Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

░CACHORRO░

I

— Felipe! Onde nós estávamos com a cabeça?

Ele olhou Larissa com olhos de quem saciara sua sede:

— Em sexo!

— Ora, não seja vulgar.

— Vulgar? Se o que houve aqui não foi sexo...

Ela sorriu. Um sorriso meigo, doce, que Felipe adorava.

— Sim, eu sei, mas prefiro dizer que pensávamos no amor. Um amor sufocado, talvez morto, que ressuscitou de­pois de vinte anos...

— Em mim ele nunca esteve morto.

— Eu sei...

— Não, não sabe. Se soubesse, não te­ria me deixado partir sozinho, naquele dia.

— E você pensa que foi fácil? Pensa que não quis dizer que te amava, que queria ir para o fim do mundo com você?

— E por que não o fez?

Larissa baixou a cabeça, como se de repente tivesse voltado à realidade. À sua frente surgiu a imagem do ma­rido, dos filhos, dos pais. De acordo com sua religião, deu-se conta da pecadora que era; da adúltera que se tornara. Se recriminava Felipe por agir como um cão à procura da fêmea no cio, esquecia-se o quanto também poderia ser julgada. Ele notou a repentina mudança em seu semblante:

— O que houve?

— Como vai ser agora? Sou uma adúltera.

— Adúltera?

— E que outra palavra você tem para o que eu fiz?

Felipe balançou a cabeça, rindo:

— Pronto! Dois pecadores, agora só falta seu pai para nos apedrejar em praça pública.

— Não brinque com isso!

Mesmo assim, ele considerou as complicações do ato:

— Do ponto de vista jurídico, sim, você de fato é uma adúltera¹.

— Preocupa-me muito mais a lei de Deus do que a dos homens.

— Ora, mas você mesma não acabou de dizer que tudo o que houve aqui foi amor? Se realmente acredita em Deus, acha que Ele é contra o amor? Acha que Ele aprova que você viva com um homem sem amá-lo? Ou que aprove a mentira?

— Mentira?

— Claro. Ou você não mente ao Henrique toda vez que diz que o ama?

— Não reduza a isso, Felipe, eu não minto para ele. Eu realmente o amo, só que é um amor...

Felipe cortava-lhe as palavras:

— Há vinte anos você disse que havia muita coisa em jogo. Real­mente havia: interesse familiar, gratidão, pena... Não?

Larissa continuava com a cabeça baixa:

— E amor também.

Felipe desdenhou:

— Não, nem mesmo o tal do amor universal, pois se casar com uma pessoa por gratidão ou pena é faltar com a caridade, não acha?

Larissa concordava, ainda que julgasse que havia exageros da parte dele. Felipe prosseguiu:

— E quanto a mim?

— O que tem você?

— Você sempre alimentava minhas esperanças e depois recuava...

— Eu não sabia ainda o que queria da vida, só tinha dezoito anos.

— E por que não disse logo que não queria nada comigo? Por que não me desiludiu de uma vez?

— Infantilidade.

— Infantilidade? A mim sempre pareceu um jogo, a festa do "estica e puxa", pois até no último instante você disse que poderia ter dado certo, mas havia muita coisa em jogo.

Larissa desviou o olhar para o mar:

— Reconheço que errei — e voltou a encará-lo —, mas não estou aqui? Quer prova maior do meu amor?

— Pode ter sido apenas o que eu disse no início: sexo. Em geral, ele move as pessoas a fazerem loucuras.

Mais uma vez ela tinha que lhe dar razão. Haveria mesmo amor ou fora apenas uma atração irresistível? Precisava esfriar a cabeça e pensar. Levantou-se:

— Vou tomar um banho.

Enquanto ela se afastava, Felipe a observou de corpo inteiro, praticamente nu. Para quem tivera dois filhos, Larissa mantinha-se em esplêndida forma. Assim que ela entrou no banheiro e fechou a porta, ele deixou-se cair na cama e jogou os braços para trás, satisfeito, apesar de tudo.

II

— Admira-me que não haja empregados aqui.

— Há o caseiro e a mulher, Flávio e Alessandra. Eles vêm três vezes por semana. Hoje era dia deles, mas os dispensei. Virão amanhã, em troca de hoje.

— Ah!... Muito conveniente. Você premeditou tudo, então...

Ele confirmou:

— Sim!

— Não sei por que ainda me espanto...

Felipe tocou os cabelos de Larissa:

— Você fica linda com os cabelos molhados.

— Sou linda de qualquer jeito, meu amor.

— Pude comprovar isso.

Felipe havia preparado uma mesa de café, enquanto ela tomava banho. Larissa sentou-se.

— Está mais calma? — perguntou ele, dedilhando sobre a mesa como se tocasse uma escala ao piano

— Estou, mas não quero mais falar sobre o assunto, não por enquanto.

— Não é amanhã que seu marido chega?

— É. — Tomou de uma copo e serviu-se. — Deixa eu provar o suco. Espero que o tenha feito tão bem quanto toca piano.

— É bem provável que não.

— Hum... Até que está bom.

A conversa continuou amena, sem grande profundidade, até que um suave toque da mão de Felipe, deslizando pelo braço dela, desencadeou tudo de novo. Da troca de olhares, repletos de desejo, a um caloroso beijo, os "lençóis macios" reencontraram seus corpos uma segunda vez.

III

Almoçaram no mesmo local do dia anterior. A refeição não transcorreu tão intempestiva quanto antes, mas o pudor excessivo deixou o clima quase idêntico. Mais tarde, Felipe levou-a para casa e assim que chegaram, seguiu-a em silêncio, acomodando-se numa cadeira, enquanto ela pegava água na geladeira, pensativa. Era impressão sua ou o ímpeto que Felipe nunca tivera — e que aflorara subitamente, tinha também esfriado na mesma proporção? Entendia, porém, que toda a situação devia ser complicada para ele, o fato de ela estar casada e ter dois filhos. Sentindo-se confusa, acabou por desviar o assunto:

— Estou preocupada com o seu Maurício...

— Por quê?

— Com certeza vai dar um jeitinho de dizer ao Henrique que nos viu juntos.

— E quanto aos vizinhos?

— Não conhecemos quase ninguém e a maior parte das casas são de veraneio. Não há ninguém com intimidade suficiente para chegar no meu marido. Já o seu Maurício...

— Pois é, Larissa, todo cuidado teria sido pouco, mas agora é tarde.

A buzina de um carro a fez tomar um susto:

— Ouviu a buzina?

— Ouvi.

— Meu Deus!, deve ser o Henrique! E agora, Felipe?

— Acho melhor eu sair pela porta dos fundos.

— Mas o seu carro está aí na frente!

— É mesmo. Bom, então eu vou ter de me esconder embaixo da cama. Ou no guarda-roupa.

— Não brinque.

— Vamos manter a calma, Larissa, pois não estamos fazendo nada de errado.

— Você tem razão. Vamos fazer de conta que você me encontrou na cidade e me trouxe aqui. E eu lhe ofereci um café.

— E isso não é nenhuma mentira.

— Então fique aqui — pediu ela, e saiu.

IV

Larissa perguntava-se por que Henrique ainda não tinha entrado, mas logo percebeu: não havia outro carro na rua, apenas o de Felipe.

— Felipe, venha aqui.

Ele achou estranho que ela o chamasse, mas saiu e quando viu o que acontecia, indagou:

— Mas quem buzinou, afinal?

— Aquele carro ali na frente, nada a ver comigo. Ainda bem.

— E por que deveria ser o Henrique? Ele não disse que só vem amanhã?

Larissa não respondeu. Seu coração novamente disparou. Felipe aproximou-se dela:

— O que houve?

Antes mesmo que ela pudesse dizer qualquer coisa, um carro preto, que há pouco virara a esquina, parou atrás do conversível. Felipe logo notou o que estava acontecendo:

— Parece que ele resolveu mesmo antecipar a vinda, não é?

----------
¹Em 1990, o adultério ainda era considerado crime no Brasil. De acordo com o Código Penal da época, o artigo 240 previa pena de detenção de 15 dias a 6 meses para quem cometesse adultério (e também para o 'corréu'). A ação penal só podia ser iniciada pelo cônjuge ofendido e dentro de um mês após o conhecimento do fato. No entanto, o adultério deixou de ser crime em 2005, com a revogação desse artigo pela Lei nº 11.106, passando a ser tratado como uma questão civil, e não penal. Isso significa que, em caso de traição, o cônjuge traído pode pedir uma indenização por danos morais, mas não pode prender o cônjuge infiel.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro