Abóqui ou Hoc Pumpkin ou mesmo Abóbora são alguns dos nomes pelos quais a personagem deste livro fica conhecida após as boas-vindas na nova "escola".

Misto de pastiche, promessa escoteira e sociedade secreta, a iniciação promovida pelo antigo grupo de pouquíssimos alunos do Liceu Richard F. Burton ou RFB ou mesmo Ábaco (referência ao À Bao A Qu, criatura mitológica das Noites Árabes, livro traduzido pelo fundador da escola) como ficou conhecida, reforça o que a mais nova das crianças "abóboras" detesta desde que se deu conta do quão ridículo era o nome (da família) em voz alta.

A primeira vista o Liceu parece um lugar esquecido – com seus tijolos sem revestimento, encanamentos aparentes e telhados à mostra – Antigo Clube de tipos esquisitões interessados nos Mistérios do Universo, guarda no par de prédios de cimento armado e grades vermelhíssimas – a missão de seus alunos: a dedicação em observar o oculto e o paranormal, registrando fenômenos e seres sobrenaturais como numa imensa lista telefônica (sem nunca interferir). Assim, Abóbora em seu período iniciático precisa conhecer a estrutura da sua agremiação (que eles chamavam às vezes de "Casa" numa alusão anedótica a Harry Potter e ((diga-se de passagem)) Abóbora gostava de Lufa-Lufa, e isso porque a entrada da sala comunal eram barris, além de ficar próximo à cozinha). Conhecer os membros do seu grupo de campo (para o cumprimento de especialidades bem excêntricas) e os seus encargos dentro do grupo (o último escriba foi hospitalizado, não seja escriba! – Abóqui ouviu de um carinha estranho, sem pescoço, pouco antes da sua primeira assembleia extraordinária). O uniforme era uma coisa a parte, que Hoc Pumpkin após quase um ano tentava entender.

Abóqui/Hoc Pumpkin/Abóbora cujo nome verdadeiro escapa sempre ou importa tão pouco que não é sequer perguntado. Depara-se com o desafio da metodologia aluno-que-sabe-ensina-aluno-que-não-sabe e do programa educacional organizado em "câmaras" ou "pernadas" (que era um jeito de dizer que você estava no caminho), sem séries definidas ou matérias fixas, você escolhia as especialidades e tarefas por – pernada – e Abóqui não conseguia se decidir entre coisas como "explorar o vácuo" ou "cartografias de mapas mentais". Ainda nesse sentido, um aluno ingressantes passa pelo período introdutório, no qual aprende regra, regra, regra, estrutura dos grupos de interesse, mais alguma regra e então longas caminhadas meditativas com "adeptos substitutos". Às vezes não é difícil ver um filme da Disney em fitas VHS ou se preferir, se perder na escuridão do segundo prédio e encontrar a saída usando as mãos. Talvez em algum momento encontre professoras no intercurso de seus afazeres atléticos, além de exercícios de concentração com alquimistas adeptos da liofilização. E a título de informação, no período introdutório dificilmente um aluno ingressando realiza viagens astrais até o McDonald, mas é possível visitar alguns Palácios das Memórias Obscenas e ainda assim a lição de casa das matérias comuns devem ser entregues em dia.

Dividido entre os comentários memorialistas de Abóbora (os cinco primeiros capítulos), observações perspicazes de Ana G (cuja identidade é surpreendente já no sexto capítulo) e a terceira parte ou cinco capítulos finais (será mesmo?) no qual acompanhamos Abóbora e sua Tertúlia (esse era outro dos nomes para "pernadas") metidos até as sobrancelhas em um "Aberto das Sete Câmaras" — Um tipo de jogo de enigmas promovido por sabe lá Deus quem e que procura escolher os melhores dos melhores entre os melhores versados nos Mistérios (que por si só já são um mistério).