5 - Medidas Extremas
— Obrigado por vir, Sr Min. — Jimin fez uma leve reverência antes de se sentar em uma mesa reservada no café.
Logo cedo, assim que acordou, ele enviou uma mensagem para Yoongi, dizendo que precisava vê-lo ainda naquela manhã. Se possível, antes do expediente dele no café. Queria resolver isso o quanto antes.
— Não se preocupe, eu disse que poderia me contatar a qualquer hora. — Yoongi sentou, abrindo o botão do terno, para ficar mais relaxado. — Então, quais dúvidas você tem?
— Na verdade, Sr Min, — Jimin abriu o contrato sobre a mesa e empurrou para ele. — eu gostaria de dizer que não vou assinar o contrato. — Yoongi murchou na cadeira. Seu semblante deixava evidente a decepção que sentia.
— Escuta, Jimin, se você quiser mudar alguma coisa, nós podemos conversar com o contratante e podemos impor e incluir suas exigências. Nada precisa ser exatamente como está aí. — insistiu Yoongi.
— Eu não teria nenhuma exigência a fazer para seu contratante. Só não sou...apto para o que ele precisa.
— Tem certeza? — Yoongi abriu o contrato e lhe mostrou algumas cláusulas. — Olha, a cláusula inicial, há benefícios bastante significativos, e você pode-
— Sinto muito, Sr Min, mas eu realmente não tenho intenção de um casamento com tantos termos restritos. — Jimin forçou um sorriso.
— O que procura em um casamento, Sr Park, se me permite a ousadia? — Jimin pensou um pouco e suas bochechas repuxaram um sorriso sonhador.
— Eu pretendo me casar com alguém que eu ame. — seus olhos brilharam com a expectativa. — Uma pessoa honesta, leal, confiável e com muita força de vontade. Alguém que eu acorde todos os dias e tenha certeza que fiz a escolha certa. Que apesar das dificuldades, lute por nosso amor, por nossos sonhos e nossos ideais. Alguém que me dê exatamente o contrário do que esse contrato propõe: amor, carinho, atenção, afeição. Acho que isso é a base fundamental para um casamento duradouro e feliz. — ele fechou a cara e fuzilou o contrato. — Não posso me casar com alguém e servir apenas e encubadora para um futuro tirano.
Yoongi gargalhou alto. Jimin ficou sem saber como reagir. Olhou para o outro lado do salão e encontrou os olhos de Hoseok, igualmente confusos com a reação do Min.
Depois de um tempo que Jimin considerou longo, Yoongi se recompôs. Respirou fundo algumas vezes e enfim falou:
— Seu senso de humor é ótimo, Sr Park. — Jimin não respondeu. — Eu entendo perfeitamente seu ponto de vista, e, concordo. Esse contrato me parece extremamente abusivo e absurdo. Mas, infelizmente, não consegui mudar as ideias malucas do meu chefe. — Yoongi puxou o contrato, alinhou as folhas e guardou em uma pasta que estava ao lado, sobre uma cadeira.
— Eu sinto muito, Sr Min, mas não consigo mesmo aceitar algo assim.
— Não se preocupe, Sr Park. Está tudo bem. — Yoongi pegou a carteira no bolso interno do terno e sacou um cartão, entregando a Jimin. — Fique com o meu cartão, esse é o meu contato particular e aí tem o endereço de onde pode me encontrar, caso reconsidere a proposta.
— Eu vou guardá-lo, Sr Min, mas duvido que eu vá precisar recorrer a uma decisão como essa.
— Enfim...— Yoongi levantou e Jimin fez o mesmo. — Espero que encontre o que procura, Sr Park. — estendeu cordialmente mão para se despedir. — Vou torcer por seu sucesso nessa busca.
— Obrigado, Sr Min! — Jimin apertou forte a mão dele e fez uma reverência enquanto o Min se retirava.
Antes de entrar no carro, Yoongi esfregou a testa, cansado previamente por saber que teria que voltar ao início em sua busca por uma "encubadora" para o Jeon.
— Inferno! — preguejou baixinho antes de abrir a porta do carro e entrar.
Jimin teve um dia bastante comum: atendeu alguns clientes, lavou todas as janelas de vidro do estabelecimento e preparou muitos cafés. Hoseok, como sempre, estava animado, arrancando risos esporádicos do amigo e lhe cercando de vários sonhos e possibilidades que a vida poderia lhes dar. Não podia negar, seu amigo era um sonhador, e Jimin era contagiado por esse humor recheado de esperanças todos os dias.
Eles fecharam a loja no horário de sempre e foram para casa juntos. Jimin se despediu do Jung e entrou em seu portão, sentindo as bochechas doerem de tanto que o melhor amigo o fez rir no caminho de volta.
Jimin entrou em casa e estava tudo escuro e em silêncio. Ele foi até a mesa e deixou as sacolas com alguns itens que comprara no mercadinho em sua pausa. Queria fazer um jantar delicioso para o irmão. Voltou e acendeu a luz, e trancou a porta. Ao se virar, seu coração quase pulou para fora do peito.
Hit.
— Olha só quem chegou em casa!?
Hit estava sentado no sofá, com os pés sobre a velha mesinha de centro. Seu pai estava ao lado, com o rosto todo ensanguentado. Dois homens faziam guarda em cada extremidade do móvel e mais dois estavam encostados na parede, que dava acesso ao corredor dos quartos.
— Jinhyon.. — Jimin murmurou em silêncio, preocupado.
— Você é um jovem muito esforçado, não é Park? — ele tirou o palito de dentes da boca e deu um gole na latinha de cerveja que segurava.
— Onde está o Jinhyon? — ousou perguntar em tom de afronta.
— Tá falando daquele pirralho barulhento? — desdenhou Hit. — Não se preocupe-
— Seu maldito! — Jimin avançou rápido em direção a Hit, mas foi detido por um de seus homens. — Onde está o meu irmão!
— Jimin-ah, se acalme. — interveio seu pai.
— Cale a boca, seu miserável! Se estamos nessa situação, é por sua culpa! — Jimin se contorceu entre os braços do homem que o segurava firmemente pela cintura.
— Por mais que eu goste muito de um arranca rabo de família, eu não tenho tempo para isso hoje. — Hit levantou e caminhou tranquilamente até Jimin. — Como sei que é você que banca tudo nessa espelunca, onde está o meu dinheiro?
— Onde está o meu irmão!? — bradou Jimin.
— Não tem com o que se preocupar, coisinha linda...— passou a mão pelo rosto de Jimin, que virou para o outro lado, evitando o toque áspero das mãos do agiota. — Eu não quero nada do seu irmão. Só quero o que é meu por direito. — se curvou na direção de Jimin, que o encarava com raiva e os olhos banhados de lágrimas. — Mas, se não estiver com a minha grana, sabe que não sairei daqui sem nada. — deu um sorriso ladino, exibindo parcialmente os dentes de ouro.
— Eu quero ver o Jinhyon! E quero vê-lo agora! — Jimin se remexeu até que o capanga lhe soltasse.
— Tudo bem! — fez sinal para que seu homem deixasse Jimin solto. — Eu sou um homem justo, Park. Você verá seu irmãozinho, mas não demore, sou muito ocupado.
Hit estendeu o braço para o corredor e Jimin disparou em direção ao quarto que dividia com o irmão. Ao entrar, fechou a porta e correu para a cama, sentando ao lado de Jinhyon.
— Jinhyon, você está bem? — ele conferiu os braços, as pernas, as costas, a cabeça e terminou no rosto, verificando se o menino estava inteiro.
— Jiminie, eles bateram muito no appa desta vez.
— Jinhyon, não se preocupe com ele, já deve estar acostumado. Sem contar que ele já é grande o suficiente para cuidar de si mesmo.
— Jiminie...— o menino agarrou Jimin em um abraço apertado. — Por que eles sempre fazem isso? Por que chegam assim, de repente, quebrando tudo e batendo no appa? — ele fungou no peito de Jimin, estava angustiado e cansado de passar por aquelas situações.
— Ah, Jinhyon... — Jimin o envolveu nos braços, apertando-o igualmente forte.
Jimin tentava acalmar seu irmão, mas nem ele sabia o que faria dessa vez, já que não tinha o dinheiro que Hit queria. Ele temia por Jinhyon, sabia que ele estava assustado e por mais que prometesse que iria resolver tudo, não sabia como.
Jimin chorou nos braços do irmão. Soluçou, tremeu e murmurou muitos "eu te amo" aos ouvidos do pequeno Park. Não imaginava como daria a ele o futuro que sonhou. Não sabia como manter sua promessa de que tudo ficaria bem.
Jimin já estava cansado daquela vida maldita. Cansado de estar sempre se esforçando tanto para arcar com os prejuízos que seu pai causava. Cansado de lutar, resistir, persistir, e ainda ter que ser forte o tempo todo, pois Jinhyon não poderia perder as esperanças, já que era o único que as mantinha intactas.
Não fez mais promessa alguma. Não disse que tudo ficaria bem, nem garantiu que ficariam juntos para sempre como costumava fazer. O futuro agora era um enigma até para ele.
Depois de confortar Jinhyon, e, principalmente, se acalmar, ele beijou a testa do irmão e olhou fundo em seus olhos.
— Eu preciso ir agora, Hyonie.
— Aonde vai, Jiminie? — Jimin secou as lágrimas no rosto rechonchudo do irmão.
— Vou tentar resolver toda essa bagunça ou ganhar algum tempo.
— Mas você vai ficar bem, não é?
— Hyonie, agora eu preciso que você me prometa uma coisa. — Jimin passou as mãos pelos cabelos bagunçados dele.
— Qualquer coisa, Jiminie. Eu prometo qualquer coisa à você.
— Ok. — Jimin precisou de uma pausa para não cair no choro outra vez. — Independente do que você ouvir atrás daquela porta, não importa o que for, quero que fique aqui e não saia. Pode me prometer isso?
— O que está pensando em fazer, hyung?
— Eu não tenho certeza que dará certo, mas quero que fique aqui. Consegue fazer isso?
— Sim, Jiminie, prometo que não vou sair.
Com os lábios trêmulos e lágrimas que não permaneciam em seus olhos, Jimin beijou o topo da cabeça de Jinhyon, depois suas mãos.
— Não se esqueça que eu te amo.
— Eu também te amo, hyung!
Jimin saiu da cama e hesitou na porta. Passou a camisa pelo rosto, secando as lágrimas e enfim saiu.
Na sala, os homens de Hit jogavam baralho na mesa, enquanto o alfa mexia sem muito interesse no celular. Seu pai estava no chão agora, sentado sobre as próprias pernas, o sangue seco no rosto e o lábio inferior inchado. Ele passou o braço pelo nariz e voltou a sangrar, quando levantou a cabeça para evitar que o sangue escorresse mais, viu Jimin parado na entrada do corredor.
— Jimin-ah! — todos olharam para Jimin.
— Ora, pensei que teria que ir até lá e arrancar você daquele buraco que vocês chamam de quarto. — Hit levantou e guardou o celular no bolso. — Vamos ao que importa, cadê o meu dinheiro?
Jimin colocou a mão no bolso de trás e pegou a carteira.
— Droga, odeio esses ômegas certinhos. — murmurou hit.
Jimin se aproximou e colocou o dinheiro na mesinha. Hit pegou e começou a contar. Levantou o olhar semicerrado para Jimin e disse:
— Está faltando. E muito.
— Se você colocar na conta o microondas e o dinheiro que o seu capanga levou daqui, fica o valor exato. — contestou o Park.
— Meu capanga?
— Você sabe muito bem do que estou falando. Um dos seus homens veio aqui há algumas semanas, bateu no meu pai e levou o microondas.
— Não, eu não tenho ideia do que está falando. — guardou o dinheiro no bolso e encarou Jimin com um sorriso petulante.
— Isso significa que está perdendo o controle sobre seus homens e agora eles fazem o que bem quer sem que você saiba? — afrontou Jimin.
— Você está sendo muito ousado. Acho que é melhor a gente te lembrar quem está no comando aqui! — um dos homens levantou da cadeira e cerrou o punho, batendo contra a outra mão.
— Sossega, Mad Dog.
— Mas, chefe, ele está-
— Eu resolvo isso. — lançou um olhar mortal para o outro. — Menino Park...— Hit caminhou casualmente até Jimin. — Não me interessa os problemas que você tem na sua casa e quem entra e sai daqui com alguma coisa. O combinado é eu receber o meu dinheiro na minha mão. Não foi isso que combinamos?
— Mas eu-
— Onde está o meu dinheiro, Park? — seu tom era de alerta, mas a expressão em seu rosto...deixou Jimin tenso. Aquele olhar predador fez o sangue de Jimin gelar nas veias.
— Eu preciso de mais alguns dias para juntar o restante. Então peço que-
— Você ouviram isso, rapazes, o Park precisa de mais alguns dias. — zombou Hit, arrancando gargalhadas de seus subordinados.
Hit deu mais um passo na direção de Jimin, e o ômega recuou. O sorrisinho pretensioso voltou aos lábios do alfa, que observou Jimin de cima a baixo.
— Eu vou adorar negociar com você, Park.
£££
Yoongi saiu do banheiro, pegou um robe e foi para a cozinha.
Ao abrir a porta da geladeira, sua campainha tocou.
— Ué, quem será a uma hora dessa? — Taehyung, que estava levantando do sofá, encarou o alfa com sobrancelhas franzidas.
— Não tenho ideia. — Yoongi caminhou até a porta. — Mas para vir até aqui, com esse temporal que está caindo lá fora, deve ser muito importante. — olhou no sistema de segurança da entrada, mas não conseguiu ver nada. — Acho que a queda de luz danificou nosso interfone.
— Ainda bem que a campainha é a bateria. — acrescentou Taehyung.
Yoongi liberou a entrada e andou até a mesinha ao lado da porta, pegou sua arma do coldre e destravou.
— Precisa mesmo disso tudo, Yoongi?
— Eu não sei quem está chegando aqui, assim, de repente, então melhor me prevenir.
— Teria sido mais simples se você não liberasse a entrada. Não acha?
— É, poderia. Mas-
Duas leves batidas na porta interrompeu Yoongi. Ele segurou a arma com mão direita e abriu a porta com a esquerda, escondendo parcialmente o corpo ao abrir a porta.
— Sr Min...— os olhos do alfa arregalaram ao ver Jimin diante de sua porta. Estava encharcado, tremendo e acompanhado de uma criança. — Eu aceito o contrato. Por favor, Sr Min, me deixe assina-lo!
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