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58° Capítulo

Brunna: Não acredito que amanhã eu já vou pra minha casinha - Falou com os olhos fechados.

Já haviam se passado os seis meses de tratamento e esse seria o último dia, mas o voo estava marcado para o dia seguinte.

Lúcia: Eu vou sentir sua falta - Fez um bico.

Brunna: Fica assim não - Abraçou a mulher - Prometo que algum dia, depois que eu tratar esse trauma de avião, eu trago os meus filhos aqui pra você conhecer.

Lúcia: Eu só imagino a beleza que deve ser aquelas crianças - Falou pensativa - Você e sua esposa são lindas!

Brunna: Nunca te mostrei foto deles? - Perguntou.

Lúcia: Nunquinha! - Disse indignada - Eu sempre ficava puxando assunto sobre eles para ver se você dava um jeito de me mostrar uma foto, mas nada aconteceu.

Brunna: Por que você nunca me pediu? - Pegou o celular e começou a procurar fotos dos filhos - Eles são lindos demais. Digo sem a mínima modéstia.

Abriu uma foto e deu seu celular para a enfermeira.

Lúcia: Que coisas mais lindinhas! - Falou as palavras pausadamente enquanto analisava a foto - Olha esses cachinhos! - Olhava para o Léo - Que olhos mais lindos! São da outra mãe?

Brunna: Sim, a Ludmilla tem os olhos cor de mel - Falou sorrindo ao lembrar dos olhos da esposa - Meus olhos cor de mel.

Lúcia: Ela é igualzinha a você! Eles tem os rostinhos tão meigos. Como são os nomes mesmo? - Devolveu o celular para a Loira.

Brunna: Nina e Léo. Na verdade o nome da Nina é Carolina, mas isso é algo que eu ainda não perdoei minha mulher - Revirou os olhos.

Lúcia: Por quê? - Bebeu um gole do café.

Brunna: Carolina é meu segundo nome - Isso já era algo que a outra mulher já sabia - Então eu uso ele em situações... íntimas, vamos dizer assim.

Lúcia: É Carolina na hora do sexo?

Brunna: Era. Desde que descobri que minha filha se chama Carolina, eu não consegui mais - Suspirou - Tudo culpa da minha mulher.

Lúcia: Ela que escolheu o nome dela?

Brunna: Sim. Quando eu descobri, depois do acidente, tive vontade de matar ela - Revelou fazendo a outra rir.

Lúcia: Vocês parecem uma família bem feliz.

Brunna: Nós somos - Seu sorriso diminuiu.

Lúcia: Mas...

Brunna: Mas o vão na minha memória segue aqui - Suspirou - Eu tentei fingir que tá tudo bem até aqui, mas não ter lembrado de nada, me frustrou demais.

Lúcia: Eu entendo, querida.

Brunna: Eu achei que ia valer a pena ficar todo esse tempo longe da minha esposa e dos meus filhos, mas acabou que eu não lembrei de absolutamente nada! É como se eu só ficasse falando e tomando remédio - Desabafou.

Lúcia: Olha, eu não sei qual era a estimativa deles de tempo para o resultado, mas pode ser que venha com o tempo.

Brunna: Olha o dinheiro que foi gasto com isso. Com certeza a resposta era pra ser imediata - Suspirou - Vou ter que aprender a viver sem a esperança de recuperar a memória - Deu um sorriso triste.

Lúcia: Posso te falar algo meio bobo, mas que tem grande significado pra mim? - A mulher assentiu com a cabeça - Lembra que eu falava que nunca teria chance com o Ted, porque ele me via como uma melhor amiga?

Brunna: Eu sempre disse o contrário.

Lúcia: Então. Eu morei com ele por quatro anos, e só agora, depois desse tempo todo, nós descobrimos que esse sentimento que tínhamos era maior que amizade - Segurou a mão da outra - Eu não tinha mais esperança de que ele sentisse o mesmo que eu, mas aconteceu. O tratamento nem acabou ainda, você tem que ter paciência, pois os resultados virão - Sorriu confortando a mulher.

Brunna: Se a Emilly souber que você me fez chorar, ela vai dar um soco no meio da minha cara - Falou fazendo a outra rir - Obrigada, eu estava precisando dessas palavras.

Lúcia: Limpa essas lágrimas e sorri! Amanhã a essa hora, você já vai estar voando de volta para sua casa, para encontrar sua esposinha e aquelas crianças lindas! - Sorriu - Pode voltar para o seu quarto se quiser, eu tenho que ir por hospital - Se levantou e beijou o rosto da mulher - Nos vemos mais tarde.

Brunna terminou o seu café e foi para o quarto tentar contato com a esposa.

Ligação On

Ludmilla: Oi - Ela sorriu para ela, através da tela do celular.

Brunna: Oi, meu amor. Eu tô morrendo de saudade de você - Devolveu o sorriso.

Ludmilla: Nem me fala. To contando as horas para te ter aqui comigo - Fez um bico - Suas roupas já tão quase sem seu cheiro de tanto que eu dormi agarrada com algumas delas - Revelou a fazendo rir.

Brunna: Eu tô morrendo de saudade do seu cheiro, do seu beijo, do seu toque, do seu carinho - Fechou o olho sorrindo entendo o imaginava a tocando - Ai que saudade de ter uma parceira de banho.

Ludmilla: Você é terrível - Falou rindo e ela a acompanhou - Quando você chegar a gente Vai aproveitar muito, amor.

Brunna: Depois que eu matar a saudade das crianças, elas vão passar pelo menos uns três dias na casa da minha mãe, para eu poder usar você - Piscou - Mas saiba que, antes disso tudo, eu vou te bater pelo susto que você me fez passar.

Ludmilla: Já faz tempo, esquece isso.

Brunna: Não! Quando eu chegar, a primeira coisa que vou fazer é dar um tapa na sua cara. Depois eu vou te encher de beijos e abraços - Falou a fazendo rir.

Ludmilla: Eu deixo você me bater, mas saiba que eu vou descontar isso na cama - Arqueou uma sobrancelha.

Brunna: Agora eu vou dar dois tapas! - Brincou.

Ludmilla: Segue sem lembrar de nada? - Ela fez um bico e assentiu com a cabeça - Relaxa, amor, você tem muito tempo pela frente pra lembrar. E outra, se não lembrar, a gente segue fazendo nossas novas memórias. Novo casamento, namoro, filho... Se você quiser eu faço questão.

Brunna: Então vamos torcer pra memória voltar - Sorriu para ela - Vai dar certo! - Falou mais para encorajar a si mesma.

Ludmilla: Já deu certo - Ela sorriu apaixonada - As crianças querem ir te buscar no aeroporto também.

Brunna: Tô doida pra encher eles de beijos e de cheiros. Não sabia que ficaria com tanta saudade assim.

Ludmilla: São nossos filhos, não tem como não - Sorriu - Não se esqueça que daqui a pouco é o natal.

Brunna: Eu perdi a memória por dez anos, não da minha vida toda.

Ludmilla: Só queria lembrar.

Brunna: Eu comprei umas coisas bem legais aqui, para dar de presente.

Ludmilla: Amor, eu tenho que ir - Falou olhando para o relógio - Nos falamos de noite uma última vez?

Brunna: Última vez? - Perguntou confusa.

Ludmilla: Última vez por esse celular nos separando. Eu quero falar com você só cara a cara agora.

Brunna: Tá bom, meu amor - Deu uma risadinha - Vai lá trabalhar.

Ludmilla: Te amo! Bom fim de tratamento.

Brunna: Te amo muito - Mandou um beijo - Se cuida e cuida dos nossos filhos.

As duas não viam a hora de estarem juntas novamente, como uma família feliz.

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