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Capítulo XLIII

Aviso de conteúdo: abuso animal.

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A luta aproximava-se a passos largos, e todos na cidade o sabiam. Felizmente, a abertura da cidade ao mar permitia que se continuasse a receber mantimentos, o que, à partida e felizmente para os da cidade, impossibilitaria um cerco por parte dos Rebeldes. Mesmo assim, muito do povo tinha decidido fugir dali, levando boleia nos navios que partiam para o velho continente ou saindo com grupos de mercadores para cidades mais seguras, a sul. Os mais pobres e os refugiados não tinham para onde nem como fugir, e a continuada atividade nas zonas menos afluentes da cidade contrastavam com o silêncio das áreas mais ricas que, por esta altura, já eram cidades fantasma. Com os mercadores a fugir dali, com o rabo entre as pernas e as famílias pela mão, era surpreendente que aqueles sítios ainda não tivessem sido roubados e que as casas não estivessem a ser ocupadas por quem ficava para trás. Todos achavam que a Torre ia ganhar, provavelmente, e tinham medo das represálias que viriam quando tudo isto acabasse.

Nedoy tinha tanta inveja de todos os que tinham fugido.

Mosé tinha cumprido as instruções do irmão à risca, tendo todos os cuidados para que Nedoy não pudesse escapar. Dava-lhe mordomias ainda melhores do que ele estava habituado do seu tempo de Cavaleiro, que agora lhe parecia à uma vida atrás, e disso ele não se podia queixar. Mas nem a boa comida, as janelas altas daquela mansão à beira-mar e as roupas confortáveis podiam compensá-lo pela tortura porque passava. Durante todos os dias, treinava até estar exausto, quase como um menestrel dançante a fazer uma apresentação para o seu captor. Durante a noite, dormia preso por correntes, pelo pescoço e pelos membros para mais segurança. Ele estava algures entre ser um escravo, uma peça de mobília e um animal de estimação. Nenhuma das opções lhe agradava, e ele não queria mesmo nada pensar nisso.

Mosé passava todo esse tempo a ler e a fazer notas furiosas, estando na sala luxuosa já antes de Nedoy acordar e até depois de ele adormecer.

Nos primeiros dias, achou que ter uma espada e uma pistola à sua disposição fosse tornar fácil a sua saída dali. Mesmo se não conseguisse escapar, pelo menos levaria Mosé para a morte consigo antes de partir, certo? Mas o mago sentia-lhe os movimentos sem nem o olhar e, assim que se via no mais pequeno nível de perigo, enfeitiçava Nedoy e trancava-lhe os músculos em posições dolosas e inaturais. Aquilo parecia quase segunda natureza de se fazer, julgando pela tão pouca atenção que dava ao feitiço. Umas vezes deixava-o gritar, tirando prazer disso sem nem sequer erguer os olhos dos manuais de magia que estudava, outras fazia-o dançar como uma marioneta sem controlo do seu próprio corpo. Era excruciante e humilhante, e o seu captor sabia-o perfeitamente; era por isso que o usava como castigo. Se Nedoy focasse os seus próprios feitiços em si talvez se conseguisse libertar daquele controlo alheio, mas temia o que lhe aconteceria se o tentasse e depois não conseguisse fugir. Mesmo se conseguisse vencer aquele combate mágico, de certeza que não sairia ileso. Tremia somente ao pensar nos ossos partidos e nos músculos rachados por ter duas forças opostas a tentar empurrá-los com tanta intensidade. Se conseguisse atacar Mosé, de certeza que ele teria capacidade para se defender quer dos seus ataques físicos quer dos mágicos, e Nedoy acabaria derrotado num instante. E se no fim, por algum milagre, vencesse, o que faria depois? Aquele monstro voltaria eventualmente, e ele permaneceria morto.

Não, tentar resistir-lhe assim não valia a pena. Mas ficaria a ser o seu trunfo.

Mais do que uma vez, viu-o a experimentar e a fazer feitiços em pequenos ratinhos. Primeiro achou que ele apenas gostasse de os torturar, o que seria característico, mas tomando atenção compreendeu o que Mosé tentava fazer. Ele não sabia que Nedoy percebia daquilo, ou não lhe teria mostrado algo tão sensível com tanta confiança. Ou talvez estivesse tão seguro de si que nem se importasse? Aos poucos, Nedoy começava a compreender como é que o feitiço dos Irmãos funcionava. O mago enfeitiçava os animais com versões diferentes de um mesmo encantamento; Nedoy sentia-lhes as peças, os fios de luz dobrados e retorcidos sobre si mesmos a agarrar-se à vida das pequenas criaturas, de uma forma ligeiramente diferente a cada tentativa. Infelizmente não sabia o suficiente para entender como aquilo funcionava, mas quando Mosé magoava os ratos, metodicamente e sempre com o sorriso retorcido na cara, Nedoy tomava notas mentais dos efeitos que aquela magia tinha, para a possibilidade de poder perguntar sobre isso mais tarde, a alguém que percebesse mais daquelas coisas que ele. Tentou fingir-se desinteressado, mas isso era dificílimo, por isso acabou por exagerar o medo que sentia daquela magia negra. Continuava a treinar, de pé a um canto, movendo as pernas cansadas nos vários tipos de passo utilizados em luta com toda a perfeição que mais de uma década de prática e que os seus músculos já doridos lhe permitiam executar. Mosé não gostava de o ver parado, e torturava-o sempre que isso acontecia sem permissão. Haveria coisa pior que aquela?

Alguns dos ratos estavam enfeitiçados aos pares, e ele sentia-lhes a ligação ténue que os unia. Quando Mosé matava um deles, desfazendo a sua luz da vida, o outro guinchava de dor enquanto, aos poucos, a sua própria vida era drenada para ressuscitar o primeiro. O mago alterava o feitiço um pouco de cada vez, mas o resultado era sempre o mesmo: se fossem os dois mortos antes que o primeiro tivesse tempo para recuperar, nenhum deles voltava à vida.

Depois da enésima tentativa falhada, Mosé agarrou num dos corpos farfalhudos e atirou-o à parede com força. Atingiu uma pintura emoldurada, que caiu ao chão com uma explosão de vidro partido e do sangue do animal já morto. O mago olhou para o par daquela experiência, esperando por uma reação, mas acabou apenas por bufar de frustração.

Nedoy encolheu-se um pouco mais, esperando que Mosé aliviasse a sua ira nos pequenos animais e não nele. Num momento apenas, as jaulas arderam com uma explosão de fogo roxo que se colava ao pelos dos ratinhos, que gritavam fino em agonia. Aquele som horrífico parecia, de alguma forma obscena, acalmar o mago e, com isso, o feitiço. As chamas agora dançavam, alimentadas pelo resto vida roubada àquelas criaturas e pelos seus corpos crocantes, e Mosé ficou a vê-los arder, talvez na esperança vã que aquilo lhe revelasse que tinha realmente sucedido com uma das suas tentativas.

Quando isso não aconteceu, atirou-se sobre o sofá, derrotado. Ficou de costas ali deitado, a olhar o teto, com uma mão sobre o peito e a outra dependurada em direção ao chão, abandonada.

–Tens ideias, zero-quatro? –acabou por dizer.

Nedoy parou, surpreendido demais para responder imediatamente. Quanto mais tempo passava com aquele homem, mais certo ficava da sua excentricidade, e percebia o perigo em que realmente estava.

–Sobre o quê, senhor?

Ele gesticulou largamente para os animais mortos, e depois para si e para a linha ténue de energia que dele saía que devia ser invisível para Nedoy.

–Eles morrem sempre. Sempre! Todos morrem, –disse Mosé, sem o humor que normalmente dava àquela palavra. Virou a face para as jaulas danificadas, e depois passou um dedo pela própria queimadura. –Claro que tu não fazes ideia de como mudar isso, que és pouco mais inteligente que uma porta e ainda mais inútil.

Nedoy segurou um riso, agradecido por Mosé não estar virado para ele. Estava a ficar sem ideias para insultos, notava-se. Era bom saber que até a criatividade daquele homem tinha limites.

–Diz alguma coisa! Para que tenho aqui, sequer?

Ele não fazia a mais pequena ideia.

–Não compreendo, –disse, fingindo ignorância. –Como haviam de não morrer? Não é essa a ordem natural das coisas, que tudo morre no fim?

Mosé riu. –Nem tudo morre no fim. Estiveste com a bruxa, não?, e sabes que ela está aqui há bem mais que uma geração. Ou achavas que era por milagre? Um milagre daqueles Deuses que não são os meus nem os teus nem os de ninguém.

Ele teve de se segurar para não rir alto, contentando-se com um sorriso que ele não podia ver.

–Não sei, senhor, –respondeu depois de se acalmar. –Acho que nunca pensei nisso. Achava que ela não era humana.

Mosé sentou-se no sofá, passando a mão pelo cabelo. Estava mais calmo, sorrindo, e Nedoy ficou aliviado ao reparar nisso. Não queria ser o alvo da ira dele.

–Ela é tão humana quanto eu. Se bem que essa não é uma fasquia muito alta de se saltar! –Ao dizer isso, ele esticou-se para a mesa de centro e pegou num dos muitos manuais de magia ali empilhados. Aquele que Yex lhe tinha devolvido. –Eles não falam sobre isso, e duvido que, mesmo se o tivessem feito, tu tivesses reparado. Mas eles quebraram as regras da Natureza para ainda estarem vivos hoje, e eu fiz o mesmo, só que de uma forma um pouco diferente. Como podes ver. –Abriu o livro, folheando-o por alto à procura de alguma coisa que pudesse usar para resolver os seus problemas. Ficou em silêncio por um bom momento, passando página atrás de página. Ele já tinha lido aquele livro antes, mais de uma vez, tomando notas no pequeno caderno enquanto o fazia. Ao reparar que as respostas que queria não continuavam a não estar ali, suspirou longamente.

Já se tinham passado semanas daquela rotina, e o mago começava a mostrar traços de exaustão. Nedoy só imaginava o tempo que ele já tinha passado, ao longo dos anos, à procura de uma solução para o feitiço que lhe dava uma imortalidade incompleta. Como os ratos morriam, também ele o faria, permanentemente, se o seu par também fosse assassinado antes que ele se pudesse recuperar. Yex sabia disso e, por sua causa, os Rebeldes também não o demorariam a descobrir. Se queriam destruir a Torre, tinham que destruir aqueles dois, ou eles voltariam, como cabeças a crescer de um pescoço cortado de Hidra.

–Que sabes de magia? –perguntou Mosé, pousando o livro de volta na pilha.

Nedoy ergueu uma sobrancelha. –Apenas que é proibida, senhor. E perigosa.

Ele riu-se alto. –Óbvio, não? –gargalhou. Era sempre assustadora a velocidade com que ele mudava de humor. Gesticulou entre as jaulas que arrefeciam e o seu próprio corpo. –Quanto à primeira, as regras não se aplicam a mim. Quanto à segunda... bem, não tenho a certeza que estejas errado!

Num pulo, levantou-se do sofá e virou-se para Nedoy, que se pôs em posição de defesa com o corpo dorido.

–De certeza que a bruxa não te ensinou nada?

Baixou os olhos e abanou a cabeça em negação. –Eu não quis aprender.

Mosé olhou-o de cima a baixo, avaliando-o, e deu a volta ao sofá para se aproximar ainda mais. Foi preciso todo o autocontrolo de Nedoy para não lhe saltar em cima. Só esperava que o mago o continuasse a subestimar.

–Nisso acredito. –Depois juntou as mãos numa palma súbita. –Perfeito. Como podes ver, isto tudo não está a funcionar, o que significa que é de extrema importância que tu faças o teu trabalho quando a luta chegar. Eu quero ter a bruxa capturada viva, percebes? Se alguém sabe como resolver isto, é ela.

Ele engoliu em seco. Acenou com a cabeça, demasiado tenso para responder com palavras.

Fez aquilo tudo para sobreviver, e não queria mesmo morrer às mãos de Yex. Ou, mais provavelmente, sob um dos seus feitiços. Ou de uma bala Rebelde. Ou...

–Ótimo!

Passou o resto da tarde sob a tutela daquele monstro que lhe tentava ensinar como infligir a maior dor possível sem causar morte. Disparou sobre bonecos de pano, atingiu-os com cortes de espada, aprendeu coisas horríveis. Os dias seguintes não foram melhores; agora que Mosé tinha desistido do seu projeto mágico. Focava a sua atenção em o treinar como um cão de caça. Cada erro que fazia, por mais pequeno que fosse, era punido com aquele mesmo feitiço que lhe trancava os músculos para o usar como boneco articulado e para lhe "corrigir" as posições.

Será que ele seria capaz de capturar a bruxa? Mesmo pondo a sua amizade de lado, e até mesmo as questões morais de torturar fosse quem fosse, ele achava que não o conseguiria fazer. Tinha visto o poder dela bem de perto, e sabia quão frágil o seu corpo era contra uma força da natureza tão potente quanto ela. Não se deixava de perguntar se ela não seria capaz de fazer o mesmo feitiço que Mosé e usar o seu corpo sem permissão, e se só não o fazia por o achar incorreto ou imoral. Quanto mais sofria ali, mais tinha a certeza que esse fosse o caso.

Os "treinos" estavam a quebrá-lo aos poucos, quer pelo cansaço físico quer pela tortura mental. O alívio quando, dias mais tarde, lhe disseram que podia descansar era tanto que quase se sentiu agradecido, esquecendo que quem o libertava agora era o mesmo que o tinha preso. A batalha aproximava-se, e era suposto precisar de toda a sua força para poder lutar.

Só esperava conseguir manter a sua sanidade até lá.

...

Estavam tão perto. A cidade estava a menos de dois dias de distância, se continuassem a andar àquele passo. Era difícil terem notícias quando estavam ali no meio do nada, e a única coisa que os propelia era a esperança de uma vitória. Montada sobre Lyin, o mesmo cavalo negro que a acompanhava desde sempre, Yex avançava em frente ao pequeno exército, de olhos atentos a qualquer movimento suspeito.

Tinham chegado tão longe. Ela esforçou-se tanto para poder escrever as suas cartas, aquelas que esperava queimar na fogueira quando sobrevivesse à batalha. Escrevia com letras grandes, por lhe ser tão difícil ler, e, também por causa disso, ela tinha raramente participado na tradição. Mas desta vez tinha garantido que tinha mais que uma carta pronta, sabendo o risco que estaria a tomar assim que as altas muralhas entrassem no seu ângulo de visão.

Aquela seria a sua última batalha. Se não morresse ali, seria porque tinham vencido, e vencer ali significaria vencer a guerra. Haveria muito trabalho a fazer depois mas, com sorte, ela não teria de voltar a combater. Talvez pudesse ficar a contar histórias e lendas, ou a ensinar os mais novos como entrançar os cabelos das formas tradicionais ou como caçar.

Se vencesse ali, voltaria a aceitar os brincos que lhe fossem oferecidos, a tomar as contas que lhe davam e a prendê-las em tranças e rastas para as mostrar com orgulho. Se sobrevivesse àquilo, acabando com os Irmãos e com o seu maldito legado, voltaria a viver.

Tinham chegado tão longe, e agora estavam tão perto. Tinham que vencer ali, na sua última batalha.

Quando, naquela madrugada, avançaram sobre as muralhas fortalecidas da Capital, era só nisso em que pensava.

....................

...Ai.

O final está a bater à porta. Tipo, literalmente o capítulo seguinte é o climax da história. Tipo, AAAAAAAA!!!!

Ok, antes disso. Sabem como se costuma dizer que maneira mais fácil de mostrar que alguém é um vilão é fazê-lo pontapear um cãozinho adorável? Bem, o mais próximo de um cão que eu tinha à mão era o Nedoy, então foi nisto que deu... 😂 Já odeiam Mosé? Mais ainda, digo?

Nedoy está a aprender. Vejam como ele, pela primeira vez, está a tomar atenção ao que o rodeia! (É só a minha maneira preguiçosa de tentar explicar o como de Mosé e Aron ainda estarem vivos.) O que acham do feitiço dele e da forma como funciona? E como é diferente do dos Originais?

Vou aceitar apostas sobre quem vai ganhar a batalha, com pontos extra se me conseguirem dizer como. Quem vive, quem morre, quem fica ferido?

Boa sorte a todos, meus amores, e boa sorte aos meus personagens também, que vão precisar. Deixem a estrelinha, comentários e assim, e até ao próximo capítulo!

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