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Capítulo 34

Sei que falar com Emílio não será tão fácil como foi com Lavínia. Quer dizer, se fosse só pelo lance da bissexualidade, eu estaria de boa. Mas quando penso que ele sempre soube que eu estava apaixonado por ele e apenas ignorou meus sentimentos esse tempo todo, não consigo deixar de me sentir traído.

Mas quando penso em tudo que vivemos juntos... Emílio foi o primeiro amigo que tive quando cheguei em Salto Belo, quando a morte da minha mãe ainda era uma ferida aberta. E ele sempre esteve comigo desde então. Emílio foi a primeira pessoa para quem tive coragem de confessar que eu gostava de meninos, e ele sequer hesitou em me acolher. Ele esteve lá por mim, como um pilar seguro e constante onde sempre pude me apoiar.

Considerando tudo o que houve desde a formatura, isso não devia importar mais. Talvez eu esteja apenas sendo egoísta mais uma vez.

Solto um suspiro cansado, pegando o celular para encarar sua mensagem não respondida pela milésima vez:

Emílio: Téo, sei que não estamos nos falando, mas diante dos últimos acontecimentos, não posso deixar de me preocupar. Como você está? Por favor, vamos esquecer aquela briga boba. Me ligue assim que estiver em condições.

Finalmente tomo coragem e faço a ligação. Ele atende no segundo toque.

— Téo, finalmente. Como você está? — ele diz, repetindo a pergunta da mensagem.

Ouvir sua voz pelo telefone depois de tanto tempo é estranho, mas também me dá uma sensação de familiaridade tranquilizadora.

— Levando... Emílio, será que podemos conversar?

— É Claro! — Ele sequer hesita. — Eu iria até a sua casa se fosse seguro, mas sua tia seria capaz de me expulsar com um balde de água suja na cabeça.

Balanço a cabeça, como se ele pudesse me ver. Seria cômico se não fosse verdade.

— Eu posso ir até a sua, se não for um incômodo.

— Nunca é. Venha quando quiser, estarei te esperando.

Sinto o coração mais leve depois de desligar o celular. Pelo menos teremos uma chance de consertar as coisas entre nós.


***


A casa de Emílio é uma meia água onde ele vive com a mãe e mais três irmãos menores. É muito pequena para eles, mas foi o que sua mãe conseguiu alugar depois de uma separação complicada. Emílio não gosta nem de tocar no nome do pai.

É ela quem vem atender a porta quando chego: uma mulher simples, que está sempre sorrindo apesar de toda a dor que carrega nas costas. Seu sorriso cresce assim que me vê, como se eu fosse alguma visita importante que ela estava ansiosa em ver. Me sinto reconfortado apenas com esse simples gesto.

— Téo, que felicidade em tê-lo aqui! — ela diz, me puxando para dentro com um abraço caloroso. — Há quanto tempo você não aparece, as crianças estavam com saudades.

— Oi, Sandra. Pois é, tem sido um ano muito corrido — digo como desculpa.

Agora que estou aqui, me sinto mal por não ter vindo antes.

Emílio entra na sala com um dos irmãos no colo. Ele já está grande para isso, então se debate nos braços do irmão até se soltar, depois vem até mim correndo e agarra uma das minhas pernas.

— Ei, olá pequeno — cumprimento, fazendo a festa em seus cabelos.

Ele esconde o rosto na minha perna, envergonhado demais para responder. Emílio ainda está parado na soleira da porta. Abre um sorriso hesitante para mim, como se estivesse inseguro, com medo que eu possa sair correndo caso ele diga algo errado. Odeio vê-lo assim. Odeio saber que sou o culpado por tê-lo afastado de mim.

Sua mãe, Sandra, limpa a garganta e começa a puxar o menino da minha perna com delicadeza.

— Vamos, meu filho. Vamos no parquinho brincar um pouco, na volta passamos na padaria para comprar algo gostoso para o café da tarde.

— Não precisa se incomodar por minha causa.

Ela volta a sorrir, me dando um tapinha carinhoso no ombro.

— Não é incômodo algum. Fique à vontade, Téo, a casa é sua.

Fico vendo os dois saírem, mas sei que estou apenas enrolando para encarar Emílio de verdade. Só então me passa pela cabeça que Sandra talvez saiba de tudo e saiu com o filho para nos dar privacidade.

— Sua mãe sabe? — pergunto sem rodeios, virando-me para ele.

— Se ela sabe que sou bi? Sim, eu contei já há algum tempo.

— E ela ficou de boa?

— Bom, no começo foi difícil. Ela achava que bissexualidade fosse desculpa para as pessoas serem safadas e infiéis. Nós tivemos uma longa conversa sobre isso, eu expliquei que não tinha nada a ver, que pessoas são safadas e infiéis independente de sua sexualidade, e no fim ela disse que só quer a minha felicidade. Acho que estamos bem agora.

— Que bom, Emílio — chego perto dele e aperto seu ombro. — Isso é muito bom!

— É sim — ele abre um sorriso, mas ainda me olha com hesitação. — Isso significa que você me perdoou por não ter te contado antes?

— É você que tem que me perdoar, Emílio. Eu fui um imbecil. Fiz aquela cena vergonhosa quando você sempre me apoiou em tudo.

— Na verdade, eu até entendo a sua reação. Eu sabia que você gostava de mim e não queria te dar falsas esperanças. Tive medo de estragar nossa amizade, mas no fim fiz tudo errado. Se tivesse contado antes, isso não teria acontecido.

Penso em todas as vezes em que ele ficou esquisito comigo.

— Mas, tanto tempo... por que?

Emílio abaixa os olhos, balançando a cabeça de forma triste.

— Eu não conseguia... não queria me aceitar. Já era ruim o suficiente ser discriminado por ser preto, não queria mais uma coisa para ser julgado também. Por muito tempo, eu pensei que poderia simplesmente ignorar essa parte minha. Eu saia com todas aquelas garotas para afirmar para mim mesmo que eu estava bem assim, que poderia viver sem a outra parte. Mas chegou um momento que eu não pude mais suportar... era tão sufocante... eu me sentia mutilado...

Não consigo vê-lo assim. Me sinto um lixo ao pensar que falhei com o meu melhor amigo quando ele mais precisava de mim. Esse tempo todo, eu só pensei em mim mesmo. Nunca pensei nos sentimentos dele. Emílio está chorando. Eu choro também. Quero arrancar sua dor, mas não sei como.

Me aproximo mais, passando a mão por sua nuca e o puxando até juntar nossas testas.

— Emílio, está tudo bem — digo, em voz baixa. — Você não tem que se sentir assim, não há nada em você para se envergonhar. Eu me orgulho de você, do ser humano maravilhoso que é, e você tem que se orgulhar também. Tem que se orgulhar da sua sexualidade tanto quanto se orgulha da cor da sua pele.

Emílio se afasta o suficiente para me olhar nos olhos. Há um novo brilho neles, de entendimento e gratidão. Ele limpa os olhos, então assente gravemente.

— Você está certo. Obrigado.

— Não me agradeça. Eu devia ter feito isso antes.

— Fico feliz por estar aqui agora.

Ele me abraça, tão forte que acho que posso quebrar. Mas não quebro. Seu abraço é capaz de juntar as peças que antes estavam soltas e embaralhadas em meu interior. Me afundo em seu ombro, deixando que as lágrimas escorram, molhando sua camisa.

Depois de algum tempo, quando finalmente nos afastamos e conseguimos nos recompor, Emílio me olha com o semblante mais leve, mas vejo que algo ainda nubla sua expressão. Fico esperando até que ele expresse o que ainda o aflige.

— Téo, eu fiquei tão preocupado com você depois do que houve na formatura — começa ele, hesitando em dizer as próximas palavras. Ele as escolhe com cuidado, como se temesse me machucar com elas. — Como estão as coisas com Cristiano?

Solto um suspiro cansado. Falar em Cristiano ainda é doloroso, mas sei que devo isso a ele. Emílio foi nosso maior entusiasta desde o começo.

— Não estão, ele não vai me perdoar.

Emílio me lança um olhar penalizado.

— Entendo... bom, talvez não agora, mas quando a poeira abaixar.

— Não, Emílio — o corto, negando com a cabeça. — Não posso ter esperanças sobre isso, Cristiano não é do tipo que perdoa.

Mas ele não se dá por vencido.

— Você cometeu um erro e se arrependeu disso. Somos seres humanos, todos estamos sujeitos a erros. Tenho certeza de que mais cedo ou mais tarde Cristiano se dará conta de que merece uma segunda chance.

Solto um grunhido contrariado. Sua insistência não melhora as coisas, apenas me faz compreender com mais clareza o que eu perdi.

— Emílio, Cristiano vai fazer Direito no ano que vem. Ele vai conhecer um monte de gente nova na faculdade e vai se apaixonar por um cara melhor do que eu. Em dois meses, nem se lembrará que eu existo.

— Como você sabe o que vai acontecer no futuro? Você pode se apaixonar por outro cara também.

A ideia de me apaixonar por outra pessoa é tão absurda que quase me faz rir.

— Isso é impossível. Eu nunca vou gostar de alguém como eu gosto de Cris, isso é... — faço um gesto amplo com as mãos, tentando buscar uma palavra para definir o que sinto, só para abaixar logo em seguida, em derrota. Nenhuma palavra seria o suficiente. — Não dá...

— Você diz isso agora, mas dê tempo ao tempo. As coisas vão melhorar, acredite.

Faço uma careta.

— Para você é fácil falar. Você tem o Diego...

Assim que digo isso, me arrependo na mesma hora. A expressão de Emílio muda para algo mais sombrio e por um momento temo ter estragado tudo de novo.

— Não tenho, não...

Olho para ele, tomando o cuidado para não deixar transparecer o meu choque.

— Não tem? Mas... vocês não estavam juntos?

— Estávamos, mas é complicado... ele queria um relacionamento aberto, mas eu não estava pronto para isso. Me aceitar como bissexual foi um processo muito longo e doloroso, eu não queria mais uma coisa para complicar a minha vida. Ele não entendeu isso e nós terminamos.

Por um momento não sei o que dizer. Me sinto ainda pior por ter sido um amigo tão relapso, mas quero que ele saiba que pode contar comigo, que estou aqui por ele. Me aproximo devagar, apertando seu ombro esquerdo.

— Emílio, eu sinto tanto por você ter passado por tudo isso sozinho. Se eu puder fazer algo para ajudar...

Ele faz um careta, dando ares de pouca importância, o que me deixa ainda mais confuso.

— Está tudo bem.

— Como está tudo bem? Você perdeu a pessoa que gostava.

— Eu não gostava dele tanto assim.

— Não?

Dessa vez, o encaro realmente chocado. Não posso acreditar no que ele diz, Emílio esteve escondendo seu relacionamento durante o ano inteiro.

Mas ele apenas encolhe os ombros, meio constrangido em um sorriso hesitante, como se me pedisse desculpas por não estar sofrendo.

— Não me entenda mal, ele foi importante para mim por um tempo. Foi com ele que aprendi a me aceitar, mas queríamos coisas diferentes. Acho que vai ser bom passar um tempo sozinho, quero me concentrar na faculdade agora, no que realmente importa.

Assinto lentamente, absorvendo suas palavras. Eu o admiro por pensar assim. E sinto um pouco de inveja também. Não acho nada bom passar um tempo sozinho. Só consigo enxergar um futuro obscuro sem Cris.

— Que sorte a sua — digo por fim, e ele se permite abrir um sorriso maior, mais sincero.

Pouco depois, Sandra volta com as crianças, trazendo um saco pardo enorme da padaria. Os filhos do meio saem da escola às cinco da tarde, então ela já aproveitou para buscá-los também.

Emílio e eu a ajudamos a arrumar a mesa para o café e, enquanto a casa é invadida pelo cheiro forte e irresistível da bebida recém coada, eu os observo com um sorriso nos lábios. O mais próximo que cheguei de ter uma família unida e amorosa foi no tempo em que morei com o meu avô. Mas aqui, entre eles, eu me sinto estranhamente acolhido. Sandra me trata sem distinção, como se eu fosse um filho também. Fico imaginando como seria minha vida se minha mãe não tivesse morrido.

Olá pessoal, como vão?

Sei que estou sumida, minha vida anda uma loucura com trabalho e estudo e, infelizmente, não sei quando terei tempo para voltar com as postagens regulares por aqui. Mas como QSQ já está na sua reta final, não queria deixá-la em hiatus por tanto tempo, então aproveitei o feriado e farei um esforço extra para postar os dois últimos capítulos.

Espero que tenham gostado do capítulo de hoje <3

Algum palpite para o final da história?

Beijos e até a próxima ;)

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