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Capítulo 17 - A noite do tiro e o início do fim

Esse capítulo ainda não é o do orfanato. 

Por quê? O de sempre. Ficou muito grande. 

Vão ter três partes, provavelmente, mas sempre existe a possibilidade de eu me empolgar e escrever muito. Duvido, já que muita coisa já tá feita, mas eu várias outras então... 

Já sabem.

A primeira parte é essa: o início. 

Esse será o único capítulo da semana, mas por favor não me odeiem nem me abandonem ;-;

Por enquanto, aproveitem e logo, logo vocês vão ver a segunda parte: os dias bons.

Depois, preparem-se, pois a parte três serão os dias ruins.

*****PS: Estou com sono, muita coisa pode ter passado na revisão. Me avisem nos comentários qualquer coisa que eu corrijo <3

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ARQUIVO OFICIAL DO MINISTÉRIO DA MAGIA

DOCUMENTO LACRADO. EXIGIDA AUTORIZAÇÃO PRÉVIA PARA ABERTURA.

AVISO! DOCUMENTO PROTEGIDO POR MAGIA.

EXTREMAMENTE SIGILOSO!

Departamento de Execução das Leis da Magia do Ministério Britânico.

DATA DA EXPEDIÇÃO: 15/08/1991

[N/A: Ano em que Harry Potter deveria ter aparecido na lista de alunos de Hogwarts]

Atualizações do caso.

Através deste documento, eu, Rufo Scrimgeour chefe da Seção dos Aurores, confirmo que os humanos, categorizados como trouxas, Petúnia Dursley, nee Evans, Válter Dursley e Duda Dursley estão confirmadamente desaparecidos sob circunstâncias misteriosas.

Após uma semana de investigação e procura extensiva não foi possível localizar o paradeiro de ninguém da família.

O motivo inicial das investigações, o garoto bruxo que deveria estar sob a tutela da família Dursley, Harry James Potter, tornou-se oficialmente uma preocupação de ranking XXXXX. É de extrema importância que o setor seja mobilizado com mais firmeza para a inquirição do caso.

[N/A: inquirição. S.F. averiguação minuciosa; indagação, inquisição, devassa, sindicância. JURÍDICO (TERMO) ato, realizado por autoridade competente, de inquirir a testemunha sobre as circunstâncias de que ela tenha conhecimento a respeito de determinado fato].

O senhor Potter, de acordo com investigações paralelas e informações do banco goblin, o Gringotts, está com suas contas pessoais ativas e em funcionamento, o que pode servir como prova para confirmar sua vida, entretanto não foi possível conseguir mais nenhuma outra indicação. Nenhuma carta ou magia chegou até ele, de qualquer tipo. Como herdeiro de um título de Lorde e, portanto, votante da câmara dos Lordes e dono de grande fortuna, é necessário descobrir quem mantem o garoto sob custódia, sem autorização governamental do ministério, em prol de sua segurança e da política britânica.

Os goblin se recusaram a informar se o garoto fez visitas pessoais aos cofres, se era acompanhado ou se alguém fazia retiradas em seu nome, alegando sigilo profissional.

Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, Ordem de Merlin, Primeira Classe, diretor de Hogwarts e antigo guardião mágico da criança está sendo notificado para prestar depoimento e esclarecer como nenhum órgão nunca ficou sabendo da situação de Harry James Potter, até o presente momento de sua não inscrição na escola. Isso incluí a retirada do diretor da posição de guardião, que ele jura não ter tido ciência, muito menos sabe informar como ou quando aconteceu. Lamento informar, mas isso mostra um sério caso de negligência para com suas funções de guardião e com seus deveres para com o governo, espero que possamos chegar até o fundo dessa questão. 

Do bruxo responsável pela criança atualmente, permanecemos tendo apenas a nota enviada ao Clarim Diário. Não achamos qualquer documento oficial que ligue o senhor Potter a um bruxo. O elemento foi capaz de fugir de todo o departamento e do Ministério da Magia Britânico, nenhum de nossos esforços gerou qualquer resultado. Está oficialmente categorizado na categoria de risco XXXXX.

Vizinhos trouxas, na rua dos Alfeneiros, Little Whinging, Surrey, confirmaram aos nossos agentes que a família Dursley morava a mais de uma década no endereço de número quatro e eram uma família comum. Após o início de nossas investigações, como já sabemos, eles abandonaram a propriedade com todos os seus pertences e não retornaram mais.

Continuamos a procura por eles, vivos ou mortos, uma vez que nenhum feitiço foi capaz de rastreá-los também. 

Pedimos autorização para envolver o Departamento de Mistérios e a ajuda de um Indizivel nomeado por eles, qualquer que seja, para nos auxiliar.

Lembrando que a família Dursley e seus vizinhos negaram que Harry James Potter estivesse vivendo com eles desde 1987, mesmo que tal informação nunca tivesse sido registrada por meios oficiais e não há qualquer indício do garoto, ou mesmo registro, no orfanato Sun Glass, local onde a família jurou tê-lo deixado na data em questão.

O prédio sofreu um incêndio em 1988 e muitos documentos foram queimados, porém  conversando com os residentes ficou confirmado que o nome Harry Potter não é familiar para ninguém. O único menino com a idade correta que fora registrado a quatro anos (1987) e viveu por lá chamava-se Hadrian Blake, que morrera com o fogo. O incêndio foi considerado culposo e a matrona da época foi presa. Não achamos necessidade de buscar um relato da mulher em questão. 

Este caso está a cada minuto mais preocupante e podemos confirmar, com certeza absoluta, que o bruxo envolvido deve ser tratado com a devida cautela, pois o garoto Potter pode estar correndo risco verdadeiro a sua vida e nosso recente envolvimento pode irritar o elemento. Há suspeitas de que os parentes trouxas foram raptados para serem usados de reféns ou mesmo ameaçar a criança. Estas são suposições de parte do gabinete, porém deixo claro que são totalmente especulativas.

Pedimos que o gabinete do Ministro Cornélio Oswald Fudge entenda nossa dificuldade e nos poupe de mais reclamações sobre a velocidade de nosso trabalho. Mas ele está, como meu chefe, livre para assumir a liderança da força tarefa e fazer melhor, se assim desejar.

Rufo Scrimgeour, chefe da Seção dos Aurores.


-x-x-x-

Capítulo 17 – A noite do tiro e o início do fim



"Tom não julgava que ele e Harry eram iguais, afinal o menino era essencialmente bom e paciente com os fracos,

mas quando toda a mágoa da criança se transformou em uma risada sádica, começou a ver semelhanças..."



"Quando levei um tiro, foi uma situação tão absurda que tudo passou como um borrão. Estranhamente, também foi como se algo acendesse na minha cabeça, me deixasse pensar com clareza sobre outras coisas mais importantes. 

Foi assim que pude ser um pouco mais... eu.

Tom estava tão irritado naquela hora (a vontade dele era de simplesmente fazer uma chacina) e estava acostumado que eu ficasse quieto, mas... 

Até eu tenho limites.

Nunca fiz nada, sempre fui o melhor que pude, porque não queria me colocar acima de ninguém. Tentava entender as pessoas, me ver se estivesse em suas peles e nunca machucava uma pessoa de propósito. Principalmente gente fraca. 

Isso me faria igual os meus tios. Eu não gostava de sentir que estava tirando vantagem da minha força como eles, que por serem maiores me atacavam sem dó alguma. Se impunham acima de mim.

Isso não me levou a nada, não é? Essa piedade e... nobreza?

Inferno, jogue a nobreza lá. Os nobres morrem.

Os astutos, por outro lado...

Eu não deixei Tom ataca-los, mas foi porque eu precisava fazer alguma coisa daquela vez. Eu. Me defender e reagir.

Minha própria tia tentou me matar.

Já sabia que, para ela e os outros da casa, eu não tinha o valor nem de um prato de comida, mas aquilo não era apenas um desprezo... Petúnia estava disposta a me ver morto...

Depois da própria irmã dela ter feito o que fez para me salvar.

...

...

...

Dói.

Um tiro nas costas dói".

Diário de Harrison James Mitrica Potter, anotação de 1988.

-x-x-x-


PASSADO. ANO DE 1987.

Guida Dursley estava gritando no chão, o corpo cercado de vinhas negras.

Valter gritou, Duda saiu para sua mãe que gritou:

- PARE JÁ COM ISSO!

Harry tentou, de verdade, mas não conseguia, as vinhas não voltavam.

Valter o agarrou e sacudiu com força.

- PARE AGORA SUA ABERRAÇÃO, OU EU TE MATO!

- Eu não sei como parar! – disse desesperado.

Ele levou outro golpe agressivo contra o corpo, dessa vez do tio, não Guida que ainda gritava sob a tortura. Isso o fez ser arremessado no chão com tanta força que as pernas não o seguraram, caiu com um barulho muito estranho no carpete. Talvez tivesse torcido algo? Ou ainda... quebrado? O tornozelo estava realmente dolorido.

- É SUA ÚLTIMA CHANCE! PARE OU EU TE BATO ATÉ A MORTE!

- TOM PARA! – implorou Harry, um grito alto enquanto segurava sua cabeça que também estava doendo, quase tanto quanto o restante do corpo. – TOM! PARA!

"Tom eles vão nos matar!" pensou sentindo que começaria a chorar. "Me escuta, por favor! Não vale a pena!"

Valter levou seu pé para trás, mas antes de conseguir chutar Harry as vinhas foram nele também, o derrubando, fazendo gritar no chão.

Duda gritava e chorava, o cachorro latia, as duas pessoas no chão se contorciam berrando tão alto que abafavam o som do corpo se debatendo, o Potter não conseguia se concentrar para forçar as vinhas a voltarem, um chiado muito alto ainda estourava nos ouvidos.

E então o maior dos sons que já ouvira em toda a vida rasgou o ar da sala:

BAM!

Harry sentiu alguma coisa atingir suas costas, então o cheiro de pólvora e seu sangue. Ele olhou para trás em choque, tudo ficou em silêncio absoluto, Valter e Guida não estavam mais gritando ou se mexendo.

Petúnia ainda segurava a arma que atirou contra o sobrinho.

"Isso..." ele pensou em choque enquanto encarava o cano de metal. "Isso é mesmo uma...?" mas estava tão confuso com a sucessão abrupta dos eventos que nem conseguia terminar o próprio raciocínio.

A tia tremia muito segurando a coisa, era até estranho que tivesse acertado seu alvo.

Ou ela errou?

Petúnia teria mirado em algum ponto mais vital que seu ombro? Talvez a cabeça? O ombro foi um maldito erro e ela teria tentado...

Matá-lo?

- Sai de perto deles... – a loira disse, muito trêmula.

- VOCÊ ACABOU DE TENTAR ME MATAR?! – gritou Harry incrédulo, querendo confirmar sua teoria.

Por trás de sua voz outra foi ouvida, uma que ele nem deu atenção, mas Duda e Petúnia, atentos a tudo e apavorados, escutaram claramente: "Você acabou de tentar matar Harry?".

"Porque uma segunda voz saia do seu primo?" pensou Duda. A voz de alguém diferente! Parecia um monstro, daqueles que vivem de baixo da cama e comem crianças. Os olhos do primo também...

Estavam vermelhos?

BAM!

Petúnia deu outro tiro. Passou de raspão e cortou a orelha de Hazz. Duda gritou ainda mais assustado.

O outro menino arregalou seus olhos, mas não mexeu nenhum outro músculo. O chiado estranho no ouvido voltou, sem contar a dor.

A dor no ombro, a dor na orelha.

Aquela...

"Eu vou mandar essa trouxa para o inferno! Ela morre HOJE!" a voz sombria em Harry gritou e ele sentiu as vinhas correrem até Petúnia.

Harry desmaiaria? Tinha a impressão de que sim, estava sangrando, pingando. Tentou levantar um dos braços, mas sentiu uma agulhada tão forte que foi impossível manter o movimento.

Então ele riu.

Apenas um único riso baixo, mas foi o bastante. Percebeu que as vinhas pararam no meio do caminho, como se atingidas por uma magia congelante.

- Sabe tia – comentou com naturalidade. - Agora você não pode me culpar por estragar a roupa que me deram. Foi você que rasgou.

Provavelmente era o absurdo de tudo aquilo. A mente do Potter simplesmente clareou. Inferno... O que estava fazendo afinal? Todos esses anos... sendo tratado como nada, ouvindo tudo aquilo sobre ele, fazendo seu máximo para tentar agradar, não incomodar, ao menos ser decente.

Por quê?

Inferno...

Era para eles cuidarem dele, não era? 

Ele era tão ruim assim? Não merecia roupas, não merecia um nome, merecia ser aberração e agora um maldito tiro?

Era a irmã da sua mãe ali! A irmã da mulher que entrou na frente de um assassino e implorou por sua vida, e ela estava tentando matá-lo?!

Por quê?

Ele riu de novo, só uma risadinha:

-  Já estou acostumado com buracos, mas não aprendi a tirar uma mancha de sangue tão grande da roupa. Será que essa camisa podemos jogar fora sem punições depois?

E riu outra vez, mas agora da expressão de Duda, que o encarava como se estivesse louco.

Talvez ele estivesse mesmo. O que ele estava fazendo? O que eles estavam fazendo com ele? Por que ainda estava ali e... 

Merecia aquilo? Só por ser um bruxo?

Era tão descartável assim?

"CLARO QUE NÃO!" gritou a vozinha nele. "Pare com isso! Não os deixe te influenciar assim!"

Houve um terceiro tiro.

.

"Riscado Na maior parte do tempo eu não me importo se vivo ou se morro, essa é a verdade

Riscado Tom detesta isso, ele quer que eu viva, fica bravo só de eu estar escrevendo algo assim. Minha cicatriz está doendo ⇍⇍

Riscado Eu gosto de viver, seu birrento. Só estou dizendo que se algo acontecer, decididamente eu não me tornaria um fantasma. A morte virá e eu a acolherei facilmente. A entidade dos necromantes, aquela que darei minha alma e confiarei que fará o certo, seja o que for. Não quero nem velório. De preferência eu morro igual você, Tom, com o corpo virando pó ⇍⇍

Riscado Fazer minha cicatriz doer ainda mais, não vai me fazer querer retirar essas palavras. Estou é achando engraçado ⇍⇍

Eu estava triste remoendo tudo. A cada novo tiro que Petúnia Dursley disparava em mim, só piorava. Pensei em Sirius, que não me quis, em Pedro, que traiu meus pais e queria que eu morresse, Lupin, que nunca veio. 

Lembrei deles e fazia anos que não pensava nessas coisas.

Eu era estranho e descartável. Para todos. uma hora ou outra todos iriam me querer morto ou longe?

Riscado Menos Tom ⇍⇍

Estava tão mal por dentro, como por fora... mas percebi que também estava cheio de raiva.

Não era só a vinha. Eu também tinha chegado a um ponto que só queria... Justiça?

Quem precisa de alguém para te salvar e acolher, quando você mesmo pode fazer a coisa? Foi bom rir da situação toda. Riscado Mostrar aos imbecís o que era medo de verdade e o que acontece quando se atravessa a linha. Fazê-los implorar! Eles ainda mereciam mais! ⇍⇍

Diário de Harrison James Mitrica Potter, anotação de 1988.

.

Aquela bala acertou seu braço, o som alto o fazendo tremer, mas apenas isso. Uma pequena lágrima de dor escorreu pelo olho. Novamente foi a queima roupa, passou rasgando e ardeu muito.

- SEU MOSNTRO! – Petúnia gritou e o menino fez uma careta. – Eu vou te matar! Você não vai encostar na minha família! Não vai fazer isso com mais nin...

Só que ela parou na metade.

Dessa vez não foram as vinhas. Não que elas não tivessem tentado, mas Harry tinha chegado a uma conclusão.

Eles nunca vão me aceitar pelo que eu sou. Então vão temer o que posso ser. Se sentia tão em paz na própria mente que não teve dificuldades em ordenar que Tom recuasse.

"Você não vai fazer nada".

Depois de tudo. Depois de cada dor que o fizeram passar, sem nunca oferecerem um pingo de compaixão, tratarem-no como lixo, aberração e agora...

Monstro? 

A cara de cavalo era dele.

"Eles. Todos eles. São meus".

Ele seria um monstro. Estava louco para testar suas magias em qualquer coisa que não fossem os animais da floresta Longbottom mesmo...

Sentiu as vinhas se agitarem animadas com a ideia e dali em diante não reparou mais nelas. Ele iria se divertir um pouco. Riu uma terceira vez, dessa vez mais alto.

Tirar o peso das expectativas irreais o fez leve. Percebeu que... O que raios era tão ruim em ser um monstro para aqueles trouxas ridículos? Ninguém nunca se importou mesmo...

Ele podia continuar assim, mas nunca mais abaixaria a cabeça! Não deixaria que gente fraca e covarde tirasse vantagem dele. Não importa se ninguém nunca o quisesse.

Seria só ele e a vinha.

- Eu... não vou deixar... - Petúnia gaguejou, lutando contra o que Harry começara a fazer com sua cabeça, ela podia notar o que era e não podia deixar. - Encostar na... Minha família...

- Você se esqueceu? - perguntou calmamente. - Eu também sou parte da maldita família, sua débil!

Petúnia Dursley parou de tremer, seu rosto ficou limpo, vazio de sentimentos, a mão com a arma afrouxou um pouco, mas apenas porque não estava mais com tanto vigor em sua tarefa. Lentamente ela começou a movimentar, retirou a mão esquerda do cabo, mantendo só a direita, ainda com o dedo no gatinho.

- E não preciso encostar em ninguém para causar dano. Vocês precisam! Eu não preciso que me chame de monstro, VOCÊS NUNCA ME TRATARAM DIFERNTE DISSO! EU JA SEI!

Toda a sala se tornou verde para o menino, quando finalmente deixou sua magia livre. Depois de todo aquele tempo, desde quando havia ido para a loja e visto no espelho grande, foi libertador e muito agradável.

A... Como era linda.

Esmeralda, bem mais opaca do que antes, mais densa, era até difícil respirar com todas aquelas sombras verdes que saiam de seu corpo e corriam, formando uma neblina cobrindo toda sala e a cozinha.

Duda gritou quando caiu no chão com a pressão e isso distraiu Petúnia. Foi seu maior erro, pois ela não conseguiu mais lutar contra o controle de Harry sobre si:

- Você já sabe... – comentou o bruxo, como se falasse do clima, um sorriso torto estranho começando a estampar o rosto sabendo que, agora, tinha ganho aquela luta. – Sabe bem para onde quero que aponte isso.

- MONTRO! – gritou Duda apavorado, tremendo no canto, perto da porta para o corredor da entrada.

Harry abriu seu sorriso totalmente agora, a imagem ficaria nos pesadelos de todos ali para sempre. Os gritos a seguir foram os melhores, pois foi quando Petúnia...

Levou a arma para a própria cabeça.

- Isso. Muito bem, titia... – parabenizou em um tom doce de quem recompensava uma criança por um trabalho bem feito.

Era um som tão agradável e melodioso, preso aquele sorriso sádico de um menino cuja a blusa manchava-se de sangue enquanto alguma coisa negra estranha saia da ferida e se embrenhava no tecido.

Seus olhos brilhavam com sua magia, verde neon, as vezes manchado de vermelho.

No chão, em baixo dos pés, tudo estava pintado de verde e preto, como se a madeira tivesse embolorado.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ABERRAÇÃO? – gritou Valter, que finalmente havia se recuperado um pouco e vira a cena.

Harry apenas apontou o dedo para ele.

- Quieto ou faço com que ela atire.

Isso calou o homem no mesmo instante. O menino percebeu que tia Guida estava inconsciente e suas roupas estavam sujas de suor e baba.

Parece que dois deles precisavam de um hospital.

Bem... Dois...

Por enquanto, certo?

Quem sabe não precisassem todos quando acabasse?

Harry sentiu as emoções vindas da vinha negra novamente, era como se Tom estivesse rido. Decididamente havia uma diversão do companheiro incomum, vibrando em seu interior.

- Que coisa interessante essa, não acha, titia? Eu vim morar com vocês porque um homem tentou me matar e falhou. Apontou-me uma arma bem na testa. O que acha? Se você atirar agora, vai sair viva como eu? – perguntou e no mesmo instante Valter se levantou do chão.

Foi um tanto impressionante, considerando seu tamanho e como ele ainda tremia e babava.

- EU VOU... - mas não terminou.

- Quer mesmo me ameaçar? Destrave a arma! – gritou Harry apontando para a Petúnia que obedeceu.

- MONTRO! – gritou Duda.

Valter empalideceu de choque:

- Para com isso! – ordenou.

Harry o ignorou, voltou-se para a tia:

- Tia... Nós dois podemos ter cicatrizes parecidas! Teríamos mais uma coisa em comum além do sangue, talvez assim me veja como seu sobrinho finalmente...

- Pare com isso ou eu te mato! – gritou Valter.

- Eu mato ela e Duda antes que você tenha chance! – disse e sua magia reagiu ao seu desejo, o tio foi arremessado para a cozinha, batendo em um dos armários, quebrando tudo.

Duda gritou por seja lá qual vez, mas isso começou a incomodar Harry.

- Cale a boca, seu imbecil!

E assim foi feito. Duda simplesmente ficou mudo. Até tentou abrir a boca, mas nenhum som saia da abertura entre seus lábios.

Harry estalou o pescoço. Sua magia estava pesando. Manter a tia sob controle era difícil, bem mais que os animais. Sem contar que sempre era mais difícil convencer qualquer um a fazer coisas que arriscassem a própria segurança, havia a luta instintiva pela sobrevivência e ele aprendeu que motivações assim tendiam a complicar a magia.

Valter gemeu de dor, mas tornou a se levantar.

- Seu... – começou cheio de ódio.

- O que acha, tio Valter? Não seria legal se a tia atirasse agora? – como se para reforçar a ideia ele mesmo fez um sinal de arma com a mão e levou a cabeça, bem em frente a cicatriz de raio. – Parentes de dodói! - e movimentou os dedos como se atirasse.

- EU ORDENO QUE PARE COM ISSO, SUA ABERRAÇÃO!

- E onde raios você acha que me ordena? Titia, que tal assim, seu marido está sendo um tanto infeliz em suas atitudes, vamos mostrar o que acontece com as pessoas que agem sem pensar? Mas em Duda?

O primo abriu a boca em outro grito mudo quando Petúnia começou a apontar a arma para ele. Tentou fugir, mas Harry já estava falando:

- Não! – e o tapete criou vida, se enrolando no menino gorducho, o derrubando no chão e mantendo preso.

- PARE! - esbravejou Valter.

- Império! – brandou para a tia, que ainda lutava contra a ideia de apontar o objeto para o próprio filho. O uso da palavra fortaleceu o efeito, o verde que se emaranhava nos cômodos agitou-se por todos os lados enquanto um raio mostarda saia dele até a mulher, invadiu as narinas de Petúnia e a fez obedecer com rapidez impressionante.

Como ele sabia aquela palavra? Não tinha ideia, mas não importava.

- PARE! – insistiu Valter correndo em sua direção.

- PARE VOCÊ DE TENTAR MANDAR EM MIM! – gritou tão alto que fez o homem recuar, a voz saindo em ondas mágicas. – Você não entende? – perguntou agora mais calmo e piscando lentamente, como se fosse um professor durante uma explicação de algo realmente básico, mas para um aluno que se recusava a entender. – Vai incomodar os vizinhos desse jeito.

Acabou rindo de novo. Uma gargalhada gostosa para a própria piada.

- Seu maluco! Insano! Aberração monstruosa!

- Tia... – pediu Harry.

A mulher atirou. Valter ficou horrorizado, tentou correr para alguém (a mulher ou o filho, Hazz não tinha certeza), mas foi parado. O pequeno bruxo fez sua magia se enrolar no tornozelo dele o derrubando.

- Não se assuste tanto... – murmurou. – Ela só atirou contra o chão. Não era para atingir nosso Duda. Não ainda – e tornou a rir.

.

"Eu amo fazer pilhéria com a minha vida de merda. Minhas tão famosas "piadas macabras". Sou só eu, sorrindo para o show de horrores que é a minha realidade.

[N/A: Pilhéria. substantivo feminino. Graça, piada. Gracejo, brincadeira com finalidade de gerar risada].

Quanto pior a experiência, mais eu rio dela.

Pareço um insano as vezes? Com absoluta certeza. Tem gente que fala que é errado brincar com lordes das trevas e guerras? Sim. Mas é minha vida. Eu passei por essas coisas e se me sinto mais leve rindo disso...

Quem é você para mandar em mim?

Que força você tem para me ordenar?

Por que no mundo, o que importa é poder. Eu não obedeço os fracos, de qualquer tipo que sejam. Eu descarto".

Diário de Harrison James Mitrica Potter, anotação de 1991.

.

Valter olhou para a criança...

Não...

Duda estava certo. Valter Dursley estava olhando para um monstro.

Ou o próprio demônio. 

Ele não tinha certeza. Seu filho chorava no chão e um cheiro estranho invadiu a sala.

- Não acredito... – falou Harry rindo. – Você fez xixi, pequeno Duda?

Era isso. Duda tinha molhado a si mesmo, tamanho seu pavor. Ao seu lado no chão, havia um buraco de bala, perto demais para não deixar qualquer um em choque. Ele chorava e Hazz teve a ligeira impressão que desmaiaria, mas tinha que focar em Petúnia, ela estava lutando de novo.

- Eu estou pensando... A tia já usou todas as balas ou falta algumas? Vejamos, três em mim, uma no chão. Que coincidência! Faltam três. Uma para cada... um... de vocês...

- Monstro! Você acha que vai sair dessa? Nem as aberrações vão... – e arregalou os olhos quando Harry sorriu de um jeito novo, o brilho vermelho quase cobrindo totalmente os olhos rapidamente. 

Então o neon verde estranho e doentio.

- Vejam só, alguém acabou de se entregar. Você já tinha deixado claro que sabia sobre meus pais, mas nunca me falou que tinham outros como eu.

O homem percebeu que era verdade, nunca tinha falado sobre a sociedade que os pais do menino viviam, um mundo inteiro cheio de aberrações como aquele garoto.

Achou que se nunca falasse nada sobre aquilo, se sempre o punisse de fazer as coisas, ele não se tornaria mais um. Tiraria aquilo dele.

Estava errado. Eram todos aberrações assim?

O pai também não era boa coisa, mas nem ele tinha aquele sorriso.

Nem eles perdoariam se Harry matasse, certo?

- Claro que existem! Vocês aberrações são como ratos escondidos por aí! Eles vão descobrir o que você está fazendo! Eles vão...

A gargalhada que o menino soltou não foi simplesmente assustadora, ela pareceu gelar tanto o corpo de Valter que ele perdeu a força e caiu ajoelhado.

- Eles vão o que? Me prender? Que ridículo! Você sabe, não sabe? Como meus pais morreram... Como eles derrotaram um ditador e como eu sobrevivi. Para eles eu sou a porra de um herói e todos acreditam no herói!

- Como você...

- Eu conheço bruxos, Valter. Eu sou muito mais poderoso do que você pensa, seu ridículo. Só sou muito piedoso. Obrigado por mostrarem que não vale a pena, entretanto. Três tirou então...

- ELES NÃO VÃO perdoar se fizer mais qualquer coisa com a gente! Você vai ser preso, vai desgraçar a memória dos seus pais e...

- Só é preso quem é pego, agora cale a boca – apenas porque já estava ficando cansado, Harry controlou uma maça para entrar na boca do homem. – O leitão pronto para a ceia – pensou em voz alta rindo. 

.

Riscado Eu não sou o monstro que eles dizem. ⇍⇍

Riscado Eu não sou o monstro que todos dizem. ⇍⇍

Riscado Eu mereço viver como qualquer outro ⇍⇍

Riscado Eu não vou desistir de mim mesmo ⇍⇍

Riscado Não vou escutar o que eles me disseram ⇍⇍

Riscado Eu era só uma criança, a culpa é deles! ⇍⇍

 Riscado O que faço agora é para tentar melhorar as coisas, eu preciso acreditar nisso, preciso parar de duvidar de mim mesmo ⇍⇍

Riscado Por que eu acredito neles, mas não em mim? ⇍⇍

Riscado Eu não sou uma aberração, não sou monstro, não sou um demônio ⇍⇍

Riscado Não vou deixar me matarem ⇍⇍

Riscado Tem gente que gosta de mim, mesmo com tudo, mesmo que eu fosse...⇍⇍

Riscado As pessoas só não me conhecem de verdade, porque eu não deixo. Tem gente que ia me aceitar. Alguém... ao menos um aceitaria... ⇍⇍

Riscado Será que meus pais iriam?" ⇍⇍

Anotação feita por Harrison James Mitrica Potter, para si mesmo, em uma pergaminho avulso e em um dia especialmente ruim. Não se lembra ao certo qual a data. Última crise que teve do tipo.

O papel foi dobrado e guardado no fundo do seu diário pessoal.

Acompanha, no fim do pergaminho, o motivo para tê-lo mantido: Uma mensagem em uma letra cursiva muito bonita, que não era sua.

"Você é incrível exatamente como é, ninguém pode dizer o contrário sem estar mentindo". 

Escrito por vocês-sabem-quem.

.

– Vejamos... - Murmurou Harry dando uma longa olhada por toda a sala.

Ideias lhe vinham a mente, cada detalhe se formando enquanto Duda chorava e Valter resmungava, incapaz de fazer muita coisa. 

O que seriam dos porcos?

Tornou a falar:

- Tia, que tal? Você mata o tio Valter com a última bala. A polícia chega aqui antes dos bruxos, eu digo que você esfaqueou tia Guida... – no mesmo instante uma faca voou da cozinha parou ao seu lado, levitando no ar. – E tio Valter te pegou no ato. Ele te empurrou e você caiu nos armários da cozinha, por isso quebraram. Você se arrastou, enquanto ele verificava a irmã no chão, até o armário onde guardava a arma e atirou contra ele. Você, que é uma péssima atiradora, me atingiu no lugar. Pobre de mim, eu estava tentando usar magia para curá-la. Você notou e atirou mais duas vezes, olha que sorte, nenhum atingiu um ponto vital. Valter se levantou para ataca-la, mas você finalmente acertou alguém e ele morreu. Sujou tudo de sangue. Vamos ter que colocá-lo, tio Valter, no lugar certo para manter essa história, mas isso é o de menos. Você vai me obedecer de um jeito ou de outro. Tia Petúnia vai enlouquecer de vez e matar Duda também. Podemos até sair vitoriosos nessa história, posso deixar tia Guida com só duas ou três facadas e, se a ambulância for rápida, ela sobrevive...

- Você vai ser preso! – tornou a repetir Valter horrorizado com a expressão daquele monstro em miniatura.

Como ele falava calmamente, como parecia totalmente indiferente aos próprios ferimentos que o faziam pintado de vermelho e se divertia ao ponto de rir. Harry continuou sem dar atenção a interrupção:

- Se tia Guida sobrevive será bem simples explicar a confusão dela. Pobrezinha, quase morreu pela cunhada. Até Duda poderia, sabe? Ele é só um menino criado por babacas, posso poupá-lo e dizer que, como ele viu sua mãe tentando cometer um assassinato e explodindo os miolos do pai para todos os lados, enlouqueceu! Preferiu colocar a culpa no primo estranho para se manter são. Faz sentido, não acha? Li em um livro que isso acontece. Na verdade, sabia que li muitos livros da área da medicina por culpa de vocês? Alguns tinham menções a psicologia...

- Você...

- Eu? Está com tanto medo que esqueceu como se fala? Posso te bater até você aprender, foi uma das lições que tive com vocês.

- Os vizinhos já devem ter ligado para a polícia! Logo você vai ser...

- Eu até diria que isso é verdade, mas vocês se saíram tão bem nos últimos anos, contando a todos os vizinhos que sou perturbado, que tenho crises noturnas que me fazem gritar sem motivo, que quebro coisas na casa... Mesmo com todo esse barulho que estamos fazendo, dificilmente alguém vai fazer alguma coisa além de aumentar o volume da TV e nos ignorar. Vocês até disseram uma vez que eu me corto sozinho, não é? Que era melhor não chamar uma autoridade, pois demorariam para explicar tudo e eu só causaria mais problemas depois para chamar atenção. Não Valter, os vizinhos não vão te ajudar e a culpa é sua. Eles vão achar que só estamos em mais um dos meus surtos – riu. – Se bem que dessa vez... tem certa razão.

- As aberrações do seu povo... - começou tentando de todas as formas achar um jeito de fugir daquilo, de abalar o monstro. 

- Eles nunca saberão. Vão confiar em mim. Já disse, sou um herói para eles, acha que vão acreditar em dois trouxas, que dizem que tentei controlar minha tia para fazer um massacre? Acha que vão me interrogar e investigar, uma simples criança traumatizada que perdeu de novo a família? Não. Eles vão preferir confiar que seu herói é bom. Que eu sou só um coitado que sobreviveu outra vez e merece mais carinho. 

- Eles são mágicos! Devem ter um jeito de descobrir que você está mentindo! – sua voz era puro desespero, buscava acreditar naquelas palavras, queria que fossem verdade.

Harry sorriu:

- Quer apostar a vida de todos vocês nisso? – o adulto se calou, já sem qualquer cor no rosto. – Continuando... Depois que Petúnia atirou, eu tive um ataque de magia acidental. Os bruxos assumirão isso, eu farei com que aconteça. Seus agentes ainda apagarão a memória de Duda e Guida se eu realmente poupá-los, para encobrir a magia, então não terá uma única testemunha do que fiz. Simplesmente perfeito, não acha? – perguntou no meio de um acesso de riso.

Enquanto o som tenebroso da felicidade daquele monstro reverberava, Valter olhou para seu filho, pensando em outras possibilidades de como salvar sua família. Tinha que ter um jeito...

- O que você quer?

- O que? – perguntou o menino confuso.

- O que você quer para nos deixar ir? - questionou fechando os olhos. Droga, ele ainda estava tremendo muito da tortura que o demônio lhe lançou, estava péssimo e queria vomitar. - O que você quer para ir embora e nos deixar viver? Eu juro nunca falar sobre isso! Juro que nunca vamos te entregar! Você segue seu caminho e nós o nosso!

- Você está me pedindo para poupá-los?

- O que você quer?! – repetiu.

- Você está mesmo implorando por misericórdia? Depois de tudo? Depois de pegar um atiçador de fogo em brasa e me queimar como punição por reagir? Quando sua mulher me queimou com óleo quente? Você é idiota?

- Por favor! – implorou, aproveitando que estava de joelhos se curvou, abandonando todo seu orgulho em prol da vida do filho, que ainda tinha a arma apontada pela própria mãe para a cabeça. – Eu estou implorando.

Harry ficou em silêncio por um tempo encarando aquela cena, Valter não podia ver o rosto do monstro naquela posição, mas escutou claramente quando ele disse:

- Desculpe-se.

- O que? – perguntou e decidiu levantar a cabeça para olhar, ver se havia entendido realmente. Se arrependeu. 

O menino devia ter colocado a mão em alguns dos ferimentos depois coçado o rosto, porque aquela face (que sempre foi bonita, mesmo que nunca admitisse por raiva), agora estava toda suja com sangue. Inferno, o sorriso não podia ser pior do que estava agora, ele queria fugir.

Tudo nele dizia para fugir.

Tanto que não conseguiu evitar a lágrima que saiu de seu olho. Mal a viu chegar, apenas sentiu na bochecha. Estava tão apavorado que chorou, seus instintos mais naturais acreditando que não havia mais como sobreviver.

- Vamos lá - disse Harry. - Desculpe-se.

- Me desculpar? - o som saiu apenas em um sussurro dolorido.

- Sim. Por cada coisa. Quero que consiga fazer uma lista perfeita, com cada uma das coisas que fez de errado para mim. Vai ter de mostrar que sabia todo o mal que me causava e continuou com isso conscientemente. Que me feriu e me torturou, porque quis, sabendo que era errado. Se admitir cada uma dessas coisas eu libero vocês. Então desculpe-se.

E Valter fungou de choro desesperado quando o garoto simplesmente se jogou para trás em uma cadeira, que apareceu do nada para ele.

O Dursley se lembrou de barulhos, ou da sensação estranhas que tinha as vezes, quando ia no banheiro no meio da noite. Como ele achava que a aberração estava apenas chorando ou reclamando no armário, por causa de um pesadelo ou machucado, mas agora... percebeu que não. 

Ele estava usando magia.

O menino sabia como fazer as coisas.

Dumbledore, o velho ridículo de roupas coloridas, que os arrastou o menino contra a vontade, tinha dito claramente que nenhuma criança conseguia controlar a magia. Fazer de propósito e o que queria era possível apenas bem mais velho.

Ele mentiu.

Ou aquele monstro era uma aberração até entre os seus.

Harry controlava cada coisa.

Se soubesse disso antes nunca teria...

- Vamos! – ordenou o menino. – Desculpe-se. Temos pouco tempo. Minha paciência está se esgotando.

Valter começou a falar. 

Disse cada coisa que se lembrava e Harry ficou realmente impressionado. Haviam várias que ele nem se lembrava, de quando era bebê, por exemplo, e eles o deixavam trancado no armário com as fraudas sujas por dias. Como usava fraudas de pano, para não gastarem dinheiro com ele. Como deixavam-no fazer coisas perigosas de propósito por não se importar. Como ficaram observando enquanto ele descia as escadas engatinhando e ignoraram quando ele rolou o último degrau. Como deixaram que colocasse a mão na tomada...

Harry ouvia tudo enquanto tentava manter o controle sobre a tia e retirava sua blusa, segurando o tecido contra o buraco que mais sangrava nas costas.

Inferno, ele só queria dormir.

Mas tinha que mantê-los assim, ele morreria se fosse diferente, estava bem claro que eles tentariam mata-lo.

Buscando fazer sem que o tio não notasse a fraqueza, aproveitou estar sentado, para cutucar as feridas, afinal a dor o manteria consciente, e fez alguns exercícios de respiração. 

Sua magia estava a cada segundo menor e...

Bem...

Menor não era a palavra certa.

Menos densa, talvez? Aguentaria um bom tempo ainda, mas Harry não. Havia quantidade, não qualidade nas suas tentativas. Estava precisando repousar, nunca a tinha usado tanto poder e por tanto tempo... tinha que se dedicar no dobro do comum para segurar Petúnia e precisava de alguns segundos para pensar.

Valter podia ter razão.

Harry conhecia muito pouco as políticas bruxas. Eles podiam ler sua mente ou a dos tios se os deixasse vivos? 

A sua ele tinha quase certeza de que conseguiria proteger, se treinasse, algo nele dizia que era possível, mas o que afinal não seria possível com magia? Mesmo assim, como treinaria sozinho e tão rápido?

Como impedir que os tios abrissem a boca?

Teria que matar todos e fugir? Ficar fugindo para sempre? 

Perspectiva irritante.

Os bruxos podiam descobrir toda essa merda de algum jeito, não? Voltar no tempo e ver por eles mesmos, talvez? Sem interferir, apenas ver, para ter a prova. Inferno, ele não podia cometer um crime. A merda da cicatriz de raio tinha feito os Longbottons surtarem:

"É Harry Potter! Você é Harry Potter! É uma honra! Como Neville te achou?!" E mais um monte de merda.

Ignorando a parte de que, obviamente, a família não dava a devida atenção ao menino cheio de talento e garra que era Nev, eles deixaram claro que Harry era importante, se acontecesse algo tão grave ali investigariam, certo? Perceberiam que ele estava usando uma magia de controle mental? Uma dessas com certeza absoluta seria proibida, não tinha como não ser.

Eles não estavam ainda ali porque só podiam rastrear o lugar onde magia era ativa, não o que estava fazendo ou quem. Se um crime ocorresse... Achariam necessário saber essas coisas?

Ele seria preso?

Pior...

Notariam Tom?

O que fariam com ele? 

Era a magia, e os restos mortais de um bruxo que os Longbottom chamaram de o próprio mal! Nem falavam o nome do homem sem querer fugir para longe! Tremiam só de pensar demais no assunto.

Harry teve que se limitar nas perguntas, para que não suspeitassem de seu interesse. 

Será que tentariam tirar Tom de si? Podiam fazer isso? O matariam?

Não! Tom não quer morrer! Tom não...

Como pode se distrair tanto?

Tom estava o curando!

De novo!

Inferno sangrento! Estava tão entretido que não percebeu que as vinhas estavam, mais uma vez, queimando enquanto tentavam desesperadamente mantê-lo vivo apesar da perda de sangue. Agora... parando para pensar... Aquilo não tinha que estar doendo mais?

Tom estava protegendo Harry até mesmo da dor?

Hazz tinha que chegar a uma decisão logo! Não podia deixar o companheiro sofrendo assim, só porque queria machucar os tios.

"Eu juro que por isso faço questão de aguentar mais um pouco" uma voz sombria sussurrou e Harry segurou seu rosto para não demonstrar surpresa.

Não teve como pensar que era a sua voz, nãomais. Aquela frase era muito clara para acreditar nisso. Era Tom.

Tom estava falando com ele!

Tom sempre esteve fazendo isso? Eles podiam conversar? Isso seria incrível!

"Concentre-se!" essa frase a criança não pôde saber se era sua ou de Tom, mas não importava. Era a verdade. Tinha que se concentrar. Não podia deixar a tia sair do império. 

Certo.

Pense.

Era óbvio que não podia chegar até as autoridades, até saber mais sobre aquele mundo e as politicas, ler mais na biblioteca dos Longbottom... Teria que se manter longe de olofortes.

A vinha negra gritou.

Harry tremeu.

Por qualquer entidade bruxa! A quanto tempo Tom estava nisso? Sua energia já estava tão pequena! Ele estava claramente sofrendo muito e Harry só sentia um incômodo e alguns fomigamentos na maior parte do tempo! Como ele confundiu algo assim com adrenalina? Tom estava pegando a dor por Harry! E ele ali, brincando com trouxas! Tinha que ter ido atrás de ajuda!

O sangue de Harry brilhou vermelho, a vinha gritou, mas continuou saindo dos cortes, fazendo seu trabalho.

Certo... Concentre-se! Resolva esse problema! Sem isso não poderia conseguir tratamento e livrar o companheiro do martírio.

[N/A: Martírio. S.M. tormentos e/ou morte infligidos a alguém em consequência de sua adesão a uma causa e/ou fé. 2. hiperb. grande sofrimento, grande aflição].

Auto defesa já não era uma possibilidade. 

Tinha feito muita coisa, parecia ridículo usar algo assim...

Ele ganharia mais com a ideia do tio. Fazer com que eles, a família, e sozinhos se calassem e o ajudassem a se defender. Parecia adequado.

Só tinha que ter certeza que nada os faria abrir a boca. Colocar o medo correto em seus corações.

Eram covardes. Fariam o que fosse preciso para fugir.

Tomou sua decisão e deu novas ordens para a tia. Ela jogou a arma em sua direção, e a coisa flutuou no ar. Harry também pegou mais facas da cozinha e apontou todas para tia Guida inconsciente no chão.

Valter parou de falar.

- Prestem atenção, os dois – avisou, liberando Petúnia. 

Ela caiu no chão e começou a piscar descontroladamente, tremia a cada instante mais, conforme a consciência lhe voltava e recordava tudo que havia feito, tanto que parecia prestes a quebrar algum osso. Vomitou.

Valter tentou ir até ela, mas foi impedido.

– Vocês vão escutar com muita calma o que tenho a dizer, ou o filho de vocês morre e Guida também. Ninguém quer isso, certo? Tia, se gritar eu também atiro.

Petúnia se calou no mesmo instante e deitou no chão, sem forças e apavorada, olhando para cima e chorando. Harry a deixou assim, por hora. Que se sujasse no próprio vômito, ela merecia.

- É bem simples o que vai acontecer agora e todos vamos concordar. Primeiro, vocês sabiam que é possível ver magia nas pessoas? Imagino que não, a maioria dos bruxos nem tem isso, ainda não conheci um que o faça. Dito isso, eu vejo. Tia Petúnia, lamento dizer, mas a senhora não é uma trouxa comum, a senhora é um aborto. É o que acontece quando se tem pelo menos um familiar bruxo que o antecede, mas não se herda a magia dele. Você tem magia, só não é o bastante. Será o suficiente para mim, entretanto.

- D-do q-que você está fa-falando?

- Exatamente o que eu disse. A magia da minha mãe não nasceu do nada, alguém, meus avô, minha avó, ou ainda antes que eles, alguém na família já era bruxo. Minha mãe apenas foi a única que despertou o bastante para usar. Não que seja tão importante falar sobre isso, o que quero focar é o seguinte: nossa vizinha, senhora Figg, é um aborto também.

- Como? – perguntou Valter.

- Eu acho que ela pode ser alguém do governo bruxo, que está aqui para me vigiar. A mulher faz muitas perguntas específicas e fica olhando pela janela. Mais do que os outros. Já tentei ler seus pensamentos uma vez, consegui algumas ideias não muito claras, nada que me desse certeza, mas ela é nosso maior perigo aqui. Vocês vão ter que despistá-la. Eu vou embora e não pretendo voltar, mas não podem deixar que ela conte para ninguém.

- Como assim?

- Se ela contar o que acham que vai acontecer? Vocês nunca me quiseram, mas nunca me levaram a merda de um orfanato que seja, quer dizer que estão sendo forçados a isso, não é? Por algum bruxo? O nome... Hagrid ou Dumbledore é familiar? – ele não precisou de respostas verbais, a forma como reagiram ao segundo nome era o bastante. – Certo, então ele fez todos nós passarmos por isso. O que ele disse, ou fez, para força-los? – os tios não responderam. – Querem que Duda ou Guida morra primeiro? – perguntou fazendo a arma correr até a cabeça do primo (o fazendo desmaiar de pavor) e a faca flutuar a centímetros do pescoço da tia.

- Ele deixou uma carta! - gritou Petúnia.

- O que dizia?

- Como seus pais morreram, eles...

- Eu já sei como morreram, continue.

- Que sua mãe fez uma magia que protegia seu sangue. Que as pessoas que iriam querer se vingar dos seus pais viriam atrás de nós, mas se morássemos todos juntos não poderiam entrar na casa, nunca. Enquanto vivêssemos juntos, como família, nada aconteceria. Sua mãe fez isso, nos forçou a te aturar e...

- Minha mãe apenas se colocou na frente de um assassino por mim – corrigiu. – Ela tinha outra pessoa para cuidar de mim em mente, eu sei disso, não venham com essa, vocês foram enganados por um imbecil que me queria aqui, mas qual o motivo? Temos que saber para impedir que me traga de volta.

- Ele não queria que você vivesse com as outras aberrações – disse Valter.

- Como é?

- Ele disse na carta que você não teria uma vida normal entre eles, teria um alvo nas costas e muita pressão, que merecia uma vida comum, que não era para contarmos mais que o necessário sobre você.

- Contar mais que o necessário? Era para me esconder informações sobre mim mesmo? Tipo o fato de ser bruxo? - o silêncio que se seguiu mostrou que não queriam responder. O menino destravou a arma e Petúnia se levantou finalmente, ficando de joelhou.

Era uma cena nojenta:

- Ele não pediu para esconder que você era bruxo, mas era para te manter longe de tudo do seu mundo. Nós escolhemos esconder e... nós queríamos que você fosse normal. Achamos que te punindo, você pararia e a magia podia morrer.

- Tolice. A magia é nata, nada do que fizessem iria me tirar ela.

- Não sabemos.

- Estou dizendo, horas.

- Dumbledore - disse Valter e Hazz lhe deu atenção. - Ele veio uma vez aqui. Apenas uma. Mas deu a entender que a magia podia, sim, ser reprimida.

- Ele o que?

E ninguém perdeu como a voz de Harry mais uma vez estava espelhada, ao fundo uma adulta fez a mesma pergunta.

- A conversa foi meio rápida - o tio começou assustado. - Ele disse que não tinha muito tempo. Informou para não nos preocuparmos com sua magia, que crianças não tinham controle dela, que não tínhamos o que temer. Em algum momento eu perguntei se alguma aberração já cresceu sem usar as esquisitices até ela sumir. Ele não disse que sumia, mas deu a entender que algumas crianças já passaram por isso, mas que se isso acontece a pessoa não seria "vista com bons olhos" nem entre os seus.

- Como assim?

- É tudo que eu lembro.

- Quando isso?

- Quando você tinha dois anos. Ficamos bravos porquê... - mas não terminou. 

- Fala! - mandou irritado.

- Porque você, quando estava com muita fome em algum canto, fazia a comida de Duda ir até você. Tínhamos que te trancar no armário para não ver as coisas de Duda ou elas iam até você.

- Dois anos?

- Sim.

- Eu tinha que usar magia, aos dois anos, para me alimentar e a escolha de vocês foi esconder minha visão, assim eu não pegava?

Os tios não responderam. Harry bufou.

- Nossa, vocês mereciam tanto morrer agora...

- VOCÊ...

- VOLTE A GRITAR COMIGO PARA VER O QUE ACONTECE, SEU INFELIZ DE MERDA!

Valter se calou. O menino começou a dar inspiradas profundas, aparentemente para se acalmar.

- Vocês, obviamente, não devem ter contado a Dumbledore sobre isso?

- Não... - respondeu cautelosamente, mas viu no olhar do monstro que era melhor continuar falando, o silêncio o irritaria mais. Duda ainda estava com uma arma destravada na testa. - Apenas dissemos que não aguentávamos magia, ele riu e disse que você só demonstraria depois dos seis ou mais. Quando tentamos corrigir, ele avisou que uma família inocente tinha sido torturada até a loucura porque os... os que obedeciam ao assassino dos seus pais queriam acha-lo. O assassino estava apenas desaparecido, não morto, não totalmente, algo dele ainda estava vivo...

Aquilo mexeu com Harry um pouco. Era ele? O pouco que sobreviveu, era Tom? Ele apertou mais a ferida.

Dor, a dor o manteria acordado.

A vinha estava a cada segundo mais fraca.

- Então estávamos em risco – continuou Valter. – Você era a única coisa capaz de nos proteger de sermos os próximos.

- Então ficaram quietos e me aceitaram depois disso?

- Sim.

- Só tentaram reprimir minha magia, mesmo sabendo que isso poderia ser algo ruim para mim no futuro, já que nem os bruxos me aceitariam?

Silêncio. Uma faca voou e cortou uma parte do braço de Guida. Valter gritou, Petúnia chorou.

- Quando alguém que vocês devem respeito faz uma pergunta, o que se deve fazer? - perguntou se lembrando das próprias palavras da mulher inconsciente.

- Responder! - disseram os dois em pânico.

- Boa. Não são tão burros quanto achei. Agora respondam! 

- Juramos, quando o aceitamos, que poríamos um fim nessa bobagem – disse tio Válter –,juramos que erradicaríamos isso de você. Bruxo, francamente! Você não precisaria das aberrações se fizéssemos direito! Você aprenderia a ser descente!

- Como vocês?

- Exato!

- Prefiro a morte, é menos degradante - respondeu seco, revirando os olhos. - Dumbledore nunca mais veio?

- Não.

- Senhora Figg, quando ela se mudou para cá?

Uma luz se acendeu em Valter e Petúnia.

- Na mesma semana.

- Nossos vizinhos, os Smith, se mudaram do nada, ninguém nunca soube o porquê.

- Sabemos agora. Ela é uma espiã. Muito bem, estou sangrando e quero um hospital, então faremos assim. Valter, você vai ligar para a ambulância, a história é essa: um homem estranho invadiu a casa, nos ameaçou com uma arma, usou a mim e Duda de reféns, mas como Duda desmaiou rápido de medo, eu virei o alvo principal. Ele atirou em mim como aviso. Guida teve um enfarte e desmaiou também. A polícia vai fazer perguntas, você diz que o bandido ouviu algum barulho de sirene do lado de fora e deve ter pensado que algum vizinho chamou a polícia então saiu correndo. Se bruxos aparecerem você diz que o homem fugiu depois da minha magia arrancar a arma da mão dele e o arremessar contra os armários. Para os policiais invente qualquer desculpa para isso.

"Vocês serão MUITO convincentes na história e eu provavelmente vou ficar em observação, mas pretendo sair o quanto antes. Vou usar minha magia para conseguir me curar rápido, confundir os médios para eles não perceberem e vocês vão me levar a um orfanato. Para a senhora Figg contarão que fui internado e vão continuar dizendo isso até o fim desse mês. Mês que vem começam as férias de verão, temos três meses então, digam que tudo que aconteceu aqui me deixou muito mal, que ficaram preocupados e decidiram me mandar para passar as férias no campo com tia Guida. Mandem Duda também, isso não é negociável, temos que ter certeza de que o idiota não atrapalhará tudo".

Os tios iam falar alguma coisa sobre o uso de palavras, mas se calaram quando um segundo corte foi feito em Guida, dessa vez na perna. Ela resmungou e tremeu muito, mas continuou inconsciente. 

- Eu e Duda precisávamos espairecer, digam isso, e ficamos por lá. Isso dá quatro meses para eu sumir de vez, depois disso tentem convencer, não sei, que eu quebrei a perna no sítio e os médicos disseram que, por já estar com a saúde meio fraca dos tiros e da internação, eu não deveria viajar. Isso nos dá mais outros meses. Podem até dizer que, por ter que ficar no campo com Guida, o conselho tutelar mandou eu terminar os estudos em casa, com uma professora que a tia contratou. Passarei o resto do ano letivo com ela, para todos os efeitos. Total de um ano inteiro, se fizerem a coisa direito, para que eu suma antes de não terem mais desculpas.

- E para onde você iria?

- Acha que não consigo convencer um grupo de trouxas a me adotar? Ou mesmo bruxos? Só preciso de tempo e vocês vão me arrumar com essa história. Quanto mais tempo, mais longe posso conseguir chegar. Então nunca amis nos veremos.

- E se Dumbledore aparecer?

- Digam tudo isso que contem. Sobre a internação, sobre o campo, convençam ele e nunca olhem diretamente em seus olhos. Eu consegui ver os pensamentos da senhora Figg assim. Se, entretanto, ele só vier quando um ano tiver acabado, podem admitir a verdade: que me deixaram em um orfanato. Digam que eu surtei um dia, que ficaram com medo da minha magia e do que poderia acontecer com Duda crescendo em um ambiente assim, então me mandaram embora. Só não contem o que eu fiz, ou...

- Ou o que?

- Bem. É simples. Se vocês contarem a qualquer pessoa, bruxo ou trouxa, se a merda de um coelho ficar sabendo sobre o que aconteceu hoje, Tia Petúnia vai matar todos vocês e depois se matar.

- O QUE?! – gritaram os dois em choque.

- Sim. Isso é uma ordem e vou mantê-la sob magia em você, titia. Em você também, Valter, mas a sua ordem é apenas de suicídio, só que você fará na frente de Duda. Para deixa-lo muito bem da cabeça.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE...

- JÁ DISSE PARA NÃO GRITAR! - e Guida recebeu outro corte. - Se me forçarem a machucar ela mais ainda não vamos poder dizer que esses cortes eram velhos arranhões do cachorro. A propósito... onde o bicho está? - perguntou olhando para todos os lados.

Cruel decididamente não estava entre eles.

- Deve ter fugido...

E os instintos dos Dursleys foram em pensar que o animal foi esperto. Não tinha como ficar perto do monstro daquela sala sem sentir que morreria.

- Enfim. Quanto mais me irritarem, pior vai ser. Eu desisto de ser piedoso e mato todos. Volto para a história original, não me importo nem um pouco, é mais fácil, não dependo de vocês cooperarem.

Eles se calaram.

- Quero uma confirmação verbal. Digam: sim senhor.

Eles não falar nada. Um tiro cortou o ar e ambos gritaram e olharam na direção de Duda, porque a magia de Harry os impediu de se levantar. O menino estava bem, o tiro foi bem ao lado da cabeça, perto o bastante para estourar o tímpano. A orelha sangrava internamente.

- Vejam, temos só duas balas agora. Mas posso dizer que depois que Petúnia matou todos minha magia acidental se descontrolou e eu a arremessei com muita força para longe, ela bateu com a cabeça não sobreviveu. Sei lá, qualquer merda que eu quiser. Eu vou fazer todos acreditarem nem que seja com magia. Vocês não têm chance de viver desse dia se não me obedecerem, seus sacos de merda!

- Sim senhor! – gritou Petúnia aos prantos.

Maldita a hora que ela comprou a arma. Mas ela fez isso para se defender e defender a família! Ela não podia deixar que mais alguém sentisse a dor que ela sentiu! Ela tinha que ter um jeito de acabar com o menino se ele tentasse. Se ao menos ela tivesse se saído melhor nas aulas de tiro ao alvo...

Se não fossem tão caras...

- Tio Valter? – perguntou Harry.

- Sim senhor... – disse a contra gosto.

- Certo então. Voltando. Vocês vão garantir que ninguém saiba que fui embora o máximo de tempo que conseguirem, lutem muito bem por isso. Quando não der mais digam apenas que eu era uma aberração, que depois de atacar o bandido vocês decidiram que não podiam me manter por perto, e todas essas coisas. Eles vão me procurar no orfanato, mas eu já vou ter sumido de algum jeito, quero estar lá só para ter um lugar para calcular meus passos e tomar uma decisão sobre o futuro. Se me traírem, se contarem a verdade para qualquer um, se contarem qualquer mísera coisa sobre qualquer dia que usei magia, sem ser esse caso específico e com as mentiras que combinamos, vocês vão se lembrar de uma coisa...

Ele se aproximou de Valter, o homem tentou se mexer, mas vários objetos da casa vieram na sua direção, tornaram-se cordas e todos o amarraram muito firme no lugar. Uma faca ficou em seu pescoço.

- Vocês vão lembrar do som da minha voz... – começou. Sua palavras estavam frias, mas em tom suave. Se algum dos adultos ali fosse capaz de perceber, estava recheada de magia. Cada palavra contendo ondas de magia verde que entravam nos ouvidos de Valter, tingiam seus olhos de neon. - Vão lembrar desse dia. De como eu posso controlar vocês sem nenhum esforço, como posso matar sem nem sentir, vão lembrar de cada uma das coisas que fizeram contra mim e lembrar que posso fazer dez mil vezes pior, literalmente só olhando para vocês. Valter você vai lembrar da dor da tortura que te dei essa noite, de como sua irmã está desmaiada e mal por causa dela, como posso esfaqueá-los sem nem minhas digitais para provar, e como foi mais difícil me fazer parar com a tortura de antes do que começar. Causar sofrimento, lento e contínuo, em vocês não é nada. Absolutamente nada. É apenas um olhar. E eu posso fazer isso por horas, dias, meses, até serem a próxima família que sucumbiu a loucura. Eu nunca vou mata-los, vou continuar fazendo isso por seis anos, exatamente o número que forçaram contra mim. Vocês vão se lembrar e vão pensar: eu quero esse monstro irritado?

Harry estava falando, mas também entrando o mais fundo que conseguia na mente do tio. Gritando para sua magia uma ordem: mantenha essa imagem fixa na cabeça. 

Nunca o deixe esquecer. 

Ele não estava apenas ordenando, mas manipulando cada parte da consciência do adulto para que seu medo se acentuasse, para que Harry se tornasse seu maior medo. 

Estava persuadindo, deixando sua intenção o mais forte que conseguia, queria que cada vírgula do que disse se alojasse na mente.

Valter começou a chorar em certo ponto, uma dor de cabeça terrível, sua bexiga querendo se esvaziar, Harry era assustador demais, ele não suportaria continuar olhando-o tão de perto, mas ele não desviava a atenção, pois totalmente hipnotizado.

- Vocês nunca mais farão nada que possa me incomodar ou eu vou vir atrás de vocês. Se a história de hoje vazar, de qualquer forma, você se mata Valter. Na frente de Duda e ele nunca vai superar isso. Todos morrerão por suas próprias mãos ou eu volto e pego vocês, porque eu vou saber, nada do que fizerem para evitar isso vai funcionar. Se eu tiver que pegá-los, será pior. Eu vou saber porque eu estarei sempre vigiando. Se acharem que não são capazes de manter a mentira de alguém, fujam para longe e nunca olhem para trás, mas nunca deixem que saibam ou todos vão morrer. Você vai se matar Valter, na frente do seu filho. Você não vai lutar contra isso. Nunca vai conseguir. Você sabe que não tem essa força. Torturo Duda primeiro na sua frente antes de fazer o mesmo com você sem precisar levantar um dedo. Você se mata e se livra. Ou ninguém descobre. Nunca ninguém poderá saber! – ordenou e sentiu quando algo quebrou no tio, viu como a sua magia verde conseguiu algo que não tinha pensado antes se poderia: ela entrou na alma do outro.

A cor meio opaca e sem vida que os trouxas tinham para a luz no peito que era suas vidas, tornou-se, de repente, tingida de esmeralda e uma espécie de corrente começou a se formar, foi aí quando ele sorriu e disse:

- Tio. Você jura que entendeu?

- E-eu... – o homem balbuciou ainda tremendo muito, chorando, querendo sumir.

- Repita comigo, calmamente: Eu, Valter Dursley, juro a você, Harry Potter, pela minha vida, que ouvi e obedecerei. Que se eu contar a alguém, deixar que alguém descubra sobre hoje, deixar que descubram sobre algo que possa te prejudicar, se eu tentar ir contra você, ou deixar que me tirem alguma informação, qualquer uma que permita te rastrear com facilidade, sem lutar contra isso, eu me lembrarei de hoje e saberei que ou eu me mato em frente a Duda, ou você, através de sua magia, aparecerá na minha frente e fará dos meus piores pesadelos realidade.

- E-eu...

- Repita ou eu acabo com isso agora! Quer se livrar de mim? REPITA! Quer nunca mais me ver! REPITA! VAMOS! É SUA ÚLTIMA CHANCE!

Ele repetiu. Cada palavra sendo cortada por choro desesperado, dele e de Petúnia. Quando terminou, Harry notou que sua magia pareceu cercar a alma do homem e depois sumiu. 

Não tinha certeza do que aconteceu, mas tinha de uma coisa: ela estava muito fixa na mente dele. A mensagem foi gravada. Então seguiu para a tia e a fez repetir algo parecido.

- Tia Petúnia, você vai me jurar: Eu, Petúnia Dursley, antes Evans, juro pela minha vida que ouvi e obedecerei. Que se eu contar a alguém, deixar que alguém descubra sobre hoje, deixar que descubram sobre algo que possa te prejudicar, se eu tentar ir contra você, ou deixar que me tirem alguma informação, qualquer uma que permita te rastrear com facilidade, sem lutar contra isso, eu me lembrarei de hoje e saberei que só tenho uma alternativa: eu vou matar cada um dessa sala, menos Harry Potter. Eu caçarei e não descansarei até garantir que cada um esteja morto. Isso me inclui. Eu vou matar todos. Eu vou matar todos. Se eu desobedecer a Harry Potter, eu vou matar todos. Ninguém saberá de nada, nunca! Mas se souber e a culpa for minha, todos morrerão pelas minhas mãos. Jure! – ordenou Harry.

Dessa vez foi diferente. Talvez por Petúnia ser um aborto, ter alguma magia em torno da alma, no instante que a magia de Harry entrou em contato com a dela própria, manipulando seus sentidos, ela reagiu.

As luzes em Petúnia ganharam alguma vida, a coisa girou, cresceu, lutou, mas por fim quebrou. Quando Petúnia jurou, a cada palavra que ela falava, uma linha branca saia do peito e cercava o corpo. 

Já quase encerrando, uma corrente verde da magia de Harry cercou a alma da mulher e ele percebeu que faltava alguma coisa...

Algo para firmar o contrato, fazerem realidade...

"Que assim seja" a voz sombria de Harry falou, muito baixa, muito fraca, fazendo se lembrar que tinha que se apressar.

- Tia, diga: Que assim seja.

- Eu juro. Que assim seja – ela repetiu e sentiu uma dor tremenda em todo o corpo.

- Vou apagar as memórias de Duda sobre hoje. Digam que foi o trauma o causador da amnésia. Mas eu nunca fiz isso antes, não me responsabilizo pelas sequelas.

- Então não faça!

- Se ele fizer alguma coisa que me prejudique, passará pelo mesmo que vocês, tem certeza disso?

Eles não falaram mais nada.

Depois de tudo armado Valter chamou uma ambulância. Harry se manteve acordado até o hospital, desmaiou de exaustão torcendo para que tivesse sido o suficiente.

Acordou aos gritos de dor algumas horas depois, quando a vinha negra estava totalmente sem energias e sucumbiu, depois de horas tentando manter o menino bem. 

Mesmo assim, desmaiou em alguns segundos, antes mesmo de tentarem medicá-lo.

-x-x-x-

"Riscado Eu nunca faria algo como o que fiz naquela noite de novo. Não corro mais riscos desnecessários. Elimine o que te atrapalha quando não se pode manipular, é simples ⇍⇍ 

Covardes não são manipuláveis. Eles te traem por alguém que acham que pode livrá-los de você, nunca os mantenha. 

Riscado Meus tios... ⇍⇍

Diário de Harrison Potter, anotação de 1992.

-x-x-x-

Harry estava sozinho, dentro de um quartinho pequeno e escuro. Ele apenas conseguia ouvir as vozes do lado de fora...

Alguém disse: "Dumbledore pediu para leva-lo", e ele percebeu que era Hagrid, então a voz de Sirius veio logo em seguida:

"Tudo bem, pode levar. Tenho coisa melhor para fazer".

Mal reconhecia aquela voz, não saberia dizer se era o padrinho mesmo, mas ainda doeu como se fosse.

Um parte dele tentou lembrá-lo de que isso não aconteceu, mas não adiantava, outra veio em seguida:

- Deixe-o ignorante e longe de todos que o aceitariam. Podem tratá-lo como uma aberração o quanto quiserem. Ninguém que olhá-lo vai ajudar. O pior que pode acontecer é nós também o descartarmos um dia - era Dumbledore.

- Eu nunca fiz nada querido - disse a senhora Figg em seguida. - Porque não me importo. Ninguém pediu para te ajudar. Só vigiar. Só não entendo porque alguém iria querer dar atenção a você. Ninguém se importa.

Harry tentou tapar os ouvidos com as mãos, mas quando fez isso o corpo da sua mãe morta apareceu na sua frente o fazendo gritar e se levantar.

Um homem de roupas e cabelos negros, nariz cumprido e pele pálida pegou Lilian do chão e a abraçou. Ficou chorando, mas teve tempo de dizer para Harry:

- Eu não ligo para você. Pode continuar aí no berço chorando, bebê ridículo. Ninguém liga. Ninguém se importa de lhe dar mais que um olhar.

O menino tentou sair dali, agora que as paredes do quartinho não pareciam existir mais. Ele só estava num mundo todo preto e sem ninguém. Correu, mas tropeçou e caiu no chão.

Alguém lhe estendeu a mão e quando viu era Neville. Ele ia aceitar a ajuda, quando ouviu outra voz:

- Você é Harry Potter! O menino que sobreviveu! É uma honra! - era um dos tios de Nev, bem ao lado deles. - Ao menos Neville fez um amigo famoso. Claro, só ligamos para você porque você é famoso. Nós nunca nos importaríamos de outro jeito. Se nem Dumbledore, que é o maior bruxo de todos, se importou, como nós faríamos?

- Quer dizer, nós temos que manter a imagem dos Longbottom - dessa vez era Augusta, a vó de Neville. - Nunca sairíamos com um bruxo que vê coisas estranhas e fala com cobras. Isso é coisa de bruxos das trevas. Você é esquisito. Ainda foi criado por trouxas. Por Merlin, quem te aceitaria?

- Eu disse que tiraríamos as aberrações de você - disse seu tio Valter. - Você pode ter sua magia, mas ninguém te quer.

- PARA! - pediu Harry, tentando correr de lá.

- Ninguém se importa com você, Harry. Só seus pais. Mas eles já fizeram o favor de se explodir - disse Petúnia aparecendo bem a sua frente.

- PARA!

-Você nunca mais vai ter ninguém...

- PARA!

Pediu, tão alto que a garganta doeu. Ele se jogou agachado no chão e prendeu o máximo que conseguiu do ouvido entre as mãos. 

Para... Por favor... Para...

Por favor...

BAM!

Ele foi atingido por uma bala. Bem nas costas. Quando olhou para trás não conseguiu identificar quais daquelas tantas pessoas havia atirado.

BAM!

O som rasgou o ar.

Uma, duas, três vezes. 

- Ninguém te quer... - repetiam a cada tiro. Todos juntos.

Não conseguiu mais se segurar. Começou a chorar. Muito.

- Ninguém nunca vai te querer. Ninguém nunca vai te aceitar. 

- Aberração! - gritaram todos.

- Monstro! - gritaram os tios.

Por favor...

"Para..."Implorava, sentindo-se a cada instante mais fraco, mais dolorido...

Mais miserável.

Então ele ouviu outra voz. 

Uma que não reconheceu de primeira:

- Você não precisa de ninguém.

Era uma voz grossa, mas muito melodiosa, cada sílaba saia com graça natural e parecia penetrar bem mais eficientemente que todos os outros sons. Harry abriu os olhos e viu uma cobra negra parada na sua frente.

Mesmo que fosse uma cobra, ela não parecia estar falando em parseltongue. Era linda, as escamas pareciam brilhar em cores diversas, mas seus olhos eram de um único tom vermelho e fascinante...

- Você não precisa de ninguém.

- Eu nunca vou ter ninguém! - corrigiu em meio as fungadas.

- Errado - disse a cobra e o encarou com aquelas rubis diretamente, se esticando até estar bem próximo do rosto. - Você já disse antes. Você nunca está sozinho. Tem sempre alguém com você, não é?

Então reconheceu. Da noite em que seus pais se foram. A voz do homem de lindos olhos vermelhos que lhe causou todo aquele mal, mas nunca quis tal coisa. Que queria livrá-lo de um mundo em guerra, dos problemas que teria, de uma vida difícil e sem ninguém.

- Tom?

- Você e eu. Podemos ser a única companhia um do outro, você mesmo disse.

BAM! 

Outro som de tiro. Harry pulou no lugar apavorado, sentindo que voltaria a chorar descontrolado. As costas doíam.

- Ninguém nunca vai te querer- diziam as vozes.

- Não deixe que entrem na sua cabeça. Você é incrível, Harry Potter.

Incrível.

Aquela palavra...

- Você é incrível! - Harry ouviu a voz de Neville dizer.

- Não deixe que tenham força sobre você - insistiu Tom. - Você sempre terá ao menos uma pessoa.

- Você só quer ficar vivo...

BAM! 

"Ninguém nunca vai te querer" repetiam as vozes. O menino tornou a tentar se esconder entre as mãos, olhos fechados.

"Aberração"

"Monstro"

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM! 

Harry olhou para a frente em choque. Aquele som foi muito mais alto que todos os outros, muito mais que os tiros. Tudo tremeu e ele se viu em outro lugar. Ainda estava escuro, mas estava cheio de gente entrando por uma escadinha estreita.

Uma sirene começou a tocar ao fundo. Continua e desconcertante, assustadora.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnnnn....

A cobra não estava mais lá.

Em seu lugar havia um menino.

Um lindo menino de cabelos negros e roupas velhas, encolhido na mesma posição que Harry estava antes, as mãos nos ouvidos, olhos fechados. Chorava. 

Harry teve um súbito impulso de ir até ele, mas estava tão apavorado que não fez.

A sirene continuava quando alguém fechou uma grossa porta de metal e todos ficaram quietos.

A maioria eram crianças.

Outro barulho alto soou depois de um tempo, uma menininha gritou, tudo tremeu um pouco e do teto caiu poeira e terra.

- Já vai passar - uma mulher disse para a menininha.

- Nós vamos morrer? - alguém perguntou.

- Não! - disse a mulher de antes. - As bombas já vão parar.

- Bombas? - murmurou Harry.

- Sim. Bombas. Dos soldados alemães - respondeu o menino que estivera encolhido.

Com a mesma voz da cobra.

Só que mais jovem.

Ele ganhou olhos vermelhos agora.

- Tom? - perguntou Harry.

- Tínhamos que nos esconder em lugares assim - contou apontando para todos os lados. - As bombas caiam do lado de fora e nunca tínhamos certeza se sairíamos vivos. Se o abrigo que estávamos não seria pego. É assim uma guerra...

BOOOOOM! Mais uma vez tudo tremeu. Mais poeira, mais choro.

Ninguém gritou.

- Não tínhamos muita força para isso. Gritar. Só ia incomodar a todos. Era melhor ficar escondido e... torcer.

- Por que você não saiu? Aparatou?

- Eu não podia.

- Porque não tinha idade?

- Ninguém me ensinou. Eu também não podia usar magia nenhuma. Já era maior que onze anos, tinha ido para a escola. Magia fora dela é proibida.

- Mas então você ficou correndo risco de vida? Isso é ridículo.

- São as leis.

- Não tinha outro lugar? Não tinha um...

- Não há lugar no mundo bruxo para órfãos Harry. Ninguém nos quer. 

- Nos? Você era órfão?

- Sim. Mas... ao menos seus pais te queriam.

Aquelas palavras foram como uma facada. Harry se sentiu muito incomodado com a mágoa e a inveja nelas, mas viu que não era direcionado a si. Tom não estava bravo que Hazz tivesse alguma coisa a mais. Ele só estava muito triste.

- Sua mãe escolheu morrer a viver sem você. Minha mãe escolheu morrer a me criar.

Harry levou as mãos à boca, horrorizado com a expressão do outro e o que havia sido dito. Havia tanta dor ali.

- Estamos sempre sozinhos. Órfãos como nós só tem a si mesmos. Ninguém me queria. Ninguém quis me ajudar, nem a escola aceitou me acolher. Dumbledore não deixou.

- O que? Dumbledore?!

- Era meu professor. Não concordava em deixar alunos em Hogwarts nas férias. Tínhamos que aprender a ter vidas, descansar, ficar longe da magia para que a nossa se recuperasse, para crescer de forma saldável. Eu não podia ficar sozinho só com adultos em um castelo, tinha que ficar com outros da minha idade, socializar. Qualquer merda que ele inventasse.

- Isso é ridículo! Então ele te mandou para...

BOOOOOOM!

- A guerra? - perguntou Tom diante do silêncio assustado do outro. - Sim. Para cada maldita noite em claro com ataques, e choros e com todos os trouxas que me odiavam. Para as pessoas que me odiavam.

- Por quê?

Tom sorriu, um sorriso sinistro para qualquer pessoa, mas para Harry parecia apenas...

Desesperado.

- Porque eu era um monstro - respondeu.

O de olhos verdes ficou parado, encarando os vermelhos do outro, em silenciosa incredulidade. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer.

Tom... Tinha passado por aquilo por quanto tempo?

Por que estava mostrando aquelas coisas para ele?

- Você me quer com você Harry? - perguntou, de repente.

- Claro! - respondeu o Potter no mesmo instante.

Era verdade, não era? Ele e Tom, juntos, nunca sozinhos. Ele queria aquilo.

- Por quê?

- Como porquê?

- Ninguém nunca quis.

- Mas...

- Você só quer alguém?

- Como assim? 

- Você disse que eu só quero viver. Então o que você quer? Uma companhia? Por mais miserável e ridícula que seja? Por mais que não passe de um animal desesperado e sem corpo?

Harry não soube como responder àquilo.

Só negou com a cabeça. Havia tanta coisa errada naquelas palavras.

Não era assim que ele pensava, ele só não sabia explicar o que sentia em relação a tudo e a Tom, ele só...

- Você não precisa de ninguém - repetiu Tom. - Mas você tem. Principalmente, você teve seus pais e isso ninguém te tira. Não deixe que entrem na sua cabeça. Eu estou aqui, me escute no lugar deles... No lugar dos tiros. Das bombas.

BAM! nas costas de Harry.

BOOOOOOOOOOM! na cabeça de Tom.

.

.

Então Harry acordou no hospital. A vinha ainda dormia, fraca e sem reação em sua testa. Mal era possível sentir.

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Espero que tenham gostado. Votem e até semana que vem <3

Obrigada a todos pelo apoio, amo vocês.

Mas estou com sono, bora mimir....

Se está gostando do trabalho dessa autora saiba que tenho um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited

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