Capítulo 1- Beauxbatons e Durmstrang
Capítulo 1- Beauxbatons e Durmstrang
"Instituto de Aprendizagem Mágica Durmstrang,
Lar do aluno conhecido como..."
Todos os alunos de Hogwarts estavam mais do que empolgados, o torneio tri-bruxo é um campeonato entre as três maiores escolas de magia da Europa: Academia de Magia Beauxbatons, Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e Instituto Durmstrang, e o castelo da Grã-Bretanha iria sediar esse ano. O último evento do tipo tinha sido em 1792 então poucos tinham mesmo a menor noção sobre o que esperar, não só isso, entre as conversas ficou claro a curiosidade dos alunos em relação aos colegas internacionais que iriam, não só estar no castelo, como estudar com eles.
No dia primeiro de setembro daquele ano, primeiro dia em Hogwarts, Dumbledore havia não só anunciado o evento como explicado que, durante as conversas para organizar o evento, o Instituto Durmstrang ofereceu mais do que só uma competição.
- Como este ano teremos a regra de alunos maiores de dezessete... – Começou Dumbledore e deu um tempo para os alunos reclamarem, a mesa da grifinória principalmente, tão alto que mesmo os gêmeos Weasley não conseguiam chamar atenção o bastante para entender o que falavam. – O diretor, Igor Karkarof e o vice-diretor Lakroff Mitrica, da Durmstrang ficaram preocupados com o desempenho dos alunos do sétimo ano em suas provas de fim de curso, os NEWT's correspondentes a eles. Normalmente receberíamos apenas os alunos capazes de participar e que tinham interesse em se inscrever, e os professores procurariam formas alternativas para lhes dar as aulas a distância, o que não seria tão difícil com o número reduzido de pessoas. Entretanto, o vice-diretor Mitrica, junto com nosso corpo docente e nossa querida vice diretora Mcgonagall, organizaram o currículo do instituto para que eles possam ter aulas aqui conosco.
Os alunos começaram a fofocar, sonserina e corvinal fazendo muito mais barulho do que era o normal. Os de azul empolgados com a possibilidade de conhecimento novo e os de verde espalhando a expectativa: Durmstrang ensina artes das trevas! Eles poderiam aprender algumas coisas escondido, certo?
- Durmstrang possui muitas eletivas, algumas ainda novas, iniciadas ano passado – explicava Dumbledore – Nos últimos tempos eles vem procurando oferecer campos diversos aos seus alunos e aperfeiçoando as aulas que já possuíam. O objetivo é que esse ano vocês possam escolher participar das eletivas deles também, assim como eles as nossas.
Mais uma vez o salão principal explodiu em falas, os alunos da corvinal extremamente irritados. A maioria deles não possuía mais nenhum tempo livre. A voz de Herminone Granger na mesa da grifinória, entretanto, conseguia facilmente competir com a mesa de azul em sua indignação, afinal ela mesma fazia um número quase no limite do humanamente possível de eletivas. As que ela descartou só foram dispensadas após um ano inteiro usando um vira tempo e quase enlouquecendo!
- Entendemos que muitos alunos fazem apenas o mínimo das eletivas exigidas, entretanto tantos outros já possuem todos horários completos... – ele continuou, calando o burburinho. – Vocês podem se acalmar, pois todos terão a chance de participar de pelo menos uma aula com nossos colegas. Os horários esse ano foram totalmente modificados para se encaixar nessa nova experiência. Durmstrang chegará no dia 29 de outubro, durante os dias 30 e 31 vocês serão atualizados sobre o novo funcionamento, enquanto isso, nesses dois meses até a chegada deles, seus professores mostrarão como algumas de nossas eletivas se fundirão as deles e todos teremos as aulas juntos. Devido a isso, uma boa parte do corpo docente deles virá para nossa escola e todos os alunos a partir do 5º ano também. Algumas aulas, como poções, serão dadas as eles pelos nossos professores, fazendo com que os deles possam ficar no instituto cuidando dos mais novos, mas essas serão as algumas devido as diferenças entre nossos currículos e as exigências de suas provas. Vocês poderão acessar o currículo completo do que as novas eletivas oferecem para se inscrever, mas nenhuma é obrigatória, é apenas uma chance de aprenderem coisas novas de uma cultura rica e diferente da nossa.
O velho diretor continuou dando mais algumas explicações, também sobre os alunos da Academia de Magia Beauxbatons e como se encaixariam nesses arranjos. Naquela noite todos os alunos dormiram um tanto mal, empolgados com o que o novo ano prometia.
Na sala comunal da grifinória, por exemplo, as duas da manhã ainda haviam alunos conversando, mesmo com as broncas dos monitores. Em um conjunto de poltronas e sofá próximos a lareira estava "o trio de ouro", os "queridinhos" do diretor, como os sonserinos mais gentis chamavam (nos dias em que estavam de especial bom humor), composto por Ron Weasley, Hermione Granger e Neville Longbottom (o menino de ouro). Hoje Gina Weasley estava com eles também, mas ela era um membro quase tão presente do trio que logo acabaria fazendo as pessoas os chamarem de quarteto.
- Da para acreditar? Aulas totalmente novas! Com alunos de um país diferente! Se fizermos um esforço podemos até aprender uma língua nova! – comentava Hermione tão empolgada que mal parecia respirar. – Nossa, os professores devem ser bons, afinal eles vão ter que dar as aulas que normalmente são em... que língua falam na Durmstrang? Ah, não importa! Eles terão de dar em inglês, seria um desafio e tanto! Será que eles terão dificuldade com isso? As aulas serão afetadas pela tradução? Ou...
- Hermione! – reclamou Ron, a interrompendo. – Teremos um torneio sangrento com prêmio em dinheiro e glória eterna, e você está concentrada nas aulas que um instituto de magia negra vai oferecer?
- Ronald, por favor, é claro que Dumbledore verificou o que será dado nas aulas, não é à toa que eles já possuem o currículo do curso.
- O que nosso irmãozinho que dizer... – começou um dos gêmeos, ninguém ali sabia dizer qual.
- É que as aulas podem até ser interessantes... – continuou o outro.
- MAS estamos falando do torneio tri-bruxo!
- Aquele que tirou vidas e teve que ser cancelado!
- Isso sim é interessante! – terminaram juntos.
- Que diferença faz para vocês? Nem poderão participar.
- Daremos um jeito.
- Como? – Perguntou Gina sorrindo em desafio.
- Querida irmãzinha... – começou aquele que Gina achou ser Fred (Ron achava que era George).
- Daremos um jeito.
- Assim que Dumbledore informar como acontecerá a seleção.
- Ele acha que deixar essa informação para o último minuto vai nos impedir.
- Grande engano.
- Vamos nos inscrever – voltaram a dizer juntos. – E vencer!
- Só um poderia entrar de toda forma – brincou Neville.
- Detalhes – murmuraram juntos.
- Acho que vou me inscrever – murmurou Angelina próxima a eles.
O comentário, mesmo que baixo, pareceu calar todos no salão para então o explor em apoios e tapinhas de incentivo.
Enquanto a maioria se concentrava em Angelina, a primeira com idade necessária a declarar a intenção, Ron murmurava sobre como seria incrível participar, se seria possível repetir o torneio quando ele estivesse no último ano, Hermione tentava engatar a conversa sobre as aulas com Gina que tentava pensar em uma desculpa para fugir do assunto. Nenhum deles prestou atenção no menino de ouro, que encarava a lareira perdido em pensamentos.
"Eu vou escrever uma carta para ele" pensou enquanto a imagem de seu amigo vinha a mente. Neville também imaginou se, assim como eles, a algumas horas atrás em um castelo em altas montanhas cercadas por florestas, em algum lugar entre a Suécia e a Noruega, os alunos da Durmstrang teriam recebido a notícia do torneio tri bruxo. Era uma pena que seu amigo, assim como o próprio Neville, tinha apenas 14 anos, então não poderia vir para o evento.
Dumbledore havia dito que alunos a partir do 5º ano viriam. De repente Neville quis, assim como Ron, que outro evento destes acontecesse em sua formatura, mesmo que a ideia de mais um ano cheio de emoções não fosse muito agradável.
Afinal com sua "sorte", mesmo que não se inscrevesse, acabaria sendo chamado se tivesse idade.
Todo ano algo acontecia, já havia se acostumado, mesmo que torcesse no início de cada setembro para esse ser diferente.
Mas de novo sua mente foi para sua amizade improvável com o garoto da Durmstrang, se ele estivesse ali Neville podia jurar que teria alguma chance em uma loucura como esse torneio, o seu amigo sempre ajudou a ser a pessoa forte que todos diziam que Longbottom era hoje, mesmo que se vissem tão pouco e praticamente só se falassem por cartas.
No meio das conversas alguém ainda mencionou a emoção de ter o ex-auror Alastor Moody como professor, mas esta era só mais uma das mil inquietações.
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Querido amigo de ouro
Alguns alunos da Durmstrang já estavam sabendo do torneio desde maio. Sim, antes do fim do ano letivo, desculpe não ter contado quando nos vimos na copa mundial, não queria estragar a sua surpresa. Surpresa! Já decidiu quais eletivas você vai querer fazer? Quer meu conselho para alguma? Aquela desculpa esfarrapada de aula que vocês têm de "defesa contra as artes das trevas" ainda está com um professor horrível este ano? Estava curioso para frequentar e ver com meus próprios olhos as atrocidades de que tanto ouço falar. A propósito, acho que tenho mais uma surpresa para você e esta, assim como a outra, você vai ter que esperar, mas vou te dar uma dica: vou pedir aos alunos que irão para Hogwarts levarem e cuidarem enquanto estiverem por aí, ajude-os nessa tarefa, sim?
Você tem algum palpite de qual aluno da sua escola seria uma boa escolha de campeão? Por aqui todos tem certeza de que será alguém da minha casa, a HAUS FEUER, você sabe, nós somos os ambiciosos e corajosos, cheios de cobiça pela grandeza, o que já é um ótimo motivo para acreditar que todos da casa vão se inscrever, sem medo do perigo e orgulhosos é quase uma questão de honra para os com idade colocarem seu nome no evento, mas se um de nós não for selecionado haverá guerra, guarde minhas palavras, como os mais próximos dos pecados capitais, nossa ira e inveja farão nós transformarmos a vida de qualquer outro selecionado em um inferno (leia aqui minha risada maligna, aquela que você sempre engasga quando faço bem na hora que está bebendo alguma coisa).
Você me disse que minha casa era o pior e o melhor que a sonserina e a grifinória tem a oferecer, não é? Acha que alguém dessas casas aí será o campeão? Sonserina provavelmente não, já que eles prezam muito pela auto preservação e o prêmio não compensa tanto. Grifinória então? Algum corajoso e impulsivo já se manifestou?
Fico feliz por você, que este ano as coisas poderão ser mais calmas, apenas como espectador, mas lembre-se o que eu te disse: palavras tem poder, muito, por isso as usamos para fazer nossa magia, tome cuidado com o que sai de sua boca, o perigo está aí Neville, nós dois sabemos que nunca devemos relaxar. Meus amigos, entretanto, cuidarão de você, pode contar com eles, até os piores.
Cumprimentos,
Aquele que odeia títulos.
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No dia 20 os nervos dos alunos estavam no máximo, quando o trio de ouro chegou ao saguão de entrada viram-se impedidos de prosseguir pela aglomeração de alunos que havia ali, em torno de um grande aviso afixado ao pé da escadaria de mármore. Rony, o mais alto dos três, ficou nas pontas dos pés para ver por cima das cabeças à sua frente e ler o aviso em voz alta para os outros dois.
"TORNEIO TRIBRUXO
As delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão às seis horas, quinta-feira, 29 de outubro. As aulas terminarão uma hora antes..."
– Genial! – exclamou Neville. – É Poções a última aula de quinta-feira! Snape não terá tempo de envenenar todos nós!
- Teremos poções no último horário de sexta-feira também, Neville - lembrou Hermione.
- Quem fez esse horário infernal mesmo? – perguntou Ron com uma careta muitíssimo parecida com a do amigo de cabelos castanhos claros.
"...Os alunos deverão guardar as mochilas e livros em seus dormitórios e se reunir na entrada do castelo para receber os nossos hóspedes antes da Festa de Boas-Vindas" continuou lendo Ron.
– É daqui a uma semana! – exclamou Ernesto MacMillan da Lufa-Lufa, saindo da aglomeração, os olhos brilhando. – Será que o Cedrico sabe? Acho que vou avisar a ele...
– Cedrico? – repetiu Rony sem entender, enquanto Ernesto saía apressado.
– Diggory – disse Neville. – Ele deve estar inscrito no torneio.
– Aquele idiota, campeão de Hogwarts? – disse Rony, quando abriam caminho pelo ajuntamento de alunos para chegar à escadaria.
– Ele não é idiota, você simplesmente não gosta dele porque ele derrotou a Grifinória no quadribol ano passado – disse Hermione. – Ouvi falar que é realmente um bom aluno, e é monitor!
Ela falou isso como se encerrasse a questão.
Neville trocou de assunto antes que Ron começasse a falar muito de quadribol, Neville nunca foi muito bom com uma vassoura, mesmo que nunca tenha se acidentado (na escola) em cima de uma, graças principalmente as aulas com seu amigo (um apanhador incrível) nos raros momentos em que ele vinha a Inglaterra.
Grifinória andava na corda bamba entre derrotas e vitórias, seja no jogo ou na copa das casas.
No primeiro ano Neville, Ron e Hermione haviam conseguido impedir o professor Quirrell, que se mostrou ser Voldemort, de roubar a pedra filosofal (por muita sorte, um amontoado de coincidências, a língua solta de Hagrid e cartas com dicas de seu amigo) e com isso conseguiram pontos suficientes para ganhar a taça (apesar da óbvia crueldade do diretor em ter dado aqueles pontos extras no último minuto na frente de todos, quase desmerecendo a soncerina e só piorando a rivalidade das casas no ano seguinte). Sem contar que Neville ainda achava a própria pontuação exagerada, ele só agiu antes de pensar quando soube que Dumbledore não estava e temendo o que aconteceria com todos se a pedra caísse nas mãos de alguém ruim.
No segundo ano houve o desastre do basilisco e devido a morte que aconteceu na câmera não houve taça das casas, apenas um pequeno memorial e todas as notícias sobre a possível inocência de Hagrid que estava em Askaban e não podia ter matado a menina. Por sorte, Dumbledore conseguiu evitar que soubessem muito sobre seu envolvimento e como ele impediu Gina de ser outra vítima.
Então ano passado, com Sirius Black invadindo Hogwarts, Neville novamente conseguiu a taça das casas ao descobrir a verdade e capturar com sucesso Pedro Pettigrew (com a ajuda dos gêmeos, o mapa do maroto, o vira-tempo de Hermione e mais visitas de Edwiges, a coruja de seu amigo com suas cartas), levando-o à justiça e conquistando após 13 anos em Askaban a liberdade para Black, que agora era professor de trato das criaturas mágicas desde o começo do ano, aula que dava com sorriso no rosto e sempre acompanhado de Hagrid (mais uma vez guarda caça), o que não necessariamente era uma boa coisa visto a disposição para feras que eles pareciam compartilhas as vezes.
Ao menos Black parecia saber como impedir o meio gigante de trazer dragões ou coisa semelhante.
No fim, Neville sabia que tudo dependeu de muita sorte e boa companhia, e na maioria das vezes detestava a fama que estava ganhando, isso o fazia lembrar do segundo ano, ele ainda não conseguia esquecer do rosto de Tracey Davis, a aluna nascida trouxa da sonserina que morreu naquela época antes que o diário fosse destruído. Muitos pensamentos lhe rondaram, a maioria mórbidos demais, ele sacudiu a cabeça e tentou focar no que estava a sua frente. Hermione estava bem, Ron também, Ginny foi resgatada, ele falhou, mas como seu amigo sempre lhe dizia:
Ele tentou.
E nunca uma responsabilidade daquelas devia ter caído no colo de um garoto de doze anos.
Ele fez mais do que devia.
Sempre fez.
A começar por seus pais e agora na escola, com Voldemort.
A voz do bruxo das trevas pareceu entrar na mente de Neville ao pensar no nome:
"Talvez eu tivesse que ter ido atrás de você primeiro, não dos Potters".
Neville não gostava de pensar nisso. Ele era mais forte do que achava que seria capaz, tentava atingir as expectativas cada dia mais pesadas que colocavam nele, mas tinha medo só de lembrar do homem e como ele parecia nunca morrer.
Neville definitivamente teve sorte.
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A emoção ao ver a carruagem de cavalos alados da Beauxbatons ainda desestabilizava os alunos de Hogwarts quando Lino Jordan gritou:
- O lago! Olhem para o lago!
De sua posição, no alto dos gramados, de onde descortinavam a propriedade, eles tinham uma visão desimpedida da superfície escura e lisa da água – exceto que ela repentinamente deixara de ser lisa.
Ocorria alguma perturbação no fundo do lago; grandes bolhas se formavam no centro, e suas ondas agora quebravam nas margens de terra – e então, bem no meio do lago, apareceu um rodamoinho, como se alguém tivesse retirado uma tampa gigantesca do seu leito... Algo que parecia um pau comprido e preto começou a emergir lentamente do rodamoinho... e então Neville avistou o velame...
– É um mastro! – disse ele a Rony, Hermione e Ginny.
Lenta e imponentemente o navio saiu das águas, refulgindo ao luar. Tinha uma estranha aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas que brilhavam nas escotilhas lembravam olhos fantasmagóricos.
Finalmente, com uma grande espalhação de água, o navio emergiu inteiramente, balançando nas águas turbulentas, e começou a deslizar para a margem. Era gigantesco. Um dos maiores que já tinha visto.
Alguns momentos depois, ouviram a âncora ser atirada na água rasa e o baque surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem. Havia gente desembarcando, os garotos viram silhuetas passarem pelas luzes das escotilhas. Os recém-chegados pareciam ter físicos semelhantes aos de Crabbe e Goyle... mas então, quando subiram as encostas dos jardins e chegaram mais próximos à luz que saía do saguão de entrada, Neville viu que aquela aparência maciça se devia às capas de peles de fios longos e despenteados que estavam usando. Mas os dois homens que os conduziam ao castelo usavam peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.
– Dumbledore! – cumprimentou o moreno cordialmente, ainda subindo a encosta. – Como vai, meu caro, como vai?
– Otimamente, obrigado, Prof. Karkaroff.
O homem tinha uma voz ao mesmo tempo engraçada e untuosa; quando ele entrou no círculo de luz das portas do castelo, os garotos viram que era alto e magro como Dumbledore, mas seus cabelos morenos cheios de mechas brancas da idade eram curtos, e a barbicha (que terminava em um cachinho) não escondia inteiramente o seu queixo fraco.
O outro era o oposto em vários pontos, mas somente os pontos que fariam dele um homem verdadeiramente bonito. Era alto também, cabelos loiros como ouro que perdiam a cor conforme chegavam as pontas até se tornarem brancos um pouco a baixo das orelhas, uma trança totalmente branca se prendia ao lado da cabeça, um sorriso de lábios rosados e dentes brancos alinhados com perfeição combinava com os olhos azuis piscina chamativos, um nariz redondinho e empinado e mesmo com toda a delicadeza dos traços, um queixo largo acompanhava músculos firmes evidenciados pelas roupas, as únicas apropriadas ao clima britânico. Uma capa de bruxo em azul escuro como a noite e detalhes em branco.
Quando alcançou Dumbledore, Karkaroff apertou-lhe a mão com as suas duas.
– Minha velha e querida Hogwarts! – exclamou, erguendo os olhos para o castelo e sorrindo; seus dentes eram um tanto amarelados, e Neville reparou que seu sorriso não abrangia os olhos, que permaneciam frios e loucos. – Como é bom estar aqui, como é bom... Este é o professor e vice diretor, Lakroff Mitrica – Karkaroff apresentou.
Neville quase se distraiu o suficiente olhando Lakroff que por pouco não vira o olhar estranho e a hesitação óbvia que Dumbledore teve antes de apertar a mão de Mitrica, que encarava o velho diretor com uma expressão divertida e astuta.
Era o herdeiro Grindelwald, Neville só podia imaginar como era estranho para os dois homens aquela situação.
- É um prazer, diretor Dumbledore – a voz aveludada do vice diretor retirou suspiros de algumas garotas em volta, mesmo com o sotaque muitíssimo marcado que o acompanhava e a idade obviamente mais avançada do homem.
Ele parecia ter em torno de 40, mas muitíssimo bem, obrigada.
- O prazer é meu – respondeu com um sorriso, os olhos dele também não acompanharam o gesto por baixo dos óculos de meia lua.
- Viktor, venha, venha para o calor... você não se importa, Dumbledore? Viktor está com um ligeiro resfriado...
Karkaroff fez sinal para um de seus estudantes avançar. Dois começaram a subir por entre os demais que abriam espaço. Quando o rapaz passou, Neville viu de relance um nariz grande e curvo e sobrancelhas escuras e espessas antes de se focar totalmente no outro, mais baixo do que alguns de sua idade.
Não precisava, entretanto, do soco que Rony lhe deu no braço, nem do cochicho na orelha para reconhecer aquele perfil.
– Neville, é o Krum!
Mas pouco importava Victor Krum naquela hora.
- Professor Karkaroff – começou o outro (que tinha total atenção do menino de ouro) em tom de repressão. – O senhor vai estragar Viktor assim, ele pode aguentar a brisa fraca da Inglaterra sem que o senhor insista em coloca-lo em baixo de sua asa.
- Ele tem razão, diretor. – Começou Mitrica se ponto de frente ao outro garoto para falara com Dumbledore. – Mesmo assim, estamos todos cansados, não é mesmo? Diretor Dumbledore, obrigado novamente por nos receber, podemos entrar?
Dumbledore, pareceu finalmente voltar ao normal, a expressão que Neville já havia associado a figura de um avô estava em seu rosto enquanto parecia brilhar de alegria.
- Claro, entrem! E os demais professores?
- Ajudando todos a desembarcar...
– Eu não acredito! – exclamou Rony, em tom de espanto, quando os alunos de Hogwarts se enfileiraram pelos degraus atrás da delegação de Durmstrang. – Krum, Neville! Viktor Krum!
Mas Neville não poderia estar mais distante, encarando o garoto que seguia Krum de perto.
- Pelo amor de Deus, Rony, ele é apenas um jogador de quadribol – disse Hermione.
– Apenas um jogador de quadribol? – exclamou Rony, olhando para a amiga como se não pudesse acreditar no que ouvia. – Mione, ele é um dos melhores apanhadores do mundo! Eu não fazia ideia de que ele ainda estava na escola!
Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho do Salão Principal, Neville viu Lino Jordan pulando nas pontas dos pés para conseguir ver melhor a nuca de Krum. Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os bolsos enquanto andavam:
– Ah, não acredito, não trouxe uma única pena comigo... Você acha que ele assinaria o meu chapéu com batom?
– Francamente! – exclamou Hermione com ar de superioridade, ao passarem pelas garotas, agora disputando o batom.
– Vou pedir um autógrafo a ele se puder – disse Rony –, você tem uma pena, Neville?
Mas Neville não ouviu, estava tentando entender alguma coisa que os alunos da Durmstrang pareciam conversar entre si.
- Ginny?
– Não, deixei todas lá em cima na mochila – respondeu Ginna.
Os garotos se dirigiram à mesa da Grifinória e se sentaram. Rony tomou o cuidado de se sentar de frente para a porta, porque Krum e seus colegas de Durmstrang estavam parados ali. O garoto que Neville não tirava os olhos se aproximou dos alunos de Beauxbatons e começou a falar em um francês claro, que pareceu surpreendê-los, depois agradá-los e então permitir uma conversa. As garotas pareciam dar sorrisinhos e se ajeitar sempre que o olhar do menino cruzava com o delas, principalmente quando ele se abaixou e beijou a mão de uma das estudantes, indicando uma direção do salão.
– Não está fazendo tanto frio assim – comentou Hermione que os observava, irritada. – Por que não trouxeram as capas?
– Aqui! Venham se sentar aqui! – sibilou Rony quando os alunos da Durmstrang pareceram correr os olhos pelo salão. – Aqui! Mione chega para lá, abre um espaço...
– Quê?
Mas então Durmstrang e Beauxbatons começaram a se encaminhar para o final do salão, em frente à mesa dos professores.
Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando a velha casaca mofada em homenagem à ocasião. Neville ficou surpreso de ver que ele acrescentara quatro cadeiras de um lado de Dumbledore, depois mais cinco no outro.
– Quantos professores da Durmstrang virão? – perguntou Neville.
– Eh? – respondeu Rony vagamente. Ainda olhava com avidez para Krum, se espichando na cadeira. Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram.
Os últimos da fila foram o Prof. Dumbledore, o Prof. Karkaroff, o Prof. Mitrica, Madame Maxime e mais quatro pessoas que provavelmente eram os professores extra da Durmstrang que viriam, mas então faltavam dois? Quando a diretora apareceu, os alunos de Beauxbatons se curvaram. Alguns alunos de Hogwarts riram. A delegação de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e Durmstrang pareceu tirar a deixa para repetir o gesto após o garoto de antes (novamente posicionado ao lado de Viktor) fazer o mesmo, não tornaram a se levantar até que Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Dumbledore. Este, porém, continuou em pé e o Salão Principal ficou silencioso.
– Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes – disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. – Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa.
Uma das garotas de Beauxbatons, ainda segurando o xale na cabeça, deu uma inconfundível risadinha de zombaria.
– Ninguém está obrigando você a ficar! – murmurou Hermione, com raiva.
– O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete – disse Dumbledore. – Agora peço à todos atenção, o presidente do conselho estudantil do Instituto Durmstrang tem algumas palavras para dividir conosco. Por favor...
O sorriso que Neville deu não passou despercebido por Ginna ou Hermione, quando o garoto que vinha acompanhando Krum se moveu por entre os alunos e se colocou em frente a todos no grande salão.
A primeira coisa que todos notaram eram suas roupas, eram bonitas e pareciam ter sido feitas sob medida para, não só se encaixar nele, como deixa-lo mais bonito. Não era o mesmo uniforme marrom com jaqueta e capa vermelha que a maioria estava usando, o uniforme dele era composto pelo mesmo macacão dos outros, mas vermelho, a jaqueta (aberta dando um ar despojado, mas confiante) era branca, com detalhes em ouro e peles, a capa era em degradê, começando branca, tornando-se vinho, então vinho até chegar ao chão em preto, havia uma faixa e no meio um distintivo. Ele exalava importância e força.
Mas não foi isso que tirou suspiros das meninas.
Nem seu corpo que apesar de baixo, mostrava marcas óbvias de músculos treinados na medida certa.
Provavelmente era seu rosto.
Era esguio, mas de queixo marcado e aristocrático, sua pele era lisa como porcelana, cabelos negros cujas pontas, ao serem iluminadas pelas velas, avermelhavam-se como sangue, bagunçados como só eles, cumpridos o suficiente para cobrir a testa com uma franja, mas perfeitos em sua fisionomia. Ele andou até estar de frente para os alunos de cabeça baixa, prestando atenção em cada passo perfeitamente dado em sua postura nobre, mas quando levantou o rosto e todos puderam ver os olhos...
Um verde tão profundo e marcante, emoldurado em cílios negros que podiam ser percebidos mesmo no salão, pareciam duas esmeraldas, olhos tão vibrantes em sua cor, de alguém que dizia: veja meu poder.
Olhos verdes da maldição da morte. Mesmo que nenhum daqueles alunos pudesse dizer isso, já que nunca tiveram o desprazer de vê-la, Alastor Mooddy, em pé no canto da mesa, pode.
O garoto abriu a boca e dessa vez mais meninas suspiraram com o som de sua voz:
- Boa noite, alunos de Hogwarts, é um prazer enorme estar aqui – seu inglês era perfeito, seus modos igualmente, seu tom indicava simpatia e uma confiança invejável. Ninguém tirava os olhos dele. – Alunos de Beauxbatons é igualmente encantador partilhar desse momento com vocês. – Ele acenou para a escola francesa e recebeu acenos de volta, além de alguns sorrisos. – Estamos aqui hoje para um evento a muito esquecido, mas de que igualmente em demasia podemos tirar proveito, uma situação única onde três escolas do continente tem o prazer de se reunir e se conhecer, a oportunidade de viver entre culturas novas, dividir conhecimentos, buscar fronteiras nunca antes consideradas e abrir os olhos para as variedades do mundo é algo esplêndido que poderemos tirar o máximo de proveito. Sei que a maioria aqui está empolgada com o torneio pela simples diversão de ver o que de pior nossos diretores podem pensar para testar nossos colegas e, não só torcer por eles, mas conseguir algo totalmente novo para todos aqui: união.
"Assim como em Hogwarts, Durmstrang também é dividida em casas, onde a rivalidade pouco nos favorece para conhecer pontos de vista e pessoas novas além de nosso círculo íntimo e daqueles que inegavelmente nos assemelham, afinal foram selecionados conosco. Sei que o costume de divisão de casas se estende ainda à Beauxbatons com as casas Noble, Lucttore, Sagesse e Paxlitté (o francês fluía de sua boca quase tão naturalmente quanto respirar). Nesse evento, entretanto, todos teremos e vamos nos unir e torcer por um e apenas um que representará nossas escolas como um todo! Não seremos nossas casas, mas nossas escolas! Não mais competindo entre si, mas contra os outros. São tantas experiências novas para cada um aqui e sem duvidas os espertos serão aqueles que se aproveitarão disto.
"Tal ponto em vista quero agradecer ao corpo docente de Hogwarts por garantir que essa oportunidade fosse ainda melhor aproveitada nos oferecendo a chance de estudar efetivamente com vocês. Durmstrang tem sua própria maneira de ensinar e nosso foco muitas vezes diverge com o de Hogwarts, tenho certeza de que muito já se especulou sobre isso então vamos usar de exemplo: não possuímos aula de 'defesa contra as artes das trevas' no nosso currículo e a chance que Alvos Dumbledore nos deu de entrar em contanto com tal matéria, que talvez nunca conheceríamos, nos deixa definitivamente empolgados.
- Bom... – ele parou por um instante e sorriu, o sorriso pareceu iluminar o salão desestabilizando a todos. – Pelo menos aqueles que querem estudar de verdade, seria uma mentira tremenda se eu dissesse que todos os alunos da minha escola vão querer ter mais aulas do que já somos obrigados, uma boa parte está aqui só pela luta.
O comentário tirou risadas de alunos de todas as escolas.
- Sejamos sinceros, muitos aqui de Hogwarts também não vão se inscrever nas aulas que nossos professores darão, mas aqueles que quiserem acho que vão concordar comigo, não parece divertido? Pensar que nossos professores gastaram os últimos cinco meses revendo cada ponto em cada matéria para descobrir o que eles possuem de novo entre si e assim poderemos conhecer coisas que somente com viagens internacionais, recursos, tempo, pesquisas em bibliotecas, em línguas que não conhecemos, teríamos a chance de alcançar antes? Beauxbatons espero que se sintam confortáveis para se juntar a alguma dessas aulas se assim desejarem, nós da Durmstrang estendemos o convite. Temos já a lista das eletivas que estaremos compondo esse ano e as salas que Hogwarts nos ofereceu para assisti-las, darei a vocês uma cópia que tentei traduzir para o francês, mas prestem atenção na palavra tentar, escrever em sua língua nunca foi minha maior habilidade – mais risadas, dessa vez praticamente apenas dos alunos francesas aos quais ele se dirigia.
- Busquei manter um total de 8 cópias em cada língua. Amanhã pela manhã darei uma cópia para cada monitor homem e mulher das quatro casas das escolas para que eles possam estudar, algumas aulas precisam de autorização dos pais e do chefe de casa para participar e no final há uma lista onde os nomes dos participantes devem aparecer confirmados até a segunda semana de novembro. Documentações, duvidas sobre qualquer aula, dificuldades ou mesmo conselhos podem todos se dirigir a mim.
"Nem Hogwarts ou Beauxbatons possuí o cargo de presidente do conselho estudantil, mesmo na Durmstrang é um sistema novo inserido com a adesão do vice diretor Mitrica, por isso vale explicar rapidamente: eu sou o que seria o monitor chefe, mas também sou o representante de todos os alunos para o corpo docente. Eu e o conselho estudantil que decidimos quais eletivas deviam ser analisadas para serem dadas aqui, nós fomos atrás das legislações e comunicação com o ministério da magia britânico, na maior parte do tempo, para que isso fosse possível, nós passamos horas revendo o currículo que nossos professores tinham a oferecer e comparamos com o que era dado aqui através dos dados fornecidos publicamente. Somos responsáveis por cuidar dos alunos, representa-los nas reuniões de professores, cuidar de suas notas e desempenho escolar, disciplina na maioria dos casos, projetos esportivos, praticamente qualquer projeto novo do currículo da escola e até mesmo tesouraria, o que o diretor e os professores acharem que temos capacidade de fazer, nós fazemos, sempre buscando o melhor para os alunos. Por isso eu repito, qualquer duvida eu e todos do conselho estaremos a disposição sempre para ajudar, somos os com capas, jaquetas ou faixas brancas. Da mesma forma pedirei encarecidamente que os monitores, mas também alunos de Hogwarts, nos ajudem no começo até que nos adaptemos ao castelo e a língua, verão que teremos sérios problemas no começo para nos comunicar, mas acredito que essa é uma das melhores partes, a chance de aprender uma língua nova.
- Você parece saber inglês muito bem! – gritou um dos gêmeos Weasley (Neville achava que era Fred) fazendo a mesa da grifinória e a própria Durmstrang rirem.
- Sou filho de pai e mãe britânicos. Falei na terceira pessoa do plural, mas além de treinar minha medíocre escrita em francês, não terei problema com línguas. Sei, entretanto, que a maioria dos meus colegas dificilmente vai conseguir dizer mais do que duas palavras sem que uma saia toda errada ou incompreensível.
Mais risadas, dessa vez até do diretor da Durmstrang.
A maioria dos alunos estava tão concentrada no menino que não reparou Minerva Mcgonagall se levantando e saindo para uma salinha ao canto.
- Como presidente do conselho, portanto representante dos meus colegas, também gostaria de pedir a licença de cada um de vocês nesse salão para a nossa presença em suas mesas. Imagino que com a quantidade de alunos reduzida aos últimos anos Beauxbatons talvez prefira se sentar juntos em uma única mesa, mas nós da Durmstrang trouxemos praticamente metade da escola conosco, quintos, sextos e sétimos anos e pretendemos fazer parte da vida acadêmica de vocês de forma efetiva por um ano inteiro, portanto, para não incomodar demais nenhuma das casas e oferecer a experiência completa de imersão em Hogwarts, para mim é uma diversão anunciar que nós da Durmstrang teremos a honra de sermos selecionados esta noite!
Como que seguindo a deixa Mcgonagall reapareceu no salão segurando um banquinho velho bem conhecido por todos de Hogwarts e um chapéu ainda mais icônico. O barulho de empolgação no salão foi insano.
- Certo, certo. Atenção! – Chamou Minerva. – Como foi dito, para facilitar a disposição dos alunos no castelo e inseri-los nas aulas de forma mais prática agora ocorrerá a seleção dos alunos da Durmstrang para as casas de Hogwarts.
A professora olhou para o garoto que agora estava ao seu lado e pareceu confusa e surpresa um instante, a maioria, entretanto não notou, pois ele voltou a falar no mesmo instante:
- Durmstrang, claro que esta seleção será temporária e nossas casas sempre serão Haus Luft, Haus Land, Haus Feue e Haus Wasser, não estamos pedindo para se esquecerem disso nem vestirem novos uniformes, saberemos qual casa em Hogwarts nos representa para encontrar nossos lugares nos horários de aulas e mesa durante as refeições, nos sentaremos onde o chapéu, sim aqui a seleção acontece por esse chapéu senciente (alguns podiam jurar ver a fenda no tecido do chapéu se mexer de forma a parecer um sorriso com o comentário), acreditar que estaremos mais confortáveis e com sorte conheceremos pessoas que poderemos nos lembrar quando voltarmos para casa, mas aqui em Hogwarts nós somos um, somos o Instituto de Aprendizagem Mágica Durmstrang e vamos mostrar nossa força. Desculpem alunos de Hogwarts, Beauxbatons, mas vamos ganhar esse torneio – risadas e vivas dos seus colegas foram escutados.
- Au! Au! – gritavam Durmstrang.
Enquanto isso Beauxbatons reclamavam em francês e Hogwarts se enchia de pessoas falando.
– Mesmo assim! – Ele recomeçou alto e todos voltaram a prestar atenção. – Gostaria de agradecer a todos que tornaram esse evento possível e desejar boa sorte aos que forem se inscrever. Será uma honra estar com todos aqui neste ano escolar. Também quero avisar que se algum dos meus colegas fizer qualquer coisa que os desagrade e nenhum professor estiver disponível, lembrem-se que podem sempre vir falar diretamente comigo, estarei à disposição para o que for preciso. Boa noite. – O garoto se curvou levemente para o salão e foi até os alunos da Beauxbatons, voltando a falar em francês.
Mcgonagall pareceu se recompor de seja lá o que a deixou tão distraída e por fim pigarreou:
- Começaremos pelos sétimos anos e seguiremos assim. Os alunos da Beauxbatons podem se sentar onde se acharem mais confortáveis – Enquanto eles escolhiam a mesa da corvinal e se acomodavam a professora abriu uma lista e começou a chamar os nomes.
As pessoas, assim como em qualquer ano, eram chamadas, selecionadas, enquanto se levantavam do banquinho e iam até suas mesas. Haviam as diferenças, entretanto, de podermos ver os seus rostos já que o chapéu não os cobria mais, então quando elas se sentavam era em qualquer local da mesa que pareciam ter idades próximas e espaço. Viktor Krum foi selecionado para a soncerina, o que pareceu decepcionar muitíssimo Rony.
Neville viu que Malfoy, Crabbe e Goyle pareciam muito cheios de si com Krum entre eles. Enquanto o garoto observava, Malfoy se curvou para falar com o búlgaro.
– É, vai fundo, puxa o saco dele, Malfoy – disse Rony com desdém. – Mas, aposto como o Krum está percebendo o jogo dele... aposto como tem gente adulando ele o tempo todo... onde é que você acha que eles vão dormir? Nos dormitórios das casas? O menino lá não falou nada sobre isso, só aulas e mesa. Poderíamos oferecer um lugar no nosso dormitório, Neville... eu não me importaria de ceder a minha cama, e poderia dormir em uma cama de armar.
Hermione deu uma risadinha desdenhosa.
- Qual será o nome dele, a propósito? – Ginna perguntou ainda encarando o presidente do conselho estudantil. – Ele não falou...
Neville, assim como os outros, estava tentando prestar atenção aos novos alunos, aplaudir quando alguém fosse selecionado para a Grifinória, mas assim como a maioria das casas, a cada novo selecionado que se sentava todos pareciam empolgados para conversar, descobrir mais sobre Durmstrang e sobre a casa que ele pertencia por lá. A grifinória logo notou que eles ficaram com a maioria dos alunos da casa Land. A seleção parecia mais rápida do que era com os primeiros anos, então talvez as casas realmente fossem parecidas? Mesmo assim o fato dos próprios alunos do Instituto ficarem atentos a seleção parecia ajudar. Eles, entretanto, não só aplaudiam como pareciam realmente empolgados quando um colega – que deveria ser da mesma casa – ser selecionado com eles, se levantando sempre para abraçar, dar tapinhas nas costas ou brincar em alto som, sempre muito felizes em estarem mais uma vez juntos.
- Que casa Krum era na Durmstrang? Será que são um bando de cobras também?
- Ele é da Haus Feue – respondeu Neville no automático. – O símbolo é um dragão, o elemento é fogo, eles são muito conhecidos pela ambição e orgulho, na verdade por terem os sete pecados capitais correndo pelo corpo, principalmente luxuria, avareza, inveja e ira. Mas também é a casa dos corajosos e espontâneos, com espírito de liderança, eles são capazes de qualquer coisa, seja o que for, pelo que querem, por isso não temem nada e se dedicam muito para chegar lá. São impulsivos e geralmente falam tudo o que pensam sem filtro.
- Dimitrika, Luka! – Anunciou Mcgonagall.
O garoto se sentou e ficou alguns segundos, tempo para Neville perceber que todos mais próximos a ele na mesa dos leões (todos que o ouviram falar, provavelmente) o encaravam.
- O que foi?
- Como você sabe disso? – perguntou Ginna. – Qual o nome mesmos Hau...?
- Haus Feuer – repetiu Neville.
- Você é fã do Krum também Neville? – comentou Ron. – Você nunca falou. Mas é claro, ele é ótimo. Em que revista você viu isso sobre a casa? Eu...
- Não é isso, eu só... Bem, eu sei sobre todas as casas da Durmstrang.
- Grifinória! – anunciou o chapéu em poucos segundos.
Neville aplaudiu, seus colegas também, mas todos os de antes e alguns a mais agora o encaravam ainda.
- Você sabe? – perguntou Hermione, seus olhos refletiam luz ligeiramente mais que o normal devido a curiosidade. – Como?
- Bem... Eu tenho um amigo que estuda lá, ele já me falou sobre elas.
- Você tem um amigo que estuda com Viktor Krum e nunca falou? – Exclamou Ron.
- Foi com ele que fui na copa mundial de quadribol, eu te disse quando recusei o seu convite que ia com um amigo da Bulgária.
- Sextos anos agora! – Começou Mcgonagall abrindo uma nova lista.
- É verdade, você disse, eu nem parei para pensar sobre isso – Refletiu Ginna. – Provavelmente por não conhecer sobre a Durmstrang até então.
- Que amigo é esse? Ele está aqui ou tem nossa idade? – perguntou Hermione, sempre querendo saber todos os detalhes. Seus olhos agora definitivamente brilhavam.
- Bem... Ele tem nossa idade... – começou, meio receoso de como explicar a situação que mesmo ele não entendia bem.
- Que pena! Só vieram dos quintos anos em diante, certo? Você não vai poder ver seu amigo – murmurou Ginny.
- Sim, bem... Mais ou menos.
- Como assim? – Perguntou Hermione.
- É que ele sempre foi inteligente, sabe? Muito. Dizem até que ele é um prodígio.
- Mistrague, Baumer! – Anunciou Mcgonagall.
- Mesmo? – Perguntou Hermione, o olhar astuto.
- O que tem? – perguntou Rony parecendo perder o interesse enquanto ainda queria entender onde aquilo chegaria.
- Ele comentou algumas vezes ano passado sobre uma prova para medir a capacidade acadêmica e talvez pular um ano...
- Ele está aqui então?
- Está.
- Grifinória! – Anunciou o chapéu.
A mesa dos leões aplaudiu enquanto o garoto se aproximava.
- Que incrível! Quem ele é? Qual seu nome? – Perguntou Ginna animada.
Mas Neville não teve tempo de responder, Mcgonagall deu uma espécie de gritinho esganiçado que falhou em conter totalmente, mesmo que tenha tentado disfarçar com uma tosse. Não funcionou, principalmente por sua expressão cheia de choque enquanto ela encarava a lista.
Ela olhou para trás, para a mesa dos professores e a maioria parecia confusa, Neville não perdeu a risadinha silenciosa do vice diretor Mitrica. É provável que a professora de transfiguração estivesse olhando para alguém em específico, mas não dava para se saber dali, então ela voltou para a lista, limpou a garganta e anunciou:
- Potter, Harry!
E todo o salão ficou completamente em silêncio.
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