Capítulo 22 - Dúvida e Proximidade
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Capítulo 22 – Dúvida e Proximidade
"Harrison não gostava de ser uma pessoa íntegra ou nobre,
Preferia ser sincero e esperar as consequências, mas agora era perigoso..."
Estava embaixo da capa de invisibilidade, segurando a caixa onde guardara o diadema e correndo para fora da sala precisa pelos corredores de Hogwarts.
Igualmente um fato, Harrison estava muitíssimo irritado.
"Não é possível que você seja tão arrogante e estupidamente corajoso! Parece que tem mais grifinório em você do que eu pensava".
"Não acredito que você ousou dizer isso" reclamou a voz de Tom em sua cabeça.
Por todas as deidades, o menino estava se segurando para não se distrair com esse fato.
Tentava desesperadamente parar de pensar na imagem de si mesmo saindo por aí com um diadema na cabeça de agora em diante, se isso lhe permitia escutar a voz do companheiro ao invés de sussurros próprios, parecia algo válido.
Provavelmente era isso, até na reunião com Sirius e Lupin, quando começou ouvir com clareza o som deve ter sido no exato momento em que sua versão do futuro, de o vira-tempo no pescoço, enfim achou e tocou o objeto de Rowena Ravenclaw.
Ficaria bonito de diadema?
"Esquece isso" reclamou para si mesmo.
"Fico lisonjeado pela parte que me toca" comentou Tom.
"Cala a boca!" gritou mentalmente Harry sentindo-se mais biruta do que o normal.
Mas seus devaneios não importavam.
O importante era que Tom tinha sido uma besta!
De novo!
"Você literalmente não colocou proteção alguma na SUA ALMA! Se Dumbledore decidisse entrar naquela porcaria de sala um dia? Ele nem teria dificuldade para destruir! Tinha sobrado alguma consciência sua depois de fazer tantas horcruxes ou ficou tudo nos objetos?"
"O velho não sabe da sala, estou certo disso" respondeu com desinteresse e prreferindo ignorar os insultos a sua pessoa.
"Mas ele só precisa querer que ela aparece! Não é possível! Você está me dando nos nervos!"
"Você está estressado porque não dorme a dias" disse como se explicasse uma obviedade para uma criança. "E eu..."
"Você é a culpa para eu não dormir!"
Tom esperou um tempo antes de responder, estava avaliando o estado do outro, parecia mesmo prestes a estourar então corrigiu em um tom mais seco, que o faria ouvir apesar de tudo:
"Não fui eu, foi Voldemort".
Harry deve ter percebido sua gafe, o próprio estado exaltado, sua mão estava tremendo de um jeito que não deveria. Parou um pouco, apenas um segundo mais longo, e se permitiu inspirar fundo antes de tornar a correr.
Voldemort tinha aparecido em quase todos os seus sonhos desde que voltaram para a Inglaterra. Não teve uma noite para si. Uma única para as conversas entre ele e a vinha.
Tom estava a dois passos de sugerir que fossem embora, mas sabia que não daria em nada. Harry não desistiria, mesmo que estivesse incomodado.
Mas o pior para o mais velho era que, mesmo não sendo necessariamente o problema, era parte do motivo.
Sem essa fração da alma alheia, o menino de olhos verdes não seria obrigado a ver Voldemort a noite, nem seus pesadelos e reuniões com comensais, que ainda eram imagens borradas e confusas o suficiente para Tom não conseguir reconhecer nada.
Não sabia se o fenômeno era causado pelo lorde das Trevas impedindo que o menino entrasse (o que era preocupante, pois implicava em saber que alguém podia o fazer), ou se era o próprio Harry, que por ser um ótimo Oclumente estava fazendo muito esforço para evitar os sonhos.
Mas era uma escolha.
Ela poderia parar totalmente Voldemort se quisesse...
Só que ficaria sem Tom.
O deixaria esquecido no fundo da mente, preso a força e fraco.
Hazz estava tentando manter Tom e afastar Voldemort ao mesmo tempo enquanto dormia, além de que (isso era o mais alarmante) estava tendo sonhos estranhos e ouvindo sussurros sobre coisas que não aconteceram ainda.
Mesmo que Hazz não fosse um vidente como seu avô, ele era um Grindelwald. Ter tantos sonhos onde...
Neville o matava com a espada da Grifinória...
Nagini era decapitada.
Lakroff preso até apodrecer ou brutalmente morto.
Todos morriam ali em Hogwarts em uma longa batalha.
Onde Voldemort era o responsável por tudo.
Era uma situação horrível, mas esses sonhos não passavam de alguns dos mais frequentes. Haviam piores... Os sussurros ainda... a Horcux ficava incrivelmente inquieta, pois era incapaz de escutá-los ou acessá-los, não tinha ideia do que eram além de chiados irritantes.
Tudo deixava uma pulga atrás da orelha de um menino que possuía pré-disposição para o dom maldito. Além das coisas que estavam empurrando para debaixo do tapete, como: O que fazer com Voldemort?
Tom tinha certeza de que o ataque na copa não foi organizado por ele, e se não foi, sua "versão principal" estaria até bem quieta.
Só que o lorde colocou o nome de Neville na taça. Eles sabiam disso.
Estava tentando matar o garoto.
E Harry se colocou na frente.
Literalmente pulou na frente de um tiro vindo da pessoa que mais evitava no mundo até então, apenas para ajudar outra.
Neville.
Tom estava com medo do que isso significaria para ele próprio.
Então agora tinha esse diadema, que o menino correu para pegar no impulso, mas logo (e com certeza) enlouqueceria pensando no que deveria fazer com a coisa. Podia sentir a parte da alma que vinha de lá, maior que ele mesmo, mas estranhamente mais fraco. Tentava alcança-lo, se ligava a Harry e era repelido com calma. Não o sangue de Lily, Tom mesmo, evitando que aquela coisa, que ainda não confiava plenamente estivesse perto demais da sua criança.
"Agora sobre as proteções do diadema..." lembrou Harry.
"Demorei anos para achar, parece fácil porque você apenas recebeu de mão beijada por uma vidente" reclamou. "Um padrão dos Grindelwalds. Depois ainda dizem que tem azar".
"Você não pode ser tão convencido de que ninguém chegaria lá!"
A voz não respondeu, mas estava tentando passar a ideia de revirar os olhos.
"Tom!" até em seus pensamentos Harry percebeu que estava cruzando a linha do melancólico e desesperado, mais do que pretendia. "É sua alma, você tinha que, no mínimo, ter queimado vivo ou necrosado quem tentasse encostar, você..."
"Eu coloquei armadilhas".
Harry parou. Estava na porta do castelo, deu dois passos mais calmos para fora e mais firme a capa em seu entorno quando o vento da noite ao tingiu.
"Você pôs? Mas eu não..."
"A Horcrux não te viu como ameaça. Nenhuma das armadilhas sentiu que precisava ser ativada e eu nem fiz nada para isso."
[N/A: Lembrando que no livro o diadema é destruído com fogo infernal, então não temos certeza se não haveriam armadilhas, principalmente psicológicas como o colar, que tenta te manipular]
"Mas eu não..."
"Minha alma não te viu como inimigo, Harrison" disse pausadamente.
O menino ficou em silêncio depois disso, evitando a maioria dos seus pensamentos, focou em chegar ao quarto de Mitrica sem ser notado e chutou seu malão reserva (que tinha guardado ali ainda ontem para evitar mais idas constrangedoras até o banheiro da Haus Feuer sem estar descentemente vestido e arrumado, o que dava espaço para os alunos especularem coisas ridículas sobre o que estaria fazendo a noite), então encarou o tampo.
Era um malão negro com detalhes em ouro. No centro haviam 4 letras incrustradas: HJMP, mas havia um detalhe a mais, um jogo de luz e perspectiva. Quando se olhava as letras de um ângulo certo e iluminadas as letras ganhavam contornos únicos. Do H saia uma espécie de cobra, o J tinha galhadas, o M tinha asas atrás com imensos olhos e o P tinha o símbolo das relíquias da morte. Isso era importante para conseguir abrir o objeto.
Um malão encantado cujo muitos compartimentos que precisavam de senha e geralmente estas em uma mistura de parseltongue, com alguma língua morta que o avô ensinara envolvendo o desenho. Haviam uma biblioteca, um armário, um laboratório e um quartinho. Colocou a ponta de sua varinha na letra P.
{- Abra} – sibilou língua de cobra.
[- Para herdeiro do artesão da morte] – em aramaico.
[N/A: Língua semítica falada pelos arameus da antiga Síria e da Mesopotâmia, origem afro-asiática, Semítica. Avada Kedavra é baseado no aramaico אַבַדָא כְּדַברָא, Avada Kedavra, que significa "deixe a coisa ser destruída"].
O tampo demorou um pouco, mas enfim fez um clique e abriu seus fechos.
"Você usou a varinha nova" lembrou Tom.
E talvez realmente fosse esse o motivo da pausa incomumente longa para reagir. Parte dos feitiços que usava para proteção tentavam reconhecer sua essência mágica além do código em si.
E suas varinhas eram muito opostas entre si.
A sua primeira, que comprou com Mykew Gregorovitch quando foi ingressar na Durmstrang era de Madeira de Cedro, inflexível, 37 centímetros, núcleo de pelo da cauda de testrálio e (o que foi sem querer derrubado em cima) banhada em sangue de basilisco. Um dente de Nundu enfeitava a base. Toda negra.
Nas palavras do próprio fabricante "Nunca pensei que essa coisa realmente funcionava, achei que tinha sido um fracasso, principalmente quando meu pupilo derrubou o sangue nela, mas não quis me desfazer, tinha ficado muito bonita e não explodiu, o que já era um milagre".
Era uma varinha tão decidida que simplesmente se recusava a apresentar qualquer capacidade mágica até que enfim fosse colocada na mão de Harry. Ainda era assim. Nunca respondeu a qualquer outro bruxo e praticamente ateou fogo a sua caixa quando o menino se aproximou explorando a loja.
Gostava dela.
[N/A: Vamos lá. Essa é para os que gostam de curiosidades do universo canônico. Cedro (Cedar): portadores de varinhas com essa madeira possuem força de caráter e uma lealdade incomum. Gervaise Olivaras costumava dizer "você nunca conseguirá enganar quem carrega uma varinha de cedro", a varinha de cedro se sente em casa onde há perspicácia e percepção. Não se tenta superar, enganar, passar a perna ou deixar para trás um portador delas, especialmente se for magoar aqueles a quem eles amam. O bruxo ou bruxa que é escolhido por uma varinha de cedro carrega o potencial de ser um adversário assustador, que geralmente choca àqueles que os desafiam.
O Enfeite da varinha: A presa de Nundu fica na base como se fosse continuação da madeira. O Nundu é um gigante animal mamífero e similar a um felino, se move silenciosamente, apesar de seu tamanho "gigantesco", e é considerado por alguns a criatura mais perigosa viva já existente. A Respiração do Nundu é tóxica e contém uma doença. O Nundu é extremamente difícil de ser morto, e nunca foi derrotado por menos de cem bruxos trabalhando juntos. Comparado com os dragões usados no Torneio Tribruxo, do qual podem ser atordoados por cerca de dez bruxos, da para entender o medo que se cria dele.
Sobre o núcleo: Pelo da cauda de testrálio é "uma substância complicada que apenas assistentes que dominam a morte podem controlar". Raro, é um núcleo usado por bruxos tristes e amargurados. Considerado um sinal de má sorte (nada que uma mariposa não esteja acostumada). É o núcleo também da varinha das varinhas, que Gregorovitch no canon já foi dono e tentava replicar.
Veneno de basilisco funciona para bruxos ambiciosos e cheios de autoconfiança. Pode agir por conta própria e ser temperamental, no entanto, é somente leal a um dono (tirem suas conclusões do que aconteceria com o sangue do bicho)].
Entretanto, ao decidir vir para o torneio tri-bruxo o de olhos verdes soube que teria que arrumar outra, sangue de basilisco e presa de Nundu eram duas coisas proibidas na Inglaterra (e se não fosse pela Rússia proibir apenas varinhas que pudessem matar seu próprio portador, talvez até na Durmstrang tivesse problemas), só que não negaria que teve uma espécie de euforia semi-controlada quando Olivaras lhe trouxe a varinha gêmea de Tom.
Ela simplesmente se encaixou.
"Não estou surpreso. Ninguém mais no mundo mereceria essa varinha que não você. Faz todo o sentido" comentou a voz no fundo de sua mente naquele dia e Hazz realmente tremeu quando a pegou.
Era totalmente oposta à sua de testrálio.
Azevinho e pena de fênix.
Na mesma proporção era exatamente parceiras em personalidade.
A pena de fênix não mudava muito do sangue de basilisco, elas mostram mais iniciativa, às vezes agindo por vontade própria, críticas, gostam de bruxos independentes e destacados e sua fidelidade geralmente é algo difícil de se conquistar. Rara.
Era irônico as semelhanças no temperamento entre as duas criaturas.
A que mata com o olhar, a que não morre mesmo que o encare diretamente, e jamais morrerá.
Além disso as madeiras. Opostas, mas iguais.
Azevinho é protetora, funciona melhor com aqueles que, talvez, precisem de ajuda para superar tendência a sua raiva e impetuosidade. Oposto ao cedro que incentiva. Ao mesmo tempo, varinhas de azevinho escolhem donos que estão envolvidos em alguma busca perigosa e muitas vezes espiritual.
É uma dessas madeiras que variam radicalmente sua performance dependendo do núcleo, e é notoriamente difícil unir essa madeira com a pena de fênix. Uma varinha incomum, uma mistura que poderia dar errado. Igual a outra.
Em caso de alguém encontrar seu par em uma varinha de azevinho com fênix, ninguém deverá ficar em seu caminho.
Iguais.
Opostas.
Dualidade.
"Você é uma pessoa muito complexa Harrison" disse Lakroff quando se encontraram algumas lojas ao lado do Olivaras (o avô se recusou a entrar no local do "velho maluco" e Harry preferiu não comentar a idade do próprio Mitrica). "Você é cheio de controversas. Faz sentido que tenha varinhas opostas, mas que se ligam. No fim, sempre acho que a cada dia que acorda, você gasta aqueles seus primeiros segundos na cama apenas pensando qual personalidade vai te dominar. E as duas... elas se odiariam".
Lembrou-se do chapéu seletor na dúvida se deveria estar na Grifinória ou Sonserina, lhe dizendo como "de herói a vilão, basta um dia ruim" e pensou em si mesmo.
Coragem e segurança de um leão. Alguém que pula na frente do perigo por um amigo com a confiança de que superará os desafios.
Astúcia e ambição de cobra. Alguém que mataria por um objetivo e dispensaria ou usaria pessoas pelo mesmo.
Bem...
Não era importante agora, ambas eram perfeitas, se encaixavam como extensões dele mesmo e aceitavam que ele mal as usasse.
Harrison gostava de não depender de nada nem ninguém, mas as varinhas pareciam entender isso, sabiam que estavam ali apenas para deixar seu mestre mais forte. Não eram muletas, como para outros bruxos, eram aliadas responsáveis por deixa-lo mais fatal e certeiro.
Guardou de azevinho no coldre em baixo da manga novamente e entrou no malão. Precisou descer uma pequena escadinha de madeira para se encontrar no chão do quarto encantado. Havia uma cama, uma mesinha de cabeceira, prateleiras que pegavam duas paredes, uma mesinha redonda, um mezanino, uma pequena cristaleira com bebidas (não alcoólicas) que comprou nas viagens pelo mundo, poções e seus remédios.
Foi até a mesinha redonda e colocou a caixa.
Sentiu todo seu corpo tremer em antecipação.
A que?
O que ele faria?
Esperou algum comentário do Tom, mas o companheiro ficou quieto.
Ele geralmente ficava quando Harry precisava tomar uma decisão, deixava que o menino fizesse isso sozinho, assim nunca pensaria que estava sendo influenciado. Saberia que partiu dele. Tom ajudava apenas se solicitado.
Ele queria solicitar?
Inferno sangrento... Ele não tinha ideia do próximo passo.
"Talvez seja melhor voltar ao banheiro e esperar Mitrica antes que ele perceba que você saiu, depois resolve isso" ofereceu a Horcrux.
Bem... a da cicatriz.
Agora teria que diferencia-las?
Sentiu uma vibração da caixa, um puxão intenso e considerou muito abri-la.
Não sentiu quando sua magia se liberou quase toda sozinha, não percebeu ela correndo para a caixa e nem a cor que formou quando encostou, não ouviu os sons causados por expandi-la tão rapidamnete.
"Harrison!" chamou Tom e finalmente ele saiu do transe. Trouxe tudo de volta, deixou que o cercasse e protegesse, conteve, escondeu, e camuflou.
Olhou envolta. OS móveis estavam todos fora de lugar, arrastados pelo baque de sua essência sincera.
Como podia se distrair tanto ao ponto de deixar que isso acontecesse?
Mas sua magia queria ir até o diadema.
Apontou a varinha para a caixa, colocou dezenas de feitiços, virou as costas e subiu as escadas, fechando o malão com força.
Olhou para o vira-tempo, logo a ampulheta teria acabado de escorrer com a areia.
Decidiu seguir o conselho de Tom e correu para o castelo com a capa de invisibilidade.
Não viu mais o diadema naquela noite.
-x-x-x-
Neville sentia que se corresse com os alunos da Durmstrang mais um dia naquela semana perderia os pulmões.
Estava escorado em um pedregulho enquanto todos os outros davam "uma pausa" se alongando e bebendo água perto do lago e sentia que se fosse se mexer de novo vomitaria.
Já os outros pareciam tão relaxados que uma pequena discussão entre Axek e Ivan já havia começado.
- Se eles começarem a se bater está na vez de quem separar? – escutou Heinz perguntando não muito distante.
- Sua – respondeu Viktor.
- Praga – resmungou o loiro tirando uma risada do Krum.
Uma risada bem próxima.
Neville abriu os olhos e viu que o outro estava já quase ao seu lado, então junto na pedra. O pedregulho era suficientemente grande de apoio para ambos, mas ficaram com os braços colados em contra partida.
- Cansado?
- Um pouco... – murmurou e sentiu suas entranhas gritarem "MUITO!".
Naquele instante ele viu Heinz e Rusev correndo para separar os meios-irmãos que fizeram uma aproximação suspeita um para o outro, isso o distraiu um pouco, mas percebeu que não pareciam que realmente avançariam, apenas estavam se estranhando.
- Não ligue para os dois – comentou Krum fechando os olhos. – Sempre foi assim, desde o meu primeiro ano.
- Quando eles viraram irmãos?
- Se não me engano foi a dois ou três anos atrás... – comentou chutando uma pedrinha. – Ah, sim, foi no ano que Hazz entrou para a Durmstrang. Parece até que sempre foi assim, consegue imaginar? O mundo onde eles se viram no primeiro ano, passaram a primeira noite inteira conversando, explodiram juntos um caldeirão de poções e caíram no chão de tanto rir da situação, voltando da detenção sempre aos risos e grudados, chegavam até a sentar com as pernas um no outro... Parece irreal. Agora é como se sempre tivessem sido esses dois polos opostos, brigando por coisas bestas, arremessando coisas na cabeça um do outro quando os professores se distraem, revirando os olhos ou zoando cada erro, azarando-se no corredor.
- Ao menos eles ainda se juntam para rir dos outros - murmurou Nev e Krum riu.
- Isso é - e parece ter se lembrado de algo igualmente engraçado, pois tornou a dar uma risada.
- O que foi?
- Lembrei de uma coisa. Quando Hazz entrou para o time de quadribol.
- O que tem?
- Mesmo sendo da mesma casa, a equipe de quadribol não conhecia bem Hazz, ele era do primeiro ano, alguns ainda tinham preconceito por ser mestiço, ele só conhecia a mim ali direito. Então tivemos que nos apresentar. Hazz tinha ganhado do capitão como goleiro, Ivan já tinha levado uma coça por chama-lo de... enfim, coisas ruins envolvendo ser mestiço...
- Eu lembro. Vocês comentaram enquanto eu estava na mesa da Sonserina "cria de sangue podre trouxa", não esqueci disso. Não consegui imaginar o Tsh...Tshw...
- Pode chama-lo de Ivan, até eu tinha dificuldade com esse sobrenome ridículo no começo.
- Certo, o Ivan não parecia o tipo de gente que é tão... cruel.
- Babaca preconceituosa, você quer dizer - corrigiu o mais alto com um sorriso.
- Sim - suspirou.
- Ele era. Dei um bom soco na cara dele por isso – comentou orgulhoso, depois fez uma careta. – Desculpe.
- Desculpe? Pelo que?
- Não sei. Hazz disse que estamos te dando um mal exemplo.
Neville corou.
- Aquele menino... – murmurou levando as mãos ao rosto. – Mas... Vocês não encobertaram a coisa falando que ele caiu da escada?
- Sim. O que tem?
- Como ele caiu da escada e ficou com olho roxo? Bem... imagino que tenha ficado com olho roxo se o acertou no rosto.
- Sendo sincero com você... Não foi o único lugar que soquei – comentou baixando a cabeça. – Nem o único que chutei – sussurrou. – Vamos dizer apenas que foi uma briga. Não conte ao Hazz que te contei.
- Se não pararem com essa merda eu juro que coloco veneno nos seus lençóis a noite! – reclamou Yorlov se enfiando entre os irmãos e empurrando o peito de Ivan.
- Yor, meu amor – comentou o russo segurando a cintura do mais baixo, o vice-presidente imediatamente fez uma cara indignada com a ação. – Se quer visitar meus lençóis posso apresentar coisas mais interessantes para derramar neles que veneno – encerrou mordendo o lábio.
A briga agora começou entre um Haus Land Yorlov irado e um Feuer aos risos e provocações.
Miller se esqueceu totalmente o que estava discutindo com o irmão antes, ficou gargalhando da situação junto de Rusev e Heinz. Ainda mais quando Yorlov tentou mesmo chutar as bolas do colega e Ivan piorou os comentários, deixando-os mais explícitos.
Neville também corou com o tipo de coisa que o russo falava. Não que durante a corrida não tivesse escutado coisa pior, mas decididamente não estava acostumado aquilo.
- Se quiser posso ir lá bater nele, mas se tratando da língua do Ivan não acho que alguma coisa menor que outra briga feia o pare – brincou Krum.
- Não, eu só... Enfim, do que estávamos falando? Ah sim, quando Harry entrou para a equipe de quadribol.
- Sim, sim... Axek aparentemente já tinha tido uma conversa com o Hazz e foi o que o aceitou mais fácil e, como ele sempre foi um tipo de líder entre os alunos da nossa casa, o resto foi logo se juntando para conhecê-lo e parabenizá-lo por entrar na equipe. Quando o Ivan o cumprimentou e disse que podiam deixar as diferenças de lado, Harrison concordou. Foi o momento em que descobriu que eram irmãos. Pelo jeito não sabia disso até ali e muitos realmente não tinham esse conhecimento, o casamento entre a Lady Tshkows e o Lorde Miller foi nas férias e na Alemanha. Então o Hazz simplesmente olhou para o Ivan e disse: "Achei que você tinha me dito merda porque estava com ciúmes do Miller. Jurava que estavam juntos... Então você só era um babaca racista mesmo".
Neville arregalou os olhos.
- O Hazz as vezes não tem filtro nenhum, não é?
- E tem uma linha de raciocínio hilária as vezes. Nunca deixamos eles esquecerem disso – encerrou Krum. – Se estão brigando muito falamos para irem ficar no cantinho e eles esquecem que estavam discutindo para brigar com você ou fazer cara de nojo um para o outro. A questão que ninguém sabia é que, concidentemente o dia que briguei com o Ivan, foi o dia que Axek e Harry se conheceram e passaram a tarde na biblioteca.
- Vocês dois! Vamos? – chamou Rusev, agora que aparentemente o tempo da pausa acabara.
Tinha dado mais que três minutos? Nev sentia que tinha passado dez segundos.
Inspirou fundo e tomou impulso na perna direita contra a rocha para se levantar, mas de repente tinha um braço de Viktor Krum na sua frente e uma grande mão em seu peito.
- Vão na frente, já alcançamos vocês – gritou o búlgaro enquanto o Longbottom o olhava confuso.
- Tudo bem? – questionou Rusev.
- Tudo sim, vão lá – e fez um sinal com a mão os dispensando.
O grupo de amigos se encarou depois concordou se afastando. Quando já não era possível vê-los entre as relvas Viktor se virou de frente para Neville, retirando um pequeno surto de batimentos cardíacos do mais baixo.
- Você não está acostumado a tanto exercício físico, não se force a nos acompanhar. Não tem que provar nada a ninguém.
O mais baixo pensou que se já não estivesse com o rosto corado e queimando pelo exercício, poderia ter se avermelhado ao ponto de explodir, ainda mais com o sorriso que recebeu do outro em seguida.
- Vamos sentar um pouco. Depois cortamos caminho para pegá-los no fim - continuou o búlgaro.
- Mas e você?
- O que tem?
- Não quero te atrapalhar... – e se sentiu um tanto pequeno e desconsertado com o fato de que ainda estavam muito próximos e olhar para baixo o fez ficar de cara com um peitoral bem definido do outro.
Coberto apenas por uma regata...
Não havia algo mais adequado para corrida em algum lugar do barco do Instituto? Não estava muito frio para aquilo?
- Você não está atrapalhando – continuou Viktor. – Corro todos os dias, um dia mais relaxado não vai acabar com minha rotina de treinos – e finalmente se afastou, apontando na direção da borda do lago, para um grupo de pedras menores. – Que tal sentar?
- Claro... Obrigada...
- Não ligue para isso – e deu um tapinha leve no ombro de Nev antes de se dirigir para um dos pedregulhos.
O Longbottom tentou ignorar como seu cérebro tinha agido de forma estúpida agora pouco. Estava no processo de aceitar a própria sexualidade e Krum era um jogador famoso, não era tão estranho que ele reagisse mal a...
Merda, o corpo dele? Queria gritar, mas se conteve.
Seguiu até a areia repleta de pedrinhas que ficava próximas a água. Algo deve ter acontecido na mente e no corpo de Neville, pois no instante que a fixa de que poderia descansar lhe caiu, suas pernas se foram.
Se jogou no chão, mas simplesmente não ligou, precisava disso. Ficou de olhos fechados ouvindo o som da água, então os passos de Krum e ele aparentemente se sentando ao lado.
- Vocês correm todos os dias essa distância? – perguntou tentando puxar conversa.
- Geralmente o dobro ou o triplo, na verdade.
- O que?! – questionou se sentando.
Fez muito rápido, o mundo pareceu girar por um segundo e Krum lhe segurou rindo.
"Parabéns Neville" resmungou mentalmente para si mesmo "deu um jeito de ter o cara encostado em você de novo. Qual é a próxima? Tropeçar e cair no colo dele?!"
- Como eu disse, um dia mais relaxado não atrapalha – Krum disse alheio aquilo, ainda segurando o mais novo em uma espécie de abraço de lado, encarando o lago. – Toda semana tem ao menos dois dias que o percurso é menor.
- Eu não estou aguentando nem o percurso simples de vocês? – perguntou mostrando que já podia se manter firme.
O outro se afastou.
- Você realmente quer se cobrar por não estar no nível de um jogar profissional três anos mais velho que você e seus colegas de equipe?
- Olhando por esse lado... – e tornou a se deitar.
Krum repetiu o gesto.
- Você e o Hazz estão conseguindo se preparar de alguma forma para o torneio? – não soube ao certo porque perguntou aquilo, mas agora que saiu de sua boca percebeu que estava mesmo curioso.
E preocupado.
- Ele está avaliando a teoria dos dragões, mas não está com tanto tempo para isso. Hoje mesmo terá a palestra sobre magia experimental e ele foi convidado a falar sobre o que o grupo dele está fazendo...
- A magia "fim da linha", não é?
- Ele te falou sobre isso?
- Nas férias em casa. Ele meio que começou se desculpando com a minha avó por estar fazendo um feitiço das trevas e engatou num discurso imenso sobre como isso era só um elemento, que o feitiço era para ajudar as pessoas, que as áreas das trevas ofereciam um plano mais seguro e amplo para trabalhar uma magia sentimental como aquela e mais um monte de coisas que fiquei super confuso.
- Ele estava se desculpando com sua avó por praticar artes das trevas?! – questionou chocado.
Neville entendia a surpresa, Harry não era do tipo que se importava com tipos de magia, muito menos se desculpava por fazer alguma.
- Hazz gosta muito da minha vó. Ela o trata como neto e ele a chama de vovó quando estão sozinhos até hoje, acho que estava muito preocupado com a reação dela a não apenas estudar, mas se aprofundar demais na área e irritá-la. Nossa família é da luz, fomos sempre muito contra as artes sombrias.
- Sempre foram? E agora?
- Acho que... estamos abertos a ouvir com cautela. Mas ainda temos muitos pés atrás. Claro que não tratamos Hazz diferente por isso, pelo contrário, entendemos que a família dele é... - se interrompeu, virando a cabeça para encarar o outro. - Desculpe, mas eu esqueci se você sabe sobre isso, mas imagino que sim, considerando que seu vice-diretor é...
Krum riu da careta que Nev fez tentando pensar sobre aquilo.
- Sim, eu sei sobre a mãe do Hazz, a família dela e tudo mais.
- Ótimo - voltou a olhar para cima, encarando as árvores. O rosto de Krum estava mais perto do que gostaria para manter uma conversa em que não viajasse para outras linhas de raciocínio. Principalmente aquelas onde a voz de Ron entoava todas as característica incríveis do apanhador. - Lakroff sempre foi incrível para o Hazz e o ajudou quando nós não vimos o problema pelo qual estava passando, nunca o julgaríamos por querer estar próximo desse lado de sua história.
- E o que sua vó disse? Sobre o feitiço do Hazz, quero dizer.
- Que ela queria que o mundo fosse bom o bastante para que a magia não fosse necessária, mas é, e pouco importava se era da luz ou das trevas, ela entendia, mas também preferia que não fosse ele a forjá-la.
O feitiço que Harry estava projetando para magia experimental desde o ano passado era ao mesmo tempo simples de se explicar superficialmente, quanto complexo em suas nuances. Era uma adaptação do feitiço "expectro patrono", mas ao invés de precisar de memórias felizes para se criar um patrono de magia translúcida, que tinha a função principal de proteger contra a dor dos dementadores...
A magia Extremus limit [N/A: fim da linha, extremo limite, limite final, também podendo ser limit finalis] era movida por dor.
"Dolor Fortitudo", as palavras de ativação, em latim significavam: A dor é força.
Quando você sentisse que nada mais poderia te ajudar, em uma situação de desespero, sofrimento e angústia extrema seria possível entoar as palavras e invocar uma criatura, ela seria diferente toda vez que se usasse, sempre se adaptando a sua necessidade no momento e a ela você "doaria" automaticamente toda a sua magia, o feitiço te impedia de usar qualquer outra coisa e dava exaustão mágica após a invocação (ao menos agora na fase de testes), mas logo ele tentariam melhorar isso. O importante agora era seu foco:
Salvar sua vida.
A criatura deveria surgir e te salvar da sua dor, te tirar do perigo, te levar para um lugar seguro. Quanto mais miserável e fraco você se sentisse mais forte ela acabava saindo, sua magia reconhecendo o perigo e a necessidade.
Fim da linha.
Mas ela, se você conseguisse controlar o fluxo absurdo que era dividir sua magia com o que estava criando, além de conseguir controlar a intensão desesperado do coração de sobrevivência acima de qualquer coisa, podia ser moldada e servir como um aliado em batalha. Um patrono. Movido por sua tristeza e dor, que liberava toda a sua essência em prol de criar um aliado que pensasse melhor que você e tivesse a força que lhe faltara para sair do perigo.
Harry foi mostrar aos Longbottons como já ia seus avanços e para isso ficou um tempo sentado no quintal meditando, por fim ele levantou a varinha e gritou o feitiço, conseguiu invocar um elefante que lhe arremessou vários litros de água.
Neville se sentiu miserável quando entendeu o motivo daquele patrono.
Demorou mais tempo do que desejaria, mas doeu.
Do que ele precisaria se salvar para o patrono ser algo que lhe jogasse água da cabeça aos pés?
Mas então sua avó se levantou da cadeira que estava, foi até Harry e lhe tirou os fios de cabelo da franja da testa, murmurando:
"Muito bom meu menino. Só que, como qualquer magia das trevas, não deixe que ela te consuma. E ela vai tentar. Vai te machucar sempre que tentar sem necessidade, de um jeito que não é uma poção que curará. Não é bom ficar revivendo o passado, mas eu entendo o que quer alcançar com isso. Sua dor será sua força. É necessária, mas perigosa. Eu confio em você, mas me preocupo muito mais".
Perceber o que era necessário passar, simplesmente para tentar usar uma magia daquela, foi igualmente doloroso para Neville.
Para forjá-la... Quanto tempo Hazz estava se submetendo a algo tão torturante quanto meditar sobre o passado e invocar suas mágoas? Se imaginar queimando vivo e sabe-se lá mais o que?
Naquele instante não tocou mais no assunto.
Mas isso era outra coisa pela qual detestava magia sombria as vezes. O perigo que era, a dor que causava, os pontos que tocava em sua personalidade. Dumbledore mesmo já lhe tinha dito coisas parecidas, mas ver que Hazz se forçava conscientemente a coisas assim apenas por poder, que com magias da luz eram facilmente atingidas apenas pelo querer, algumas palavras e um gesto com a mão...
As artes das trevas precisavam de emoções muito mais intensas, que podiam te consumir e para atingi-las as vezes era preciso sacrifício.
Neville não concordava.
Mas entendia.
No fim, ele mesmo usaria aquela magia sem pensar duas vezes em uma situação de vida ou morte e nada de mais lhe aconteceria, pois já estar no fim da linha, qualquer coisa seria alivio.
Mas fazer de propósito era algo totalmente diferente. Era assustador.
"Só te afeta se você deixa" foi o que o próprio Hazz disse uma vez, mas então ele não estava fazendo exatamente isso com aquele feitiço em fase experimental?
Descobriu que o grupo, certa vez para conseguir um teste mais adequado, o colocou por horas numa sala trancada com um bicho papão sem poder reagir, deixando a criatura ficar forte até Hazz decidir que não aguentaria mais e usar o feitiço para tirá-lo.
Inferno, isso era loucura!
Claro que Hazz não contou isso Augusta. Nunca contava. Mas Nev sempre conseguia tirar essas coisas.
As vezes o Longbottom se questionava como o chapéu seletor não colocou Harrison na Grifinória, porque se seu objetivo com aquilo realmente era criar uma magia que poderia salvar qualquer um de uma situação desesperada, onde se "perde a capacidade de reagir adequadamente, se esquece como se luta ou até dos feitiços certos" em suas próprias palavras, fazer os testes para que funcionasse era um ato de nobreza.
Mas ele também era alguém ambicioso.
E era Harrison.
Os repteis combinavam com ele.
- Você já usou essa magia? – perguntou a Krum.
- Não. Nunca tive necessidade, mas eles me ensinaram para – e abriu aspas com a mão, levantando as mãos para o ar. – "Se precisar um dia nos avise como foi o resultado".
- Entendo...
Viktor percebeu o olhar estranho que Neville deu para os galhos de árvore acima deles. Ia dizer algo para tentar compreender o que se passava pela cabeça do grifinório, mas ambos escutaram um grito na floresta que os fez se levantar.
- Ron! – disse Neville olhando envolta.
- O que?
- Meu amigo, foi a voz dele – e de repente assumiu qual era a direção da qual havia vindo o som e saiu correndo.
Viktor disparou atrás.
Não demorou muito para eles acharem Ronald Weasley, mas nenhum dos dois se aproximou o suficiente para ser visto, porque junto do ruivo estava Harry Potter.
E Neville não gostou nem um pouco do olhar do amigo.
De nenhum dos dois.
Por isso parou a tempo de não ser notado e se escondeu entre alguns arbustos e raízes altas puxando Krum no impulso.
Hazz estava com aquele sorriso estranho que dava quando queria alguma coisa e próximo demais do ruivo, que se encontrava mais vermelho que os cabelos e olhando para baixo.
- Você tem certeza? – perguntou Harry ainda sorrindo e dando um passo na direção do Weasley que recuou, a ação tirando uma mordida de lábios e uma risadinha do moreno.
- E-eu e-estou...
- Não se incomode com isso, Ron. Você tem medo delas, é normal que grite se uma cai em você – e deu mais um passo, Ron acabou batendo em uma árvore encurralado.
Weasley parecia prestes a explodir, de alguma forma muito estranha ficara ainda mais corado com a proximidade.
Neville quis pegar uma pedra e jogar lá, mas desejava mais ver o que ia acontecer, nenhum dos amigos pareceu nota-lo ou a Viktor.
Olhou na direção do búlgaro percebendo que este poderia ter ficado incomodado de ter sido arrastado e com toda a situação.
Não perdeu a raiva e mágoa no olhar.
Inveja.
Aquela era a face de um dos sete pecados capitais. Comuns e orgulhosamente exibidos na Haus Feuer.
Krum tinha a mandíbula tão firme que Nev sentiu alguns pelos se arrepiarem, além de que parecia muito perigoso.
Alguém capaz de matar ou pior...
- Bem... e-e-eu... – Ron estava tentando responder mas não conseguiu terminar uma frase.
- Prometo que não conto para ninguém e você pode continuar sendo o valente Grifinório que não tem medo de nada, enfrentador de trasgos, jogador de xadrez bruxo humano e todos os outros incríveis feitos que vem acumulando, dos quais tanto ouvi falar... – disse pausadamente.
Ok, Neville decididamente queria jogar uma pedra neles agora.
Um pouco antes disso, Harry havia chegado em Hogwarts e estava caminhando para o barco da Durmstrang, parecia nem escutar os suspirou ou ver as garotas de Hogwarts e algumas de Beauxbatons que se aglomeravam nas janelas e nos jardins para vê-lo passar.
As pessoas que já tinham costume de acordar tão cedo (eram apenas sete e meia), perceberam como haviam o triplo ou o quadruplo de pessoas chegando nesse horário a cada dia, exatamente nesse local, o final do percurso que o Potter fazia de treinos nas manhãs e onde havia o bebedouro que sempre parava para beber e relaxar um pouco.
Algumas realmente deram gritinhos quando o moreno de repente colocou a cabeça embaixo da torneira e levantou, sacudindo e penteando com os dedos para trás em seguida, escorrendo pelo rosto, pescoço, ombros e peitoral cobertos pelo uniforme de corrida de malha, colado nos braços suficientemente torneados para se reparar.
Por fim, o rosto sem os óculos, totalmente livre para se apreciar.
Ron fez questão de fingir ignorância aquele surto alheio quando se aproximou do presidente do conselho da Durmstrang.
- Potter – chamou receoso.
Sentiu-se estranho quando os olhos verdes foram do chão para ele, pareciam... profundos demais, era pior que olhar para Snape ou Dumbledore quando o encaravam, parecia ver ainda mais fundo na alma, ou sei lá, mas então acompanhados de um sorriso... uma parte do Weasley tremeu.
- Olá, Ron – cumprimentou calmamente. – Pensei ter dito que podia me chamar de Hazz.
- Desculpe. Bom dia Hazz. Neville foi correr com vocês hoje de novo, não foi? Onde ele está?
- Com o restante – ele retirou um par de óculos do bolço e colocou, dando mais uma ajeitada no cabelo e recebendo mais sussurros de meninas a volta. – Eu tenho costume de me distrair e sair na frente, então nunca terminamos juntos. E você? Não quis correr conosco?
- Não... acordei a tempo – disse as invés de apenas "não queria parecer um idiota suado e corado que com certeza ficaria para trás".
- Neville não te acordou?
- Eu... bem... talvez ele só tenha esquecido - disse coçando a nuca.
Hazz evitou rir. Ronald realmente era um mentiroso tão ruim?
- Se quiser podemos procura-lo. Não deve estar muito longe daqui. Eu dei uma volta a mais do que estava programado para os outros, já devem estar chegando.
- Não precisa se preocupar...
- Não tem problema, ainda é cedo. Imagino que se estava o procurando era por um motivo?
- Na verdade... Tem a ver com você.
- Comigo?
Ron levou a mão a um dos bolsos de sua capa e retirou um envelope.
- Acabei de passar no corujal e Abigail me trouxe. Eu a usei por ser bem rápida e eu só tenho... – se interrompeu, tornando a corar e abaixando a cabeça, envergonhado com o fato de ser pobre demais para uma coruja descente e a única que ter era pechitinho, que tinha um nome besta por culpa de sua irmã e era ainda muito nova e tapada, apesar de gosta muito dela. – Enfim, a carta é do meu irmão Charlie. Não sei se já ouviu falar, ele...
Ron não conseguiu terminar, de repente Harry Potter tinha pego em sua mão e o puxado a força para fora do pátio aberto, então pela grama descendo em direção a floresta.
- Espere um pouco, por favor – disse o de olhos verdes ainda o levando.
E Ron se deixou arrastar.
Os dois só pararam quando as arvores já escondiam o castelo e, mesmo muito confuso, o mais alto ficou quieto até quando o mais baixo se virou empolgado:
- Ele respondeu sobre os dragões?
- Sim. Neville veio falar comigo...
- Esplêndido! Desculpe te puxar, a propósito. É que pegar dicas das tarefas é uma espécie de trapaça e não queria que as pessoas soubessem.
- Mas você está competindo sem a idade mínima e contra sua vontade, eles tinham até que te ajudar mais que aos outros! – reclamou.
- Obrigada pela consideração Ronald – agradeceu sorrindo com os perfeitos dentes brancos. – Mas está tudo bem, o importante é conseguir me preparar e com sorte eu e Viktor saímos sem grandes ferimentos. Como é, você já abriu a carta?
- Já – e entregou para o de olhos verdes que a pegou rapidamente passando os olhos. – Ele e os colegas que vão trazê-los...
- Isso é melhor ainda! – exclamou ainda encarando as letras da carta (muito detalhada por sinal, tudo sobre quais eram os dragões, quando chegariam e onde pretendiam escondê-los se quisessem dar uma averiguada/ apesar de Hazz já ter encontrado a localização provável em suas caminhadas). – É perfeito, seu irmão ajudou muito! Você me ajudou muito, obrigada Ronald, de verdade – e deu ênfase no "você" pois já tinha notado um certo ego que vinha do outro.
- Ron – corrigiu, então corou quando aquele olhar penetrante pareceu brilhar em resposta. Mesmo por trás dos óculos era tão... – Prefiro Ron - acrescentou baixinho.
- Como quiser, Ron .
Mas a forma lenta e quase sussurrada que seu nome saiu pela boca de Harry deixou o Weasley totalmente arrepiado.
Assim que notou a própria reação sentiu as orelhas esquentando, provavelmente já vermelhas.
Mas aquilo não foi o pior.
Sim o fato de que Potter continuou o encarando e de repente começou a se aproximar.
Sentiu suas pernas simplesmente esquecerem de como se funcionava, seu ouvido fez um chiado estranho e seu coração disparou. Queria recuar, mas simplesmente não sabia mais como fazer isso, totalmente confuso com o outro que tinha a cada segundo uma distância menor e, quando Harry levantou a mão em sua direção, apenas fechou os olhos e baixou a cabeça.
Foi apenas um toque muito leve no ombro, mas o fez tremer, então ouviu o som dos galhos do orvalho e soube que o outro havia se afastado:
- Pronto – disse Harry.
Ron não soube o que dizer, apenas abriu os olhos muito confuso.
- Eu achei melhor tirar sem te falar nada, pois Nev me disse que não gostava delas. Tinha uma aranha no seu ombro - Hazz se explicou.
E mesmo que fosse um verbo no passado, saber que era aquilo que estivera acontecendo foi o suficiente para causar um grito alto e um pulo no lugar.
Batendo a mão nas roupas em agonia.
Harry ainda tentou se segurar, mas acabou rindo da reação.
- Você está bem? – perguntou entre tentativas de conter as risadinhas, pois viu que o outro estava ficando muito corado quando enfim se acalmou.
- Estou. Eu só... A! – resmungou frustrado virando o rosto. Foi quando Harry se aproximou de novo, uma expressão divertida, mas preocupada.
- Você tem certeza?
Naquele momento Krum e Neville começaram a observá-los.
- E-eu e-estou...
- Não se incomode com isso, Ron. Você tem medo delas, é normal que grite se uma cai em você – e deu mais um passo, Ron acabou batendo em uma árvore encurralado.
- Bem... e-e-eu... – Ron estava tentando responder mas não conseguiu terminar uma frase.
- Prometo que não conto para ninguém e você pode continuar sendo o valente Grifinório que não tem medo de nada, enfrentador de trasgos, jogador de xadrez bruxo humano e todos os outros incríveis feitos que vem acumulando, dos quais tanto ouvi falar... – disse pausadamente.
Apenas porque era um hobbie provocar as pessoas quando elas eram facilmente afetadas, mas principalmente...
Porque Neville estava atrás.
Queria ver como ele reagiria. Andava suspeitando de uma coisa e precisava de uma confirmação. Aquela situação era perfeita.
Harrison, afinal, ainda era muito bom em sentir presenças mágicas e perceber os movimentos da alma.
Sentir os dois amigos se aproximando e, ao invés de encontrá-los, se esconderem lhe deu uma luz na cabeça, finalmente podendo ser distraída com algo que não fossem seus malditos pesadelos e Tom.
Lamentava que Ron fosse usado nisso, mas sua linguagem corporal e facial não indicava tanto incomodo, só... ansiedade? Confusão? O ruivo era bem sincero com o corpo, tanto quanto Lakroff era na alma, todas as emoções ficavam expostas, o problema é que parecia que sentia coisas demais ao mesmo tempo então era difícil identificar todas. Duvidava que mesmo o garoto entendesse suas emoções.
O de cabelos negros então deu uma boa olhada em Ron, da cabeça aos pés, sabia que as pessoas geralmente assumiam que estava julgando seu físico com isso e encerrou com um sorriso de canto, para que o outro tomasse suas conclusões, Neville e Krum entretanto o conheciam o suficiente para saber em que situações usava um sorriso como aquele.
- Ron – disse suficientemente alto para os observadores escutarem, um pouco mais provocativo do que precisava. Pensou em mexer no cabelo, mas isso daria muita bandeira, certo? – Talvez eu esteja sendo muito abusado, mas se eu te fizer uma pergunta pessoal, ficaria incomodado?
- Pergunta pessoal?
Falar diretamente muitas vezes era uma solução boa, a pessoa não precisava responder, o corpo faria isso por ela:
- Você estaria interessado em alguém?
Quase não se aguentou e começou a rir do fato de que Neville e Krum praticamente "arruinaram a tocaia" quebrando alguma coisa por lá. O Weasley, entretanto, parecia tão em choque que não notou.
- Você... – murmurou Ron após vários segundos em silêncio, sua postura pareceu milagrosamente ganhar alguma ciência de suas ações e se ajustou. Uma certa coragem o atingindo enquanto dava um passo na direção de Harry.
- Ron! – chamou Neville de repente e Hazz se virou para olhar o amigo.
Teve o cuidado de baixar os óculos o suficiente para ver a alma do Longbottom sacudindo tanto quanto a do próprio Viktor, que vinha atrás.
Teste completo.
Teve sua resposta.
Neville estava apaixonado...
-x-x-x-
Harry mantinha seu lugar de costume na mesa da Sonserina para o café da manhã, um prato com um pão gelado flutuava envolta de si e uma caneca de café fumegante (sua segunda). Ivan estava a sua esquerda naquele dia, Axek ao lado, Viktor a frente junto de Heinz.
Krum não reclamou da quantidade de café que Hazz estava ingerindo, pois já era milagre que o outro bebesse algo, nem falou nada sobre porque sua alteza estava tentando seduzir Ron Weasley, mas notou que a papelada que estava na mesa parecia ter dobrado e imaginou como poderia ajudá-lo.
Montague, Warrington e Pucey estavam a direita de Potter, Adrian sendo o que ficava exatamente ao lado.
Draco ficou com Krum, então Nott, Zabini e Pansy, que olhava para os lados procurando alguma coisa.
- Então você dá trabalho extra nas aulas de reforço e o pessoal faz? – perguntou Pucey a Harry olhando a papelada na mesa.
- Sim. Eu corrijo e dou ao professor de cada casa, tenho o direito de pontuar casas pelo desempenho nessas atividades extras e o professor pode escolher usar ou não aquilo para completar a nota de um aluno que precisa. Estou terminando a correção dos trabalhos de poções, mas vou ter que deixar para mais tarde as últimas. Tenho que terminar a organização da reunião de amanhã.
- Reunião?
- Durmstrang tem uma reunião toda sexta feira, não é grande coisa, todos os alunos se reúnem e nós do conselho damos algumas notícias e atualizações, para que estejam cientes do que está acontecendo na escola – o tempo todo que falava não parava de escrever em pergaminho atrás de pergaminho. – Horários atualizados, como vai a pontuação das casas, quais eventos vão acontecer, quais as regras para eles, quais apostas estão rolando, onde encontra-las nos quadros de aviso pelo castelo, e agora pelo barco. Tudo que acharmos que é útil que nossos colegas saibam, então eles nos fazem perguntas e nós respondemos. Como, por exemplo: a equipe da Haus Land está precisando de vassouras novas. Eles vão perguntar e então eu digo que já sei disso e já estamos resolvendo. O castelo receberá a remessa nova na quarta-feira. Duas da linha antiga e quatro de uma nova. Os alunos do quarto ano da equipe já foram avisados que deverão conversar com o chefe da casa para conseguir liberação para o treino sem os mais velhos que estão aqui e deverão pedir ao professor Spnosa, que já foi contatado e concordou em ajudar, um horário para que fique de olho no primeiro dia com equipamento novo.
- Equipamento novo? – perguntou o Pucey e Harry percebeu que até o grupo de Draco o encarava agora com o que havia dito.
- Me esqueci que aqui em Hogwarts não há regras sobre isso... – comentou com um suspiro.
- Do que está falando? – perguntou Montague.
- Regras de padronização do esporte – disse Hazz como se já esclarecesse tudo.
- Na Durmstrang também não tínhamos –lembrou Ivan, que estava estranhamente quieto e concentrado em seu próprio trabalho até então. – Você que fez um inferno na cabeça de todos sobre a injustiça de a escola permitir que dinheiro desse qualquer vantagem a uma equipe, ao invés de estabelecer uma métrica mínima e máxima de qualidade dos equipamentos para que todos estivessem iguais e só o talento contasse. Ou oferecessem pelo próprio Intituto.
- Eu quero esfregar a vitória na cara dos outros com razão, não porque posso comprar uma vassoura lançada no ano para todos – resmungou Harry tomando toda sua xícara de café de uma vez (a maioria ficou surpresa com o fato dele não ter queimado a língua) então se abasteceu de mais. – Mas é isto, eu fiz o Karkaroff aprovar uma regra no primeiro ano de que as equipes tinham que reportar aquisições de equipamentos, para que as outras equipes fossem notificadas e tivessem tempo para se igualar. Claro, isso no primeiro mês, e já foi um sucesso já que ele parece me odiar e tentar atrapalhar tudo. Foi o bastante.
- Sua alteza comprou Nimbus 2000 para todos os jogadores, oficiais e reservas, de todas as quatro equipes – murmurou Ivan.
- Presidente - corrigiu Harry.
Os colegas da Durmstarng próximos riram lembrando da coisa e das expressões dos de verde.
- Como é?! – questionou Draco em meio as exclamações surpresas dos colegas.
- Eu queria que todos estivessem iguais, não é? Se eu comprasse qualquer outra, que não a melhor, ainda poderia haver um idiota que iria querer estar acima dos outros por uma vantagem pífia monetária, então que fosse. Claro que, comigo na presidência, as regras são mais específicas, as vassouras também eram para as equipes, não para os jogadores, são mais como doações para a escola. Equipamento padrão que todos passaram a usar no campeonato das casas. Ninguém mais precisa fazer uma loucura como a minha...
- O quanto você gastou com isso? – questionou Pansy, a voz subindo alguns decibéis agudos.
- Não lembro e não me importo. Queria provar um ponto...
- Um ponto que vale milhões? – perguntou Zabini achando que nem Draco seria tão insano ao desperdiçar galeões.
- Sim. O ponto de que era melhor que todo mundo naquela quadra – Krum, Heinz, Miller e Ivan não se aguentaram e começaram a rir alto. – Não era porque tinha ouro na poupança, ou porque tinha de algum jeito "posto os dragões na coleira", era porque praticamente ninguém fez gol em mim naquele ano e tendo as mesmas chances. Na verdade, chances menores, já que eu fui o primeiro jogador do primeiro ano do século. Não marcaram o suficiente para contar nem quando tentaram me nocautear – tomou mais café.
"De toda forma isso conseguiu mudar as coisas. O vice diretor, como agora todas as equipes tinham o recurso em mãos, aproveitou para estabelecer que aquela marca e ano de lançamento seriam as únicas permitidas nos jogos. Treinos, você poderia usar outra e, se tivesse a própria Nimbus 2000, também estava autorizado escolher em partidas oficiais do que as partilhadas. Assim todos estávamos equilibrados. No ano seguinte acrescentamos regras sobre os bastões, equipamento do goleiro, autorização para usar vassouras de até um ano abaixo ou acima que fossem pessoais do jogador, para acompanhar o mercado...
- Temos um fundo para o quadribol também – acrescentou Ivan. – Com doações dos pais e ficamos responsáveis por sempre garantir que tudo continue padronizado. Quando alguém precisa de equipamento não se compra em casa, pede para o conselho. Para mim que sou o secretário de esportes, mais especificamente. Nós damos um jeito. Mandamos cartas para a associação de pais, contratamos um profissional para fazer avaliações, arrumamos o que pode, mandamos sempre para polir, enviamos para costurar bandeiras e uniformes, o que já passou da data doamos e compramos novo.
- Ano passado muitas vassouras dos Haus Land quebraram porque tiveram um jogo na chuva - contou Harry. - Lembrando que Durmstrang é numa montanha congelada, a chuva era de granizo. Os Wasser, que estavam com eles, se arriscaram menos e voaram mais devagar, então deu para consertar com uma revisão as que pertenciam a escola. Como todos os tigres usam as vassouras da escola nos comprometemos a arrumar novas e novos bastões. Óculos e capacetes também, já que parecem dispostos a continuar correndo riscos assim.
- Nada que não faríamos como Feuer - comentou Heinz, Harry continuou sem dar atenção a isto.
Como se Lakroff fosse deixar os dragões voar no granito, onde ninguém poderia ver direito o que estavam fazendo. Se Ivan não acertasse o taco na cabeça de alguém dizendo que confundiu com um balaço seria de esperar que fora trocado por alguém com poção polissuco.
Miller, Elizaveta e Anastásia ainda dariam um jeito de apenas um focar nos gols enquanto os outros fariam jogadas impossíveis que derrubariam um ou outro artilheiro inimigo.
Nunca.
Seria um massacre.
Ele cancelaria o jogo. O que podia. Era o vice diretor e todos o escutavam (menos o idiota do Karkaroff).
- Decidimos com o conselho de pais que vamos mudar o padrão para Nimbus 2001 esse ano, já que tivemos que trocar um numero grande de toda forma e a Firebolt já foi lançada, deixaríamos os interessados livre. - continuou Harry. - Todas as equipes passarão a ter 5 vassouras 2001 novas e 5 2000 antigas. As demais estão indo para doações. Como vão se organizar para usar fica a critério próprio.
- Vocês realmente se envolvem em muita coisa na escola, não é? - perguntou Zabini. - E ainda estão vendo as coisas do castelo de vocês enquanto estão aqui de viagem?
- Sim. Axek, você tem os papeis sobre o resultado do simulado dos N.I.E.M.S que os sextos anos fizeram ano passado? Queria dar uma olhada antes de comprar a próxima remessa de livros extras para vocês... E sobre o orçamento...
- Tudo relatado de acordo, presidente. Aqui – e entregou uma pilha de papeis através de Ivan.
A pilha de Harry aumentava.
Ele tomou outro xicara inteira de café. Colocou na mesa e quando estava cheia voltou a flutuar ao seu redor.
Naquele instante Pansy deu um pulinho contido no lugar e Harry olhou curioso na mesma direção que a Chanel. Luna se aproximava aos saltitos.
Se voltou para os documentos.
- Olá pessoal, espero que estejam tento uma boa manhã – cumprimentou a Lovegood, pegando o espaço ao lado de Hazz na mesa da Sonserina como se sua fosse.
Pucey desviou apenas um pouco para o lado, uma vez que já tinha uma certa distância do Potter para dar liberdade na mesa a seus papeis.
- Alteza - cumprimentou com um sorriso radiante.
- Bom dia, Luna - cumprimentou de volta.
- Por que ela você não corrige, alteza? – perguntou Ivan com um sorriso, mas ainda focado.
- Porque você devia me chamar de presidente, excelência ou senhor. Mostrar o exemplo. Ela está apenas brincando.
- Também porque ajudei nosso senhor a conquistar uma coroa nova – continuou a loira olhando para o teto parecendo (como de costume) distraída com alguma coisa. – Por falar nisso, alteza, o mascarado que deseja a vida contida nas safiras do corvo vai busca-la quando saturno começar a se mostrar. Deve tomar sua decisão até lá.
Harry parou de escrever, apenas olhou para a mais nova amiga, uma linda vidente da natureza, uma fada em essência, e quis desabar.
Ele tinha dois dias para decidir o que fazer com o diadema antes de, seja lá quem o queria, ir buscar e notar a falta?!
Antes de arrumar outro problema?!
Sua cabeça ia explodir!
Estavam acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo e ele só queria dormir!
Mas não teve um segundo aquela noite!
Manter a segunda Horcrux no barco deve ter piorado tudo, no instante que adormeceu começaram os pesadelos e ele estava acostumado a não dormir, tinha anseio com a coisa, mas com tanto trabalho extra estava precisando de ao menos um tempinho desligado.
Que não tinha!
Se andava pelos corredores tinham pessoas o encarando, seguindo e fofocando, tinha que manter a pose, tinha que ser o presidente do conselho e o filho de James Potter, uniforme alinhado, dando o exemplo, manter o rosto neutro, ignorar os dedos apontados, sussurros maldosos, a constante sensação de que estavam prontos para registrar a primeira gafe, isso quando não tinha alguém conversando com ele! Então cada palavra tinha que ser pensada e avaliada, porque tudo que saia da boca do "menino-que-sobreviveu" iria parar no jornal. Assim que soubessem que ainda havia se tornado um campeão só pioraria. Tudo estava nele. Tinha que pensar nas consequências de agir minimamente fora da linha e ser pego ou Lakroff também teria problemas. Se ia no banheiro também não tinha paz, haviam garotos prontos para lhe fazer perguntas, dar sorrisinhos "simpáticos" comentando como devia ser legal ter "tantas admiradoras"; se corria na mata a mente ia para Tom e Voldemort e quando não haviam os dois, tinha Neville, ou Krum e quase todos da sua corte, com seus sentimentos adolescentes comuns que não sabia como lidar. Lala descobriu que estava no torneio e estava surtando, fazendo com que se esforçasse para convencê-la a não contar aos outros e gerar ainda mais problemas. Aulas, os reforços, ajudar os colegas com inglês, manter seu desempenho acadêmico impecável, as poções de Gellert Grindelwald que estavam acabando então tinha que fazer mais ou explodiria; Sirius, Lupin, Dumbledore constantemente o encarando e avaliando; a palestra daquele dia que ele tinha que sair bem, para tentar mostrar um lado melhor e menos preconceituoso da magia negra para Hogwarts; Moody sendo um comensal que podia atacar Neville ou ele próprio; a busca pela câmara secreta para ter certeza de que Arituza (o basilisco familiar de Salazar) não estava viva e podia ser usada por Voldemort de novo (com Tom não o dizendo de uma vez onde estava porque "eu descobri sozinho, você tem que tentar ao menos um pouco" em alguma tentativa de testar o menino); seus trabalhos, garantir que Durmstrang inteira estivesse suficientemente controlada e não fizesse coisas idiotas que arruinariam ainda mais a imagem da magia negra e do instituto; criar as conexões certas, se possível; se preparar para o torneio para garantir a segurança de Viktor; o processo de emancipação que tinham forçado nele, mas que era ele e Lakroff que precisavam resolver tudo para não deixar o ministério chegar perto deles e de seus testes de sangue; Nagini que ainda estava dolorida da última vez que foi forçada a ajuda-lo e precisava de poções muito específicas, complexas; e...
Sentiu um par de braços o cercando.
A ação imediatamente desencadeou um nível elevado de adrenalina em seu corpo que só não atacou pois sentiu o cheiro de flores e rabanetes.
- Desculpe, senti vontade de fazer isso – comentou Luna naquele tom etéreo dela.
Harry a encarou confuso, depois viu a pilha de papeis na mesa, a xícara de café flutuando, o pão...
Ele tinha comido algum dia?
E...
Não viu mais ninguém.
Ele deixou.
Detestava que pessoas encostassem a mão nele. O próprio Lakroff levou algum tempo para receber mais que apertos de mão ou os toques para avaliação médica (e mesmo esses ele sempre tinha que pedir autorização antes de fazer e manter-se calmo todo o tempo). Alice, no orfano, precisou que tivesse quase em colapso total.
Fugiu ontem mesmo de Sirius por coisa parecida.
Mas deixou.
Porque era Luna.
Porque ela tinha Nargles e ele Shinisus.
Porque ela entendia como era viver com um dom que as pessoas estranhavam, entendia como era se sentir um ponto fora da curva, uma aberração mesmo entre os "seus".
Porque ela, diferente dele, não fingia ser o que não era para se encaixar e fazer as pessoas ouvirem.
Ela era vida, o presente que todos recebem quando chegam no mundo, ele morte, que guarda as almas no além, um chacal nomeado e com anel de herdeiro.
Ela era calma e ele só queria destruir tudo.
Ver o mundo ruir por sua estupidez ridícula.
A loira o apertou um pouco mais, como se ouvisse seus pensamentos e o Potter escondeu seu rosto nos cabelos loiros cacheados, para disfarçar o segundo inteiro que precisou para se recompor, inspirando fundo. Sua mão e perna haviam começado a tremer e nem conseguiu notar, mas ela, a posição dela escorado nele, provavelmente escondeu.
- Seu cabelo cheira bem – ele comentou sentindo-se mais recomposto.
Voldemort voltando, Tom que era parte de ambos, a responsabilidade de Harry nessa guerra que nunca quis. Não dormir, não comer...
Estava se estressando demais, mas conseguia.
Ele sempre conseguia.
Não importa o peso, ele podia.
Tinha evitado que Neville estivesse em risco de vida naquele ano. Estava em Hogwarts e tinha a chance de fazer alguma coisa, uma diferença mesmo que pequena naquelas pessoas. Tinha sua corte para ajudar com o restante e eles o entendiam, eram seus amigos, mesmo quando queriam coisas que nunca poderia retribuir.
Tinha Lakroff.
Olhou para o avô, sentado na mesa dos professores e, obviamente, provocando Dumbledore mais uma vez, então colocou seu braço nos ombros de Luna, retribuindo o gesto de antes.
Pode ouvir um murmúrio de surpresa de algum dos seus amigos, mas estava tão focado em manter aquela pequena paz que não tentou descobrir qual deles fez.
Era muita coisa, mas ele conseguiria, aquela semana é que estava um tanto difícil.
E, sendo sincero, ele era Harry James Potter.
Harrison James Mitrica Potter.
Quando é que as coisas eram fáceis?
- Os príncipes podem ser realeza – murmurou Luna. – Mas não passam de humanos. Acumulam muitos zonzóbulos na cabeça da mesma forma e, pior ainda, os que se importam acabam tento quantidades exorbitantes por causa de seus reinos. Tentam pegar todos só para si e poupar o restante ou conquistar mais e mais. Deveriam parar. A vinha negra também pode ser esquecida por enquanto, a atitude dos reis está deixando-o com coceira – e Harry riu imaginando que talvez não fosse Voldemort o incômodo na cicatriz que vinha sentindo desde a noite, mas o próprio Tom preocupado.
Parecia ser o caso, já que a queimação amenizou e sumiu no mesmo instante.
"Desculpe..." escutou um sussurro ao fundo e realmente riu.
Luna levantou a cabeça, que estivera até então no seu peito e o encarou diretamente com aquelas duas piscinas plácidas:
- Ei, não é que você tem quatorze anos mesmo?
É...
Hazz tinha quatorze anos.
Podia estourar um pouco, não é? Querer gritar com toda aquela pressão e simplesmente... Agir como a idade.
- Que? – sussurrou Heinz para Viktor que estava com uma perfeita cara confusa e indignada.
Ele mal recebia um abraço daqueles e já estava em seu quarto ano de amizade!
- Eu nem sei mais se estão falando a mesma língua, desisti no fim do primeiro dia - comentou Ivan.
Axek parecia até que tinha cheirado algo especialmente pobre, tamanha era sua careta de inconformidade.
Eles estavam falando outra língua, mesmo que com suas palavras, Ivan tinha razão. A língua deles, dos diferentes. Os normais não entendiam. Luna o fazia.
Riu alto e apertou a menina, mantendo-a mais perto.
Era pequena. Magra e delicada como uma flor. A maioria dos que chegava a ter contato físico sempre eram maiores, fortes, prontos para protege-lo.
Mas ela que o protegeu agora.
Cachos loiros, fios negros.
Vida e Morte.
Nargles, criaturinhas da natureza que vivem em visgos.
Shinisus... shinigamis.
Na mitologia japonesa, anjos da morte, espíritos ou deuses que levam as almas dos que partem. Seres que podem ser os responsáveis pela morte de alguém através de seus poderes, mas também representações da efemeridade da vida. Guias e devoradores. Um chacal egípcio. Um Anubis.
[N/A: Para quem não conhece mitologia japonesa, os shinigamis também são registrados como espíritos que convenciam as pessoas a se suicidarem. Em alguns textos eles comem almas daqueles que matam, assim podem ter os anos que ainda restavam da pessoa e acumular poder, mas em outros são apenas os que guiam para o além assim como valquírias, chacais, etc. São o próprio Deus Morte em muitos outros casos. Há textos diferentes sobre eles com mitologias próprias e, dito isso, foquem na parte de anjos responsáveis por guiar almas, a semelhança com os chacais. Da para ver semelhanças claras entre a figura do shinigami japonês da Luna e o chacal egípcio/Anubis do Harry. MAS... vale lembrar... Se shinigamis são capazes em alguns contos, de convencer as pessoas a se matarem por livre vontade ao invés dele mesmo fazer o trabalho, o que isso te lembra? Por que Luna decidiu chamar a vidência do Harry em homenagem a eles ao invés de simplesmente chacal?].
Quatorze anos e Harry tinha mesmo pensado nas "suas responsabilidades para com a guerra"? A que ponto estava chegando...
Ele não tinha merda nenhuma de responsabilidade, Horcrux do Voldemort ou não. Não atrapalhando o lado que queria o sociopata derrubado e incapaz de causar mal, estava em seu direito de viver como queria.
- Eu tenho, não é? – perguntou retoricamente e ambos, Luna e Hazz, riram juntos, principalmente das expressões confusas de todos na mesa.
Mas não deu atenção a isso. Não se importou com o que cada um estava pensando, ler sua linguagem corporal, suas expressões faciais, saber tudo o tempo todo.
Se permitiu...
Desligar.
Qual era a coisa que tinha que fazer mais besta? Mais cara de adolescente de quatorze anos?
Focaria seu dia nisso, apenas porque (caramba!) ele podia!
Porque era o que um adolescente tinha que fazer.
E talvez se divertiria... Apenas sendo ele mesmo e fazendo magia. Do jeito que sempre gostou e quis...
Sentiu ambas as suas varinhas vibrando, uma na perna, outra na manga em expectativa, reconhecendo a vontade do mestre.
- Que tal explorar a toca dos quatro animais em busca da grande irmã Arituza mais tarde? Podemos ter mais chance em dois – perguntou Luna, mais uma vez praticamente lendo seus pensamentos.
Isso poderia incomodar, mas não fazia.
Era Luna.
Ela tinha que saber essas coisas.
Explorar Hogwarts pela entrada da câmara? Tinha cara de missão besta adolescente.
- Acho adequado – comentou enquanto um sorriso malicioso se formava no rosto. A expressão, entretanto, assustou a maioria ali e fez Luna parecer mais brilhante, vendo que seu príncipe estava voltando ao normal. – Já que logo vou ser emancipado e pretendo pegar um certo anel... Devo estar ciente do estado de saúde da minha colega, não acha?
A Lovegood abriu a boca e se soltou do herdeiro Mitrica, apenas para o encarar com postura ereta e surpresa:
- Você não vai...
- Não acha que Arituza vai gostar mais de mim se estiver com o anel certo?
E a loira bateu palmas animada, praticamente crescendo em seu lugar, entendendo toda a complexidade da situação.
Entendendo como aquilo era a chutada de balde final.
Riu horrores do fato de que Harry iria mesmo reivindicar o anel de Lorde Gaunt/Peverell, que deveria ser de Voldemort e abrir a câmara com ele no dedo!
Harry estava se sentindo animado. Voldemort não queria se fingir de morto e atacar pelas costas? Perderia seu título nessa brincadeira.
Veria de onde veio o golpe?
Se pretendia continuar jogando, Hazz era um adversário à altura.
E esse era Harrison Potter de verdade. Já estava quase se esquecendo da essência: fazer o que queria e depois arcar com as consequenciais.
Já tinha acumulado força o suficiente para isso mesmo.
Voldemort aprenderia o que acontecia ao provocar uma aberração adolescente.
Aprenderia o que era caos de verdade.
- Você é terrível, sua alteza! – exclamou Luna ainda sorrindo, ambas as mãos juntas em frente os lábios. – Que tal uma sugestão, então? – perguntou se aproximando e Harry abaixou um pouco para que a menina pudesse colocar a mão em frente a sua orelha e sussurrar em seu ouvido. – Se quer confusão, o que melhor que demônios? Eles estão com o mapa.
- Luna – murmurou em voz alta, olhos fechados, cabeça erguida, sorriso no rosto. – Eu oficialmente te amo.
E se permitiu falar algo assim, sem motivo, algo cheio de interpretações e na frente de todas aquelas pessoas, porque estava sendo sincero e sorrindo como queria sorrir.
Parecendo prestes a matar alguém.
Prometendo um mundo de dor para quem ficasse na sua frente, apenas por diversão. O que podia acontecer, no futuro.
O quão bravo um lorde das trevas ficaria ao perder seu anel de lorde?
Era uma pena que dificilmente fosse descobrir tão cedo, afinal não o usava.
Estava escondido na casa dos Gaunt ao lado da mansão Riddle.
Não é?
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Espero que tenham gostado e até semana que vem com o capítulo vinte e três:
"Tom & Marvolo Riddle"...
Não sei o dia que postarei, porque comecei mas tenho que fazer o TCC nesse fim de semana, então acaba meu tempo, mas enfim, um bom feriado a vocês!
PS: Para quem não se lembra (porque o último capítulo que falava sobre isso foi o capítulo 9) o Voldemort voltou a um tempo com o diário e estava recuperando suas horcrux para reabsorver. Ele está com o anel Peverell agora. Eu sujiro que se você não lembra, realmente volte para o capítulo 9 e leia a última cena, que é toda com o Voldemort/Marvolo e seria bom estarem localizados para o próximo capítulo. É isto.
Beijos!
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