🍊 𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘰𝘭𝘰 2 | 𝘐𝘭 𝘮𝘪𝘴𝘵𝘦𝘳𝘰 𝘥𝘦𝘭𝘭'𝘢𝘳𝘢𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘳𝘶𝘣𝘢𝘵𝘢
Capítulo 2 | O mistério da laranja furtada
⸺ Que bela forma de dar boas-vindas à sua prima, filho. Arranjando confusão na praça, feito um galo de briga. ⸺ Repreendia, a tia Ofélia.
Haroldo e Rafaela se entreolharam, sentados no sofá em frente à mulher que não estava dando um sermão nele por mal, e sim porque tinha muito medo de fazerem algo pior com seu menino.
⸺ Mas foi o Marco que começou, ele roubou o nosso porquinho.
⸺ Não importa, deveria ter-me chamado para resolver essa situação. Só não quero vê-lo em perigo novamente.
⸺ Mammina... ⸺ Ele correu para o abraço dela.
A ruiva observou a cena com um olhar sorridente, e percebeu o quanto ele era amado por ela. E não demorou para sua tia a chamar para o carinho, que fez os três se aninharem em um abraço apertado.
⸺ Estou muito feliz que veio nos visitar, Rafaela. Você cresceu tanto. Sua mãe também deveria ter vindo.
⸺ Haverá outras oportunidades, tia.
O barulho de uma moto em frente à casa chamou sua atenção, e em seguida um rapaz alto de cabelos pretos e jaqueta de couro adentrou o cômodo com um capacete em mãos. ⸺ Este é o Mattia, meu filho mais velho. ⸺ Apresentou.
O rapaz se aproximou cumprimentando à garota, e como à maioria das meninas na sua pré-adolescência estão com os hormônios à flor da pele. Uma paixão platônica pelo rapaz de olhos claros e estilo bad boy que exalava um perfume fresco cresceu dentro de si.
⸺ Prazer, Rafaela. Espero que se dê bem por aqui, e apesar de ser uma cidade "pacata" ainda existem coisas boas à serem aproveitadas.
Haroldo percebendo o quanto a sua prima estava hipnotizada pelo seu irmão, estalou os dedos em frente aos seus olhos a trazendo de volta à órbita.
⸺ O que é?
⸺ Eu é que pergunto.
⸺ Lavem as mãos crianças, vou pôr o jantar na mesa.
(...)
Depois do jantar, Haroldo levou as malas dela para o quarto que ficava no último andar, mas que tinha uma varanda perfeita. ⸺ Aí graças a dio. Você está carregando ouro nestas bolsas?
⸺ Você é que está muito fraco, eu carreguei essas malas por horas.
O garoto reproduziu uma feição de deboche e saiu batendo o pé para fora.
Rafaela se divertia em provocá-lo, e após cheirar seu sovaco por acidente, constatou que precisava de um belo banho.
Após se lavar, vestiu seu pijama de melancia e preparou sua cama, mas antes que pegasse no sono, ouviu duas batidinhas em sua porta.
Quando abriu, deu de cara com Haroldo que trajava um pijama de carrinho e carregava um pote cheio de pipoca, doces e garrafas de suco de laranja. ⸺ Quer passar à noite conversando? Sou curioso demais para perguntar como é a sua vida no Brasil, somente amanhã.
Ela arqueou uma das sobrancelhas, mas não resistiu ao sorriso que ele sempre reproduzia quando queria alguma coisa, e permitiu que entrasse, e como nunca havia tido uma festa do pijama com suas amigas, se sentiu nostálgica por ser sua primeira vez.
⸺ Então, você não ouve o galo cantar todos os dias pela manhã? ⸺ Perguntou, o garoto de orbes esverdeadas deitado sobre o tapete.
⸺ Quando eu morava em outro bairro, sim. Por conta de uma vizinha que criava galinhas, mas agora não. Só ouço buzinas.
⸺ Pelo jeito que me contou, à sua rotina parece ser bem...triste.
⸺ Nem tanto...
⸺ Bom, não comer frutas direto do pé, não poder passear com os meus amigos sempre, e nem molhar os pés no mar, me parece triste.
Ela revirou os olhos e virou o rosto para vê-lo de cima da sua cama onde estava deitada, e cada traço do rosto dele lhe transmitia serenidade, bem diferente dos meninos da sua escola, Haroldo tinha as bochechas marcadas pelo sol e um brilho incomparável.
⸺ Estou ficando tímido, pare de me encarar desta forma. ⸺ Falou, tampando o próprio rosto com uma almofada.
⸺ Estou te encarando da mesma forma que me encarou desde à estação.
⸺ É diferente...
Ela piscou os olhos, esperando uma explicação.
⸺ Ah mimir. ⸺ Ele bocejou, e pegou uma manta do armário.
⸺ Você vai dormir aqui?
⸺ Se não percebeu, este quarto é meu, mas eu cedi para você e fui para o quarto do Mattia, mas ele ronca feito um motor velho, acho que por conta de dar tanto tapa na pantera.
Ao observar ao redor, o quarto de Haroldo não possuía tanta informação que pudesse deduzir ser um quarto de menino. Era bem simples, mas organizado.
⸺ Mas se você se sentir incomodada, eu posso sair.
Rafaela percebeu o drama carregado em sua voz. ⸺ Não me incomodo, pode ficar Haroldo.
O garoto abriu um sorriso convencido e levou sua manta para um espaço com estofado que ficava abaixo da janela. ⸺ Eu costumo dormir aqui para olhar às estrelas.
⸺ É mesmo bonito, mas que história é essa de tapa na pantera?
Os dois riram. ⸺ É meio complicado, mas não comenta com a mama. Certo?
⸺ Hum, certo.
Os dois conversaram mais um pouco e logo a ruiva adormeceu pelo cansaço e o moreno ficou a observá-la antes de se render ao sono.
(...)
O galo começou a cantar, a cidade começou a trabalhar, mas não foram nenhum desses barulhos que fizeram a garota despertar naquela manhã ensolarada.
⸺ CHAMA À POLÍCIA!!
Os gritos desesperados de seu primo ecoavam por toda a casa, e todo mundo ainda de pijama desceu as escadas correndo para ajudá-lo.
⸺ Meu filho, o que aconteceu? ⸺ A mulher pegou o garoto que estava jogado na grama com o rosto coberto de lágrimas.
O mesmo apontou para a laranjeira ao lado.
⸺ Pegaram todas... ⸺ Murmurou, com a voz embargada.
⸺ Oh dio mio, não fique assim meu pequeno. ⸺ Ofélia tentava consolá-lo, mas parecia impossível.
⸺ O que está acontecendo? ⸺ Rafaela, sussurrou para Mattia.
O rapaz respondeu:
⸺ Essa laranjeira tava lotada de laranjas enormes para a competição, o meu irmão foi o vencedor da última edição, e à próxima seria daqui duas semanas...
(...)
Algumas horas depois, Haroldo continuava encolhido no sofá da sala com o rosto entre os joelhos, e os olhos inchados de tanto chorar e ninguém sabia mais o que fazer, pois os policiais disseram que seria impossível encontrar o culpado, mas que iriam fazer uma pequena busca.
Os garotos do clube vieram correndo, após o telefonema de Ofélia, e a mesma esperava que eles soubessem como ajudar seu filho.
⸺ Meu filho, à mamãe tem que ir trabalhar, mas seus amigos vão ficar aqui com você, tudo bem?
⸺ Uhum...⸺ Murmurou, fungando o nariz.
Ela lhe deu um beijo no topo da cabeça e saiu de casa para o Hospital, onde atuava como clínica geral, e era encarregada de bastante trabalho, pois aquele era o único da pequena cidade.
⸺ Eu vou estar lá em cima, falou? ⸺ Mattia, disse, subindo às escadas.
⸺ Pessoal, eu tenho uma ideia. ⸺ Luigi, disse, arrumando o óculos no topo do nariz.
⸺ Ihh, quando o Luigi tem uma ideia...⸺ Alberto, comentou.
⸺ Gente, pode ser perigoso e se forem ladrões de verdade? ⸺ Vince, disse.
⸺ Mas eles são ladrões, eles furtaram às laranjas. ⸺ Rafaela, corrigiu.
⸺ Ah, mas até eu já peguei as mangas da minha vizinha...
⸺ Vince...você já roubou? ⸺ Luigi, indagou.
O garoto das orbes azuladas sentiu suas bochechas infladas de constrangimento, mas logo viu os seus amigos rindo dele.
⸺ Já imaginou ser preso por ter furtado uma manga? ⸺ Alberto, caçoa.
⸺ Voltando ao plano, à primeira coisa que precisaremos fazer é uma perícia no local do crime. ⸺ Luigi, propôs.
Quinze minutos depois
⸺ Que nojo, à única coisa que encontrei aqui no quintal foi cocô de gato. E aqui nem tem gato. ⸺ Alberto, falou alto.
⸺ Eu encontrei! Encontrei algo que possa nos ajudar. ⸺ Vincenzzo, chamou.
O grupo observou uma pegada cheia de lama marcada no tronco da laranjeira.
⸺ Pelo tamanho, é de uma bota tamanho 44. ⸺ Luigi, concluiu.
⸺ Um homem adulto? ⸺ Vince, supõe.
⸺ Pode ser um adolescente também, tem muita gente por aí com o pé grande. ⸺ Rafaela, completa.
⸺ Vamos tirar foto de tudo que se pareça com uma prova, depois levaremos para o nosso clube. ⸺ Luigi, determinou.
⸺ Mas o Haroldo não está com uma cara de quem vai nos acompanhar. ⸺ Alberto, disse receoso.
Todos olharam para o garoto dos cachinhos amendoados encolhido no sofá, e tiveram uma ideia bem arriscada.
⸺ Isso parece tão perigoso. ⸺ Vince, comentou.
Eles puseram um carrinho de mão atrás da vespa de Haroldo, e carregaram o mesmo para dentro dele, depois Vince e Luigi subiram em uma bicicleta verde e Alberto ficou no comando da motocicleta com Rafaela na garupa.
⸺ Você tem certeza que sabe pilotar uma vespa? ⸺ Vince, indagou o mais alto.
⸺ Não, quer dizer sei. Faz um tempo, mas não deve ser tão difícil. ⸺ Respondeu, engolindo em seco.
⸺ Até ontem, eu estava com medo de andar de moto, e hoje estou com 99% de certeza que posso morrer em cima de uma, mas estou indo mesmo assim.⸺ Rafaela, conta fazendo eles rirem.
Deram partida, e avançaram pela estrada de terra rumo ao clube.
⸺ Isso aqui tá balançando demais...eu vou vomitar. ⸺ Luigi, avisou. Mesmo que ser garupa de bicicleta não fosse tão ruim, a estrada era.
⸺ Segura isso aí, pelo amor de cristo! ⸺ Vince, abanava o amigo.
Rafaela segurava o carrinho, e observava Haroldo que continuava sem produzir nenhuma reação, o que era muito estranho, justo para o garoto mais extrovertido que já havia conhecido, e isso lhe deixava muito mal.
⸺ Aquilo é uma pedra? Ou um cachorro? ⸺ Alberto, perguntou.
⸺ Alberto você tem problema de vista!? ⸺ Luigi, indagou alterando o tom.
⸺ Acho que uns 3 graus de miopia. ⸺ Revelou.
⸺ AAAAAA! ⸺ Gritaram em um uníssono.
E às almas de todos saíram de seus corpos naquele momento.
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