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19° Capítulo

NARRAÇÃO...

Brunna: Moça! - Bateu na porta do quarto em que Ludmilla estava hospedada.

Ludmilla: Pode entrar - Falou um pouco mais alto.

Brunna: Só quero te avisar que eu vou sair pra jantar com a Emilly - Na mesma hora a porta foi aberta, assustando a Loira.

Ludmilla: Vai sair? - Nem ela mesmo esperava que a pergunta saísse.

Brunna: Sim. A gente vai ir jantar e depois... sei lá, acho que venho pra casa - Ainda era estranho para ela essa necessidade de dar satisfações.

Ludmilla: Se precisar de alguma coisa é só me ligar - Ela se sentiu um pouco incomodada com a possibilidade de elas irem para outro lugar depois, mas optou por não cobrar nada da esposa.

Brunna: Tá bom - Falou e continuou parada a olhando.

Ludmilla: Precisa de mais algo? - Se apoiou na porta.

Brunna: Eu... não. Quando for pôr as crianças para dormir, diz pra elas que eu... Da boa noite - Deu um pequeno sorriso.

Ludmilla: Pode deixar, eu dou sim - Ela entendeu o que ela iria dizer.

Brunna: Já vou indo. Tchau.

Ela saiu andando de costas para não perder o contato visual, mas logo se virou para frente descendo as escadas.

A loira pôs um casaquinho por cima do cropped que vestia e foi até seu carro. Partiu para o restaurante onde havia combinado com a Emilly.

Aquele restaurante tinha muita história. Quando foram morar juntas, Brunna era a única que sabia cozinhar, mas disse para a Emilly que não era obrigada a cozinhar para ela, então fazia a outra buscar comida no restaurante dia sim e dia não, já que ele era o mais próximo do apartamento que moravam.

Emilly: Achei que não viria mais - Disse irritada para a morena.

Brunna: Que besteira, nem me atrasei tanto - Resmungou se sentando em frente à ela.

Emilly: À gente marcou as 20:00, são 21:15h - Arqueou as sobrancelhas, olhando para a amiga.

Brunna: Não sei se sabe, mas eu tenho filhos - Pegou o copo com água da outra e bebeu um gole.

Emilly: Você é uma trovadora, Brunna. - Ela não conseguia ficar irritada com ela, por muito tempo.

Brunna: O que ficou fazendo enquanto me esperava?

Emilly: Conversando com minha esposa pelo WhatsApp né - Semicerrou os olhos.

Brunna: Que chatice - Revirou os olhos - Já escolheu o que vai pedir? - Pegou o cardápio.

Emilly: Eu sempre peço a mesma coisa, amiga.

Elas fizeram seus pedidos para o garçom e, pouco tempo depois, já estavam comendo.

Emilly: Eu tô com a sensação de que você quer falar alguma coisa - Notou a inquietação dos olhos castanhos escuros da outra.

Brunna: É sensitiva agora? - Fez uma expressão de desdém.

Emilly: Não, amiga. Mas eu te conheço muito bem para saber que tem algo te afligindo - Arqueou uma das sobrancelhas - Quer me contar?

Brunna: Por acaso eu já te falei algo sobre como a morena me pediu em namoro?- Perguntou após uma profunda respiração.

Ela tinha essa mania de não pronunciar 0 nome das pessoas, pois isso era um sinal de extrema intimidade, e era por isso que apenas a amiga, ela tratava pelo nome.

Emilly: Uma vez você chegou toda boba no nosso apartamento. Até estranhei o fato de você estar com uma camiseta com o escudo do Capitão América, já que você odiava esse tipo de filme. Só que aí você me contou que a Ludmilla tinha te pedido em namoro no meio do filme - Contava com um sorriso no rosto ao lembrar da expressão da amiga no dia.

Brunna: Toda boba? Eu? - Estava um pouco desacreditada.

Emilly: Acredite, você aprendeu a ter sentimentos - A morena sorriu da expressão da amiga - Mas por que a pergunta?

Brunna:  É que eu tive um sonho bem estranho há uns dias atrás - Revelou.

Por mais que tivesse o jeito frio, até mesmo com a amiga, ela era a única pessoa com quem Brunna conseguia se abrir.

Emilly: Tipo como? - Bebeu um gole do vinho.

Brunna: Dela me pedindo em namoro no cinema.

Emilly: Você se lembrou? - Perguntou animada.

Brunna: Eu sei lá, Emilly! Sonhei com isso e acordei me sentindo estranha.

Emilly: Estranha como?

Brunna: Sei lá, tava uma mistura de vários sentimentos. Angústia, felicidade, tristeza, alegria... muita coisa para minha cabeça.

Emilly: Você acha que a sua memória já está voltando? Você falou para Ludmilla do seu sonho?

Brunna: Eu não faço idéia. Eu até ia falar pra ela, mas não queria que ela se iludisse achando que minha memória voltou suspirou.

Emilly: Você quer que a sua memória volte? - Dessa vez o tom de voz de Emilly era mais sério.

Brunna: É horrível saber que tem uma grande parte da sua vida que você não lembra. Eu não lembro de ter terminado a faculdade, eu não lembro de ter começado a namorar, de ter casado, de ter tido filhos... Querendo ou não, eu me sinto até meio intrusa naquela casa - Revelou - Eles tem um amor tão grande um pelo outro e eu não consigo demonstrar nada.

Emilly: Mas você sente? Você ama eles? - Olhou com expectativa para a amiga.

Brunna: Eu acho... Isso não importa, Emilly! - A armadura da Loira, que havia dado uma trégua durante a conversa, voltou a se erguer.

Emilly: O que você pensa em fazer em relação a eles?

Brunna deu um grande suspiro e bebeu um gole de água.

Brunna: Eu gosto demais daquelas crianças - Revelou fazendo Emilly sorrir - Eu não sei nem porque, mas elas já são importantes demais pra mim.

Emilly:  São seus filhos. Essa ligação que vocês têm é eterna.

Brunna: Eu sinto algo pela Ludmilla - Pela primeira vez ela pronunciara o nome dela depois do acidente - Eu só não sei o que é. Ela me causa um efeito que eu não conheço.

Emilly: Você a ama, amiga! Ela estava tão feliz que parecia até que a história era com ela.

Brunna: Não sei - Ela não negou.

Emilly: Ain, você tá apaixonada! - Disse  animada e Brunna a olhou com cara de brava.

Brunna: Por isso eu odeio me abrir pra você - Cruzou os braços.

Emilly: Desculpa, desculpa! - Se esticou por cima da mesa e tocou no braço da amiga - Você tá apaixonada mesmo?

Brunna: Eu sei lá, Emilly. Nunca me apaixonei - Deu de ombros.

Emilly: Se abre com o ela, amiga - Ela pediu - Vai ser bom pra vocês duas.

Brunna: Não acho que seja uma boa ideia.

Emilly: Promete pra mim que vai tentar?

Brunna olhou para a amiga em silêncio por alguns instantes, pensando se deveria ou não atender o seu pedido.

Brunna: Prometo!

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