu só o convenci a tomar as poções para dormir porque podia cuidar do corpo dele enquanto estivesse em coma. Eu disse que Harrison não é idiota de ficar dando chance de um assassino aprender a possuí-lo enquanto está consciente e perder a própria vontade para a minha. A proteção de Lilian me atacaria se eu tentasse, também. Mas nada saiu de mim sobre me liberar o uso do corpo quando ele não o está fazendo uso, ainda mais com o objetivo de lhe cuidar. Ele só precisa baixar alguns escudos e está feito.

- Mas se você ia ficar cuidando dele e ele não queria que eu soubesse, então porque decidiu dormir no meu quarto?

- Porque não era para eu sair da cama, era só para ficar atento. Você está prestando atenção ou realmente sua criação foi o fracasso que parece? Deve ter dado algum defeito maior na mente do que na sua aparência – comentou revirando os olhos e puxando a franja para trás.

Os fios negros caíram de volta no lugar e Tom estreitou as orbes vermelhas encarando os fios rebeldes Black/Potter, os soprou frustrado.

Lakroff achou aquilo engraçado.

- Só não vou responder esse seu comentário porque o tipo de coisa que tenho preparada para uma situação dessa, nunca poderia usar olhando para o rosto do meu neto – murmurou com um sorriso característico e enfim baixando a varinha, seguindo para um de seus armários de bebida.

Tom revirou os olhos para o homem de novo.

- Isso. Me poupe de suas frases de paquera ridículas. Já sou forçado a ouvi-las na mente de Hazz, não as quero direcionadas a mim.

Lakroff se virou segurando uma taça de vinho trouxa e armado de um sorriso ainda maior. Tom reagiu com uma careta de nojo, apesar de confuso, tão marcada que homens fortes teriam recuado. O loiro, entretanto, riu e acrescentou o que estivera pensando:

- Harrison me disse que você me acha bonito.

A careta piorou. Lakroff só podia imaginar como o rosto do verdadeiro Tom Riddle era com ela.

A ideia foi suficientemente hilária, ainda mais que o único rosto que conhecia do homem era o de cara de cobra, que via antes em suas premunições de morte.

Um cara de cobra careca e sem nariz com aquela expressão. Imagem incrível, sem dúvida.

- Aquele pirralho! - resmungou Tom. - Fica falando coisas assim para me irritar porque não tenho como me defender. Inferno de adolescentes!

Adolescentes? O lorde Mitrica era um idosos e podia simpatizar com seu neto. Irritar Tom Riddle parecia ser quase tão divertido quanto irritar Alvos Dumbledore.

Ele podia ter os dois no mesmo dia!

Que quinta-feira produtiva e maravilhosa.

- Você não negou – disse Lakroff bebendo um único gole da bebida depois levantando a taça. – Que me acha bonito. Não necessariamente.

Hazz era capaz de uma ótima expressão de repulsa, mas a que recebeu de Tom Riddle ganhava.

Desprezo eles ainda estavam igualados. 

Até o fim da noite poderia testar o olhar assassino? 

Provavelmente.

- E você deveria ser menos arrogante, multe olhos ridículos! Sua cara é quase tão feia quanto seus dons miseráveis no violino. Eu sei que aprendeu a tocar para parar visões do futuro, mas aquilo é assassinato sonoro.

- Minha cara feia fez meu neto pedir para nunca aparecer sem camisa na frente dele porque você nem sempre tem escudos oclumentes tão bons quanto pensa – provocou e realmente se segurou para não se oferecer palmas.

Ali estava. O olhar assassino. Mais rápido do que imaginava.

Hazz era melhor nisso.

O Grindelwald nunca teria medo de Tom se aquele era o melhor que conseguia. Seu neto o fez querer se ajoelhar e chorar a única vez que recebeu e nem foi necessariamente sua culpa.

- Escute aqui! Seu insuportável! Você sabe que isso foi uma mentira daquele pirralho! Deve ser coisa de genética me tirar tanto do sério! – resmungou levanto a mão aos cabelos uma segunda vez e se frustrando novamente com as madeixas incontroláveis. – Vocês não sabem quando parar! Grindelwalds insuportáveis!

- Por isso você ia matar a todos nós?

- Você não ouse brincar com isso.

Certo, Tom conseguia ter um olhar assassino mais digno de lorde das trevas, agora sim. A frustração sumiu, só havia raiva.

E a forma como falou...

Hazz irritado era o vazio do espaço te sufocando, matando por falta de ar e pressão. Lakroff (diziam) era o frio do ártico, perdido e congelando, endurecendo os movimentos, queimando as extremidades, arrancando a pele e cortando como uma nevasca.

Tom era veneno.

Beber algo realmente amargo que entra pela garganta e te deixa com dificuldade para engolir. Dor na barriga, faz seus instintos quererem correr.

Diferente de Harrison, que parecia que não importa o quanto se debatesse a morte viria e nem um som sairia, te deixando esquecido no espaço, diferente de Lakroff que dava a impressão de correr só vai machucar mais, Tom te da esperança de que podia escapar.

Mas mesmo assim era veneno.

Ia te matar. Dependia dele.

Nem veria e podia ser rápido ou doloroso. Você ia mesmo correr e aumentar o risco de doer? Ou ficaria para que pudesse te livrar logo daquilo?

Aquela frase, na própria voz de Voldemort, devia ser muito marcante. Não que Hazz não fizesse um bom trabalho nisso.

- Para alguém cuja a única coisa que faz da vida é sussurrar comentários maldosos na cabeça de uma criança e lhe dar ideias idiotas do que fazer, você é bem estressado – comentou para tentar amenizar o clima.

- Ideias idiotas?! – pela incredulidade ali o plano do loiro funcionou. Tom era tão fácil de provocar. – Você que está brincando enquanto tento debater um problema sério!

- Criança, eu aprendi que nada nesse mundo merece que fiquemos tão estressados. Me incomodar com as coisas não me levou a nada. Muito pelo contrário, só atrapalhou. Tenso ensinar ao Harry como viver a vida, como aproveitar o presente, mas também ser consciente das pessoas a sua volta. Ele merece. Todos merecem. Não pode esperar que eu não faça minhas brincadeiras, pois essa é minha forma de encarar esse mundo de merda. Se finjo que não me importo, minha cabeça começa a acreditar. Se ignoro que me odeio e me julgo por todas as falhas constantemente, igualmente fica mais fácil agir como tal. Sorria e o mundo sorrirá de volta, o poder da atração e das palavras, nós dois sabemos sobre isso, mesmo que Hazz descarte totalmente e ache uma besteira.

- Ele acha que nós que acreditamos nisso acabamos por criar um efeito placebo que nos faz sentir mais fortes, mesmo que nenhuma diferença real tenha ocorrido – murmurou sorrindo, se lembrando da vez que estavam discutindo de novo sobre "O elemento" e lordes das trevas, principalmente sobre as falhas no plano de Hazz e o sacrifício que "o elemento" faria para continuar nas sombras.

"Que sacrifício? Odeio títulos e sou suficientemente forte sem eles, te garanto isso. Posso acabar com qualquer um sem sua ajuda, basta a dedicação e o preparo certos. Melhor ainda, nem vão me ver chegando, esse é o ponto. Ser invisível e, por isso, tão fatal. Os títulos ainda serão dos meus aliados, de toda forma".

Lakroff observou o olhar de Tom ao se referir a Harry e sentiu a Horcrux ganhando alguns pontos.

Era sincero, sabia disso, o homem provavelmente nem estava percebendo como encarava o chão naquele momento. O apresso que demonstrava no olhar. Virou-se para Nagini e a maledictus sacudiu a cabeça, ela também percebeu isso.

- Mas você sabe que eu faria qualquer coisa por Harrison – disse o Lorde Mitrica chamando a atenção do de olhos vermelhos, que tomou de volta a postura de lorde sangue puro (que não era...). 

Agora que pensou sobre isso era outra coisa que podia usar para provoca-lo, não? Seria muito babaca chama-lo de sangue sujo durante a conversa só para ver a reação? 

Seria. 

Jamais Mitrica faria isso com Hazz envolvido ainda por cima:

- Eu só preciso ter certeza de que o que vou fazer é valido e terá resultados, dito isso, o que fez Tom Riddle, o homem que mais teme a morte do qual já tive conhecimento, vir falar comigo de cara limpa? – perguntou bebendo um gole longo de seu vinho.

- Exatamente o fato de que você pode me matar.

- O que? – perguntou orgulhoso do fato de não ter engasgado e realmente engolido tudo calmamente antes de falar.

Tom se frustrou com esse mesmo fato. Queria fazer aquele arrogante de merda engasgar como uma pessoa normal, tossindo e saindo vinho pelo nariz. Mas inferno, parecia que ver Lakroff Mitrica fazer algo mundano como engasgar ou tropeçar era quase impossível, ele sempre dava aquele sorriso convencido e partia para a próxima. Ou fingia aquela calma estúpida que não tinha.

Claro, isso quando não estava chorando porque Harrison lhe deu algum carinho.

Era ridiculamente emotivo se tratando de família.

- Harrison achou uma das minhas Horcrux - explicou Tom. - Está em posse dele e pretende devolver onde achou para se manter neutro e longe da guerra.

- É bem a cara dele, na verdade. O que tem?

- Ele vai colocar um ponto na coisa, um daqueles que ele fez para enxergar um objeto sem estar perto dele.

- Magia muito interessante, lembro dela, o garoto realmente tem o dom de um artesão Peverell.

- Isso é... – Murmurou e o tom de orgulho novamente não passou despercebido pelo loiro. – Enfim, ele vai descobrir com quem a Horcrux está, porque a amiga vidente disse que virão busca-la. Ele suspeita de Alastor Moody.

- O que pode ou não estar sob poção polissuco?

- Sejamos sinceros, quando Hazz errou sobre algo assim? É um comensal disfarçado, certeza.

- Dito isso... – e deixou a frase no ar, sacudindo a taça e dando outro gole.

- Se for o comensal, eu quero que você recupere a Horcrux.

- E eu faria isso por...?

- Para tê-la. Todas elas. Vou te dizer onde estão, você vai juntá-las e se Voldemort vier atrás de Harrison... No dia que ele vier - corrigiu. - Você me mata.

Lakroff quase deixou a taça cair, ela realmente escorregou de sua mão esquerda, mas com a direita recuperou no ar e a tempo, deixando uma única gota de vinho cair no carpete bege.

Tom olhou para a gota no chão e um sorriso lento se formou no rosto.

- Ha! – sussurrou para si mesmo satisfeito.

O lorde Mitrica riu alto quando entendeu o porque da reação do outro, que pigarreou e desviou o olhar, fingindo não ter comemorado a gafe alheia de forma tão clara.

- O que você disse? – perguntou o loiro.

- Tem tantos olhos que perdeu os ouvidos para conseguir mais? Eu disse para me matar. Você é o único que conheço que tem poder, conhecimento, motivação e uma chance real disso. Junte todas e quando for a hora acabe com elas.

- Elas? Não você, Tom, vinha negra de estimação?

- Seria o ideal, é claro, mas enquanto eu existir Voldemort pode voltar. Se conseguir pensar numa solução do tipo enfraquecer o homem até conseguirmos prender numa masmorra para sempre estou disposto a ouvir. Mas não importa tanto quanto o final, que é garantir que se Voldemort escorregar perto de Hazz levará a facada final.

- Desculpe, então você está mesmo me dizendo que você, lorde Voldemort, Tom Marvolo Riddle, o homem cujo o bicho papão é o próprio corpo morto... Está disposto a morrer por Harrison?

- Eu não estou vivo! Você sabe disso, você entende da coisa. Eu só posso considerar minha condição como minimamente descente porque Hazz me da sua alma todos os dias, se liga a mim, me acolhe como parte dele e me faz me sentir inteiro. Eu nunca poderia escolher viver acima dele porque eu só vivo com ele. Eu não sou nada sem Harrison, mas ele é sem mim tudo. Não precisa de verdade de mim, só quer. E se minha existência for a causa de sua morte, do que adiantou? Morreremos juntos. O idiota do Voldemort vai nos acertar um Avada Kedavra e matar uma parte de si mesmo sem nem perceber. Mas não tem como eu voltar sem Hazz, nem ele depois que levar outra maldição dessas. Pelo menos, acho que não. Não é possível que Lilian seja tão poderosa ao ponto de fazer uma proteção que aguente uma segunda dose.

- Não é? – perguntou com um sorriso maroto.

- Inferno, sua família é forte, mas aguente essa sua arrogância, estou falando sério. Você quer mesmo correr o risco?

- Como é?

- Como é o que?

- Se sentir inteiro.

Os dois se calaram por um instante. Lakroff foi se abastecer de mais vinho.

- Depois de tantos anos vivendo aos pedaços, como é? - perguntou de novo o loiro.

- Não ficou suficientemente obvio?

- Então é tão bom que você se tornou grato ao garoto que te ofereceu isso? Seria como uma dívida de vida?

- Faz diferença? Talvez eu só esteja sendo afetado por esse garoto estupidamente bondoso em essência.

- Bondoso? Ele já convenceu ao menos cinco pessoas a cometer suicídio e nem piscou para isso.

- Dois tentaram estuprar Elizaveta em uma sala durante a madrugada na Durmstrang. E os outros...

- Importa mesmo? Talvez para nós faça diferença. Olhe como ele tinha seus motivos, mas pessoas normais ainda o veriam como errado. Um monstro. Como a amiga vidente dele chamou mesmo? Shinisus... Um tipo de Shinigami, com poder de levar os mortais ao suicídio e um Anubis, que julga as almas como dignas de ir para o além ou merecedoras de serem devoradas. Achei muito bom o nome, e você?

- Eu acho que você tem um problema sério de atenção.

- Como é?

- Você muda de assunto muito rápido. Se distrai com qualquer coisa. Circe, estávamos falando sobre Voldemort e Horcuxes e você insiste em viajar.

Lakroff bebeu uma taça inteira de uma vez e abasteceu sua terceira, Tom fez uma careta para isso, detestava a ideia de se induzir a uma condição menos consciente. Inferno sangrento! O homem ainda estava fazendo isso com Tom na sala e de costas para a Horcrux. Maldito arrogante multe olhos...

O loiro caminhou até uma poltrona e se sentou de pernas cruzadas e relaxado.

- Desculpe. Meu pai dizia que... enfim, esqueça, já estava me distraindo de novo. – Bufou. – Você está disposto a me dizer como te matar em prol de Harrison, vou tentar não comentar mais sobre isso.

Apesar de sua surpresa. Mitrica ainda estava avaliando a influência de Tom para Harry, mas agora estava pensando mais na influência de Hazz para o homem. Estava encarando seu maior medo em prol de outro.

- Muito grifinório – deixou escapar.

- Por todos os bruxos das trevas, vocês devem ter um fator genético, não é possível!

- O que você pensa em relação a ele?

- Como assim?

- Harrison. O que você pensa sobre ele? O que sente por ele?

- Você está mudando de assunto de novo - murmurou revirando os olhos.

- Eu não estou. Decididamente não. Eu lhe perguntei sobre a sensação de estar inteiro, pois imaginei que essa era sua motivação, uma dívida de vida. Sua resposta faz muita diferença, é importante demais para que eu o escute. Não vou me jogar na cova do Voldemort sorrateiramente e lhe roubar algo porque você mandou sem saber a resposta dessa pergunta. Seria idiota e minha morte tira uma das maiores vantagens que Harry tem contra o sociopata. Nunca vou arriscar minha vida sem ter certeza do que estou fazendo, dito isso você terá que responder. O que pensa sobre Harrison, de verdade?

Os dois ficaram em silêncio, se encarando por longos segundos, Mitrica notou alguns detalhes no olho de Tom, como havia ficado diferente, não era apenas a cor, mas o tamanho da íris, suas peculiaridades, havia a cicatriz e o cabelo... Ainda era o cabelo rebelde, mas aquela característica única avermelhada sangue nas pontas sumira, era preto opaco. 

A horcrux enfim reagiu,  desviou o olhar e começou a andar pela sala. Nagini o encarava ainda pronta para qualquer movimento brusco. Seu veneno o mataria rápido, mas não podia usar em Hazz, então provavelmente apenas o prenderia para Lakroff dar o golpe. Ele tinha três varinhas escondidas prontas para usar.

- Minha mãe precisou drogar um homem, enfeitiça-lo e usá-lo contra a sua vontade para me conceber. Ela usou magia para cometer um crime hediondo: estupro.

O Grindelwald arregalou os olhos, surpreso com aquilo. Harrison não falava tanto sobre o passado de Tom para ele e agora, de repente, lhe foi dada essa informação? Ajustou a postura enquanto tentava entender o porquê do homem começar a falar sobre aquilo.

- O que?

- Ela usou amortentia num trouxa por anos, então achou que milagrosamente ele teria aprendido a amá-la. A mulher que o sequestrou e estuprou. Ridículo. Ela parou de lhe dar a poção aos poucos e quando ele conseguiu recuperar o suficiente do autocontrole, fugiu. Como qualquer um faria.

- Pensei que odiasse seu pai.

- Eu o odeio porque ele me deixou lá! - e mesmo que não tivesse elevado o tom de voz, Lakroff sentiu a raiva pingando em gotas de veneno. - Não que eu quisesse que um trouxa nojento me criasse - e a palavra trouxa saiu com repulsa o suficiente para rodar o mundo e voltar. - Mas ele viu que ela estava grávida, ele sabia que existia uma criança e que ela seria criada pela bruxa que controlou sua mente e o forçou sexualmente. Ele me deixou por livre e espontânea vontade e quando me viu... eu soube que nunca fez diferença para aquele homem. Eu nunca importei, ele nunca pensou um segundo em mim. Minha mãe estava errada, mas eles se mereciam. Ele era podre. E eu sou. Vim da junção daquele que nunca ligou para uma criança, daquele que já tinha convencido outras mulheres a abortarem seus bastardos, e da bruxa maluca dos Gaunt que fez tudo o que fez, além de escolher me abandonar sozinho no mundo por algo tão ridículo como uma desilusão amorosa e mais sei lá o que que Harrison tenha interpretado. Não me importa, os dois mereciam morrer! Nada em mim tinha valor, nem meu nascimento e a culpa era deles. Eu sempre fui um nada e aqui em Hogwarts eu quis ser tudo. Eu quis mudar tudo. Só que... sabe o que dizem sobre as crianças que nascem de amortentia?

- Que não podem amar.

- Exato - respondeu voltando-se para o loiro. Um sorriso estranho no rosto. - Você vive dizendo palavras sobre os Deuses, então vamos lá. Lady Magic abomina que sua benção, a magia, tenha sido usado para algo tão vil, Lady Vida não gosta que um dos seus tenha saído disso, mesmo que a culpa não seja minha, alguém tem que pagar. Então uma criança incapaz de entender ou sentir o amor surge. Terrível, não acha?

- Isso é só um boato, não existe comprovação e você não deveria basear sua vida na ideia de que nunca vai...

- Sabe o que uma pessoa que não está apaixonada sente ao cheirar amortentia?

- Os cheiros de que mais gosta.

- Eu não sentia nada. Era vazio.

- Tom...

- Amor para mim era algo vazio. Esse era o "cheiro do amor". Sabe o que é mais estranho?

- O que?

- Eu me lembrei disso agora, esse "cheiro de vazio", porque quando eu via Harry nos sonhos dele, quando ficávamos vagando pela mente um do outro, eu não podia sentir seu cheiro. Era vazio, da mesma forma.

- O QUE?!

- Meu cérebro não associa cheiro nenhum a Harry. Agora mesmo, estou no seu corpo, posso enfim sentir o perfume enjoativo esquisito que tanto incomoda em você, do qual nem achei tão ruim assim, pensei que seria pior. Mas o Harry... Não sinto nada - e como que para confirmar isso levou o braço ao rosto e inspirou fundo. - Só pele mesmo... Claro, as pessoas tem a tendência a não sentir o próprio cheiro, mas eu não sou...

- Você não está dizendo o que eu acho que está dizendo não é?! - gritou se levantando. - Se for, Tom, eu juro que te arranco daí agora!

- Eu não... - a Horcrux parou, encarou Lakroff aparentemente confusa com sua reação e depois de alguns segundos fez uma careta indignada. - Credo! Não! Você achou que eu estava dizendo que era apaixonado por Harry?

- SIM! Foi o que VOCÊ deu a entender seu maluco! - gritou.

- Eu maluco?! Você é o estranho que interpretou assim! - falou igualmente alto. - Olha a minha idade! Eu poderia ser avô dele!

- O que queria que eu interpretasse afinal?! - Questionou quase aos berros.

- Inferno, que eu não entendo o amor! Que me cérebro não consegue interpretá-lo! Pode ser pelas condições do meu nascimento, pode ser como fui criado sem ele, ou qualquer motivo que queira inventar, mas meu cérebro não vê ele como as outras pessoas e para mim é difícil categorizá-lo ou mesmo usar essa palavra sem sentir que é vazia como o cheiro da amortentia. Antes eu interpretava que era incapaz de amar, mas eu amo o Harry, não do jeito estranho que você colocou...

- A culpa foi da sua escolha de palavras.

- Mas! - continuou ignorando a interrupção. - Como... não sei... uma parte de mim? Não... eu obviamente já me importo mais com ele do que comigo mesmo, então talvez como...Viu? Eu não sei! - bufou muito frustrado e voltando a andar. - Eu não entendo essa porcaria toda, mas eu faria tudo por Hazz, porque para mim ele é tudo. Eu sou feliz perto dele e quero vê-lo feliz, e meu cérebro não consegue traduzir essa informação direito nunca! Eu já desisti de entendê-lo, mas aceitei que amor não é aquela coisa que eu via olhando de fora, tem muito mais faces do que jamais poderia imaginar e pode aparecer de formas diferentes. Talvez um dia eu venha a me apaixonar fisicamente e romanticamente por alguém e agora eu acho que poderia ser possível porque vi que posso, de verdade, sentir que alguém além de mim importa. Mas não estou falando disso, estão falando de... uma irmandade, uma ligação de almas que nunca achei que presenciaria! E é algo que simplesmente não consigo ver como uma fraqueza, como tinha antes. Harrison não me deixa fraco, ele me deixou tão forte que consegui pensar na minha própria morte e vir até aqui te ensinar como fazer! Eu simplesmente não tenho mais medo de nada! Talvez de vê-lo ferido? Mas ele é tão forte que a ideia de se machucar é difícil. 

"Para mim, Hazz é um tipo de amor, é a única palavra que consigo achar para querer mais a felicidade de outra pessoa do que a minha, ao mesmo tempo que não quero mais viver apenas porque tenho medo da morte, mas sim por quando morto não ter mais o Harry comigo. Eu não o veria crescer e conquistar tudo que quer, nem ajudá-lo-ia com isso. Então tá, é muito estranho tudo isso, eu sei, mas estou me esforçando! Eu só, realmente, nunca entendi essa coisa e, diferente de todo mundo não posso nem sentir o cheiro do amor, mas eu tenho a capacidade de tê-lo na vida. Pode ser influência da alma do menino? Pode. Talvez eu realmente havia sido amaldiçoado quando nasci? Talvez, mas importa? Claro que não! Agora essa é minha realidade. Pela primeira vez, eu sinto essa emoção e é importante. 

- Você também ama o Harrison, então sei que você é minha maior chance de ajudá-lo porque vai entender, porque deve sentir ao menos metade do que está em mim agora, já que sempre fez tudo por ele, fez o que eu não podia quando ele precisou. Então será que podemos, por favor, trabalhar juntos?

- Olha, você sabe pedir por favor - brincou.

- Meu Merlin, não é possível como vocês nunca conseguem evitar de brincar com coisas sérias! - reclamou com tanta frustração que a voz chegou a tremer.

- É minha forma de dizer que gostei do seu discursinho e estou disposto a te ouvir, Riddle - sorriu. - Certo então. Sobre o plano... Você só quer que eu interfira se for o comensal a pegar a coisa?

- Sim, pois indicaria que Voldemort está reunindo o exercito de novo e não podemos esperar que fique forte, porque aí não sei se você seria capaz.

- Disse aquele que falou a alguns instantes que sou mais forte que ele.

- Eu nunca disse que você é mais forte que ele ou eu. Se Voldemort estivesse inteiro não lhe daria chance. Mas é um idiota com menos alma do que deveria ser possível, a maior parte de sua magia está ocupada tentando mantê-lo inteiro, você não terá problemas. Se ele estivesse com metade, entretanto, aí perderia em segundos.

- Só metade?

Tom apenas sorriu e Lakroff ignorou a provocação óbvia.

- Eu deveria roubar a horcrux para ter todas, mas isso não o faria vir até mim? Ou eu pego todas e o mato de uma vez? Como faríamos?

- Só tenho um segundo, então no almoço você chama Harrison e lhe faz uma pergunta olhando diretamente para ele, vou possuí-lo só para piscar o olho direito se for Voldemort que recuperou a Horcrux e o esquerdo se for um inimigo qualquer que o quer morto. Sobre a ordem dos fatores... Acho que você conseguirá pensar em uma melhor que eu. Ou mata de uma vez e arca com as consequências de quando Harrison souber ou espera que Voldemort dê o primeiro passo, assim fazendo o menino concordar com a coisa toda.

- Esperar o inimigo mostrar as garras para convencer alguém para o seu lado. Tirou isso do plano d'O elemento, não é?

- Foco, por favor.

- Voldemort, como o acho?

- Eu sei onde ele está. Não disse nada a Harrison porque não sabia como ele reagiria. Mas descobri. Reconheci dos sonhos que anda tendo. Meus "escudos de oclumencia que não são tão bons quanto penso" ainda estão ótimos, obrigada - comentou debochado e o outro homem achou que Tom Riddle precisava de uma namorada.

Um adulto vivendo todo esse tempo apenas com uma criança como companhia, explicaria toda aquele mal humor. Ou talvez um namorado. Precisava ser menos ranzinza ou Lakroff não resistiria a levá-lo a loucura.

- O Harrison mesmo não reconheceu o lugar porque nunca mostrei memórias de lá - continuava Tom alheio aquilo. - Voldemort está na mansão do meu pai trouxa ridículo. Há uma segunda Horcrux por lá mesmo, na casa no fim da colina, o antigo barraco dos Gaunt.

- Seu pai trouxa tinha uma mansão e os bruxos sangue puro tinham um barraco?

- Eu quero tanto te acertar uma maldição agora.

- Continue. 

- Se você for até Voldemort enquanto estiver na mansão Riddle, pode matar o homem, destruir o diadema e depois o anel. Três em uma noite. O resto será mais difícil, mas você consegue.

- Obrigada pelo voto de confiança – e levantou a taça.

Tom ignorou isso em prol de sua saúde mental, apenas inspirou fundo e continuou:

- O anel, entretanto, seria preferível que tirasse a Horcrux e depois destruísse o novo objeto. Imagino que já tenha estudado o suficiente para tirar uma simples alma de um objeto e colocá-lo em outro?

- Evidentemente.

- Então Hazz terá seu anel de Lorde, assim como queria. Ele gosta dessas relíquias de família antigas... – murmurou revirando os olhos.

- Olha quem fala, o colecionador de relíquias.

Isso não o incomodou, afinal tinha sua verdade.

- E então? Temos um plano?

- Você quer que eu faça tudo isso quando mesmo?

- O comensal virá sábado, Harrison pretende devolver a horcrux amanhã, por garantia, ao lugar onde estivera. Não sei o tempo que demorará para entregar à Voldemort, pode ser um pouco já que tem que fingir ser Moody e ficar com Dumbledore. A vidente também pode errar, você é a prova. O melhor é que Harry não descubra nada, então...

- Vou arrumar um dia em que ele esteja distraído com alguma coisa importante para não notar minha ausência.

- Apesar de tudo ele está seguro nesse lugar - comentou Tom em acordo. - Voldemort não vai dar uma de idiota e sair entrando no território de Dumbledore. O próprio castelo ajudaria o maldito. Não temos que nos preocupar com o lorde das trevas aparecendo pela porta da frente, então só resta o falso Moody que Ivan e Hazz estão atentos.

- Sem pressa em relação ao exército?

- Voldemort parece estar com apenas um ou dois, nunca vejo rostos nas memórias e é tudo tão travado e estranho... Mas acho que ele está indeciso sobre em quem confiar. Você tem Karkaroff perto. Descubra se a marca negra está forte ou não.

- Sim, é uma boa ideia.

- Claro, fui eu que tive.

O outro apenas riu de novo e deixou a taça repousar em uma mesinha ao lado, então levou a mão a cabeça e começou a retirar os grampos em sua trança.

- O que raios você está fazendo? - questionou o de olhos vermelhos.

- Retirando isso. Para ter uma noção das novas visões que Lorde Destino e Morte estão me agraciando.

- O que?! Para que? Você mesmo disse que isso só serve para enlouquecer um homem e você não consegue evitar nenhuma visão.

- Sim, eu nunca consegui evitar uma. Mas na única vez na vida que quis cumprir , ao invés de evitar, eu consegui.

- Como assim?

- Harrison. Eu o via na mansão, lembra-se? Destruindo-a. Quer dizer que ele estaria na mansão. Se eu não podia evitar que sofresse, podia garantir que estaria comigo e lutei por isso, por acha-lo e levar para casa. Eu fiz tudo e mais, você sabe disso. Consegui. Eu não consigo evitar o destino, mas se quero que algo aconteça...

- Você só vê desastre!

- Mas já vi sua morte criança tola. Agora quieto, já é suficientemente incômodo fazer isso sem alguém falando comigo, é melhor não pensar em nada enquanto....

- Não faça isso na minha frente! – pediu dando um passo para trás quando o homem colocou a mão na cabeça e no aparelho de metal.

Lakroff notou que Tom estava tão incomodado com a ideia de ver as agulhas que perfuravam o cérebro saírem, que nem se incomodou com ser chamado de "criança tola".

- Vira de costas que não vai ser mais na sua frente.

- Estúpido.

- Ranzinza.

- Idiota.

- Infantil.

- Eu vivo e partilho alma com uma criança, qual sua desculpa?

- Sou sequelado?

E Tom riu da resposta mesmo que tenha ficado muito irritado consigo mesmo por isso.

Lakroff sorriu.

Começou a retirar o aparelho, Tom fechou os olhos apenas um pouco, ficava obvio que era uma pessoa precavida, pois ainda podia enxergar o Grindelwald, só queria diminuir o quanto.

- Isso é bárbaro e nojento. Não conseguiu pensar em uma coisa menos invasiva e tão trouxa?

- A ciência misturada a magia faz maravilhas, sabe disso. Ignorar o conhecimento trouxa é cavar nossa própria cova. Fique calado! – mandou quando uma agulha pareceu resistir um pouco e realmente cortou enquanto a puxava para fora.

Gemeu de dor, mas conseguiu sem mais problemas. Já levou o lenço que guardava no bolso para a cabeça afim de que parasse o sangramento. Apesar de muito longas as agulhas não eram grossas, logo estaria melhor, sua magia o curaria.

- Você vê como Harrison? Imagino que não... - comentou o loiro enquanto fechava os olhos e deixava imagem atrás de imagem invadir a mente, alguns sons leves de fundo.

Tom assistia enquanto o homem girava lentamente a cabeça de um lado para o outro, muito calmo, como que acompanhando uma música que só tocava para ele.

- Não. Mal vejo as almas nas memórias dele. É um dom próprio. Sei mais pelo que me descreve.

- Magia é uma coisa interessante, não é?

- Sem dúvidas. E então?

O herdeiro Mitrica ficou um tempo quieto, abriu os olhos e encarou o chão, depois foi para Tom, Nagini, enfim se levantou e guardou a taça num armário.

- Sabe que não vou te falar o que vi.

- Mas eu... – só que ele não terminou a frase, de repente caiu ajoelhado no chão, mão na testa, bem encima da cicatriz de raio de Harrison que começou a ganhar a cor e o relevo que normalmente tinha. Estava gemendo de dor, tanto que ficava claro que segurava gritos.

Preocupado porque aquele era o corpo do neto, Lakroff correu até o outro e se abaixou próximo. Não era besta, sua varinha estava empunhada e pronta.

- O que foi?

- Voldemort! – gritou e gemeu. – Alguma coisa aconteceu. Ele está furioso! Está doendo!

-x-x-x-

Longe dali em uma caverna cheia de Inferis, Marvolo, que pretendia recuperar todos os pedaços de sua alma antes que corressem mais riscos quaisquer...

Descobriu que já tinha perdido o colar de Slytherin.

Estava furioso demais e preocupado em igual demasia para traduzir o nome do bilhete, mas logo ele se focaria nisso, descobrir seu alvo.

Um que nada poderia fazer, já que estava morto. 

Um maldito traidor!

As letras zombavam dele na mesma proporção que o faziam querer destruir tudo.

"Enfrento a morte na esperança de que, quando você encontrar um adversário à altura, terá se tornado outra vez mortal."

Inferno, ele tinha a droga de um adversário agora e teria de fazer a coisa sem sua terceira Horcrux! Sem doze por cento dele!

Achar o diadema e a taça se tornou ainda mais importante. Também ficou claro que manter a alma em objetos era perigoso, nunca teria total ciência deles, iria reabsorver até o diadema, tudo mesmo, sem deixar nada. Precisava de força total para o que parecia prestes a vir e as Horcrux lhe pareceram mais uma arma para seus inimigos que uma proteção para si.

R.A.B

Maldito Black.

Inferno...

"Nascido daqueles que o desafiaram três vezes".

Harry Potter era a merda de um Black também...

Precisava daquela profecia logo! Lucius teria que ser útil! Não podia mais vacilar e, assim que pudesse, mataria Sirius Black para se vingar da ousadia de seu irmão!

Sua magia, enquanto pensava essas coisas estourava vários objetos pela Mansão.

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E então? Gostaram tanto quanto eu?

Estou com um sorriso bobo gente, faz tempo que não me sentia tão confiante (desde o capítulo 10 provavelmente). 

Enfim, esse capítulo corresponde ao da última semana do mês, apenas foi postado antes por questões de ansiedade kkkk dito isso o próximo só em maio (um mês sem um único feriado para me resgatar da minha vidinha estressante AAAAAA)

Enfim. Até maio e obrigada a todos os votos e todos os abraços do mundo aqueles que comentaram! Sabem como isso me ajuda na divulgação da fanfic e para meu psicológico <3 comentários são coisas de anjos!

PS: Vocês gostam mais quando coloco gifs ou fanarts nas quebras de capítulos? Porque gosto de usar o que se encaixa mais, só que pode ser que incomode vocês então me digam:

a) Gosto mais de gif.

b) Gosto muito das fanarts.

c) Gosto dos dois, ta ótimo assim.



PS 2: Teve uns leitores que vieram falar que shippavam Lakroff e Tom e eu realmente não sei se foi na brincadeira ou sério. Mais de um, na verdade. Me contem aqui, agora que eles enfim se conheceram, se você acha um casal válido mesmo ou era zoeira.


PS3: IMPORTANTE SOBRE O FUTURO DA FIC E PUBLICAÇÕES! 

Vou postar a fanfic no social spirit também pela conta de uma amiga minha, NÃO DENUNCIEM, sou eu.

Enfim, estou colocando uma capa diferente em cada site porque uma (linda/perfeita e cheirosa) leitora chamada Lily_Saints me presenteou com uma capa feita por ela com todo o carinho e vocês sabem que eu derreto com essas homenagens.

Sempre que quiserem me mandar FAÇAM. Quando desejarem que eu mostre seus trabalhos me avisem também, porque teve uma terceira pessoa que fez uma fanart, mas ela disse que tinha vergonha de mostrar, que quase não enviou nem para mim, então eu nunca vou fazer mais que AGREDECER DE TODO O MEU CORAÇÃO nesses casos, para garantir a privacidade.

Quem não se importa, assim como a (maravilhosa, cheirosa, merece o mundo) Laís, que fez a fanart do nosso Hazz (o insta dela é artworkbylais, só lembrando) eu sempre vou estar falando, ok? É isso.

Talvez eu troque também qual capa fica em cada site, porque acho que a da Laís da mais certo no spirit e a da Lily aqui, mas ainda estou decidindo. Não estranhem se a coisa vir a acontecer. A nova capa seria essa aqui em baixo.

Vocês preferem qual capa aqui para o Wattpad?

a) A capa que está.

b) A capa nova.

As duas serão usadas, cada uma em um lugar, então tudo certo.

É ISSO! BEIJOS E ATÉ MAIS!

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