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Capítulo 2

Volto pra casa às duas da manhã, ainda sem acreditar no tamanho da minha "sorte". De todos os babacas do colégio, eu tinha que trombar justo com o mais esquisito de todos?

Já ouvi histórias sobre Cristiano Batista, uma pior que a outra. Uma dizia que ele mantinha um laboratório secreto onde torturava insetos e animais pequenos em experiências científicas bizarras. A história lhe rendeu o apelido de Frankenstein, o que é mais que apropriado. O cara é tão repulsivo que não tem amigos. Nem mesmo Nicolas, o maior babaca de todos os tempos, arrisca uma aproximação.

Abro a porta da frente do sobrado com todos esses pensamentos agradáveis, tentando não fazer barulho. Nenhum de nós ficou por muito tempo na festa depois do meu incidente com Cristiano. Emílio apareceu todo agitado, logo inventando uma desculpa para ir embora. Jonas disse não poder chegar tarde em casa porque tinha ficado de ajudar com o resto da mudança no dia seguinte. Eu acompanhei Lavínia até em casa. O carnaval deu o que tinha que dar.

Tiro o tênis e atravesso a sala escura pé ante pé. A última coisa que quero é que a tia Fabrícia acorde. Sei que ela vai me passar um sermão se descobrir que horas cheguei em casa, porque ela não liga se é carnaval e o resto da humanidade não volta para casa antes do sol nascer. A grande missão da vida dela é transformar a minha em um mar de penitência eterna. Mas consigo chegar até a base da escada, contra todos os prognósticos, então respiro aliviado, pensando que o maior perigo já passou.

E é então que estrago tudo: os tênis em minha mão esbarram em uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, montada em um altar bem ao lado da escada. A favorita da minha tia. A imagem se espatifa em mil pedaços, fazendo um barulho absurdo e arruinando meus planos completamente.

De repente a luz da sala se acende e tenho que esfregar os olhos para me acostumar com a intensa claridade. Quando volto a abri-los, me deparo com a figura de tia Fabrícia, encarando-me de braços cruzados, sua camisola de carola e uma expressão mortal no rosto.

— Tia, eu sinto muito... — apresso em dizer, tentando amenizar o estrago. — Posso tentar colá-la amanhã.

— Acha mesmo que dá para consertar uma imagem quebrada, Teobaldo? Você saiu sem a minha permissão, ficou fora de casa fazendo sabe-se lá o que e com quem até altas horas da madrugada, entristeceu a Deus. Como castigo, Ele quebrou a Santa.

— Eu estava com meus amigos, só isso, não fizemos nada de mais...

— Ah, sim, posso imaginar quem são esses amigos. Seu rosto está cheio de glitter, devia se envergonhar disso.

Tenho que respirar fundo para controlar minha raiva. Sei muito bem o que ela está tentando insinuar. Desde que me pegou comentando com Emílio sobre os garotos da escola com quem eu ficaria, ela o proibiu de colocar os pés na casa dela. A casa onde ela caridosamente me recebeu para que eu pudesse ter uma educação de qualidade. Minha tia não sabia sobre minha sexualidade até esse dia e nossa convivência tem sido um inferno desde então. Como se Emílio e eu vivêssemos transando por aí.

Minha vida é uma piada.

— Mas é carnaval! Todo mundo vai assim para a rua, não é como se eu quisesse causar um escândalo ou...

— Você não é como os outros! Não pode dar brecha para que falem de você. Quantas vezes já conversamos sobre esse seu vício? Precisa se esforçar mais para reprimir isso dentro de você.

— Mas...

— Sem mas! Já pensou se seu avô descobre? Você não quer que ele saiba, quer? Já basta tudo o que sua mãe o fez passar, mais uma decepção seria demais para ele.

Quando ela fala do meu avô, sinto meu coração apertar. Tia Fabrícia sabe que ele é o meu ponto fraco e sempre usa isso para me intimidar. Apesar do meu jeito afeminado e de minha sexualidade não ser nenhum segredo nos lugares em que frequento, meu avô, que tem um frigorífico em Uberaba e é a melhor pessoa do mundo, não faz a menor ideia e tremo só de pensar no que pode acontecer se ele descobrir.

Encaro o rosto quebrado de Nossa Senhora Aparecida. O olho que se salvou me julga do chão. Os cacos continuam espalhados entre mim e minha tia, como um cortejo fúnebre.

— Ele não vai saber. Ele não tem como saber.

Minha tia me lança um olhar cético de profundo desgosto, então respira fundo e começa a recolher os cacos do chão, dispensando minha ajuda.

— Vá lavar esse rosto, amanhã conversamos melhor. E reze antes de dormir, peça perdão a Deus pelos seus pecados.

— Claro — minto. — Boa noite.

Arrasto os pés escada acima, lembrando-me do dia em que me mudei para o sobrado da minha tia. Fazia cinco anos que minha mãe havia morrido, vítima de uma overdose de cocaína, e já naquela época eu não conseguia me lembrar dela, apenas das histórias que me contavam. Mãe muito jovem, ela fugiu de casa e caiu no mundo das drogas. Envolveu-se com pessoas erradas e pagou um preço muito alto por isso. Mas eu não a julgo como tia Fabrícia faz. Talvez ela só precisasse de apoio.

Meu avô me criou desde que ela se foi, até o dia em que resolveu me mandar para cá, para que eu tivesse um estudo melhor. Tia Fabrícia é professora de artes no colégio Pádua, um dos melhores da região, e conseguiu uma bolsa para mim. E, por esse motivo, estou preso a ela até o dia em que conseguir me manter por conta própria. É por isso (principalmente por isso) que preciso passar no vestibular o mais rápido possível e dar o fora dessa cidade. Não quero passar a vida inteira me sentindo culpado por apenas tentar ser quem eu sou.

Mas, em algum lugar dentro de mim, sinto que minha mãe me apoiaria se ainda estivesse viva. Ela era uma rebelde, queria ser livre. Esse pensamento me consola.

Só quando me tranco em meu quarto é que consigo relaxar. O E.T. de Steven Spielberg me olha de seu pôster e ergo o dedo o imitando, como se algum poder de cura pudesse sair dali e consertar todos os problemas da minha vida. Então me atiro na cama, enterrando o rosto no travesseiro sem me importar com o glitter que com certeza sujará os lençóis.

Meu quarto é minúsculo, mas é o único lugar no sobrado em que ainda tenho alguma liberdade. Sempre que quero fugir da realidade, posso me trancar aqui e me perder no mundo fantástico dos filmes dos anos 80, que herdei do meu avô. Pode parecer antiquado, mas eu não ligo. Apesar dos efeitos especiais toscos, esses filmes tem tramas muito melhores do que muitos filmes de hoje em dia. Além do mais, foi com eles que entendi que queria fazer cinema.

Não estou com sono e penso em colocar alguma coisa para assistir, quando meu celular começa a vibrar no bolso da calça.

É Lavínia, no grupo que temos com Emílio. Ela não perdeu tempo e já adicionou Jonas ao grupo. Está agora lhe dando as boas-vindas de um jeito muito esquisito:

Lavínia: BEM-VINDO AO INCRÍVEL MUNDO DE CINQUENTA TONS DE CINZA!! (só pra constar, o cinquenta tons de cinza é em homenagem ao Téo) (emoji da lua).

No que eu respondo na mesma hora, porque não acredito que ela usou o emoji da lua!

Téo: NÃO ENTENDI, ESTÁ ME CHAMANDO DE SADOMASOQUISTA, DONA LAVÍNIA??? EM NEM GOSTO DE CINQUENTA TONS DE CINZA!!! (Não liga, Jonas, ela fica assim quando bebe muita coca).

Jonas: Continuem, estou indo pegar a pipoca (KKKKKK).

Lavínia: Primeiro, mesmo se a coca fosse alcóolica, eu não ficaria bêbada só com meia latinha. Segundo, Cinquenta tons de cinza, por causa do seu incidente com Cristiano Batista. Desculpe, não consegui resistir (emoji rindo).

Téo: HA HA HA, ESTOU MORRENDO DE RIR!!!

Jonas: Mas falando sério, Téo, como está seu coração depois de ter sujado a camisa do rapaz em 50 tons de cinza? Sei lá, dizem que muita briga acaba em romance.

Téo: Muito palhaço você, Jonas! É mais fácil um meteoro cair na minha cabeça. Mas acho que vocês estão falando isso só pra desviar do assunto mais importante, que é: o que será que rolou enquanto eu me aventurava salão afora, arruinando camisas cinzas altamente sem graças? (emoji da lua).

Na mesma hora, recebo uma mensagem desesperada de Lavínia em privado.

Lavínia: TÉO, PELO AMOR DE DEUS! ESTÁ TENTANDO ESPANTAR O MENINO???

Téo: Calma, Lavínia! Estou só tentando descolar um crush para você. Vai dizer que não reparou no quanto ele é bonito, simpático, etc?

Lavínia: Nem vem! Sem chance! Além disso, ele gosta da Bianca.

Téo: Ele nem conhece a Bianca de verdade, Lavínia. Quando conhecer, vai desencanar dela, aí você aproveita para chegar junto.

Lavínia: Sério, Téo, pode parar com isso! Não estou tão desesperada assim. Se você insinuar mais alguma coisa para ele, aí sim vamos brigar de verdade.

Jonas (no grupo): Não rolou nada, a gente só ficou lá conversando.

Téo: Ok, vocês venceram. Mas devo lembrar que não fui eu quem começou com as insinuações.

Em seguida eu mando um vídeo engraçado de pinguins bêbados dançando para quebrar o clima tenso e nós três continuamos conversando até perdemos a noção do tempo. Jonas se mostra um bom amigo e eu relaxo, esquecendo-me por um instante dos problemas com a minha tia.

No entanto, não consigo deixar de reparar que Emílio permaneceu em silêncio esse tempo todo. Eu sei que ele ainda não dormiu porque abro a janela privada e vejo que está online, então ele só preferiu não participar da nossa conversa mesmo.

Eu não queria que isso me incomodasse tanto.

Mas incomoda.

Estar apaixonado pelo seu melhor amigo é uma merda.

Hi, pessoas!

O que estão achando da história até aqui?

Esse capítulo foi mais para conhecermos um pouco mais sobre o nosso protagonista, Téo. Prometo que no próximo teremos mais ação.

Se gostou, deixe seu voto e seu comentário!

Beijos e até a próxima ;)

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