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Capítulo 4

O resto da semana passa sem grandes novidades. Não houve mais nenhum incidente com Cristiano, apesar do clima entre nós continuar tenso. Tento evitá-lo ao máximo, o que até agora tem dado certo.

Mas apesar disso, ainda que distante, ele me irrita. Tudo o que ele faz parece levar a uma descarga elétrica direto ao meu cérebro. Quando ele levanta a mão para perguntar algo durante a aula e eu fico achando que tudo é uma indireta direcionada a mim, ou quando passa por nós pelo corredor, me encarando com aqueles olhos perturbadores como se quisesse me perfurar com eles. Sua simples presença ativa algo obscuro dentro de mim que me faz querer quebrar algo. Acho que essa irritação toda está começando a fugir do meu controle, porque estamos em nossa mesa no intervalo e tudo o que eu consigo dizer é:

— Ele se acha muito ameaçador com aquelas sobrancelhas medonhas.

— Quem? — diz Lavínia, virando-se para a direção onde estou olhando, então revira os olhos. — É a quinta vez essa semana que você cita as sobrancelhas medonhas de Cristiano Batista.

— Não posso fazer nada se elas são mesmo medonhas.

— Lavínia tem razão, Téo — opina Jonas. — Isso já está virando uma obsessão.

— Vocês me dariam razão se tivesse algum babaca homofóbico perseguindo vocês também.

— Ele não parece estar perseguindo você no momento. Parece mais preocupado em afastar a irmã dos outros garotos.

Olho mais uma vez para Cristiano e vejo quando ele se aproxima de Bianca, que conversa despreocupadamente com Nicolas até que o irmão a puxa pelo braço, arrastando-a para longe do garoto. Nicolas tenta protestar, mas Cristiano e Bianca já estão isolados em sua própria briga interna. Fico imaginando de onde saiu aquele homem das cavernas, porque certamente não resta um pingo de civilidade em Cristiano.

No entanto, quando me viro para fazer um comentário sobre isso, percebo que Emílio continua pregado no celular, digitando algo freneticamente. Eu me inclino para ele como quem não quer nada, esticando meu pescoço na tentativa de visualizar algo.

— Com quem você tanto fala nesse celular?

Emílio leva um susto quando percebe que estou falando com ele, quase deixando o aparelho cair. No entanto, durante todo o processo, mantém a tela afastada de mim, ocultando o seu conteúdo como uma joia preciosa que ele não pretende compartilhar.

— Com ninguém... ninguém importante.

— Sério? Então por que será que tenho a impressão de que você está escondendo alguma coisa?

— Téo, não é isso... — ele suspira e passa a mão pelo cabelo daquele jeito desajeitado dele, mas reparo que guardou o celular no bolso da calça. — Só estou passando por umas questões pessoais...

— E não pode conversar com seus amigos sobre isso? Poderíamos te ajudar, se você deixasse.

Ele lança um olhar para Lavínia e Jonas, depois volta a me olhar com raiva, como se eu fosse o culpado pelas tais questões pessoais.

— Quer saber? É por isso que suas notas não são boas o suficiente. Em vez de se meter na vida dos outros, você deveria se concentrar em estudar mais.

Fico de queixo caído, porque aquele não é Emílio. Não o Emílio calmo, tranquilo e sensato que eu conheço. Porém, antes que eu consiga processar suas palavras, ele se levanta, afastando-se de nós e sumindo de vista em seguida.

— Eu te disse para deixar essa história do Emílio para lá — diz Lavínia, com pesar. — Quanto mais você o pressiona, mais ele se afasta de nós.

— Ele está se afastando por conta própria. E tenho certeza de que essas "questões pessoais" tem nome e sobrenome, eu só ainda não sei quem.

— Acho que Lavínia tem razão, você devia dar um tempo a ele. É um direito dele não querer dizer.

Encaro Jonas de mau humor. Nos conhecemos ontem e ele já se acha no direito de dar palpite na minha amizade com Emílio. Nunca tivemos segredos entre nós, Emílio sempre me contou tudo, mesmo as merdas que o pai dele fazia com a mãe antes deles se separarem. Essa mudança repentina não faz o menor sentido e estou prestes a dizer isso de uma forma nada delicada, quando reparo em uma coisa que Jonas disse e minha expressão se suaviza.

— Jonas, é a segunda vez que você concorda com Lavínia hoje.

No mesmo instante, sinto minha amiga ficar rígida ao meu lado. Ela sabe o que estou tentando fazer, mas mesmo que não aprove meus métodos, eu não consigo evitar.

— Deve ser porque ela é a mais sensata desse grupo — torna ele, dando de ombros.

Jonas não parece notar minha insinuação, mas Lavínia já está muito tensa para continuar na mesma mesa de seu provável novo interesse romântico. Ela sempre fica assim quando tento aproximá-la de alguém.

— Er, acabei de lembrar que preciso passar na biblioteca antes da aula começar — ela diz, e começa a se levantar toda atrapalhada, tropeçando na cadeira de plástico no processo. — A gente se vê depois, tchau!

— Isso foi meio intempestivo — comenta Jonas assim que ficamos sozinhos na mesa.

Reprimo uma risada.

— Foi mesmo. Mas falando sério, Jonas, o que você acha da Lavínia?

Ele me olha com uma expressão confusa.

— Da Lavínia? Ela é legal...

Reviro os olhos. Não é possível que ele ainda não saiba onde estou querendo chegar depois de todas as minhas insinuações. Uma pessoa não pode ser tão lerda a esse nível.

— Só isso? — pressiono. — Só legal?

Ele franze a testa, fazendo esforço para pensar em algo mais para me responder.

— Bem, ela é uma garota bem bacana, acho. Gosto de conversar com ela, temos gostos parecidos, somos Potterheads e...

— Nem me fale! Sempre que ela e o Emílio começam a discutir suas casas de Hogwarts eu saio correndo — digo, porque é verdade. Às vezes ser o único da turma que não gosta de ler e conhece Harry Potter só pelos filmes é uma bosta.

— Mas você chegou a fazer o teste? Acho que tem uma vibe Sonserina e...

— Jonas, você ficaria com ela? — corto de uma vez. Não aguento mais tanta enrolação.

Ele parece chocado com a minha pergunta, como se somente agora tivesse lhe ocorrido tal possibilidade.

Então eu estava errado antes. Ele é mesmo lerdo a esse nível.

— Como assim? Ela não me parece interessada, acho que eu teria notado...

— Bem, talvez ela não esteja ainda, ou ainda não saiba que esteja... Você sabe como Lavínia é insegura com o próprio corpo e essas coisas. Mas você ficaria se ela quisesse? Quero dizer, você não se importa por ela ser... por ela estar...?

— Não, não. Claro que não! — ele se apressa em esclarecer, o que me deixa aliviado. — Eu só nunca pensei nela dessa forma. Ela é bonita e tudo, mas não sei, não...

— Bom, então pense a respeito. Mas sem pressão, tá? Eu só acho que vocês combinam como casal e tal.

— Certo...

Nós entramos em um silêncio prolongado depois disso. Jonas parece perdido em seus pensamentos, mas de vez em quando percebo seu olhar pelo pátio, como se estivesse à procura de alguém. Apesar de nunca mais ter comentado nada a respeito, tenho a impressão de que ele ainda pensa em Bianca. O que é muita burrice depois de tudo o que vimos e ouvimos sobre ela nos últimos dias. Sinceramente, não sei o que todos os caras desse colégio vêem nessa garota. Ela nem é tão bonita assim e os únicos assuntos que parece conhecer são sobre moda, procedimentos estéticos e a vida amorosa alheia. Um poço sem fundo de futilidade.

Sinto meu celular vibrar no bolso da calça. Olho para a tela de mau humor, pensando ser minha tia me pedindo algum favor para o seu grupo da igreja. Mas a mensagem é de um número desconhecido. Franzo a testa enquanto deslizo o dedo pela tela, curioso com a mensagem misteriosa.

— Mas que merda é essa?

Jonas me encara surpreso, e eu estendo o celular para que ele leia também:

"Olá, Téo. Aqui quem fala é o Nicolas, da sua sala, eu peguei seu número com o Emílio, espero que não se importe. Tenho uma proposta para te fazer, mas precisa ser pessoalmente. Você pode me encontrar na quadra antes do término do intervalo?"

— O que você acha que é essa proposta? — especula Jonas.

— Não tem proposta nenhuma. Está na cara que isso é uma tentativa de bullying. Olha só... — eu começo a digitar uma mensagem, deixando que Jonas veja o conteúdo.

"Acha mesmo que vou cair nessa? Vai sonhando, Nicolas! Sei muito bem o que o seu grupinho faz com pessoas como eu e não estou interessado em ser humilhado por um bando de babacas homofóbicos. Passar bem!"

A resposta vem em menos de um minuto.

"Caro Téo, não se trata de nada disso que você está pensando, me desculpe se fiz parecer o contrário. Seremos apenas eu e Heitor e nenhum de nós irá humilhá-lo, eu garanto! Pode trazer um amigo se não estiver seguro, é um assunto do seu interesse."

— Acho que você deveria ir — opina Jonas.

— Por que eu faria isso?

— Para ouvir o que ele tem a dizer. Eu vou com você, ele não tentará nenhuma gracinha comigo por perto.

Quero dizer que não irei, mas estou muito curioso para saber o que um cara como Nicolas quer comigo.

Então, após pensar um pouco, aceito a oferta de Jonas, mesmo sabendo que posso estar me metendo em uma encrenca com isso.

***

A quadra está vazia. Não sei se isso é bom ou ruim. Posso estar indo direto para uma armadilha, o que não seria a primeira vez. Quando o assunto é humilhar pessoas, Nicolas e seu grupinho infame são especialistas.

Estou prestes a dizer a Jonas para desistirmos e cairmos fora dali enquanto há tempo, quando Nicolas em pessoa surge por detrás da arquibancada, com seu cabelo liso sem um único fio fora do lugar e seu sorriso oleoso de superior que deixa claro o quanto você é um lixo humano perto dele.

Ao seu lado está Heitor, seu capacho favorito. Ele é mais alto e mais forte que Nicolas, mas de intelecto limitado. Seu alto dom para o puxa-saquismo o levou a ser o principal executor do serviço sujo de Nicolas, ainda que isso o prejudique na maioria das vezes e ele tenha que assumir a culpa sozinho, sem resvalar no cérebro da dupla.

— Você apareceu, afinal — comenta Nicolas, alargando o sorriso de predador enquanto nos aproximamos, ainda hesitantes. — Garoto esperto.

— O que você quer, Nicolas?

Minha voz sai falhada contra a minha vontade. Como todo bom opressor, ele sabe que tem esse efeito nas pessoas.

— Como eu disse, tenho uma proposta que irá lhe interessar muito. Aproxime-se!

Troco um olhar de desconfiança com Jonas, mas nos aproximamos mesmo assim. Nicolas tem um envelope pardo em mãos, do tipo que guarda documentos. Ele o estende a mim. O clima conspiratório me faz pensar que se trata de fotos comprometedoras do carnaval passado que ele pretende usar para me chantagear de alguma forma. Mas então me lembro de que não fiz nada de comprometedor no carnaval passado. Nem mesmo nos últimos seis meses...

— O que é isso?

— Veja com seus próprios olhos — ele diz, dando de ombros, como se aquilo não fosse nada demais. — Achei que não acreditaria em mim a menos que eu lhe oferecesse uma garantia em mãos.

Nada do que ele diz faz sentido, mas eu abro o envelope mesmo assim. Emílio diz que sou curioso demais para o meu próprio bem. Talvez ele esteja certo, mas não consigo me controlar.

O que tem dentro é um contrato. Várias folhas grampeadas, timbradas com a logo de uma faculdade particular de São Paulo e com o visto de um dos secretários. Arregalo os olhos ao encontrar meu nome no fim. Ao que parece, estou diante de uma oferta de uma bolsa integral para o curso de Audiovisual no próximo ano. Sinto todo o ar sair de meus pulmões.

— Mas o que... o que é isso? É alguma pegadinha ou...?

— Não há pegadinha alguma — ele diz devagar, como se eu tivesse alguma deficiência para entender o que ele diz. — Essa é a proposta, uma bolsa integral para o curso de Audiovisual em São Paulo. Ouvi dizer que esse é o seu sonho, não é mesmo? Como você deve saber, meu pai tem muitos contatos, conhece muita gente importante em São Paulo, de modo que conseguir uma bolsa não é muito difícil.

Olho para ele desconfiado. É claro que tem algo por trás disso. Nicolas e o pai são conhecidos por muitas coisas, mas serem almas caridosas não é uma delas.

— E o que quer em troca? Você não ia me oferecer uma bolsa de graça, ia?

Nicolas passa a língua pelos lábios, trocando um olhar cúmplice com Heitor.

— Você só terá que fazer uma coisa para nós. Algo simples, sem muita importância, mas que para nós será de grande ajuda.

— Não estou gostando disso...

— Tenha calma, eu explico. Heitor e eu tivemos o infeliz destino de gostar da mesma garota. Acontece que a garota em questão não está livre para fazer sua própria escolha. Como devem saber, o pai de Bianca a proíbe de namorar antes do irmão, uma regra absurda, totalmente medieval.

— Eu tô sabendo — digo, impaciente. — Mas não entendi ainda onde entro nisso.

— É muito simples, meu caro. Não há a menor possibilidade de Cristiano namorar com aquele temperamento horrível que ele tem. Nenhuma garota em sã consciência se aproximaria, o que pensamos que talvez seja proposital, que ele faça isso justamente com o intuito de manter qualquer garota a distância. Bem, você já deve imaginar o motivo.

— Na verdade não...

Nicolas se vira para Heitor e os dois riem com satisfação, o que me deixa irritado.

— Téo, Téo. Eu pensei que você fosse mais esperto que isso. Está na cara que Cristiano é gay.

— O que? Como assim? — eu peço um tempo com as mãos, porque não estou conseguindo raciocinar direito. Aquele ogro homofóbico simplesmente não pode ser gay. — Espera, ele não é gay. Eu saberia se fosse.

— Bem, talvez o seu radar esteja meio enferrujado. Mas estou certo de que esse é o caso, tudo faz sentido. A maneira como ele tem te tratado, como se não suportasse ser comparado a você. Pessoas como Cristiano prezam muito pela aparência e status social, por isso não hesitam em agredir outros gays para ocultar sua própria sexualidade. Ser descoberto seria a morte para ele.

O encaro por um momento, tentando absorver o que ele diz.

— Mesmo que isso seja verdade... ainda não entendi onde pretende chegar.

— Queremos que você exponha Cristiano Batista. Que revele para a escola inteira sua verdadeira essência. Será um escândalo tão grande para o Dr. Joaquim e sua família toda certinha que ele não se importará mais com a reputação de Bianca. Ela estará livre, enfim, e poderá namorar quem quiser.

— Mas como eu faria isso?

— Aproximando-se dele, é claro. Ganhando sua confiança aos poucos, a ponto dele mesmo lhe fazer a grande revelação. Seduza-o se for preciso, faça-o se apaixonar, tenha-o nas mãos, então ele fará tudo o que queremos.

A ideia é tão absurda que por um momento não sei o que dizer. Fico apenas parado, passando os dedos pelo contrato em minhas mãos. Com certeza, Nicolas sabe como jogar para conseguir o que quer.

— Bianca sabe disso? — Quem fala é Jonas, com uma nota de reprovação na voz. — O que você pretende fazer com o irmão dela?

Nicolas faz um gesto com a mão, como quem afasta um inseto irritante.

— Bem, ela sabe que estou tentando algo. Ela me deu carta branca para isso — então se vira pra mim. — E então, Téo? O que me diz?

Eu ainda não consigo raciocinar direito. Tento sair pela tangente:

— Isso nunca daria certo. Cristiano me odeia.

— Aparentemente sim. Mas eu sei como a mente dele funciona, tenho um plano infalível para aproximá-lo de você, basta dizer que sim... pense bem, Téo. Seu futuro está em suas mãos. Literalmente.

Eu engulo em seco. Passo os olhos pelo contrato mais uma vez. Penso em minhas notas no ENEM. Essa talvez seja minha única chance de entrar em uma faculdade de verdade e mudar de vida. Mas a proposta de Nicolas me parece tão errada e suja que sinto que não poderia mais me olhar no espelho se aceitasse. Por mais que eu odeie Cristiano Batista, jamais seria capaz de expô-lo diante da escola inteira. Principalmente se ele for mesmo gay. O que eu duvido.

Todos esses pensamentos dão um nó em minha mente. Olho para Jonas e vejo sua expressão resignada, quase enojada. Sei que está pensando o mesmo que eu.

Então faço a única coisa digna que poderia fazer em uma situação dessas: guardo o contrato de volta no envelope e o devolvo a Nicolas.

— Sinto muito, eu não posso aceitar. Estaria traindo tudo o que acredito se fizesse isso.

Nicolas não pega o envelope de volta. Apenas me olha com uma reprovação indignada. Ao seu lado, Heitor dá um passo à frente, mas ele o segura pelo braço. Sua expressão volta a se suavizar e ele me abre um sorriso pacificador.

— Não precisa me dar uma resposta definitiva agora, Téo. Leve o contrato para casa e pense a respeito, com calma. Se mudar de ideia, basta assiná-lo e me entregar de volta. Sou uma pessoa bem paciente, sei esperar.

Ele pisca para mim, dando um tapinha amistoso em meu ombro antes de se retirar com Heitor, que me dá uma última olhada raivosa.

Mas eu não vou mudar de ideia. Não venderei minha alma ao diabo para ajudar um sujeito como Nicolas a conseguir o que quer.

Olá queridos leitores, como estão?

O que acharam do capítulo de hoje? Comentem para eu saber se estão gostando... 

Será que Téo realmente não irá mudar de ideia? O que será que vai acontecer agora?

Beijos e até o próximo capítulo ;)

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