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Capítulo 11 - Aquilo que só ele vê e a Vinha Negra

Olá queridos! Só avisando o resultado de algumas votações... Primeiro: 5 pessoa votaram no capítulo do Harry criança e 2 no presente, por isso espero que curtam a primeira parte do passado do nosso pequeno menino-que-sobreviveu!

Ou "Aquele que odeia títulos".

Segundo: Também perguntei se queriam todo o passado de uma vez ou intercalado, todos que responderam querem intercalado, então quando acabarem esse teremos mais uma votação, fiquem atentos!

## Infelizmente o celular tira o efeito de palavras riscadas então as partes do diário que estavam assim perdem o efeito, estou triste ;-;

Enjoy!

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Anteriormente em "Quem será seu herói?"...

A cada mês que passava os guardas trocavam a cor do giz, a cada ano eles faziam um desenho de uma bola antes de marcar o próximo. Novos guardas apareciam e os velhos ensinavam o costume para que fosse mantido. Era inofensivo e a única coisa que parecia importar para Gellert, que quase não se mexia, comia ou falava. Isso, e a foto que ficava sempre encarando, uma retirada do jornal, onde aparecia o casal Potter e seu filho Harry.

Foi assim por sete anos antes que as coisas mudassem.

Até Lakroff Mitrica aparecer.

Capítulo 11 – Aquilo que só ele vê e a Vinha Negra



"O menino que sobreviveu,

mas antes disso, o menino que entendia coisas demais".



"Eu sempre tive essa coisa. Ainda não contei para ninguém além de Mitrica e Nagini, mas ela não tem para quem espalhar e sou único para ela então não escondemos nada e Lakroff... Bem ele é diferente. Para qualquer o outro talvez eu nunca conte. A verdade é que sempre tive uma capacidade... sempre fui uma aberração diferente..."

Diário de Harrison Potter, anotação de 1988.

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PASSADO. ANO DE 1981. Casa da família Potter.

Lilian sabia que Harry era incomum desde o momento em que o viu pela primeira vez. A maioria das mães pode achar seus filhos únicos e especiais, mas não era apenas o carinho de mãe falando. Ela percebeu que os olhos do garoto, aqueles belos olhos que combinavam com a luz de uma maldição da morte, estavam enxergando.

Bebês não enxergam. Não no começo. Nada além de borrões.

Só que Harry, apesar de não ver tudo, parecia ver alguma coisa. Sempre. Focando nas pessoas e em coisas atrás delas.

Então ele foi ficando mais velho e a cada dia que passava teve mais certeza de que seu menino era especial. Ela o amava. E só torcia para que sua individualidade lhe fosse boa um dia.

Enquanto isso, Harry também percebeu que tinha alguma coisa diferente nele.

O primeiro sinal que conseguiu pegar disso foram os comentários, alguns que escutava dos pais e do padrinho. Sobre como ele era "só um bebê" e com certeza absoluta não podia estar respondendo ao que falavam, porque não poderia entender.

Mas ele estava entendendo. Que ideia ridícula! Por que não entenderia?

"Só reações involuntárias", diziam seu pai e seus amigos.

Sua mãe parecia saber que não era bem isso. Quando ia para o quarto niná-lo, ela sempre selecionava mais de um livro e perguntava qual ele queria ouvir. Nunca julgou alguém da sua idade conseguir levantar o braço na direção certa. Afinal era Harry.

O restante dos adultos que apareciam na casa continuava ignorando as vontades do bebezinho. Mesmo que balançasse a cabeça para os lados quando queria discordar de algo, ou para cima e pra baixo quando concordava, eles faziam o que achavam melhor.

Um bebê não entendia.

Mas Harry sim, como não conseguiam notar isso?!

Ele só não conseguia falar, não era óbvio?!

O herdeiro Potter entendeu quando disseram que estavam em uma guerra, mesmo que não soubesse o que era uma guerra, só que era perigoso, triste e eles tinham que se esconder.

Ele entendia o que era se esconder.

Não entendia muito Sirius, seu padrinho. Afinal o que era um padrinho? Um segundo pai? Sua mãe tinha dois maridos? Sirius era o reserva?

Entretanto, entendeu quando este disse que seria uma escolha óbvia como "guardião do segredo", melhor seria Pedro. Harry chorou muito, gritou, tentou fazer com que todos percebessem que ele não gostava de Pedro. Era o adulto que menos gostava!

Mas eles, os mais velhos, é que pareciam não entender. Sua mãe o tirou da sala e eles escolheram Pedro alguns dias depois.

Outra coisa estranha que Lilian acabou notando no filho era que ele sempre parecia saber quem havia aparatado no território da casa antes de todo mundo. Ele começava a bater uma mão na outra (ainda não podia ser considerado palmas, mas era parecido) sempre que era Sirius chegando, ria quando era Remus (mesmo que esse viesse bem menos, por todas as suspeitas que começavam a cair sobre ele) e parava no instante que era Pedro. Ficava quietinho encarando o Pettigrew, como se também fosse participante da ordem e da reunião, analisando o rumo da guerra.

Harry também reagiu quando Voldemort chegou.

Lilian percebeu, enquanto encarava James e sentia todas as barreiras de proteção brancas caírem, que Hazz era incrivelmente especial, pois ele tinha avisado. Naquele dia, chorando, sobre Pedro. Lilian... "tinha caído de um prédio".

- Suba! Eu vou ganhar tempo! – James pediu e ela obedeceu correndo.

Harry não se preocupou com o traidor naquele momento, ele só estava com medo, aquela sensação... aquilo era a guerra? A guerra os achou? O maior medo dos seus pais, então o que seria deles agora?

Então Lily sufocou um grito e começou a chorar, nesse instante o menino soube que não tinha mais um pai (agora Sirius seria seu pai, assim como tinha pensado?).

Ela virou o corredor do segundo andar sentindo as pernas fracas, mas incapaz de vacilar justo agora e Harry, por cima de seu ombro, viu os tentáculos.

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"Estou tão acostumado a evitar que qualquer um saiba sobre isso que, até para escrever, onde ninguém nunca vai poder ler se eu não permitir, ainda evito o assunto.

Eu vejo coisas.

Não só isso, eu ouço e as sinto.

Hoje, eu sei o que são essas coisas, mas nem sempre foi assim. Algumas vezes não foi apenas confuso, mas bem assustador ter isso. Naquele dia... o último dos meus pais... realmente foi".

Diário de Harrison Potter, anotação de 1988.

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Há no mundo luzes multicoloridas e de diferentes formas, que circulavam ou habitam dentro das pessoas.

Pareciam estar diretamente relacionadas a elas próprias, pois nunca ficavam iguais, mesmo que fossem parecidos, e Harry gostava de compará-las.

As luzes de Sirius, por exemplo, formavam um padrão como a pele de alguma animal, algum que se escondia atrás dele tentando se adaptar a uma coisa que não era. Grande, de pelugem chique, esquisita, mas agradável.

Aqueles tentáculos vinham da pessoa que tinha invadido. Passavam uma sensação escura e extremamente forte, subiam as escadas explorando a casa, se espalhavam e eram rachados.

Lily entrou em um quarto, o de Harry, e fechou a porta. Colocou o filho no berço e começou a empurrar objetos para a porta. Harry sabia que ela estava sem os gravetos que faziam as coisas se moverem pelo ar, assim como seu pai estivera. Os três, afinal, estavam apenas brincando, se divertindo naquele Samhain, não estavam preparados.

Harry também percebia que ela estava apavorada.

- Harry, Harry querido! - disse após terminar o trabalho de empilhar móveis. - A mamãe te ama. A mamãe sempre vai te amar! Não importa como! Vou te amar de qualquer jeito! Tudo vai ficar bem...

Então ele sentiu o invasor se aproximando, os tentáculos giraram, se moldaram e bateram com força contra a barricada, quebrando a porta e fazendo sua mãe calar-se de olhos fechados agarrando o berço.

O menino viu uma luz verde fraca percorrer a do homem e finalmente conseguiu dar uma boa olhada em como ele era.

Assim como o "casaco" de Sirius, ou todas as outras energias além dessa, ele tinha uma manifestação própria mas... Nossa!

Era muito maior, mais forte e clara! Aquele homem era a guerra? Com certeza fazia sentido temê-lo!

Era, em tudo, completamente diferente do que Harry acostumou-se.

A primeira coisa que notou era que o homem estava sem alguma coisa importante, como se uma parte de si mesmo tivesse ficado para trás e os tentáculos de sua energia tentavam procurar desesperadamente. Se esticando de um lado para o outro, se estendendo por metros longe dele, até perderem a força, tornarem-se apenas vinhas negras e voltarem.

Mesmo assim ele parecia forte demais.

Mesmo com as rachaduras, ele impregnava o ambiente. Essas tais vinhas, aparentemente sombras de si mesmo, ficavam na madeira segundos após ele passar, de tão potente que era sua presença.

Elas subiam até o teto e se espalhavam enquanto ele continuava na sala. Se fazia presente em tudo e parecia pronto para engolir o que visse pela frente.

Aquilo era poder.

Negro e atiçado.

O bebê estava tão distraído e impressionado que só percebeu a conversa na metade.

"O Harry não, o Harry não, por favor, o Harry não!" sua mãe implorava.

"Afaste-se, sua tola... afaste-se, agora..."

O homem não queria matar sua mãe! Ele estava lhe dando uma escolha, sair viva! Mas ela estava negando...

- O Harry não, por favor não, me leve, me mate no lugar dele. Eu, não ele! - continuava a pedir, as lágrimas escorrendo desesperadamente, as mãos tremendo.

A cada vez que falava aquelas coisas, o bebezinho via como Lilian era coberta por uma luz nova, vermelha como sangue, e esta se ligava a ele também. O aquecia e pinicava.

- Que seja, sua tola! Avada Kedavra! – gritou.

O homem se encheu daquela luz verde de antes, um raio percorrendo os tentáculos até sua mão, então a varinha e por fim sua mãe...

Harry Potter entendeu que a guerra o tinha tirado sua família quando o corpo caiu no chão.

Isso doeu. Ver aquilo e... saber o que queria dizer... doeu.

Uma outra luz saiu de Lilian, entretanto. Amarela como sua energia sempre foi, correu por seu corpo e entrou no filho. A luz amarela ficou vermelha e todo o menino brilhou em cobras pequenas e finas que passavam embaixo da pele (suas veias!). Aquilo, seja lá o que fosse, se conectou a ele em um último abraço de mãe.

Uma força gigantesca atingiu e quase o fez desmaiar.

O homem estranho começou a se aproximar e ele se forçou a olhar o que aconteceria. Ainda estava fascinado com a energia dele, com os tentáculos vivos e negros, que derramavam veneno no chão, com as vinhas negras no assoalho e na madeira do berço. Ele era tão impressionante! Totalmente... único, como na essência da palavra! Nunca alguém teve tanta energia! Alguém no mundo era capaz de chegar àquilo?

E haviam os olhos.

Lindos olhos vermelhos para um homem quebrado.

O adulto apontou a varinha para Harry e o garotinho continuou a encara-lo diretamente, olho com olho, verde e vermelho.

Então ele hesitou.

- Eu sinto... por isso - disse calmamente e baixinho, como se nem acreditasse em si mesmo ao dizer aquilo. A voz em um tom doce que contrastava com a cara de cobra. - Nunca gostei de derramar sangue mágico.

Sangue mágico?

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"É irônico pensar que foi Voldemort que me ensinou o que eram aquelas luzes. Ensinou sobre mim. A primeira resposta concreta que veio de um adulto para minhas maiores dúvidas".

Diário de Harrison Potter, anotação de 1988.

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Então, era isso?! Magia?!

Harry via como algumas pessoas não tinham aquelas luzes e formas em volta do corpo (apesar de ser raro estar com pessoas no geral, já que não saiam muito de casa com ele). Magia.

O som... Parecia certo.

Então era assim que chamaria, era o que ele via! As luzes e energia que cercavam algumas pessoas eram sua magia! Aqueles que eram mágicos, possuíam cada um a sua! Eles a usavam para fazer coisas e elas assumiam formas para se encaixar!

Como quando seu pai, vários dias atrás, quis levantar o berço pela escada flutuando. Ou quando sua mãe ia lavar a louça. Ou seu padrinho para guardá-la depois que sua mãe lhe atacou.

Era magia girando e fazendo acontecer.

Banhada em cores diferentes, como raios que corriam toda vez que eles diziam palavras estranhas segurando suas varinhas! Ele via suas magias...

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"Ser sensível à mágica não é tão especial. Bruxos verdadeiramente talentosos podem treinar essa capacidade. Entretanto, ainda não conheci um bruxo na Terra que conseguisse vê-la. A materialização visual de cada pessoa e como ela age ao usar cada feitiço, como se transforma junto de seu portador, como se torna uma extensão dele mesmo. Quer saber, de verdade, como é uma pessoa? Olhe sua magia, ela nunca mente. Eu nunca erro sobre alguém, nem sobre suas intenções. As luzes sempre deduram o que um bruxo está querendo. É fácil até demais".

Diário de Harrison Potter, anotação sem data.

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A magia daquele homem era escura, distorcida, grande e rachada. Harry podia ouvir murmúrios vindos dela.

Dor.

Ela estava com dor, mas o homem não parecia notar. A magia podia sentir dor? Talvez fosse sua magia que ele deixou em algum lugar... Ele a partiu?

Harry ficou quieto enquanto divagava naquelas coisas, também analisando porque a magia no homem não parecia nem um pouco querer o que estava prestes a acontecer.

A luz verde, tão parecida com a dos próprios olhos de Harry, voltou a cerca-lo e seus tentáculos se agitaram tentando evitar a coisa. As veias no corpo de Harry brilharam com seu sangue em resposta.

- Você, entretanto, é muito novo para entender o que perdeu – continuou Voldemort. – Entender o que ainda vai perder essa noite. Não terá a chance de temer isto, nem viverá numa guerra pelas decisões de seus pais e da sociedade. Não passará... pelo que eu passei... - sussurrou.

Só que Harry ainda era alguém que nunca se acharia novo de mais para entender alguma coisa. Por isso, se permitiu simpatizar com o que o homem estava dizendo.

Mesmo que fosse o assassino de seus pais e fosse mata-lo, o cara de cobra não pretendia que fosse para prejudica-lo com isso. Era apenas uma consequência da guerra. De novo, seja lá o que isso fosse, já que não era ele próprio.

Aquele homem já havia passado por uma e lamentava. Não desejava aos outros.

O bebê só ficou triste em pensar que partiria sem entender mais sobre essa palavra (guerra), sem ter aprendido a falar, sem poder pedir aos adultos que explicassem finalmente as outras coisas que não sabia, ao invés de ter que juntar as peças sozinho...

Ou antes de descobrir um jeito de aprender sem os outros!

O homem já repetia:

- Avada Kedavra!

A magia dele decididamente gritou agora. E muito alto! O raio de luz verde que estava passando pelos tentáculos entrou no homem, passou outra vez pela varinha, foi até Harry, acertou seu corpo, girou entre a luz vermelha que o protegia, então voltou.

Os olhos vermelhos sumiram quando seu corpo virou .

Foi muito rápido, mas também agonizante. O bebezinho podia sentir como aquilo machucou. Havia terminado de transformar todas aquelas rachaduras em buracos imensos que partiram a carne até não restar nada do homem!

Harry sentiu uma dor na cabeça, como se tivesse se cortado e então um dos tentáculos...

Não...

Uma das vinhas negras, uma fraca, pequena, mas cheia da essência pura daquele homem, simplesmente flutuou graciosamente no ar e foi até esse corte, se grudando ali.

Aquele ponto começou a arder e escorrer algum líquido.  Foi doendo mais, muito mais, e então começou a chorar.

-x-x-x-

"Quando eu digo que sinto coisas não quero dizer apenas a magia. Tem mais. É como uma intuição. Uma forte de mais, ou uma previsão ou apenas... a conclusão lógica que qualquer um chegaria se pudesse enxergar como eu. Simplesmente sei de algumas coisas antes que aconteçam.

Talvez eu seja apenas um ótimo leitor das circunstâncias e as pessoas previsíveis demais. Eu estaria apenas calculando as possibilidades mais lógicas e visualizando isso?

Não importa muito, apenas que quando digo que sei de algo, acredite, quando ordeno que não faça, obedeça, e quando falo que não quero, não insista. Naquele dia eu senti que algo aconteceria com meu padrinho também. As coisas ruins não tinham acabado...

##Riscado Se Sirius tivesse preferido ficar comigo do que perseguir uma maldita vingança idiota eu poderia simpatizar mais com ele!##

##Riscado Ele podia ter me salvo de toda aquela merda!##

##Riscado Se eu não quisesse o rato preso, teria ajudado meu padrinho? Ajudado Nev a liberá-lo?##

Diário de Harrison Potter, anotação de abril de 1994.

Sirius ia dar Harry àquele homem grande cujo nome parecia ser Hagrid, mas o menino não queria!

Estava com uma sensação ruim, queria ficar o padrinho!

Até aquele amigo da sua mãe servia! Aquele que veio e chorou abraçando seu corpo mais cedo. Aquele homem, de cabelo cumprido e roupas pretas, ignorou totalmente Harry chorando, mas mesmo assim o carinho e a forma como sua magia chorava por Lilian fez o bebe gostar dele. Infelizmente ele se foi assim que a magia de Sirius pôde ser sentida na casa, e agora o Potter estava ali, na frente daquele gigante.

Harry tentou chorar, espernear, segurar o padrinho.

Por favor, só dessa vez, entenda!

Black pareceu vacilar, estava pensando, o menino também parou e o encarou nos olhos, torcendo para que se fizesse claro:

FIQUE C.O.M.I.G.O!

Ele implorou por isso.

Mas o homenzão disse:

- Dumbledore pediu para leva-lo.

E Harry viu como os olhos de Sirius mudaram. Ele o perdeu.

O padrinho deu o bebê à Hagrid, ofereceu sua moto e se foi, deixando Harrison desolado.

"Harrison", gostava quando o pai o chamava assim. Aparentemente por causa de um "velho louco" que conhecia, mas agora o tal velho não era importante, aquela sensação ruim era. Ela piorou ao ver a jaqueta de couro começar a sumir. Tanto que o bebê apenas fechou os olhos e ficou quieto, inconsolável e sozinho.

Pela primeira vez em sua vida ele sentiu aquilo. Estar só. Todos tinham ido embora.

Mas enquanto o vento batia em seu rosto (no caminho para sabe se lá onde o homem grande queria leva-lo), Harry percebeu que era mentira.

Não estava sozinho.

Harry tinha a vinha.

Os restos negros do homem de antes. Ele a sentia entrando pelo seu corpo, sabia exatamente onde estava. Mantinha-se viva, mesmo que muito fraca e o menino sabia que ela só queria se esconder e se agarrou a si para isso.

Parecia com tanto medo quanto o próprio Harry.

Então ao menos nisso eles podiam ter um ao outro. Certo? Nenhum deles estaria mais sozinho.

O bebê sentiu quando a moto parou e ouviu quando Hagrid começou a conversar com o homem que ele chamou de "professor Dumbledore".

Dumbledore! O menino não gostou dele imediatamente, sem nem o ver primeiro! Estava muito bravo com ele! Foi quem pediu para tirá-lo de Sirius e causou a sensação ruim! Seu padrinho podia estar em perigo, até onde sabia! Ele percebeu que a vinha também não gostava nada daquele nome.

O próprio Hagrid não parecia alguém mal. Olhando rapidamente, Harry via sua magia amarelo mostarda e felpuda cercando-o, como um casaquinho de pele macia, parecido com o de Sirius, mas bem menor, mais feliz e ridiculamente sincero. Inocente.

Quando Dumbledore o pegou, porém, a sensação foi tenebrosa! Conheceu a segunda coisa da noite que era incapaz de entender:

Harry Potter não sabia o que pensar de Dumbledore.

O homem que entrou em casa antes era fascinante, sem dúvidas, mas era bem mais fácil de ler que este aqui...

Esse velhinho de óculos de meia lua tinha cores berrantes e diversas demais em sua magia, formavam uma fogueira! Era fogo! Sua magia era fogo! Quente, acolhedor, mas mortal, impulsivo, incontrolável, volátil e instável! Podia ser moldado de qualquer forma pelos estímulos externos, uma brisa, água, gasolina.

Harry ficou com medo.

Magia tão grande como daquele homem, era um incêndio! Ele sabia controlar aquela coisa?!

Obviamente que não! Se soprasse parecia que sairia voando!

Qualquer ação dele poderia machucar todos a sua volta! Cada passo que desse poderia queimar as estruturas, espalhar o incêndio, tornar em cinzas o mundo! Ao mesmo tempo que poderia ajudar, aquecer os presos no frio. Confuso e imprevisível.

O homem deu um sorriso para Harry, mas ele estava tão focado no fogo, que nem tentou identificar se era um sorriso bom ou não.

A sensação ruim voltou.

Mas, por fim, Harry foi deixado em frente a uma porta em um sexto. Sentiu quando o gigante, uma mulher e Dumbledore se foram. Aquilo era um alivio. Não gostava de estar tão perto de uma fogueira sem saber os limites que podia chegar sem se machucar.

Fechou os olhos novamente e esperou.

-x-x-x-

"##Riscado Tinha...##

Tem uma parte de outra pessoa dentro de mim. Uma pessoa má.

##Riscado Um assassino.##

O estranho é que isso nunca me incomodou, nem quando eu inocente demais, nem agora. Não depois de tudo que aconteceu quando me levaram para meus tios. Fiquei de frente para todo tipo de pessoa e Voldemort ao menos não quis me ver triste, não buscou propositalmente a minha dor, ele só me queria morto. É preferível.

#Riscado Os trouxas queriam que eu sofresse##".

Diário de Harrison Potter, anotação sem data.

31/07/1983

Harry tinha três anos de idade, era seu aniversário e ele estava trancado no armário em baixo da escada.

Ele encarava suas mãos enquanto tentava focar na energia que saia delas, transformar aquelas sombras que sempre estavam envolta dele em força.

Estava com fome.

Quando era bebê ele trazia comida para si, nos momentos em que a barriga doía tanto que sentia até que os pulmões estavam falhando, quando só queria chorar e gritar, mas não queria que os tios viessem gritar consigo. Nessas horas de desespero ele conjurava no ar acima dele alguma coisa. Seus tios o deixavam ali por muito tempo, vários dias seguidos, parecendo até que se esqueciam de trocar suas fraldas ou que precisava beber água. Estava acostumado a se virar sozinho, ou sofreria dependendo deles.

O problema foi quando começou a pensar que, para trazer a comida, implicava que estivava tirando de algum lugar, talvez de alguém, o que era quase roubar.

E se a pessoa também estivesse precisando?

Mudou para transformar as coisas em comida, mas desistiu na segunda vez, pois não tinha como justificar o sumiço de objetos, mesmo que fosse mais fácil fazer isso. Transformar sua blusa em bolo seco.

Agora ele estava tentando uma terceira alternativa.

Desejava conseguir fazer o mesmo que viu naquele homem, anos atrás, que abraçou sua mãe morta: sumir. No instante que Sirius fez barulho no andar de baixo o homem desapareceu. Não foi o único a fazer isso, as vezes seu pai ia até a porta se despedir do padrinho com ele no colo e Padfoot também sumia do nada, um pequeno barulho no fundo.

Sumia, mas voltada. Sempre fazia o barulhinho.

Aquela vez no quarto, com o amigo da mãe, foi a primeira em que pode ver a luz que essa magia tinha com clareza. Como todas, havia uma cor específica para si, ir de um lugar a outro...

Sumir.

Voltar.

Se ele se concentrasse, poderia fazer, certo? Teleportar. Encontrar comida!

Mas tentar estava deixando Harry muito mais cansado. Ele só queria se alimentar! Viver! Seu corpo doía a cada nova tentativa e estava começando a pensar que poderia se machucar de verdade...

Então apareceu um pão na sua frente.

"Só mais essa vez" pensou suspirando.

Ele comeu. Também bebeu a água que apareceu um depois, ao lado.

-x-x-x-

"Transfiguração é o ramo da magia onde se muda a estrutura molecular de algo, alterando sua forma original. Eu percebi que era uma das matérias mais fáceis para mim e eu nunca me preocupei em explicar o porquê aos professores. O motivo é que desde os três eu era forçado a usar a conjuração, o ramo mais complexo de transfiguração, para transformar moléculas de ar rarefeito em comida. Uma que fosse verdadeiramente comestível e pudesse me manter vivo e nutrido. Consegue ser ainda mais complexo, veja bem.

#Riscado Os trouxas me matariam de fome se eu não fizesse.##

#Riscado Para sobreviver ultrapassamos muitos limites.##

Era muito escuro no armário...

#Riscado Não tinha como saber, com certeza, se era minha magia ou a da vinha trazendo o pão##

Eu era ingênuo. Achava que estava invocando as coisas. Tentava outras técnicas, tentava entender como os bruxos adultos iam de um lugar para o outro, o que era bem mais difícil! Gastava muito mais energia e dava mais fome! Se entendesse das coisas nunca teria visto isto como opção viável, mas, pelo menos, foi o que me fez conseguir a aparatação tão cedo. Viria a ser muito útil.

Eu nem teria conhecido Neville sem isso.

#Riscado Devo agradecer aos porcos por tentarem me matar tantas vezes?##".

Diário de Harrison Potter, anotação sem data.

-x-x-x-

Fevereiro de 1984.

Coisas que Harry já havia conseguido entender de sua nova vida e do mundo:

A primeira era que adultos não acreditavam em crianças. Em todos os sentidos.

Desde confiar quando Harry dizia que não tinha sido ele a quebrar o copo, mas sim Duda, até a acreditar que ele tinha alguma capacidade para se virar sozinho.

A senhora Flig não confiava em Hazz para deixa-lo ir à biblioteca (o que ele pediu desde que a senhora lhe contou que existiam).

Biblioteca foi a segunda coisa que Harry poderia se orgulhar de entender: havia um lugar (vários até), onde poderia conhecer as coisas sem se preocupar que as pessoas explicassem para ele.

Haviam escolas também.

Quando ele descobriu ficou empolgado, lá teriam pessoas que estudaram e foram contratadas apenas para explicar, ensinar, ajudar a crescer. Professores. O olho de Harry brilhava com a ideia de conhecer um. Eles deveriam ser tão inteligentes!

Mas não eram.

Eram mais um grupo de adultos que não entendiam.

Pessoas que não viam a magia, não a tinham (assim como Duda ou Valter) e tratavam Harry como idiota, sempre acreditando nas mentiras dos tios, não nele e nas marcas rochas.

Primeiro pensou que poderiam ser apenas os da creche totalmente incapacitados, mas ao tentar falar com os de turmas mais avançadas percebeu que o padrão se repetia.

Pessoas chatas e cuja a única luz era um brilho no peito. Suas almas.

Harry eventualmente entendeu que quem não tinha magia tinha apenas o brilho da vida, o que um dos livros que leu chamou de alma e assim ficou. Quem tinha magia.... bem... Era mais. Uma ligação entre sua alma e o que a magia podia fazer, como elas interagiam e se mostravam. Era bonito.

Mágicos eram lindos de se ver. Não mágicos... pareciam tão sem graça...

Outra das coisas que entendeu (uma das mais importantes) era que não passava de um fardo, um estorvo. Era estranho, ou bizarro, errado, coisa, menino, garoto...

Nunca foi Harry, não para os tios.

Mas ele entendia o porquê.

Ele foi deixado na porta deles do nada, era uma pessoa diferente de um jeito que não tinham capacidade ou conhecimento para lidar, coisas estranhas aconteciam com Hazz e eles tinham medo delas. O casal nunca teve escolha sobre isso e, para piorar, uma criança a mais para criar era um gasto imprevisto. Não deixaram nada de Harry com ele. Sejam roupas, um berço (não que os Dursleys tivessem tentado comprar nada disso, mas enfim), mamadeira, comida, educação, tudo valia dinheiro e nada que pertencia ao Potter veio com sua presença. Só gasto. Nada além de problemas.

Tia Petúnia teve que deixar Harry e Duda sozinhos com a vizinha ou (muito pior para o menino e a própria mulher) a irmã de Valter. Tudo para poder trabalhar.

Para uma família tradicional como aquela, era uma vergonha que Valter não pudesse sustentar a mulher, que ela tivesse que ter o próprio emprego e não pudesse apenas cuidar da casa e se dedicar a criação de seu filho. Não só uma vergonha, como uma tristeza para ambos que gostavam do arranjo de "família perfeita".

Petúnia queria estar com Duda e apenas isso!

Foi forçada a deixar outras pessoas criarem de seu menino, nem sempre como ela mesma teria escolhido, isso para poder alimentar uma criança que não desejava, que não era dela e era estranha.

A vida deles mudou de forma drástica e complicada por causa de Harry.

Então ele realmente entendia a raiva com que lhe olhavam, ficou verdadeiramente feliz quando Valter começou a falar de uma promoção e quase pediu desculpas algumas vezes a eles por estar ali, por ter causado problemas.

Estranhamente, sempre que a ideia lhe vinha, também ouvia a si mesmo gritando na mente: "não! Eles não merecem!", então desistia.

Mas então houve o primeiro grande acidente.

Harry comemorou, bateu palmas e parabenizou Valter por ter conseguido a promoção algumas semanas depois, mas o tio... não gostou.

Ele ficou furioso. Talvez tenha sido algo que ele falou?

- Parabéns tio! Será que agora a tia pode ficar o dia todo com o Duda, como ela sempre quis?

- Você, estorvo! Cale a boca!

- Valter... – começou Petúnia.

- Você tem que ser muito grato por nossa generosidade! – gritou o homem, cuspindo as palavras, pisando firme até o sobrinho que nem se mexeu.

- Eu sou.

- Por sua causa estamos nessa situação! – ele já estava ficando vermelho de raiva.

- Eu sei, me desculpem, nunca quis causar problemas – foi a primeira vez que Harry achou uma oportunidade para dizer aquelas palavras.

"Não se rebaixe para eles!" gritou seu interior.

"Agora já era" pensou descartando a sua confusão interna.

- Mas causou! Muitos problemas! - continuou Valter. - E você nunca mais vai causar! Vai trabalhar como minha Petúnia teve! Assim que crescer mais um pouco, vai fazer as tarefas! Pagar por esse teto!

Parecia algo razoável, Harry pensou. O que ele poderia fazer? Lavar a louça? Ele era muito pequeno para isso... Talvez com um banquinho? Ele poderia usar a magia para agilizar o processo e deixaria os tios felizes.

"Não aceite ser elfo doméstico desses trouxas!" indignou-se sua voz interna, cheia de nojo, apesar de muito baixinho. Mas... O que raios era um elfo?

- Tudo bem - concordou Harry, ignorando mais uma vez sua cabeça confusa. - Como quiser Tio.

E então Harry levou o primeiro grande tapa. Bem no rosto.

- Não me venha com tudo bem. Acha que um pouquinho de educação vai resolver o problema que você é? Eu soube o que você fez na escola ainda por cima!

- O que eu fiz? – Perguntou Harry ainda atordoado, sentindo a pele arder e ficar vermelha.

Levou a mão para a bochecha para tentar aliviar a sensação.

- Duda nos disse que você rasgou o desenho que a professora mandou fazer.

- Ele que não fez.

Outro tapa.

Esse Harry entendeu porque levou. Ele nunca devia falar nada sobre Duda.

- Sua peste!

- Desculpe - pediu.

Outro tapa. Dessa vez forte o bastante para ele cair no chão. Petúnia grasnou atrás dele, mas não falou nada para impedir.

- Eu sei o que está fazendo! Acha que não escuto os barulhos a noite?

Harry escolheu ficar quieto. Os barulhos eram de quando ele tentava teleportar? As vezes acabava batendo na parede, mas era sem querer, é que o espaço era muito pequeno...

- Suas esquisitices nunca serão permitidas aqui, está entendendo? Nunca! Essa coisa que sua mãe prostituta e seu pai drogado deram a você! Nunca permitiremos gente da sua laia fazendo o que quer! Essas... esquisitices!

- Quer dizer, minha magia? Você sabe sobre ela?

Harry entendeu finalmente e da pior forma que "magia" era proibido para os Dursleys, a própria palavra ou a ideia dela.

Valter gritou muito, xingou a ele e a seus pais, falou coisas horríveis e o bateu com um cinto. Harry sequer se lembrava de todo o ataque verbal, pois ele entendia que era baseado única e exclusivamente em uma coisa:

Medo.

Ele não teve raiva de Valter, mas uma sensação esquisita que ainda não sabia nomear. Talvez.. aversão?

Mas algo que estava com Harry teve raiva e atacou.

Nunca soube exatamente o que foi, ele estava de olhos fechados e com dor, de joelhos e segurando o tapete com força para não gritar a cada golpe que lhe era acertado, cada vez que a fivela o atingia, mas quando o metal rasgou a sua carne pela primeira vez fazendo-o sangrar tudo girou. Houveram diversos barulhos de coisas quebrando e caindo, o grito de Valter sendo o que chamou mais atenção além do baque de seu corpo gordo caindo no chão.

O menino abriu os olhos e viu seu tio e sua tia bem longe dele, a sala e a cozinha estavam totalmente destruídas, os móveis quebrados e revirados, manchas que pareciam musgo verde com raízes pretas se espalhavam por todos os lados, mas se mexiam, continuavam crescendo, a maioria saindo do ponto exato em que estava no chão.

O tio estava com dor, gemendo a alguns metros na cozinha, cuspindo sangue. Petúnia chorava horrorizada e gritando:

- Aberração! Sua aberração! Olhe o que fez!

Harry se tornou "aberração" naquele dia. Na noite em que o casal de tios o encarou como se fosse a mais temível das criaturas.

Aprendeu que magia e o que era capaz de fazer era quase uma arte demoníaca, inumano e errado.

Para os não mágicos.

Entendeu que eles temia isso. O pequeno Potter tinha um poder que a maioria ali apenas sonharia em possuir. Ele era forte e especial. Era estranho.

As pessoas temem o que é estranho e com o medo vem a raiva, a dor, retaliação, segregação. Vinha o pior do ser humano. Ele passou a não gostar das pessoas que tinham medo.

Covardia era a pior coisa em seu vocabulário. Seus tios não passavam de covardes assustados.

-x-x-x-

"Um covarde é tão capaz de fazer as piores coisas quanto o mais corajoso e ambicioso dos homens. Eu gosto dos ambiciosos,

##RISCADO mas quero que os covardes morram lentamente##

Existe remédio para a covardia e é o conhecimento. O problema é que as pessoas continuam limitando o conhecimento exatamente por temer. Se afugentam com a ideia de  pessoas verdadeiramente fortes irem longe demais se souberem em demasia. Não adianta proibir o saber, criar barreiras para até onde as pessoas podem ir.

No fim os que buscam grandeza vão apenas ter que ser mais cruéis para alcançar seus objetivos.

O governo transforma conhecimento em certo ou errado, divide a magia em "do bem" e "do mal" para criar limites. Controlar a população. O governo é covarde.

#Riscado Mas não há bem nem mal na magia, ela é poder, energia viva, só existem os fracos demais para buscar em seu máximo##

Diário de Harrison Potter, anotação de 1993.


Como agora Valter tinha aquela promoção e as coisas poderia voltar a ser como os Dursleys queriam, o casal decidiu comprar um guarda roupa novo para Duda e dar o quarto de visitas como um segundo para seus brinquedos.

Queriam mimá-lo para compensar pelos anos "sofrendo com o primo aberração". Infelizmente, para eles, ninguém podia ficar com o Potter naquele dia então tiveram de leva-lo.

Ainda estavam com medo de andar com "a coisa" na rua, não se esqueciam do seu ataque, tiveram de pintar até o teto dos cômodos onde aquela mancha verde com veias negras se espalhou e não sumiu, mesmo depois que o menino foi trancado.

Pelo menos tinha parado de crescer e ir na direção deles.

Harry foi instruído a ficar quieto, segui-los como uma sombra, mas não falar, não se mexer bruscamente e fingir que não existia.

"Ou eu te mato" foram as exatas palavras do tio.

O menino não se importou com isso, pois naquele dia finalmente conseguiu ver com clareza o que saia de si mesmo.

Ver a forma de sua alma e magia em um reflexo.

Se aproveitou de um momento em que os Dursleys estavam especialmente distraídos e foi até o fundo da loja, em uma parede inteira de espelhos.

Ficou muito feliz com o que viu.

Pareciam sombras saindo dele, mas verdes (apesar de quase nada opacas), da cor de seus olhos! Ficavam se mexendo aleatoriamente, formando padrões e se espalhando por toda a loja. Subiram como riscos enquanto estava ansioso, mas se acalmaram quando já se acostumou com a visão, tornando-se expansiva.

Como os tentáculos do homem cobra tinham sido, sua magia deixava marcas quando passava. Harry havia percebido várias bolinhas verdes espelhadas pela loja, igual ao musgo na casa dos tios no acidente, só agora entendeu que vinha dele! Não era sujeira do estabelecimento. Só ele estava vendo... Sua essência impregnada. Totalmente verde.

Só que na casa ao atacar o tio havia preto também...

Esquecendo essa informação, por enquanto, foi percebendo as peculiaridades de sua essência. As "sombras", ou tinta viva, também poderia se assemelhar um pouco com isso, se misturavam com as próprias sombras dos outros objetos e preenchiam todo o ambiente. Leve, calma e curiosa, apenas se esticando para conhecer e absorver o que podia dos arredores.

Assim como Harry, sua magia só queria saber mais do mundo e estar em todos os lugares que pudesse! Se adaptava e explorava...

Então ele decidiu controla-la.

Conseguiu fazer, respirando fundo e se concentrando, com que se encolhesse e juntasse em seu peito, cobrindo a bolinha que era sua alma. Escondê-la. Teve a impressão de que era melhor assim. Mantê-la para si e impedir que outro bruxo a sentisse.

Depois daquele dia começou a treiná-la.

Agora que tinha uma boa imagem mental dela conseguia visualizar melhor os resultados que queria, mesmo sem um espelho, podia sentir os pontos exatos em que estava e fazer coisas com que tomasse formas específicas.

Fez virar mãos e agarrar o tornozelo do amigo mais rápido de Duda para que não o alcançasse um dia que tentaram lhe bater. Cercou uma bola e faz atingir o primo quando estava passando ao lado da aula de educação física dos mais velhos (foi um anglo bem estranho, mas suficientemente possível para não ser suspeito).

Conseguia fazer ela dançar, forçar a trocar de cor, criar algo novo ou obedecer a algo que pedia.

"Levante isso" pensava e a magia fazia. O objeto começava a flutuar após suas sombras se misturarem as da própria coisa.

Mudava a cor das plantas, depois tornava ao normal, consertava os pratos que quebrava quando a tia não estava vigiando-o de perto, mas os principais treinos eram em seu armarinho em baixo da escada, durante as noites.

Um dia ele leu um conto infantil, escondido na escola, que falava sobre palavras mágicas, e isso fez se lembrar do homem que matou sua mãe.

O desconhecido de olhos vermelhos tinha falado, tanto para ele quanto para Lilian: "Avada Kedavra". A repetição o ajudou a não esquecer. Toda a situação também, é claro.

Ele via aquele dia nos sonhos (ou pesadelos) quase todas as noites.

Então, um dia, Harry achou um rato no jardim. Transformou uma das ervas daninhas que estava arrancando em um pequeno pote e guardou a criaturinha no armário, para usar a noite.

Odiava aqueles bichos ridículos.

Quando estava suficientemente tarde, pegou a coisa e o encarou com nojo.

Sem medo de acordar os parentes, em prol de seu treinamento, disse em alto e bom som:

- Avada Kedavra!

Sua mão ficou verde com magia concentrada, as sombras se agitando por todo o quartinho, cercou em um redemoinho e entrou no rato.

O animal pareceu muito abatido.

Mas estava vivo!

Respirando fraco e com a língua de fora, mas irritantemente vivo.

Talvez Harry precisasse de uma varinha?

Pegou um osso caído no chão (restos de um jantar que a querida família havia lhe oferecido depois de ele mesmo ter sido obrigado a cozinhar a maior parte) e apontou para a coisinha.

Primeiro, focou em sua magia.

Ela parecia cada dia maior, mais concentrada, a cor verde ficando mais viva e sólida (Harry estava condicionando-a para ficar contida à sua volta, como uma camada protetora, o que dava essa sensação de rigidez).

Segundo, acreditou na ideia de matar o rato.

Ele tinha que querer aquilo, afinal sempre que conseguia fazer magia ele queria o resultado, de verdade, então instruía as sombras a se moverem para isso.

Terceiro, decidiu se focar na vinha negra.

O homem que matou seus pais tinha deixado aquela presa à Harry, talvez até involuntariamente. Um pedaço de sua magia e de sua alma. A coisa preta nas paredes junto com seu musgo no acidente era ele. Não tinha como chegar em outra conclusão.

Era tão pequeno, que o menino tinha certeza que não faria diferença para o homem, nem se estivesse vivo, mas ainda assim era um pedaço dele e que de alguma forma se misturou a própria essência.

Tornou-se quase um bichinho de estimação conforme Hazz lhe dava atenção. Observava quando estava de frente a um reflexo qualquer, uma cobrinha que a cada dia ficava mais corajosa e se permitia vagar pela magia do menino. Um risquinho escuro no meio do verde.

Mas que podia crescer, quando queria e tentava.

Ele chamou aquilo de Tom, nunca soube exatamente o porquê deste nome, podia ser qualquer um, mas o importante era que "vinha" o irritava.

Era um ser vivo, uma alma, merecia nome!

A magia Tom crescia na mesma proporção que a sua, se alastrando pela sua pele, criando raízes, mas apenas superficialmente, já que quando tentava ir mais fundo seu sangue o parava e machucava.

Harry conseguia sentir, ver e, se conversasse com ele, Tom as vezes reagia.

Assim como quando atacou seu tio, ajudava nos momentos de necessidade. Só um empurrãozinho na direção certa ou simplesmente dividindo a força que faltava para terminar. Sentindo a intenção do menino e aceitando estar com ele nisso.

Eram a única companhia um do outro. Tom e Harry, nunca mais sozinhos.

Os dois juntos então, focando no rato e na sua morte, poderiam conseguir.

Pensou no raio verde que a magia deveria lançar, sentiu frio, sentiu a casa tremer, sentiu sua magia crescer, expandir, cobrir todas as sombras, tudo era verde, exceto pela vinha de Tom embrenhando-se na pele. Tudo se moldou, girou... Tornou-se um raio de luz verde que queria sair e soube que estava quase!

Mas então ouviu seus tios acordarem e gritarem, por isso parou e for dormir às pressas.

No dia seguinte estava tão cansado que decidiu que não tentaria mais usar aquela magia sem uma varinha. Não é nem como se ele tivesse planos específicos de matar algo.

Apesar de a ideia ter sido sussurrado em um canto da mente quando também foi castigado por ter "causado um terremoto".

Esses sussurros da parte sombria do pequeno Potter pareciam começar a ficar frequentes.

.

.

"No começo 'Tom' era fraco e totalmente instintivo, como um animal mesmo. Um gato que aparece para pegar algum alimento depois some. Você sabe que mora com você, mas não tem certeza se o bicho pensa o mesmo, ou se só está ali enquanto for útil, mas em seu interior te despreza como apenas mais um macaco pelado.

Às vezes eu tinha medo que meu sangue o queimasse, pois, a única coisa que diferenciava Tom de um simples parasita era como eu conseguia ouvir seu desejo pela vida. Eu era vida para ele, sua única chance de se agarrar a esse mundo, então tinha pena.

##Riscado Tom odeia que sintam pena dele. Ele é uma alma penada muito orgulhosa##

Talvez por isso me ignorava e só aceitava dividir sua força quando eu estava correndo risco de vida realmente. Precisava de mim, afinal. Quando estava sangrando ele reagiu...

##Riscado mas também no dia que ficou curioso se eu poderia mesmo matar, apenas por que quis. Usar um Avada sem varinha e tão novo. Ele ajudou ##

#Riscado Será que ele nunca conseguiu? Tom fica bravo quando penso em ser melhor que ele em alguma coisa... mas talvez eu seja##

##Riscado Ele também não gosta do nome Tom, mas não vou trocar agora##

##Riscado É uma criança birrenta, se quer saber!##

O maior problema é que ele tinha menos paciência do que eu. Então houve o segundo acidente e tudo ficou mil vezes pior..."

Diário de Harrison Potter, anotação sem data.

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Olá, olá! Boa segunda-feira a todos! Como estão?

Gostaram desse capítulo?

Ele é menorzinho, foi um dos primeiros que fiz para a fanfic, mas acho que passou bem o que deveria. A infância de Harry, como vocês notaram, ainda tem muito mais coisas para explorar, muito aconteceu com nosso menino até finalmente estar sendo tutorado por Mitrica. Por isso, queria saber a opinião de vocês!

Alguns acham melhor que eu intercale passado e presente, então, para que dê tempo de escrever mais um pouco e revisar um capítulo inteiro, a ser postado ainda essa semana, as votações irão até quarta e serão o seguinte: o que terá no próximo capítulo?

a) Passado do Harry (e o primeiro encontro entre ele e o Nev).

b) De volta ao presente.

Espero que continuem comentando, votando em cada capítulo e gostando da história! Muito obrigada e tenham uma boa noite!

Ps: Ainda triste que o celular tira o efeito de letras riscadas e não deu pra ficar tão legal quanto eu queria

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