Tudo começou com um pequeno anúncio em um jornal pouco conhecido, no canto da folha, com letras pequenas estava escrito: "Homem procura companhia feminina.",  logo em seguida um email para contato.
Essas simples e nenhum pouco empolgantes palavras mexeram com Merely, a mulher de 32 anos vivia em um casamento infeliz, seu marido quase não lhe dirigia a palavra e mal olhava em seus olhos.
A paixão se fora. O amor esfriará. Mas ainda existia o respeito e a sensação de que um devia ao outro uma relação eterna; na alegria e na tristeza, até que a morte os separasse. Ele foi seu primeiro beijo, seu primeiro sexo, o primeiro que segurou sua mão e caminhou, aquele que esteve ao seu lado o tempo todo, porém, tudo isso começava a se apagar, lentamente.

Ela queria viver algo novo, queria sentir sensações novas, queria ser tocada e perder o fôlego. Foram esses os motivos que fizeram Merely, responder ao email.

Uma semana depois ela inventou uma desculpa para o marido Jonh, que naquela noite iria trabalhar até tarde. Então tomou um banho demorado, colocou sua melhor lingerie, seu melhor perfume e o vestido bonito e ousado que tinha no guarda-roupa. Saiu de casa entrou no carro e partiu para o encontro.
Suas mãos tremiam levemente no volante, mas estava decidida a ir em frente.

Uma hora mais tarde encontrava-se no hotel. Fora a primeira a chegar e caminhou lentamente para o quarto, uma vez ali dentro começou a sentir sua respiração fugir quase que furtivamente de seus pulmões. O coração parecia diminuir vorazmente de tamanho. Seus olhos se encheram de lágrimas, queria ir embora, mas quando finalmente teve forças para pegar a bolsa, era tarde demais, via uma sombra pela fresta da porta e a maçaneta começou a girar.

O homem abriu a porta e a luz do cômodo iluminou-o. Se instalou naquele momento um silêncio sepulcral. Ambos se encaravam friamente e surpresos.
— Merely — ele chamou secamente.
— Jonh... — ela respondeu com voz entrecortada.

Havia naquele quarto a vergonha e a culpa, fazendo o ambiente parecer menor.
Carnalmente a traição não ocorreu, mas ambos se sentiram traídos. Parecia uma zombaria do destino, no entanto, foi ele mesmo quem colocara o anuncio e ela quem o respondeu. Marido e mulher, unidos até na traição, mas o que acabou de fato com a relação deles, foi que ambos alegavam que aquela era a primeira vez, mas a desconfiança deixou para trás qualquer confiança que tinham em si próprios e principalmente a confiança que tinham um no outro.

Ainda se encontraram naquele mesmo quarto de hotel, antes de assinarem o divórcio, em uma tentativa desesperada e falha de reacender a chama entre os dois, que já estava morta. Isso só reforçou que o amor acabara. Apesar da sensação de tristeza e perda, ambos se sentiam gratos. Poderia ter sido pior, muitas vezes é.