Capítulo XXVI
O sol subia gentilmente. Os vermelhos e laranjas do céu caíam um a um sobre a cidade, iluminando a carnificina da noite anterior, escondendo a cor do sangue nos tons da sua luz. Mas isso não duraria.
Nedoy ajudava no que podia: separava os vivos dos mortos, apoiava os que ainda conseguiam andar e levava aqueles cujas pernas falhavam para as muitas enfermarias improvisadas espalhadas pela cidade. Ele tinha tido sorte, e sabia-o: tinha saído da batalha só com cortes e nódoas negras enquanto que os seus aliados tinham perdido membros e, alguns, a vida. Por isso, ajudava.
Os residentes da cidade, para sua surpresa, pareciam estar do lado dos Rebeldes. Doavam espaço nas suas salas de estar, traziam compressas de pano fervido para limpar o sangue das feridas e água fria para os que começavam a ter febre. A enchente de feridos ainda estava longe de acalmar —ainda era madrugada, a batalha tinha acabado há escassas horas— mas aquela gente revezava-se em turnos para cuidar dos seus atacantes como se a culpa daquela batalha não lhes pertencesse.
A culpa era da Torre. Nedoy teve de se lembrar que, desta vez, estava ali como parte de uma revolução e não de uma força invasora. O capturar daquela cidade tinha sido há apenas uns anos, talvez uma década, e os adultos que ali viviam ainda se lembravam de como a vida era antes de a cidade pertencer à Torre. Talvez por isso estivessem tão prestáveis ao exército que, a seus olhos, os libertou.
A adrenalina já há muito que lhe tinha deixado as veias, e só a teimosia lhe permitia continuar a carregar os feridos para dentro dos edifícios onde podiam ser tratados. Quando finalmente acabou a sua tarefa, a manhã já tinha passado a tarde e o ar estava quente, secando o sangue que ainda cobria as ruas, fazendo-o colar-se ao chão e demarcar de vermelho os espaços entre as pedras da calçada. Ele mal se lembrou de adormecer, para poder descansar o que podia, ou de acordar à hora de jantar, ainda cansado na alma de uma forma profunda que uma sesta não podia resolver. Dirigiu-se à pequena praça onde um grupo se tinha organizado para servir refeições quase sem pensar. Entorpecido.
O chão ainda se lhe colava à sola dos sapatos, ou porque o sangue ainda estava húmido ou porque alguém tinha tentado em vão lavá-lo. O cheiro de carne cozida e das especiarias misturava-se com o cheiro adocicado de metal e de pólvora, com a terra que o vento levantava como se, estando do lado deles, tentava também limpar a cidade. Sob essa mistura nauseabunda, era difícil alimentar-se. Assim que foi servido, afastou-se dali. Não lhe serviria de nada comer se não conseguisse manter aquilo no estômago.
Ele andou e andou. Não conhecia as ruelas daqui, e eram tão labirínticas quanto as das outras cidades mais antigas. A cada geração que se passava acrescentavam-se casas à volta do ponto central, como anéis de uma árvore, e o resultado era que as partes mais externas do sítio eram quase impossíveis de navegar para quem não as conhecesse. Estivesse onde estivesse, as casas dali estavam vazias, desertas e abandonadas, um contraste assustador com a comoção que ainda corria no centro da vila. As portadas das janelas estavam todas fechadas, não havia roupa a secar nos estendais nem crianças a brincar na rua. Como se tudo tivesse sido abandonado ao soar dos primeiros tiros. Ele sentou-se no chão, com a taça pousada sobre as pernas, e fechou os olhos.
Ele era um soldado! Tinha feito aquilo antes, mais do que uma vez; tinha até feito coisas piores. Então porque raio é que estava a sentir?
Ainda ontem, ou assim lhe parecia, era só mais um Cavaleiro a trabalhar para a Torre. Tinha a vida decidida: um emprego que o seguraria até à morte, lealdade a algo maior que ele e, acima de tudo, um propósito. Mas tinha deitado tudo a perder num momento de fraqueza.
Não conseguia deixar de pensar que aquilo não era o seu destino, não era a forma como as coisas deviam ser. Não era suposto ele ter acabado entre os Rebeldes, raios! Mas ele tinha tomado uma decisão e agora estava a pagar o preço. Segurava as lágrimas a custo, atrás de pálpebras cansadas que só queriam que ele adormecesse.
Sentiu alguém a sentar-se a seu lado, em silêncio. Nem se assustou. Reconheceria aquela energia brilhante em qualquer lado, Yex nem tinha de dizer nada.
–É preciso alguma coisa? –perguntou ele, à procura de se manter ocupado. Ficar sozinho com os seus pensamentos era o pior que podia fazer naquela situação.
Mas ela só inclinou a cabeça, respondendo-lhe que não. –O pior já passou. As coisas estão a acalmar.
Ele riu-se amargamente. Aquilo era uma mentira pura. O pior daquela batalha podia estar para trás deles, mas aquilo era o início de uma guerra que demorariam a vencer, se vencer fosse sequer uma opção viável. Ela ergueu-lhe uma sobrancelha e ele limpou os olhos.
–Sabes que isso não é verdade, –respondeu simplesmente.
Ela encostou a cabeça à parede em que se apoiava, desviando-lhe o olhar. Ele fez o mesmo, virando-se para a face de pedra áspera do edifício oposto. Tanto quanto podia sentir, o edifício estava vazio de gente.
–Sim, sei. –Sussurrou. – Melhor que muitos, pelo menos bem melhor do que a maioria deste bando de novatos, –acrescentou sem humor na voz. –E acho que tu também. Já fizemos isto antes, e sabemos que raramente acaba bem.
Aquilo foi como um chisel a cavar-lhe o peito, a encontrar fragilidades na rocha do seu coração.
–Acho que sim. Embora não seja bem a mesma coisa, –sussurrou.
Sentiu, nas fazes dela, o início daquele maldito meio sorriso. Mas algo a parou.
–Porque não? –perguntou-lhe, fazendo-o hesitar.
Nedoy pegou na taça, sentindo-a morna contra as mãos frias. Ficou a ver o líquido dançar, incerto de qual seria a resposta daquela pergunta tão simples.
–Porque, –começou, –desta vez tive uma escolha.
Ela deu um pequeno riso em que não havia alegria.
–Achas que fizeste a escolha certa?
Ele demorou a responder, aproveitando para começar a comer a refeição que já ficava fria. Mas, a custo, acabou por acenar com a cabeça. –Pelo menos, acho que sim.
Yex encolheu os ombros. –É o melhor de que é capaz, não é?
–Não gozes, bruxa, –brincou ele, e ela sorriu. Ele tomou mais um pouco da sua refeição, procurando recuperar as forças que ainda tanto lhe faltavam. Só depois falou.
–Yex?
–Sim?
–Vamos conseguir ganhar?
Ela hesitou. Desviou a cara, talvez para ver algo que para ele era invisível, e suspirou.
–Eu penso que é possível, –respondeu-lhe num sussurro. –Mas não é garantido, e não vai ser fácil. Vai ficar gente pelo caminho.
~~~~
A noite avançava, e Yex ainda estava a trabalhar. Recusava-se a dormir, principalmente quando ainda havia tanto a fazer e quando, por alguma razão fora do seu controlo, tanta gente a achava responsável por organizar as pequenas enfermarias em que os feridos recuperavam. Tinha passado o dia a fazer feitiços para curar as piores das feridas e agora, mesmo depois de uma leve refeição, estava demasiado cansada para continuar a fazer magia. Infelizmente, até ela tinha limites. Pelo menos os feridos mais graves já tinham sido ajudados, e agora ela fazia talas para segurar ossos partidos e espalhava mistelas desinfetantes em feridas não letais.
Agora já era madrugada, mas tinha conseguido finalmente convencer Biara de que uma facada no abdómen era algo grave o suficiente para precisar de cuidados. A miúda era rija e teimosa, e estava a insistir em ajudar todos os outros antes de se tratar a si mesma. Há sempre uma linha ténue entre ser corajoso e ser burro, e a jovem estava perigosamente perto de a atravessar. Conseguir convencê-la a sequer se sentar foi um combate quase mais difícil que o da noite anterior.
–Eu nem estou a sangrar. Há quem precise mais de cuidados.
Yex tocou-lhe na pele tenra, e a pequena esquivou-se por instinto. –Nota-se, não é?
Ela sorriu através da dor. –Eu fiz como tu disseste, e nem tentei ajudar ninguém até a batalha acabar. Mas agora acabou, e eu estou no meu direito.
–Tens que te tratar antes de ajudar os outros, ou vais acabar com uma infeção e morrer também.
Yex posicionou-se sob o pequeno feixe de sol que entrava pela janela, tentando receber o máximo de energia. Depois fechou os olhos para se concentrar no dano que a faca de cozinha tinha criado. Biara ia acrescentar mais alguma coisa, mas ela começou o feitiço, forçando-a a trincar o lábio e a lutar por ficar quieta apesar da dor. O abdómen era uma zona complexa, difícil de ajustar e de cuidar, e qualquer imperfeição levaria uma infeção funda demais para qualquer poção conseguir curar. Os arranjos que Biara tinha feito em si mesma eram tudo menos perfeitos e, principalmente depois de um dia de esforços, mal se seguravam. Nem Yex era louca o suficiente para operar em si própria!
Teve de parar antes de conseguir corrigir tudo completamente, porque estava exausta demais e sabia que não ia conseguir ajudar ninguém se acabasse ela desmaiada e inconsciente pela falta de energia.
–É tudo o que posso fazer por agora. Levantou-se para pegar num novo conjunto de ligaduras, deixando a miúda a respirar pesado. Ela era demasiado jovem para estar no meio desta maldita guerra, Não devia passar dos dezoito, se tanto, mas já tinha as orelhas cobertas de brincos comemorativos de grandes feitos seus. –Independentemente do que eu te diga, vais-te recusar a ficar de cama pelo tempo que devias, –acusou Yex.
Mas Biara só se riu. –Como me conheces bem!
–Mas vais passar pelo menos esta noite aqui, quieta, –disse, começando a rodear a barriga destapada da ferida com as ligaduras. – Não consegui corrigir tudo, e se tu te puseres a correr de um lado para o outro como a louca que és, vais acabar morta.
Ela escondeu a dor pior do que pensava. –Relaxa, que eu vou ficar bem.
Yex não ia muito na conversa.
–Biara é um nome antigo, –disse, tentando distraí-la enquanto apertava ainda mais as ligaduras. –Escolheste-o tu?
Biara estremeceu ao sentir tanta pressão sobre a ferida. –Não. É nome de infância.
Yex ergueu uma sobrancelha. Tradicionalmente, os jovens eram consideradso adultos entre os treze e os quinze anos de idade, e era nessa altura que escolhiam o nome pelo qual seriam referidos daí para a frente. Deixavam de se apresentar pelo nome de infância, que ficava reservado para família e amigos próximos. Biara parecia ter bem passado dessa idade. Espreito a orelha, mas Biara não tinha o brinco que normalmente era dado a um jovem durante essa cerimónia.
–Talvez quando isto tudo acabar e eu puder fazer isso num templo em condições acabe por escolher o meu nome novo. Até lá... –ela guinchou quando Yex atou as ligaduras atrás –Até lá, Biara serve.
Yex acenou com a cabeça. Aquela seria mais uma tradição perdida, mas a culpa não era da jovem. –Suponho, –disse, devolvendo-lhe as roupas.
Ela vestiu-se sobre as ligaduras recém-atadas e começou a andar pela sala à procura do resto das suas coisas. –Obrigada pela ajuda, Yex. Agora precisamos de reunir, e de decidir o que fazer a partir de agora. Temos de enviar mensageiros e de preparar os funerais e...
Yex empurrou-a gentilmente de volta para a cama. Biara quase saltou, de repente recordada da dor que ainda a trespassava.
–Se não tiveres cuidado, vai ser o teu funeral a precisar de ser planeado. Deita-te e dorme.
–Não posso!
Yex ameaçou-a com o olhar, mas ela respondeu-lhe com uma ferocidade igual.
–Eu vou chamar as pessoas com quem precisas de falar. Até lá, fica aí quieta e vê se descansas. A ferida pode parecer sarada, mas se te mexes demais pode voltar a abrir. Juro-te que não seria nada agradável.
A rapariga agarrou o abdómen e acabou por acenar com a cabeça. Yex relaxou.
–Descansa, –disse, e nem esperou por uma resposta da jovem antes de sair do pequeno edifício para não lhe dar tempo de mudar de ideias.
Ainda era cedo, mas a cidade já estava a acordar. O sangue já tinha mudado de cor ao secar e coagular e a maioria dos corpos já tinham sido levados dali. Yex respirou fundo, sentindo a energia do vento e o calor do sol na face, ignorando o cheiro a esgoto e decomposição que ainda se colava ao ar.
Não foi difícil encontrar as poucas pessoas responsáveis pelas decisões daquele pequeno exército. O senhor que tratava da logística estava a organizar o pequeno-almoço, a médica que ficou responsável pelos hospitais improvisados dormitava numa das macas, e Eris comia com Nedoy, a cara coberta de profundas olheiras por ter passado a noite a organizar o próximo ataque. Depois de os chamar, voltou para o sítio onde Biara descansava e sentou-se no chão à beira dela.
A pequena dormia, derrotada pela exaustão. Ela tinha estado à cabeça de um exército, tinha organizado os ataques, e ainda coordenava os vários grupos de rebeldes para que tudo fosse feito da forma mais eficiente. Depois ainda tinha passado todo o tempo após a batalha a tratar de doentes, ignorando a sua própria ferida para ajudar outros. Era uma maga talentosa, mas com limites bem humanos. Tanto quanto Yex sabia, apenas ela conseguia controlar a energia do sol para se recarregar, e duvidava muito que Biara pudesse ter aprendido isso sozinha. Não era surpreendente que estivesse exausta.
Yex não pôde deixar de observar os brincos que decoravam as orelhas da rapariga. Já poucos os usavam, porque eram uma marca indelével de que se pertencia a Nyin e não à Torre e, ao contrário dos penteados tradicionais que muitas vezes se viam por cidades do interior como Eshafra, não era tão fácil de esconder.
Na sua cultura, brincos tinham grande significado. Marcavam grandes momentos na vida de alguém, cerimónias importantes. Tinham sempre de ser oferecidos. Normalmente eram os idosos que tinham as orelhas decoradas com símbolos daqueles, marcando o nascimento dos filhos e netos. Guerreiros, e às vezes médicos, também os tinham às resmas, acumulados ao longo das décadas. Era tradicional receber um brinco por cada vida que salvassem, marcando que tinham feito algo extraordinário.
Biara era tão jovem, mas já tinha mais de duas dezenas deles. Pelo quê que ela passou?
Eris chegou, com Nedoy pela mão, depois de terem acabado a refeição. Conseguia segurar aquele sorriso, mesmo numa situação tão marcadamente infeliz, de alguma forma.
–Achas que é melhor acordá-la? –perguntou-lhe Eris.
Yex abanou a cabeça. –Quando os outros chegarem. Ela está ferida, deixem-na descansar.
Ela acenou e voltou à sua conversa sussurrada com Nedoy.
Não demorou até que os outros dois chegassem. Biara foi acordada e, quando se apercebeu que tinha adormecido, ficou vermelha de embaraço. Tentou endireitar-se, escondendo a dor que sem dúvida sentia.
–Como estão as coisas?
Bem, –disse Eris, –a maioria da gente da cidade está a ajudar-nos. Fora uns pares de famílias que se mudaram para aqui para estar com os soldados enviados pela Torre, as pessoas parecem até estar felizes com o resultado. –Biara acenou, solene, e Eris continuou. –Acho que é um bom sítio para recrutar gente. Armamento não vai faltar, agora que temos acesso às armas dos guardas... Mas há um senão, –suspirou. –Alguns dos nossos soldados, especialmente os mais jovens, não querem continuar nos ataques. Não estavam preparados para a carnificina. Estão assustados, achando que, se é isto que acontece quando vencemos, nunca quererão ver uma derrota.
–Claro, –disse Biara, baixando os olhos. –Acho que já devíamos estar à espera disso, não é? –Hesitou por um momento, talvez fazendo contas de cabeça. Depois virou-se para a enfermeira.
A mulher olhou para as mãos, e suspirou. –Há poucos mortos, felizmente e graças aos Deuses. Acho que os guardas quase nem dispararam contra o aglomerado que se formou na praça, com medo de atingir os seus. –Hesitou. –Mesmo assim, dez dos nossos morreram no próprio dia, e tenho a certeza que vai haver mais a falecer nas camas de enfermaria. E mesmo se assim não fosse, há muitos que não vão conseguir voltar a lutar. Tu viste o que há lá fora, Biara... não é bom.
–Números? –perguntou a mais nova, de olhos baixos.
–Se contarmos com os feridos que ficaram incapacitados, perdemos uma vintena de soldados, até agora, e sem contar com quaisquer infeções que possam aparecer nos próximos dias. Alguns só precisarão de um mês para recuperar ossos partidos, mas temos que nos mover tão rápido para o próximo ataque que acho que ainda estarão incapacitados nessa altura. Independente da magia que lhes ponhas por cima, –acrescentou.
O grupo ficou em silêncio, ponderando. Aquelas eram pessoas que conheciam, com quem tinham passado tanto tempo, com quem tinham rido e vivido. E aquela tinha sido uma batalha pequena, com menos de uma centena dos seus contra metade disso dos da Torre. Tinham dividido o pequeno exército de rebeldes para poder tomar mais cidades de surpresa, mas agora Yex duvidava que essa tivesse sido a decisão certa.
–Os guardas que não morreram durante o ataque foram capturados. Foram só sete; não temos recursos suficientes para gastar nos que se feriram, –disse o senhor responsável pela logística, e a médica acenou triste com a cabeça, concordando. –Estão nas suas próprias masmorras.
Biara engoliu em seco. –E os funerais?
Yex tencionou. Sabia que aquilo tinha de ser feito, mas isso não o tornava mais agradável.
–Planeamos fazer o dos nossos amanhã, durante o dia. Isso dá-nos tempo suficiente para preparar, –disse o homem responsável pela logística. –Mas ainda não decidimos o que vamos fazer com... com os...
Yex acenou com a cabeça. Realmente, não importava qual o nome que decidiam dar aos soldados da Torre. Principalmente agora, que estavam mortos.
–Cristãos? –perguntou Biara.
–Sim.
–Há um padre na cidade, não é?
–Sim. Mas...
–Dêem-lhes um funeral da cultura deles, o melhor que as circunstâncias deixarem.
Yex trincou a língua. A Torre nunca deixava que se fizessem os funerais tradicionais da sua gente, chamando-os de nojentos ou só de pagãos. Negar àqueles soldados um enterro da sua fé seria justiça poética. Talvez as suas almas nunca voltassem a fazer parte do Mundo, ou não chegassem a qualquer céu em que eles acreditavam.
Mas não era como se aquelas decisões tivessem sido tomadas por soldados-rasos como eles. Biara tinha razão. Os rebeldes não necessitavam de ser cruéis.
–Veremos, –respondeu o senhor, não se comprometendo.
A jovem líder só acenou com a cabeça, suficientemente satisfeita.
Depois de uma conversa demasiado longa sobre as minúcias de alimentar a cidade, de encontrar e treinar novos soldados e de preparar o próximo ataque, saíram para a rua, deixando Biara descansar um pouco mais para melhor tratar as suas feridas. Ainda havia muito trabalho para fazer.
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