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45° Capítulo

NARRAÇÃO...

Ramana: O que você tem a dizer? - Perguntou para Ludmilla, que bebia uma cerveja sentada no sofá de sua casa.

Ludmilla: Eu tô me sentindo mal - Suspirou - É muito egoísmo, mas eu não consigo evitar de torcer que ela não passe nos testes.

Ramana: Você quer que ela não se lembre de dez anos da vida dela para sempre? - A morena questionou.

Ludmilla: É lógico que não!

Ramana: Mas é o que parece quando você fala uma frase como essa - Falou.

Ludmilla: É complicado, mana! - Ela deu um longo gole em sua cerveja.

Ao invés de seguir a rotina e ir direto para a academia após o trabalho, a mulher desviou a rota e foi para a casa da Ramana, que estava de folga por não ter aulas para dar no dia.

Ramana: Me explica então - Disse paciente.

Ludmilla: Eu quero muito que a minha mulher recupere a memória. Imagino que deve ser horrível não lembrar de dez anos da sua vida. Mas eu não quero ficar longe dela por esse tempo todo - Suspirou ao final da frase.

Ramana: Você não pode deixar seus filhos - Aonselhou - Sei que vai ser difícil se tudo der certo, mas vai ser o melhor para as crianças, e elas são o mais importante, certo? - Ela assentiu - Então para com esse pensamento ruim. Pensa positivo! Pensa que ela vai estar lá pra vocês voltarem a vida de vocês antes do acidente.

Ludmilla: À vida de agora, não é ruim.

Ramana: Mas ela não está satisfeita em como ela está agora, então você deveria torcer pra tudo dar certo. Você conhece muito bem a Brunna do passado, sabe que ela pode surtar a qualquer momento e sumir da sua vida do nada.

Nesse momento da frase, Ludmilla se lembrou de algo que aconteceu durante o namoro delas.

(...)

Fazia dias que Ludmilla ligava para a namorada e ela não atendia. Já estava acostumada a ter que ligar três vezes seguidas para conseguir falar com ela, mas, mesmo na décima chamada, a mulher ignorava.

Ela já estava começando a ficar nervosa, sabia que não era normal a namorada agir desse jeito e chegou até a pensar que havia acontecido algo de muito ruim com ela.

Ludmilla: Emmy? - Ela resolveu constatar a colega de apartamento e melhor amiga de sua namorada.

Emilly: Oi? - Falou do outro lado da linha.

Ludmilla: Tá tudo bem com a Brunna?

Emilly: Eu ia te perguntar isso. Vocês brigaram por acaso? Faz uns dias que ela chega em casa de mau humor e fica trancada no quarto - Falou estranhando.

Ludmilla: Ela não tá comendo? - Se preocupou.

Emilly: Não na minha frente pelo menos. Vocês brigaram?

Ludmilla: Não, ela parou de atender meus telefonemas do nada e me bloqueou em todas as redes sociais - Sua expressão era de criança perdida.

Emilly: Não se preocupe, ela apenas tirou um tempo para ela - Finalmente conseguiu entender o que acontecia - Ela ainda não acostumou com esse tanto de sentimentos e resolveu se afastar para absorver.

Ludmilla: O que devo fazer?

Emilly: Esperar, na hora que ela resolver que tá tudo bem, ela irá procurar você - Falou.

Ludmilla: Me mantenha informada sobre ela, por favor.

Emilly: É claro!

Demorou mais uma semana até a mulher chegar, como se nada tivesse acontecido, na casa da morena. Ludmilla estava com raiva e confusa, mas foi só ver aqueles olhinhos castanhos e brilhantes que tudo virou pó. Ela apenas queria beijar sua boca e fazer amor com ela.

(...)

Ludmilla: Acho que ela não faria isso agora - Voltou a realidade falando com a amiga.

Ramana: Eu espero muito que não, mas se ela mesma está insegura com a Brunna de agora, acho que a melhor opção é a busca pela de antes. - Ela foi para a cozinha e voltou com mais duas cervejas. - Já conversaram com as crianças sobre isso? - Perguntou.

Ludmilla: À gente resolveu que falaria com eles apenas quando tudo estivesse certo. Não queremos nos precipitar e fazer eles passarem nevoso à toa - Revelou abrindo a garrafa e bebendo o líquido.

Ramana: Acho melhor você não voltar de carro para casa - Falou.

Ludmilla: Eu tô bem, relaxa - Haviam sido apenas três garrafas, isso não era o suficiente para deixar a mulher ruim.

Elas ficaram conversando por mais um tempinho e então Emilly entrou.

Emilly: Ludmilla? - Olhou estranha para a mulher.

Ludmilla: Oi, Emmy!

Ela deu um selinho na esposa e um beijo no rosto da amiga.

Emilly: Brunna estava que nem doida te procurando, porque não atendeu?

Ludmilla olhou para o celular, que estava no silencioso, e viu as inúmeras chamadas da esposa.

Ludmilla: Eu esqueci de tirar do silencioso.

Emilly: Ela tá uma fera - informou.

Ludmilla: Acho que vou indo então.

Ela se despediu das duas e partiu para a casa.

(...)

Ludmilla: Oi, amor - Estava um pouco sem graça, e isso se intensificou quando viu a esposa com uma expressão séria e de braços cruzados.

Brunna: Posso saber pra que você tem celular?- Arqueou uma sobrancelha.

Ludmilla: Eu esqueci de tirar do mudo silencioso, me desculpa - Suspirou não conseguindo olhar nos olhos dela.

Brunna: Posso perguntar onde estava? - Sua voz ficou um pouco mais calma.

Ludmilla: Fui para casa da Ramana, tava precisando conversar - Revelou.

Brunna: Podia ter me avisado - Dessa vez sua voz era mansa.

Ludmilla: Eu sei, me desculpe. Não tava com cabeça pra treinar hoje.

Brunna: Não tem problema, amor - Ela se aproximou dela a acariciou seu braço - Eu só fiquei preocupada.

Ludmilla: Prometo que se acontecer de novo eu aviso - Olhou nos olhos dela e sorriu - Nossos filhos?

Brunna: Tão na casa da sua mãe, ela pediu pra eu levar eles pra dormir lá hoje - Revelou.

Ludmilla: Me desculpe por hoje, de verdade - Deu um pequeno sorriso e segurou o rosto dela.

Brunna: Relaxa - Ela retribuiu o sorriso - Eu estava muito ansiosa para te encontrar.

Ludmilla: Hummm, tá me querendo? - Brincou fazendo uma expressão maliciosa.

Brunna: Idiota - Sorriu e bateu no peito dela - A Mirela me ligou dizendo que os resultado dos exames já estão disponíveis no site.

Ludmilla: Já? - Seu sorriso sumiu.

Brunna: Sim - Gesticulou com a cabeça - Eu queria ver junto com você, por isso estava ansiosa com a sua chegada.

Ludmilla: Então... vamos ver - Não teve como não notar a falta de animação na voz dela.

Brunna: Você vai me odiar se eu for? - Perguntou séria.

Ludmilla: O que? - Ela se assustou com a pergunta - Eu nunca seria capaz de odiar você, meu amor - Se sentiu extremamente mal por fazer a esposa pensar isso - Eu te amo muito.

Brunna: Você não parece feliz por eu ter a oportunidade de recuperar minha memória.

Ludmilla: Eu tô triste por ter que ficar longe de você, só isso. Eu quero muito que recupere sua memória - Sorriu segurando o rosto dela entre as mãos e grudou seus lábios por alguns segundos - Vamos ver esses resultados?

Brunna: Você não quer ignorar isso e fingir que nunca soubemos desse tratamento? - Os olhos dela demonstravam mágoa.

Ludmilla: Amor - Aproximou o rosto do dela - Eu nunca pediria para você fazer uma coisa dessas. Abre esse resultado.

Brunna suspirou e se afastou pegando o celular. Ela acessou o site do hospital e então fez seu login para acessar o exame.

Ludmilla: E aí? - Perguntou nervosa ao vê-la com uma expressão séria para o celular.

Brunna: Estou totalmente apta para realizar o tratamento.

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