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░PERU░

I

Antes de interrogarem Samuel, Jorge pediu ao delegado que explicasse o que estava acontecendo. Na qualidade de advogado, ele tinha essa prerrogativa. Basílio iniciou sua explanação, um tanto a contragosto:

— Ainda não estamos convencidos de que alguém pulou o muro e entrou no prédio, embora não haja outra possibilidade aparente. Daí cogitamos se o porteiro não estaria envolvido.

Bruno comentou:

— Eu também tive a mesma ideia, mas existe alguma prova contra ele?

— Pois então, Bruno, quando aventada a hipótese, pedi ao investigador Madeira que levantasse a ficha do sujeito. Diga a eles, Madeira, o que foi que você descobriu.

Madeira procurou em sua já famosa agenda:

— Samuel Alves dos Santos, 37 anos, casado, duas filhas. Já teve passagens pela polícia por roubo a mão armada e chegou até a trocar tiros uma vez, ferindo um policial militar. Tinha 21 anos nessa época e pegou oito anos de cadeia, cumprindo quatro anos em regime fechado e o restante em liberdade condicional. A seu favor consta que depois de sair da prisão nunca mais se envolveu em nenhum tipo de crime, pelo menos que se saiba.

Jorge interrompeu:

— Esses são os fatos novos, Basílio? Parece-me que não justificam um novo depoimento do meu cliente.

Basílio explicou:

— Não foi só por causa disso. Descobrimos também que ele e o Gomes... Sabem quem é o Gomes?

— Ainda não.

— É um bicheiro suspeito de vários crimes, principalmente do assassinato do General, esse você sabe quem é?

— Sei.

— Pois então, suspeitamos que esse tal de Gomes também possa estar envolvido com a morte do Felipe, até porque ele atua em Pinheiros.

— E o que o Samuel teria a ver com isso?

— Samuel e Gomes foram criados juntos e Samuel frequenta a casa do bicheiro. Os dois são muito amigos. Disseram os vizinhos que muita coisa do que o Samuel tem, televisão, videocassete, foi presente do Gomes.

— E por qual razão o Gomes é suspeito?

— Além das encrencas com o General, andou discutindo também com o filho do Patrocínio, que é outro banqueiro, só que lá da zona leste. General foi assassinado e o filho do Patrocínio sofreu um atentado. General teve alguns chalés incendiados e o filho do Patrocínio, o escritório. Tudo muito ligado, não? Parece indicar que Gomes está por trás de vários crimes e quem sabe não matou Felipe com a ajuda do Samuel? Agora, o mais importante: logo após a morte de Felipe, Madeira procurou o Gomes e perguntou onde ele esteve na tarde do crime. Ele disse que estava num supermercado, fazendo compras, mas não tinha como provar e o sistema de câmeras de vigilância do estabelecimento já não possui mais a gravação daquele dia. Por isso o intimamos a de­por. Ele tinha que ter vindo ontem, mas não compareceu. Fomos procurá-lo e não o encontramos, ninguém sabe onde ele está. Se não deve, por que não veio? E por que sumiu?

Madeira comentou:

— O duro é que quanto mais a gente busca informações no meio da contravenção, o único lugar onde se pode conseguir alguma pista, mais a gente chega à conclusão que a ordem que impera entre eles é a de nada informar, se possível até atrapalham. Assim sendo, ninguém conhece o Gomes, ninguém o viu e ninguém sabe onde ele se meteu...

Jorge arrematou:

— Acham então que Gomes e Samuel podem ser cúmplices? É possível, mas parece não haver motivos...

Basílio apressou-se em dizer:

— Motivos? Eu lhe dou apenas um: briga por ponto de aposta. E digo mais: é só por causa disso, nada mais, que esses desgraçados se matam. Eles bem que podiam dividir a cidade de uma vez, em papel passado em cartório, que seria mais negócio.

Jorge corrigiu:

— Eu digo motivos para o Samuel estar envolvido, não o Gomes.

Basílio respondeu:

— Eu compreendi, mas é o que eu disse, o motivo é genérico, porque tudo se trata de briga por ponto de apostas. Samuel teria sido tão somente um instrumento para facilitar a vida do Gomes. Bem, podemos interrogá-lo, então?

Samuel foi chamado à sala do delegado. A mente ainda confusa, não entendia por que tinha de voltar àquele lugar deprimente. Será que tinham descoberto que estivera preso na penitenciária do Estado por quatro anos? Da outra vez tivera medo de que suspeitassem dele por causa disso e nem dormira na noite anterior ao depoimento.

Basílio repetiu as perguntas que já havia feito:

— Alguém de fora entrou no prédio entre 17 e 17h30?

— Depois que o Felipe chegou só a dona Helena, irmã da dona Larissa, mas ela não subiu ao apartamento, apenas desceu ao estacionamento com o seu Osvaldo, pegou o carro e saiu.

— Desde que Felipe chegou, até a hora em que Larissa o encontrou, morto, você saiu em algum instante da guarita?

— Não, fiquei lá o tempo todo.

— Ocorreu algo de anormal durante o tempo que esteve lá?

— Nada.

— Chegou algum carro?

— Alguns, mas apenas de moradores do prédio.

— Tem certeza?

— Tenho! Mas por que estão perguntando tudo isso de novo?

Basílio mudou o rumo da conversa:

— Conhece o Gomes?

— O bicheiro?

— Ele mesmo.

Bem que Samuel desconfiava, uma hora chegariam ao mano Gomes.

— Conheço sim — iniciou, meio reticente. — A gente é como se fosse irmão, fomos cria­dos juntos, mas... o que tem ele?

— Alguma vez ele foi até o prédio conversar com você?

— Não, nunca foi.

— No dia do crime ele esteve lá?

— Não.

— O Gomes disse se ia viajar?

— Não. Por quê? Ele viajou?

— Nós o estamos procurando e ele sumiu, sabe aonde ele foi?

— Não sei, faz tempo que não falo com ele.

— Quando foi a última vez que o viu?

Ele fez uma pausa para pensar:

— Faz mais de duas semanas.

— Ele conversa com você sobre os negócios dele?

— Quase nunca.

— E nunca te perguntou sobre Felipe Torres?

— Que eu lembre não.

— Alguma vez falou para ele que Felipe Torres morava no prédio em que você trabalha?

— Acho que sim, mas o que tem isso demais? — A ideia de voltar à prisão fazia Samuel suar frio. — Mas do que vocês estão desconfiando?

Jorge não esperou que o delegado explicasse:

— Samuel, eles suspeitam que o Gomes matou o Felipe e que você o ajudou, deixando ele entrar no prédio. Pensam assim por causa dos teus antecedentes criminais. Sabem que você já pegou oito anos de cadeia.

Estava na cara! Aquela mancha iria persegui-lo para o resto de sua vida. Será que nunca iriam acreditar nele, que era um homem regenerado? Já não bastava a dificuldade em ar­rumar emprego, agora também seria suspeito de qualquer crime que acontecesse ao seu redor?

— Meu passado não é muito digno, eu sei, mas eu sou inocente. Depois que saí da cadeia nunca mais fiz nada, eu juro. Juro pela minha mãe que está no céu, juro por tudo que é sagrado. Vocês têm que acreditar em mim... Tem que acreditar, por favor...

— Está bem! Já entendemos — cortou Basílio, secamente. Às vezes ele era incisivo, visando arrancar do depoente informações valiosas. Tinha agido daquela forma para o forçar a entregar o jogo, caso tivesse alguma culpa, entre­tanto, parecia mesmo que Samuel não sabia de nada.

— Mais alguma coisa, delegado? — perguntou Jorge, até então condescendente com a postura de Basílio, não vendo nela nenhum ultrapassar de limites (e também porque ele precisava saber).

— Sim, Jorge... Samuel, pense bem, no dia anterior ao crime, dia 12 de março, segunda-feira... No depoimento anterior você disse que esteve no prédio um corretor de imóveis, certo?

Samuel ainda estava nervoso e então lhe foi oferecido um copo d'água. Mais calmo, respondeu:

— Verdade, esteve sim.

— Poderia repetir o que disse antes?

Samuel olhou para Jorge.

— Eu ainda não li seu primeiro depoimento — declarou o advogado. — Está seguro para repetir o que já disse?

Samuel disse que sim, prosseguindo:

— Lá pelas 16h30 o seu Felipe me interfonou e disse que ia vir um corretor de imóveis ver o apartamento 92. E veio mesmo, um homem esquisito, de boné, óculos escuros, uma barba enorme... O retrato falado que vocês fizeram ficou bem parecido.

— Este aqui? — Basílio apontou-o sobre a mesa. — Confirma o retrato?

— Esse aí mesmo.

— Sabe o nome desse corretor e em qual imobiliária ele trabalha?

— Não, o seu Felipe não falou.

— Continue.

— Eu interfonei para o seu Felipe e ele veio até a portaria. Cumprimentou o tal corretor e subiram. Uns quarenta minutos depois, o seu Felipe ligou de novo e disse que o homem ia descer, que já tinha visto o apartamento. O tal sujeito desceu, eu abri o portão e ele foi embora. E nunca mais eu vi ele.

— E depois disso você falou novamente com Felipe?

— Não.

— E ele saiu novamente?

— Até o final do meu turno, meia noite, não. Já perguntaram para os outros porteiros?

Basílio disse que sim. Geovânio, que cumpria o turno da madrugada, disse que Felipe não tinha saído em momento algum, mas segundo Júlio, que entrava às oito da manhã, mal tinha assumido o posto, viu Felipe chegar a pé no edifício.

— Chegou a pé? — estranhou Samuel.

— Sim e pediu para o Júlio abrir o portão, depois entrou e subiu sem dizer qualquer palavra. Meia hora depois, saiu de novo (dessa vez de carro) e só voltou de tarde, às 17h00, quando você o viu vivo pela última vez. Minutos mais tarde, estaria morto.

Havia duas possibilidades: 1) Geovânio dormira na guarita e não vira Felipe sair (a pé); 2) Felipe teria saído escondido no carro de outro morador, voltando a pé.

— Seja como for, seja a que horas for, ele saiu e voltou às oito da manhã do dia 13. Onde teria ido?

Essa misteriosa 'escapada' do morto constituía-se numa segunda charada a ser esclarecida, aliada à primeira: quem era o corretor de imóveis barbudo, escancaradamente disfarçado, e que negócios ele realmente tinha com Felipe? Felipe, ao retornar, trajava roupas de cooper e Júlio entendera que ele fora correr, o que, no entanto, não era habitual de sua parte.

Toda aquela ação anterior ao crime parecia mesmo indicar algum negócio escuso do genro de Nilo, à revelia do banqueiro. Ao encontro disso, o fato de ele ter dito a Larissa que estaria viajando, quando, na verdade, estava no edifício Gaivotas, sendo que Nilo, no plano de fuga, tinha dito a ele que permanecesse na Fortaleza. De qualquer forma, não havia provas também de todos aqueles fatos e, por ora, teriam que confiar (desconfiando) nos relatos de Samuel, Júlio, Larissa e Nilo.

— Algo mais, delegado?

— Não, Jorge. Seu cliente está liberado. — Voltou-se para Samuel: — Mas se você encontrar o Gomes está obrigado a nos informar, está ouvindo, Samuel?

— Sim senhor! Estou sim!

— Então podem ir!

II

Bruno e Jorge deram carona ao porteiro Samuel, que es­tava bem preocupado:

— Por que acham que o Gomes matou o Felipe?

Bruno esclareceu:

— O Gomes parece estar envolvido em muitos crimes, relacionados com os bicheiros, além de não ter álibi para o horário em que Felipe foi morto. Foi intimado a prestar depoimento e não compareceu, sumiu, ninguém sabe onde está. É por isso.

— Samuel, tome cuidado — orientou Jorge. — Enquanto eles não encontrarem o Gomes e tirarem essa história a limpo, você ainda é suspeito, por isso não o procure.

— Muito obrigado, não sei como agradecer.

— Não se preocupe com isso. Volte ao trabalho.

— Até logo.

Samuel reassumiu seu posto, para alívio de Osvaldo:

— Até que enfim, não ganho para isso.

Enquanto voltavam para o escritório, Bruno indagou:

— Jorge, não acha que foi longe demais ao sugerir que Samuel não procure o Gomes? Agiu como se realmente fosse o advogado dele.

— E não sou?

— Ora, aquilo foi só um meio de você conseguir participar do depoimento. Não está levando isso a sério, está?

— Reconheço que foi só um artifício, mas agora acho que ele vai mesmo precisar de mim. E por que diz que fui longe demais?

— Porque a polícia ia colocar alguém para o seguir, na expectativa de que ele procurasse o bicheiro. E você estragou tudo.

— Tem razão, mas sinto que ele é inocente, melhor não deixar ele se complicar à toa. E uma hora dessas o Gomes reaparece.

— Você 'sente' que ele é inocente? Desde quando passou a seguir intuições?

— Sempre as segui, Bruno. Nunca percebeu? — E indicou um ponto de parada. — Ah, me deixe ali, vou dar uma passada no escritório do Nilo.

Bruno estacionou o carro e Jorge desceu:

— Até mais ver, meu amigo.

— Boa sorte na Fortaleza.

III

— Oi, Jorge. Algum progresso? — perguntou Nilo.

O advogado acomodou-se, impressionado com o tamanho do gabinete. Indagou:

— Já soube das novidades?

— Não.

Jorge contou então sobre os fatos ocorridos na delegacia especializada.

— É como eu disse a você, a polícia está indo no caminho errado. Continuam insistindo com esse Gomes. Quanto ao Samuel, duvido muito que esteja envolvido, sou mais o paraquedista...

Jorge riu:

— O Osvaldo é uma figura...

Nilo tomou um gole de sua água (com gás):

— E agora ele quer que eu instale câmeras no edifício. Quer saber? Vou é vender tudo aquilo e dane-se o Gaivotas. — Ergueu-se, dirigindo-se a uma pequeno bar instalado num dos cantos da ampla sala: — Aceita um drink? 

— Não, obrigado. Por ora prefiro água mesmo.

Enquanto preparava as bebidas, ia dizendo:

— Estive pensando... Não gostaria de passar o fim de semana em Ilhabela? Providencio para que vá de helicóptero e aí você aproveita e conversa com Flávio e a Alessandra.

Jorge não se entusiasmou muito com a ideia:

— Vou ser sincero, Nilo, sou bem cismado com esse negócio de helicóptero.

— Fique tranquilo, é seguro.

— Nunca achei.

— Não sofra por antecedência, meu amigo. Até sábado tem muito chão e só o peru sofre de véspera.

— Sei...

Nilo gargalhou:

— Vou ligar para o meu neto para que ele lhe faça companhia.

IV

No sábado de manhã, dia sete, Jorge e Daniel subiram a bordo do Colibri HB-350 e decolaram em direção a Ilhabela.

— Acha que pode haver alguma pista em Ilhabela, Jorge?

— Não sei, Daniel, mas as pistas às vezes surgem de onde menos esperamos. Por falar nisso, deixa eu te fazer uma pergunta: como era o dia a dia do seu pai?

Daniel pensou um pouco:

— Quando estava em São Paulo, levantava cedo: trabalhava praticamente o dia todo na escola de música, com exceção de terça e quinta, pois de tarde ele fazia ginástica numa academia perto do aparta­mento. Todo mês ele ia para Ilhabela e ficava lá pelo menos uns dez dias. Mas por que você quer saber isso?

— Ora, porque é importante conhecer os hábitos da vítima. Se eu fosse dar cabo da vida de alguém, iria primeiro me informar dos hábitos dessa pessoa, pois com certeza me possibilitaria meios para conseguir meu intuito.

Daniel voltou o rosto para o lado de fora, enquanto sobrevoavam a praia da Feiticeira:

— Estamos chegando.

O helicóptero pousou ao lado da casa, para alívio de Jorge. Daniel mostrou a mansão ao convidado, que ficou maravilhado.

— Estive pensando em pedir emprego ao Nilo Ro­mano. Que tal eu como bicheiro? — brincou.

O rapaz deu risada:

— Boa ideia, mas espere primeiro passar a onda de assassina­tos.

Fazia sol e os dois aproveitaram a tarde para um banho de mar, depois na piscina. Num momento em que Alessandra servia-lhes cerveja bem gelada, Jorge aproveitou para fazer a mesma pergunta que fizera ao filho de Felipe.

— Não entendi — disse ela.

— O que ele fazia de manhã, de tarde, assim por diante, quando es­tava aqui em Ilhabela?

— Ah, sim. De manhã ele tomava banho e ficava quase meia hora, mas sempre tomava café primeiro. Café é modo de dizer, pois ele gostava de iogurte natural batido no liquidificador. Comia pão com manteiga e sempre gostava de frutas... Não me conformo que ele tenha morrido, um homem tão bonito... — Os olhos dela lacrimejaram. — Eu não posso acreditar. O Flávio também não se conforma.

Alessandra pare­cia não ter entendido muito bem o que Jorge queria saber. Ele agradeceu, pela resposta e pela cerveja, indicando à esposa do caseiro que poderia voltar aos seus afazeres. Pensativo, seguiu seu descanso, apreciando o desfile de barcos pelo canal.

Passaram a noite na casa e antes de se deitar, Jorge conversou com Flávio, que estivera fora a maior parte do dia. Ele era um sujeito quieto, monossilábico. Em nada pode ajudar.

Pela manhã, com a permissão de Daniel, Jorge fez uma revista na casa, na intenção de encontrar alguma pista. Flávio não entendia muito bem o motivo daquela inspeção, já que a polícia estivera na casa, fizera perguntas, confirmara os passos de Nilo e Felipe no dia 11 de março e já inspecionara tudo.

"O que será que ele espera encontrar, se o crime foi em São Paulo?", pensou. Já Alessandra, alheia a esses detalhes mais técnicos, achava tudo muito divertido e ela própria encarregava-se de mostrar o guarda-roupa de Felipe a Jorge.

— Que roupas, hem? Seu pai tinha bom gosto, Daniel! Camisas de linho, seda, só calças de marca.

Jorge abriu uma caixa de sapatos que estava dentro de uma gaveta. Encontrou o registro de uma arma calibre 22 e seis balas. Chamou Daniel:

— Sabe onde está essa arma, registrada em nome do seu pai?

— Não, mas o Flávio deve saber.

Chamaram-no.

— Ele tinha uma arma, sim, guardada no porta-luvas do Camaro.

— E onde está o carro?

— Em São Paulo.

Daniel confirmou:

— Na garagem do Gaivotas.

— E por que ele retirou as balas?

Flávio explicou:

— Levava o 22 no carro apenas para amedrontar, se precisasse se defender, mas não deixava balas no revólver para evitar acidentes. Parece que de nada adiantou ter essa arma.

Havia em sua voz uma tristeza sincera. Ao falarem da arma, porém, isso despertou lembranças em Alessandra:

— Aconteceu algo, quando a família da Larissa veio aqui.

— E o que foi?

Contou a eles o episódio que presenciara sem querer, quebrando inclusive um vaso. Ainda via o garoto pegando a arma e apontando para todos. Sentira um calafrio naquele momento, por achar que ele fosse realmente atirar. Flávio não sabia da história, uma vez que tinha ido a São Paulo levar o helicóptero e acabou por dar razão a Jorge: sempre surgia alguma coisa. Por fim, ela contou que Felipe tomara uma bronca enorme de Henrique e Ivan, colocando a arma dentro de uma bolsa, trancando-a no porta-malas do Camaro.

— Para mim foi o marido dela — comentou, por fim Alessandra.

Flávio também era da mesma opinião. Daniel comentou:

— Meu avô também acha que foi ele. E você, Jorge?

— Não sei, o crime bem pode estar ligado com a contravenção.

Dirigiu-se uma última vez aos caseiros:

— Agradeço aos dois. Ajudaram muito.

Logo o helicóptero partiu, levando-os de volta a São Paulo, com Jorge rezando para que tudo corresse bem. Alessandra, vendo a aeronave afastar-se, disse ao marido:

— Você devia ter contado a ele, Flávio.

— Sobre o dossiê?

— Isso.

Estampou-se no cenho de Flávio um ar indignado:

— Gostava do seu Felipe, mas o que ele fez não foi certo. Dona Ângela podia agora estar viva, não fosse o tal dossiê.

— A gente devia ter contado tudo para a polícia.

— Você tem razão — concordou ele. — Mas não sei se seria o certo.

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