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Capítulo 12 - AURORA - Parte I


"Uma noite longa
Pruma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar

E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar

Eu tou na Lanterna dos Afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar"

Paralamas do Sucesso – Lanterna dos Afogados


Abro os olhos assustada e olho para o lado.

— Desculpe, não quis acordá-la. — Filipe está dirigindo o Sun. — Não estou acostumado a dirigir esse tipo de carro e...

O dia raiou e, pelo visto, Filipe conseguiu tirar o carro do buraco.

— Espero que não se importe. Você estava num sono pesado.

— Não... eu... — Sinto o meu corpo e minha cabeça doerem enquanto me ajeito no banco. — Que horas são?

— Seis horas.

Percebo que estamos chegando a Monte Belo.

— Nunca deixei ninguém dirigir o Sun — digo, sorrindo.

— Desculpe, eu tentei te acordar, mas você não...

— Tudo bem. Estou vendo que ele está se comportando bem com você.

— Esse carro é ótimo. Sun é porque é amarelo?

— Ele é como o sol — sorrio, sentindo pontadas na cabeça.

Ele me olha de lado.

— O que foi?

— Dor de cabeça.

— Devemos tomar um banho quente e descansar.

Viro meu rosto para o outro lado e reviro os olhos com meus pensamentos sórdidos com padre e banho.

Ok, Aurora. Ele é lindo, legal, simpático, gentil e até mesmo dormimos juntos no carro. Claro, vestidos, claro, e... e ele é padre. Deus, ele é PADRE!

— Devemos. Devemos sim.

Filipe estaciona em frente à igreja e se vira para mim.

Ainda consigo ver vestígios da lama em seu lindo rosto. Seus cabelos estão bagunçados.

— Não sabia onde era a sua casa então... Consegue mesmo dirigir? Eu posso levá-la e depois dou um jeito.

— Está tudo bem, Filipe. Estou acostumada com essas dores de cabeça. Vai passar. Obrigada.

Ele concorda com a cabeça.

— Eu que agradeço o dia de ontem — diz ele. — Por mais que tenhamos atolado no meio do nada, eu não me divertia assim há muito tempo.

Eu mostro um pequeno sorriso. Sinto a verdade em sua voz.

— Eu também, Filipe.

Seus olhos presos em mim fazem meu coração bater mais forte.

Levanto minha sobrancelha para isso e ele sorri.

O que ele está fazendo?

Coro. O coração está disparado.

Nesse momento, em uma onda de consciência, consigo perceber que estar tão perto dele talvez não fosse uma boa ideia.

Se ele não fosse padre, diante do que sinto com seu toque e as coisas estranhas que ele me faz sentir, tudo soaria como uma inocente paquera.

Mas ele é um padre.

Compartilhando um sorriso tímido comigo, Filipe sai do carro.

Eu me sinto como uma mulher que acabou de sair com um cara que curtiu e não é recompensada com um beijo nos lábios.

Eu o vejo entrar na casa do padre Giovanni sem me mover de lugar.

Respiro fundo e mordo o lábio inferior pensando nos seus olhos azuis.

Eu me arrasto no banco para o lado do motorista e ligo o Sun.


***


— 9 dígitos? — Só posso ter ouvido errado.

— Acima de 200 milhões — diz doutor Ferrari com a maior naturalidade do mundo.

Estou perdida.

— Meu Deus! 200 milhões de reais.

— Não, Aurora. Dólares.

O quê?

Cheguei à mansão nas pontas dos pés. Claro que foi em vão.

Otto e minha mãe estavam acordados e nem perguntaram sobre a minha noite longe de casa. Como imaginava, pensaram que eu estava com Pablo. Foi bom porque me poupou explicações sobre dormir no meio do nada com o novo padre da cidade.

O que eu não contava era que Doutor Ferrari também havia madrugado e estava à minha espera para uma reunião tão cedo.

Ferrari me olha com complacência. Acho que percebeu a minha notável falta de noção com tudo que estava por vir.

— A fortuna é baseada de acordo com todos os bens: a vinícola aqui no Vale, os hectares produtivos também na Bahia, Chile, Espanha... — Ele vai lendo em um papel, com os óculos caídos sobre o nariz — A marca Casa Fontenelle, o grande acervo de vinhos na cave da vinícola e aqui da mansão; as obras de arte pessoais; sua própria distribuidora, participações em ações de outras multinacionais, fora os empreendimentos imobiliários que constituem em prédios, armazéns, galpões, lojas e casas, a maioria deles são aqui na região sul e sudeste.

— Isso é muito — digo com a voz embargada.

— É — Otto dispara, sentado em sua enorme cadeira. — Por isso temos que deixar tudo bastante organizado pra quando eu...

— Senhor Fontenelle sempre foi um homem de negócios, Aurora — comenta Ferrari como se eu não soubesse. — Ele octuplicou a fortuna da família e está em ascensão até hoje.

— Eu sabia que era muito, mas não sei se conseguirei com tanto...

— Não tenho dúvida nenhuma que você conseguirá — Otto bate sua bengala no chão chamando minha atenção. — Como você não é minha herdeira direta, preciso deixar tudo documentado para que não haja problemas quando eu morrer.

Dessa vez ele fala com todas as letras: quando eu morrer.

— Não ouse me deixar sozinha nisso.

— Não pretendo. — Ele mostra um sorriso quase simpático. — Não, por enquanto. Não posso ajudar por aí afora, já que meus joelhos não cooperam, mas estarei aqui para aconselhá-la. Por isso, boa parte do que tenho já estará em seu nome e sob a sua responsabilidade.

— Além disso, você terá milhares de empregados — diz Ferrari. — É só saber administrá-los.

— Estudei enologia, doutor, não administração — falo, levemente irritada.

— O Senhor Otto nem cursou o ensino superior — retruca ele, erguendo os olhos sob os óculos de lentes grossas.

Era toma lá dá cá.

— Fiz o que deveria ter feito! — Otto fala com firmeza, querendo por fim na troca de farpas. — Aliás, deveria ter se preocupado com a chuva que tivemos ontem, mas preferiu dormir fora.

Franzo o cenho e ameaço falar, mas ele levanta uma mão.

— Não quero desculpas — diz. — Os funcionários estão calculando a perda, mas a princípio, não foi nada tão preocupante.

Ele não havia me dado oportunidade para perguntar nada.

— Isso vai exigir muita responsabilidade, Aurora — continua. — Além do que você possa imaginar. Terá que estar pronta para tudo. Vou deixar passar esse deslize apenas porque você está de férias.

— Foi por isso me deu as férias, não foi? — Minha voz sai trêmula. Queria perguntar sobre as parreiras, mas a raiva toma conta de mim. — Por que eu não teria mais tempo para nada após toda essa responsabilidade?

Ele torce a boca. Otto era tudo, menos burro.

— Aproveite suas férias, Aurora — afirma, pedindo com um gesto os papéis para o advogado. Ajeita a resma sobre a mesa e assina cada uma das folhas.

— Nada melhor do que começar o trabalho sentindo-se renovada — concorda Ferrari, indicando os locais onde Otto deve assinar.

Não consigo forçar nenhum sorriso.

— Alguma dúvida? — pergunta Otto. — Se não, pode ir aproveitar as suas férias.

Faço que não, mas na verdade elas eram infinitas. Apenas não havia conseguido formular nenhuma delas.

— Pode ir — diz, me dispensando sem ao menos me olhar.

Quase clamo para que perceba meu desespero, mas não faço.

Saio do escritório tremendo.

Vejo minha mãe parada, em frente a mim, com o olhar curioso.

— O que foi, minha filha?

Eu preciso pensar.

Preciso pensar em tudo isso.

Conseguindo me mover, corro para o meu quarto e fecho a porta com força.

O que ele pensa?

Eu havia acabado de chegar, caramba! Eu estava ilhada!

É claro que veria como as parreiras tinham se comportado com a chuva.

Busco ar em meus pulmões.

A dor de cabeça já não é o meu maior problema. Andando de um lado para o outro no quarto, abro a janela e vejo as parreiras de uvas testemunharem minha covardia.

200 milhões de dólares.

Eu seria milionária.

O que há comigo que não consigo me sentir feliz com essa grandiosidade?

Ouço batidas na porta e ela se abre.

— O que aconteceu, Aurora? — pergunta minha mãe.

Viro-me para ela.

— Nada! — falo mais alto do que o normal. Quero que ela saia daqui.

— Como nada? Você bateu a porta e isso é falta de educação. Otto e doutor Ferrari...

— O quê? Não posso bater à porta da minha própria casa, mãe? Ah, não! Essa casa não é minha, não é? Você sempre faz questão de me lembrar disso. Não posso cuspir no prato que como diariamente, não é? Você sempre diz o que eu tenho que fazer e sempre me lembra do quanto preciso ser compreensiva, tolerante e, acima de tudo, agradecida por tudo que Otto faz por mim, mas...

— O que está dizendo, Rory? — Ela mostra em fisionomia a perplexidade com o que acabo de dizer.

— Estou dizendo que estou perdida! Confusa em uma vida que não havia escolhido para mim!

De repente, a porta se abre um pouco mais e Otto entra no meu quarto.

Minha mãe faz uma cara de choro.

— Deixe-nos a sós, Fátima, por favor — pede Otto.

Ela abaixa a cabeça e sai com as mãos ao rosto.

Viro-me novamente para a janela, depois de ver a carranca do Otto em desaprovação.

Após alguns segundos em silêncio, ouço as batidinhas da bengala enquanto ele anda.

— A culpa é minha, Aurora.

Sua voz calma me faz virar em sua direção.

— Estou nervosa, só isso — falo, já arrependida do meu pequeno show. Deveria ir agora mesmo pedir desculpas a minha mãe.

Ele nega com a cabeça. Seu semblante, nesse momento, é uma incógnita. Ali não há sorriso ou raiva.

— Essa casa é sua — diz ele.

— Eu sei. Eu sou grata por tudo.

— Não quero que seja grata.

— Não, eu fui maldosa e...

— Aurora... ouça... — Ele se senta na beirada da minha cama e pede com a mão que eu me sente ao seu lado. Faço o que ele pede.

Em sua mão está a papelada que ele assinou.

— Desculpe — peço.

— Eu nunca te perguntei se era isso que você queria. Acho que criei expectativas em cima dos meus desejos e atropelei tudo.

— Eu sabia, Otto. No fundo eu sabia que isso aconteceria. É só que te perder e ter toda essa responsabilidade nas minhas costas ao mesmo tempo me assusta. Eu perdi meu pai uma vez. Não quero perdê-lo também.

Otto abaixa o olhar e quando volta a mim, percebo seus olhos marejados.

— Eu tive uma ideia — diz ele, fungando. — Vou deixar isso com você. — Ele mostra os papéis. — Não quero que seja infeliz, minha filha. Já basta o que fiz com Lorenzo. Ele partiu magoado comigo porque eu achava que sabia o que era melhor para ele. Não posso errar duas vezes, Rory.

Pela primeira vez vejo Otto vulnerável, falar de Lorenzo era algo que o deixava muito abalado. Minha mãe já havia me contado sobre a relação complicada dos dois, mas ele nunca quis falar disso comigo.

— Que tal você pensar no assunto sobre ser minha herdeira? Quero que pense nos prós e contras. Prometo que irei aceitar a sua escolha.

Um nó se instala em minha garganta.

Aperto os lábios.

Eu sei o quanto deve estar doendo nele. Otto não tem ninguém.

— Otto, eu...

— Não diga nada, Aurora. Você está de férias. Aproveite para pensar, tudo bem? No final dela, você me diz o que decidiu. — Ele se levanta e me dá um beijo na testa. — Vou deixar isso aqui. — Ele coloca a papelada sobre a mesa do computador.

Concordo com a cabeça, sem conseguir falar.

Ele sai do meu quarto, dando um aceno rápido e com um semblante triste.

Deixo meu corpo cair sobre a cama.

Encaro o teto, exausta e, querendo esvaziar a mente, fecho os meus olhos.

Um par de olhos azuis aparece e, sem entender o motivo, consigo o que preciso: paz.


***


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