Capítulo 21
- Muito corajoso! Não importa quantos poderes você tenha, vai morrer querido! - Celina termina a frase com uma risada sádica.
Selina olhou para José imaginando o sabor da vitória por ter sido responsável pela morte do híbrido mais procurado e mais temido pelas sereias do ar, agora ele estava indefeso, faria de tudo para proteger sua amada e Selina sabia disso.
Ela fez um círculo no ar com a mão e deste apareceu um cabo, ela segurou nesse cabo e dele apareceu o que formaria uma espada, selada com feitiço mais poderoso das bruxas "Perniciem".
Capaz de matar qualquer raça de monstro, inclusive um híbrido.
José encara Vitória e ela entende o recado, logo em seguida ele também olha para Estevão que por sua vez também entende o recado. Estevão fica com os olhos roxos e levanta suas mãos, destas começa a sair uma fumaça negra que deixa todo o ambiente coberto pela neblina, em seguida José começa a cantar e Vitória o acompanha, Selina continuava rindo em meio à neblina, ela volta a ficar coberta por penas e volta ao céu junto com suas irmãs, que começavam a se contorcer sentindo uma dor imensa, o som estridente chegava aos sensíveis ouvidos das Harpias, não eram todas que possuíam a mesma magia que Selina e Selena.
- Não sejam fracas, ataquem! - Gritou Celina, gralhando logo em seguida.
Todas as Harpias desceram em direção ao descampado, era a hora da guerra e todos tinham que estar juntos para combatê-las e o principal precisavam de uma ajuda extra e essa estava quase chegando.
Vou tirar o foco da guerra um pouco, vamos observar Suzane e entender algumas coisas sobre esta personagem, ela que até agora tinha apenas a imagem de guerreira escondia uma verdade que chega ser até mesmo interessante.
Suzane observando tudo pegou um cordão que estava dentro do decote de seu vestido, ela nunca o havia largado, ela conseguiu esconder de todos no reino marinho e quando foi a terra firme em seu treinamento o escondeu em sua cabana, e mesmo depois de todas as aventuras ela ainda o guardava consigo, era bem simples e rústico, feito com corda de rede de pesca e o pingente era uma concha, produzido por alguém que conhecera quando era mais jovem, havia se apaixonado, as sereias da escola recebiam uma expedição com a professora para o reino humano sempre que passavam para a adolescência, aos doze anos saíam do módulo de conhecimento gerais de ambos os mundos e partiam para o módulo de caça, ataque e sobrevivência.
Nesta época ela foi para essa tal excursão, a professora levou a classe com todas as suas cento e cinquenta alunas para a Europa, elas passaram por vários países observando os humanos, o seu jeito de viver, as suas relações pessoais, entre outras coisas. Suzane sempre foi muito observadora - daí tirou o seu jeito estratégico de viver -, nessa excursão a professora nadou com todas as jovens por voltar de toda a costa de Portugal, em determinado ponto, em um local conhecido hoje como Porto de Algarves, - um local coberto por grandes aglomerados de rochas -, Suzane viu uma menina catando conchas na praia, logo correu para falar com a sua professora:
- Professora, o que é aquilo?
- É uma humana! Não deve chegar perto dela Suzane!
- Mas é tão pequena, diferente dos outros humanos que nos mostrou...
- Acredite, não é menos perigosa!
Suzane ficou intrigada, mas não continuou perguntando para a professora, na mesma noite as jovens descansaram no fundo do mar próximo àquela Costa, o reino das jovens ficava um pouco distante de onde estavam e precisariam descansar em algum ponto antes de voltarem de vez para o terceiro reino.
Quando chegou a noite e todas as sereias caíram no sono deitadas nas dunas de areia no fundo do oceano Suzane se levantou, ela observou o ambiente, haviam duas guerreiras juntamente com a professora para observar enquanto as jovenzinhas dormiam. Suzane por ser uma princesa sempre teve mais acesso a livros e materiais de ensino o que dava a ela certa vantagem, ela conseguia manipular a magia do mar com muito mais habilidade do que as outras aprendizas, com isso utilizou a sua magia do sono, desde nova explorava esse método, ela colocou as guerreiras para dormir com uma até então assustadora facilidade, logo após, ela nadou até a superfície, a lua estava cheia e era linda, ela nunca havia visto nada igual era tão brilhante e mágica, ela ficou seduzida pelo brilho lunar, quando menos esperou foi surpreendida:
- Olá... - Dizia a pequena menina que Suzane havia visto mais cedo - Vai ficar doente se continuar na água durante a noite.
Suzane olhou para a menina e nadou até a beira da praia onde esta estava. Elas se olharam por um tempo e Suzane percebeu que a menina se parecia com ela, em partes é claro, ambas tinham doze anos na época, ambas tinham cabelos e olhos castanhos, com a diferença de que Suzane tinha a pele mais escura e a menina tinha a pele branca.
- Oi... Não sabe falar?
- Eu sei... Quem é você?
- Me diz primeiro você!
- Eu me chamo Suzane! Você parece comigo, não parece perigosa... - Diz Suzane virando a cabeça de lado enquanto encarava a menina.
- Eu não sou perigosa não! - Diz a menina dando leves risadas.
- Não, dá pra ver que não passa de uma indefesa.
- Eu não sou indefesa, sou uma rapariga muito forte, pode apostar, até meu irmão tem medo de mim!
- Você é engraçada! O que faz aqui de noite?
- Estou passeando, gosto de ver a lua! - Diz a menina sentando na areia e apontando para a lua.
- Entendo, a lua é muito bonita! - Diz Suzane também sendo atraída pelo brilho lunar.
- E você por que não sai da água?
- Não posso! Ainda não tenho magia suficiente para poder andar pela areia.
- Não precisa de magia para andar! - Diz a menina.
- Preciso sim, deixe-me te mostrar meu segredo... - Suzane vai se arrastando com as mãos até a areia e senta ao lado da menina exibindo sua majestosa cauda verde escura brilhosa.
A menina estava boquiaberta - Você é um peixe! Deixa só meu irmão ver isso!
- Não! Ninguém pode saber disso! Nem seus amigos e nem minha professora, ela diz que não podemos ter contato com humanos...
- Então não tem problema... Eu não sou humano! Vou te mostrar um segredo também... Mas se eu não conseguir me controlar nade pra longe! - Diz a menina.
Ela começa a tirar o vestido, Suzane a observa, principalmente as pernas, eram incríveis as diferenças. A menina ficou com os olhos vermelhos e de repente todo o seu corpo começou a se alargar e modificar, ela ficou extremamente grande e gorda e seu cabelo se espalhou pelo corpo cobrindo-a por completo de pelos. O focinho e os olhos eram negros, os pelos marrons, garras afiadas, dentes pontudos e patas enormes. Ela havia virado um Urso gigante.
- Não acredito! Você é uma Berserker! - Diz Suzane surpresa.
Apenas uma breve e não tão necessária explicação, nesse mundo dos monstros os Berserkers são humanos que foram amaldiçoados pelas bruxas a se tornarem imensos ursos quando tivessem grandes acessos de ódio. O Berserker que tiver um filho obviamente passará para este sua maldição. Os nascidos assim, porém, têm maior controle sobre esta condição uma vez que convivem com este mal desde o nascimento.
Outra breve explicação, como sabem, Suzanne era uma princesa e tinha acesso a tudo o que quisesse, dádivas da realeza, então ela estudou sobre as sereias, não só sobre a sua geração, mas sobre as anteriores e assim descobriu o real poder destas, as sereias tinham controle sobre qualquer ser através de seu canto, fosse ele suave como o canto dos pássaros ou mortal como os gritos das Harpias. Podiam seduzir, hipnotizar, amedrontar ou matar alguém, era necessário apenas escolher a frequência certa de seu canto e deixar o som escapar de sua boca.
A menina que agora era um imenso urso ruge em direção ao rosto de Suzane, esta com toda calma coloca sua atual pequena mão, - com películas como as dos sapos entre os dedos -, no rosto do urso e começou a ecoar uma melodia, pasmem, era uma doce e suave canção. O urso se acalmou e aos poucos foi voltando à forma da garota. Quando essa abriu os olhos viu a mão de Suzane em sua cabeça e a tirou, mas se manteve segurando-a.
- Então podemos ser amigas? - Pergunta a garotinha.
- Só se for escondido! No meu reino é proibido todo tipo de sentimento... Mas eu prometo que vou vir te ver se você prometer não contar a ninguém, lá onde moro podemos sair par a superfície uma vez ao ano quando há a formação de alguém na nossa escola!
- Eu prometo... - A menina vai até o seu vestido e começa a vesti-lo.
- Irmã! - Um jovem começa a gritar a menina.
Suzane ouve o grito e se lança novamente na água, nadando de volta para onde suas irmãs dormiam. O jovem chega e abraça a garota.
- Meu Deus você ainda executa meu coração! Está bem?
- Claro! Você sabe que nada pode me machucar irmão!
- Sei, vamos!
- Ei eu gosto de ficar na Costa...
- Voltaremos sempre, consegui um emprego com os pescadores locais, vamos passar bastante tempo na costa, da próxima vez não fuja, é só pedir que a trago aqui!
- Tá bom, mas... José... Podemos não nos mudar?
- É possível Jaque, aqui é nossa nova casa!
Os dois irmãos voltam para casa que ficava a poucos metros dali, a menina olhou para o mar antes, para conferir, mas não havia ninguém.
E assim foi, elas duas se tornaram grandes amigas. Suzane tinha grande amizade com Deni, o criado da rainha, e este sempre a ajudava a fugir. Elas se viram várias vezes por vários anos após o ocorrido. Quando tinham dezesseis anos elas ainda se viam, às escondidas é claro.
- Suzane... - Diz Jaque sentada na praia enquanto esperava a amiga.
- Oi urso... - Diz Suzane se arrastando para a areia.
- Você sabe que não gosto que me chame assim! - Diz Jaque respirando fundo.
- É do que posso chamar, desde que nos conhecemos nunca soube seu nome...
- Eu nunca fui batizada de verdade, por tanto pode me dar o nome que quiser!
Suzane enrola o cabelo e torce para que escorresse a água deste enquanto ouve Jaqueline, deixando seus seios à mostra. Jaqueline já havia visto essa cena várias vezes, mas agora era diferente, não sabia explicar, mas por algum motivo ver Suzane daquele jeito a deixava desconcertada.
- Eu estava com saudades! - Diz Suzane ela puxa uma corda que saía do mar enrolada em uma bola de cristal - Trouxe um presente! - Suzane pega a bola de cristal e dentro desta tem um livro - Está vendo isso? É um livro do meu povo, ele explica tudo sobre nós. Suzane encosta a ponta dos dedos na bola e essa estoura como uma bolha de sabão, ela entrega o livro nas mãos de Jaqueline.
- Prometo que vou estudar tudo sobre vocês!
- Eu espero que sim, tem muita coisa que precisa aprender sobre nós para entender porque temos regras tão severas... - Suzane estava sentada ao lado de Jaqueline.
- Eu também trouxe algo... - Diz a menina pegando um pequeno embrulho - É um cordão, ele tem todo o meu amor dentro dele! Afinal somos melhores amigas!
- Você me ama? - Suzana olha para Jaqueline, ela havia lido coisas sobre o amor nos livros do palácio.
Sim, Suzana sabia o que eram os sentimentos e era eximia em escondê-los, era uma incrível lutadora e muito eficaz em executar qualquer pessoa que fosse sem ressentimentos, mas ela tinha sentimentos dentro de si, e ela tinha feito amizade com essa Beserker, mas ainda que sua amiga fosse um monstro essa relação era proibida, todos os sentimentos eram proibidos, ela havia quebrado uma das principais regras e pedia à Santa Lua para que ninguém a descobrisse.
- Mas é claro! - Disse a jovem Jaqueline sorrindo.
Ela colocou o cordão em Suzana e elas ficaram muito perto uma da outra, nessa hora seus olhos se encontraram e ambas ficaram hipnotizadas, Jaqueline interrompeu o clima abraçando Suzane.
- Me desculpe, preciso ir!
- Espera, quando nos veremos de novo? - Insistia Suzana, nunca havia se sentido assim antes.
- Suzane preciso te contar uma coisa, meu irmão conseguiu um barco, esse sempre foi o sonho dele, bem, nós vamos viajar... Meu irmão quer ir para outro país, talvez para a França, mas nós nunca fomos para fora da Europa, então é possível que isso continue assim... - Diz a menina com grande pesar.
-Está tudo bem... Eu não deveria ter feito contato com você, não posso ter amizades lembra? Vou ficar bem sozinha. - Suzane pula na água.
- Espera! - Grita Jaqueline.
Suzane vira-se para ela, ainda dentro d'água.
- Eu pretendo voltar na próxima primavera, devemos voltar para visitar nossos pais adotivos. Morávamos nas ruas e essa família nos acolheu, então somos muito gratos a eles.
- Bom, então voltarei para te visitar na próxima primavera! Até lá guardarei suas lembranças e esse colar! Agora sei que o amor das nossas ancestrais não é um mito. Minha tia morreu por ele, e é real! Você me ama, e eu... Amo você...
- Que bom! Sentirei sua falta...
- Eu também! Nos veremos em breve... - Suzane se lançou nas ondas e logo afundou oceano adentro.
Jaqueline ficou olhando as ondas, ela estava apaixonada pela sereia, e era recíproco. Porém, Suzane teve uma surpresa, no ano seguinte quando ela voltou Jaqueline não estava lá. Ela voltou nos meses seguintes e não a encontrou, e voltou também no ano seguinte. E isso se tornou seu ritual. Ela ainda guardava seu cordão, virou seu amuleto. Sua meta de vida passara a ser reencontrar Jaqueline. Por esse motivo ela escolheu a Europa quando foi enviada a terra firme após seu ritual, e nunca havia ficado tão feliz quanto quando Vitória decidiu ir para lá também, por isso ela estava indo para Portugal, ainda tinha esperança de encontrar sua Berserker, agora quatro anos depois Jaqueline estava muito diferente, estava adulta e formosa e estava bem na frente de Suzane, como vocês já sabem.
Havia dois agravantes, primeiro que já não se viam há quatro anos, e segundo que Suzane nunca descobriu o nome de Jaqueline, ela a conhecia como a Berserker. Mas ainda tem uma pergunta, como Jaqueline não reconheceu Suzane? Bom, deixo isso para o próximo capítulo.
Podemos voltar à guerra, Suzane observava a guerra que agora se travava, os piratas começaram se revelaram verdadeiros guerreiros e lutavam avidamente, Estevão lançava bolas de fogo, levitava árvores entre outros poderes que aprendera a controlar usando suas mãos, Katterine voltou as sombras das árvores deixando que a pequena batalha decidisse para quem trabalharia no final, não gostava de estar ao lado de perdedores. Vitória pegou sua espada e começou a lutar, Suzane por sua vez segurou seu cordão bem forte:
- Me desculpe, Vitoria! - Suzane entrou na continuidade da mata após o descampado e se colocou a correr, precisava rever sua amada e não o faria se estivesse morta.
Selina do alto viu Suzane correndo:
- Aonde pensa que vai princesa? - Selina começou a voar em direção a Suzane com toda voracidade - Vou me alimentar do sangue da realeza! Grande dia!
Continua...
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