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Capítulo VII


Avançavam juntos pelo deserto fora. A bruxa estava focada em navegar as areias, e ele não pôde deixar de a olhar..

Só a aparência dela serviu para o lembrar que tinha de estar em guarda, à beira dela. A bruxa parecia quase um espectro, um qualquer ser antinatura. O cabelo branco estava atado numa trança tosca e brilhava no sol com mais intensidade do que a que tinha direito. Com olhos tão transparentes quanto os dela, ver devia ser uma tarefa difícil; talvez isso explicasse o porquê de ela ter sempre o olhar perdido, quase desfocado. Agora olhava para a frente quase o ignorando, como se procurasse um qualquer caminho invisível por entre as areias do deserto.

Mas era a pele dela que o incomodava mais. O pouco dos braços que espreitavam por debaixo das mangas largas e o pouco da cara que ela não tapou com aquele pano que lhe protegia a boca mostrava uma pele quase tão branca quanto o cabelo dela. Sob o sol intenso da tarde, ela já devia estar toda queimada de escaldões, mas a luz parecia nem sequer a incomodar. Quando Nedoy olhava com mais cuidado, a visão tremia-lhe. O ar à volta de Yex vibrava, quase como uma miragem de calor que distorcia tudo à sua volta.

Será que ela era mesmo humana?

–Onde vamos? –perguntou, eventualmente. Tinha sido estúpido em aceitar a ajuda dela, a segui-la por uma parte do deserto que não conhecia. Se calhar já não se importava, porque não tinha nada a perder.

–Para Eshafra. O poder da Torre Branca é mais fraco, lá.

Se bem se lembrava, aquele era o nome de uma vila remota, longe de tudo, um lugar que a Torre nem tinha bem a certeza se era real. Os rumores diziam que era para onde os rebeldes e os traidores fugiam. Quase se riu da ironia de ele, um Cavaleiro, estar a ir para lá.

–Suponho que seja relativamente seguro.

–Suponho, sim. Há lá gente que te quererá conhecer.

Isso foi o suficiente para o voltar a pôr nervoso. O que é que ela queria? Ainda haveria tempo de fugir?

–Não te preocupes, –respondeu ela, como se lesse os seus pensamentos. –Não é todos os dias que um Cavaleiro deixa a Torre Branca. Haverá curiosos. –Isso não o ajudava a não se preocupar.

Então era isso que a bruxa queria dele? Informações sobre a Torre? Isso explicava o porquê de não o ter atacado. Mas se ela achava que ele trairia os Irmãos ou a Torre, estava muito errada.

Ela não respondeu por um momento, pensativa. Depois acrescentou –Mas eu não direi nada, se não quiseres.

Nedoy olhou para ela, surpreendido. –Como assim não dirás nada?

Yex só encolheu os ombros, e não se explicou.

Continuaram a avançar pelo deserto, pó e areia a encher o ar à sua volta à medida que o sol descia no céu. Nenhum deles fez esforço por começar uma conversa mas, pela primeira vez desde que se cruzaram, não havia tensão entre eles.

Ele desconhecia aquela parte do deserto. Não havia pontos de referência que conseguisse ver ou reconhecer, apenas dunas e mais dunas de areia areia e de gravilha. Mas a maneira como avançavam inexoravelmente para algures dava-lhe a certeza de que não estavam perdidos.

Quando viu o Poço na distância, isso deu-lhe ainda mais certeza. Aquele poço era somente isso, um poço de arenito erguido no meio do deserto, sem os característicos edifícios à volta. Pararam os cavalos e ele olhou à volta, quase esperando que as construções saltassem do chão para os acomodar.

–Aqui não há abrigo, –disse ele, mais uma acusação do que um facto.

Yex simplesmente abanou a cabeça. –Nunca chegamos a construir nenhum, aqui tão isolado. Mas uma tenda mais do que chega.

Quem seria o "nós" a que ela se referia?

–Eu não tenho tenda.

Yex riu-se. –Uma tenda mais que chega. Que tal desapetrechares os cavalos enquanto eu a começo a montar?

Nedoy torceu o nariz à forma como ela lhe dava ordens. Mas realmente não havia nada melhor a fazer enquanto ela espetava as varas que segurariam a tenda. Primeiro tratou de tirar o peso a Preciosa, a sua égua branca, deixando os seus pertences dispostos sobre o pequeno círculo de calçada que rodeava o poço. Hesitou ao aproximar-se do cavalo negro da bruxa, mas ela ainda estava a esticar o toldo sobre as varas e não se pareceu importar. Ou então era cega o suficiente para não o ver.

Teve cuidado com tudo dela em que tocou. Quase esperava que houvesse frascos de veneno dentro das bolsas mais pequenas, ou uma qualquer mistura de ervas para poções, ou até algo pior. Podia jurar que ela estava a reparar no medo que ele quase tinha a pegar nos sacos e que se estava a divertir com a sua reação. Não sabia dizer se ela trazia uma pistola consigo. Tinha a certeza que ela tinha lâminas algures por ali, e o arco era a coisa mais óbvia.

Parecia-lhe estúpido estar a preocupar-se com as armas que ela tinha. Porque se as lendas fossem verdade, ela não precisava de nenhuma.

Quando ele acabou, Yex atava a última corda à respetiva estaca.

A tenda era uma construção simples. O tecido negro estava de tal forma esticado sobre os suportes que quase parecia que ia rasgar. O pequeno espaço não tinha paredes, apenas os panos coloridos que ela agora pendurava à volta para presumivelmente ajudar a manter o calor durante a noite.

–E que tal apanhares o maxilar do chão e vires pôr as coisas aqui dentro? –disse ela.

Ela ainda não tinha acabado de fazer as paredes de pano da pequena quase-casa, mas Nedoy não se atreveu a discordar e começou a trazer as suas sacas para debaixo do toldo. Quase nem tinha que baixar a cabeça para lá entrar.

–Não é melhor fazer um fogo? –perguntou. Estavam no deserto aberto, à noite. Ele sempre tinha dormido dentro dos pequenos edifícios de pedra que acolhiam viajantes e, mesmo aí, precisava do calor do fogo para ficar confortáveis.

Ela encolheu os ombros, despreocupada. –Não trouxe nada que se queime. Seja como for, não há necessidade.

Não demorou muito até estar tudo arrumado e protegido do deserto. Ficou surpreendido pelo quão espaçosa aquela construção portável era, especialmente para a rapidez com que ela a montou. Os cavalos estavam em pé, num canto para aquecer o ar e, ainda assim, havia mais do que espaço suficiente para eles os dois. Claro que ela preferisse ficar ainda mais longe dela, se fosse possível.

A bruxa estava sentada, de pernas cruzadas, aquecendo uma taça metálica entre as mãos com uma chama mágica. Cheirava divinalmente. Ela devia ter reparado na expressão com que ele a olhava, porque disse:

–Trouxe mais especiarias da cidade. Ajudam a comida a durar mais e, além disso, sabem bem. –Tinha aquele meio-sorriso estampado na cara mais uma vez, como se gozasse com ele.

O silêncio voltou a encher o ar, mas ele não se importava. De alguma forma, não achava que ela o fosse atacar.

–Sabes magia?

Ergueu os olhos para ela, surpreendido pela pergunta. Como é que ela se atrevia a perguntar-lhe aquilo?

Acenou levemente com a cabeça, embaraçado. A bruxa pareceu chocada com aquilo.

–Eles testam os Cavaleiros, –explicou. Para qualquer outra pessoa, fazer magia era algo extremamente proibido. –E eu tive o azar de o conseguir fazer.

Ela escondeu mal a sua surpresa. Seria aquilo uma coisa boa ou má?

–És um bruxo.

Yex tinha só murmurado aquelas palavras, quase inaudivelmente, como se falasse para si e não para ele, tentando convencer-se de um facto improvável. Mas, mesmo assim, ele não pôde evitar a forma como os seus músculos se tencionaram, a ira que lhe subia ao peito. Tudo o que tinha aprendido a sentir em resposta a tal acusação.

Mesmo assim, não disse nada.

Ela entregou-lhe uma taça de caldo embrulhada em panos para não lhe queimar a pele e ele, quase sem pensar, aceitou-a.

A luz do sol moribundo já tinha dificuldade em passar pelo tecido negro, mas a temperatura lá dentro não estava a descer. Mesmo na crescente escuridão, os tecidos de cores berrantes com padrões simples davam àquela casa ambulante um ar de calor e amizade. O caldo cheirava ao mesmo vermelho dos panos, e a especiarias e ao pó de ferro do deserto. Ele estava apenas à espera que arrefecesse para uma temperatura que não lhe destruísse a língua, e Yex aquecia a sua própria taça com mais outro feitiço.

–Porque não a usas? –perguntou ela, nem erguendo os olhos para o encarar. Talvez com receio da sua reação?

Ele tirou um gole do caldo. Estava demasiado picante para o seu gosto mas, ainda assim, era delicioso. –Não vejo necessidade. É demasiado perigoso.

Um longo momento passou. Nedoy comia, mas a bruxa olhava para o dançar do caldo na taça como se lhe fosse dar alguma visão profética.

–É difícil de controlar, é verdade, para quem está a aprender. Mas não é propriamente perigosa. –Ergueu aqueles olhos transparentes para o encarar diretamente. –E com treino vai ao sítio. Se assim não fosse, eu teria trazido algo com que fazer fogo.

Oh, Deus, era verdade. Talvez ele fosse capaz de aprender.

Aqueles pensamentos eram heréticos. Desejar poder usar aquela energia era mais que proibido. Ensinar magia era um crime ainda mais incidioso, punido por algo pior que a morte. Mas a bruxa não parecia preocupada. E ele, como Cavaleiro, tinha direito a certas exceções às regras.

–É possível aprender?, –perguntou, de mansinho. Não sabia de qual resposta tinha mais medo.

Yex olhou o chão por um momento a mais, passando o dedo pela borda da taça em círculos sonoros. Quando finalmente olhou para ele, tinha aquele meio sorriso que ele odiava estampado na cara.

–Se tu és um bruxo, não vejo porque não. –Odiava ouvir aquela palavra, aquele insulto, dirigido a si. –Se quiseres, claro.

Ele bebeu os últimos restos da sua refeição para esconder o seu sorriso. Porque tinha perguntado, sequer? E, mais; porque é que tinha gostado da resposta?

Não trocaram mais uma única palavra até acabarem de comer, cada um preso nos seus próprios pensamentos. A sua mente vagueou de volta às histórias que a mãe lhe contava, sobre magos poderosos e sobre tudo do que eram capazes. Tinha gostado delas, um dia, em criança. Mas ao crescer, aprendeu o quão perigosa a magia podia ser, o quão instável era, a forma como tornava homens em monstros. Como era possível alguém que conseguia mover montanhas ser também capaz de se importar com as pessoas à sua volta? Fazia sentido que tais feitos pusessem o povo em perigo.

Ou seria aquilo apenas mais uma mentira?

Deitaram-se pouco depois, afastados como podiam dentro do pequeno espaço. Por alguma razão, hoje ele não estava tão importado com a presença da bruxa quanto era costume e, sem medo, não demorou muito a adormecer.

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