O dia amanheceu meu casamento é daqui há algumas horas e eu ainda não comi, não me arrumei, não me preparei, não tomei o banho especial que toda noiva tem quando está prestes a se casar. Apenas acordei e fiquei encarando a janela, o sol, o barulho dos criados lá em baixo preparando as decorações, as comidas e tudo mais. Posso ouvir meus familiares andando de um lado para o outro estressados com tantos afazeres. Ouço também o som dos cavalos e das carruagens trazendo meus parentes e os parentes de Fernando que vieram de longe. Uma grande festa, um grande show, uma grande farsa, uma grande mentira. Depois de um tempo começo a encarar o relógio de madeira pendurado em minha parede fazendo Tic-Tac sem parar me deixando mais nervosa ainda.

— Bom dia minha princesa! — Me assusto com o som das portas se abrindo e com a aparição de minha mãe.

— Mamãe? — Pergunto assustada.

— Ó! Pelos santos de BrownWood Joana você ainda está assim? — Ela diz abrindo mais as cortinas.

— Ainda tenho tempo. — Minha frase sai com um duplo sentido para mim.

— Onde estão suas criadas? Não servem para nada mesmo! elas já deveriam estar aqui. Não se faz mais criados como antigamente. — Mamãe fala e reclama sem parar.

— Mãe! — Digo com um tom mais alto.

— Joana qual o seu problema? — Ela olha para mim surpresa com minha postura.

Uma dama nunca ergue a voz, nunca reclama, sempre obedece, sorri e acena sem parar. Uma dama é sempre gentil, e deve aprender a escrever e a ler para poder mandar cartas de amor para o seu prometido. Uma dama segue as regras e nunca sai da linha. Isso nunca se encaixou a mim, ainda não entendo porque nasci nobre, queria poder ser livre para vestir o que quiser, comer como eu quiser, só queria poder amar quem eu quisesse.

— Está me ouvindo Joana? — Continua falando.

— Temos cabelo, mãos e pés para fazer, banho de óleo de Ana para dar sorte na lua de mel, maquiagem e muito mais coisas! Joana eu preciso da sua ajuda! — Mamãe se exalta.

— E eu preciso sair. — Resmungo me levantando da cama.

— Onde pensa que vai mocinha?

— Vou dar uma volta mamãe estou morrendo de dor de cabeça. — Digo calçando minhas sandálias e vestindo meu roupão.

— Minha princesa está doente? — Ela corre e me abraça.

— Não, só estou... Cansada e um pouco nervosa. — Respondo cabisbaixa.

— Eu sinto muito Joana. — Mamãe cochicha séria em meu ouvido.

— Não quero me casar com ele mamãe. — A abraço forte e sinto uma lágrima gelada escorrer pelo meu rosto.

— Eu sei princesa mas não temos outra escolha. — Sua feição é de tristeza também.

— Apenas irei dar uma volta minha mãe. — Me afasto. — Não irei fugir.

Talvez não.

Olá pessoal! Bom estes são os dois primeiros capítulos do conto da Rainha Joana. Espero que tenham gostado e lembrem-se que todas as histórias são contos então os capítulos serão menores. Beijos.