Preparando o Terreno
O espelho do teto refletia o corpo nu e esbelto de uma mulher de 55 anos que aparentava bem menos idade. Cabelos curtos loiros num corte moderno e os olhos azuis-claros como o céu de verão completavam em uma fina sintonia aquele rosto simétrico tal qual uma modelo de vinte e poucos anos. Nora acariciou o mamilo rosado de seu seio direito, fazendo-o enrijecer. Ela gostava daquele ritual matutino. Sentia que realmente era possível enganar a velhice. Levou a mão para o meio das pernas e sentiu a vagina ainda dolorida e inchada da noite que acabara de ter. Ele estava bem animado — pensou enquanto sorria e dava mais uma olhada na sua silhueta perfeita. Ao seu lado estava o corpo frio e sem vida de Martins, um jovem médico de 28 anos, com cabelos curtos e pele morena, que só queria uma noite de sexo casual, mas acabou morto envenenado por uma assassina profissional.
Martins não havia feito nada para merecer aquele destino insólito. Tinha acabado de terminar um namoro sério de 4 anos e, como uma espécie de rito de passagem, seu amigo Marcos, da época da faculdade, o levara, na noite anterior, para uma festa em alto-mar promovida por um hostel da zona sul do Rio de Janeiro.
— Cara, você vai ver, só tem gringa maravilhosa nesse barquinho. — Marcos falou com entusiasmo, enquanto caminhavam do estacionamento em direção a Marina da Glória, um porto nobre dedicado aos serviços náuticos de quem pudesse pagar bem.
— Não sei — respondeu Martins — amanhã tenho plantão e também não tô ainda na pilha de conhecer ninguém agora.
— Tá de brincadeira? — deu um tapa leve na nuca do amigo. — Sua ex já deve ter dado pra uns 18 caras enquanto você dizia essa frase de mulherzinha. Além disso, o plantão é só a noite né — esperou o amigo confirmar com a cabeça — Você bebe hoje, come a gringa que vou te apresentar e amanhã se recupera da ressaca a tempo de assumir o plantão. Martins pensou por um momento e olhou pro amigo como se tivesse chegado a uma conclusão brilhante:
— Foda-se. Você está certo. Amanhã eu dou meu jeito.
— Isso aí. — abraçou o amigo, achegando-o pra perto — E quando você ver as gringas que eu te falei vai me agradecer por ter te trazido.
Martins concordou, mas lembrou o que queria perguntar desde que saíram do carro:
— Como você soube dessa festa?
Marcos riu:
— eu estava no plantão ontem e essa Russa que eu te falei levou a amiga espanhola que estava passando mal. Atendi bem pra caraca né. Exame completo. — gesticulava com as mão imitando garras enquanto falava — Me falaram desse barco que sai toda sexta a meia-noite aqui na Marina. A Espanhola me chamou e ainda pediu pra levar um amigo negão pra Russa, ou seja, praticamente chamou teu nome.
Os dois ainda riam quando chagaram ao portão da Marina. O local estava cheio de gente tumultuando e querendo entrar. Alguns rapazes com notas na mão gesticulavam com os promotores do evento, vestidos de preto e dando desculpas de superlotação. Marcos nem titubeou e puxou o amigo direto para a entrada.
— Oi, Marcos Pacheco e Martins Moura — Falou para o segurança que controlava o portão — somos convidados da Natasha e da Vivian.
— Identidade, por favor. — os dois mostraram suas carteiras do conselho de medicina, o segurança sorriu — boa festa doutores.
Nora observou enquanto os dois rapazes entravam, o plano estava perfeito até ali. Fez a colega de quarto do hostel em que se hospedou passar mal com uma mistura especial de ervas misturada ao chá e a levou para que Marcos a atendesse no hospital particular em que trabalhava. Jogou com sua libido e o convenceu a chamar Martins para a festa. Agora bastava ir embora com o rapaz, roubar o cartão de acesso ao laboratório e dar um fim nele. Uma pena, até que é bonitinho.
— Essa é a Natasha — Marcos apresentou assim que se encontraram na entrada do barco — a amiga russa de quem te falei.
— Prazer, Martins — o rapaz ofereceu a mão para que a linda mulher de longos cabelos negros, pele branca e olhos castanhos pudesse apertar.
— Não acho que seja assim que os brasileiros cumprimentem — apontou para o lado e os dois riram ao ver que Marcos e Vivian já estavam se beijando ardentemente. Martins se aproximou e se beijaram também. Aquela noite seria realmente inesquecível.
O jovem médico estranhou quando Natasha sugeriu que fossem para um motel assim que desembarcaram as 3 da manhã. Haviam passado a noite toda se beijando e se acariciando, a mulher chegou a colocar a mão dentro de suas calças. O rapaz ainda não estava acostumado com aquele ritmo, mas, mesmo assim, pediu para o taxista levá-los imediatamente para o motel mais próximo dali. Em menos de 10 minutos os dois estavam nus na cama do Midway, um pulgueiro geralmente usado por prostitutas da Lapa, um bairro boêmio bem conhecido.
Natasha era fogosa e gostava de comandar o ritmo do sexo. Ficou por cima a noite toda. Martins preferiu não reclamar. Não era todo dia que tinha uma russa nua em seu colo. O corpo da mulher era perfeito e o rapaz nem acreditou quando ela disse ter 43 anos. Quase não descansaram entre a primeira e a segunda transa. Ela fazia carícias deliciosas em seu pescoço enquanto mexia o quadril em movimentos suaves que aumentavam e diminuam a velocidade.
— Seus seios são tão lindos — Martins ameaçou tocar com as duas mãos, mas Natasha deu um tapa leve para afastar. Ele sabia que só poderia fazer o que ela permitisse.
— Zaaat...knis (Cala a boca) — ela resmungou enquanto gemia com um pouco mais de força. Martins deduziu que ela estava tendo um orgasmo.
Natasha puxou os cabelos longos e negros para trás e desmontou do colo de martins. Se encostou na cabeceira branca encardida da cama, enquanto olhava com uma expressão de nojo para o quarto de paredes sujas:
— ya mogu ubit' tebya seychas (Agora posso te matar) — murmurou baixo
— oi? — o rapaz se virou pra ela — falou alguma coisa?
A mulher se levantou sem responder. Foi ao frigobar e pegou uma água mineral e entrou no banheiro. Martins estava com os olhos pesados, quase se entregando ao sono e cansaço.
— Bebe — Natasha o acordou com um carinho no rosto e estava lhe oferendo a garrafa que pegara. — bebe — repetiu. O jovem bebeu dois goles e apagou imediatamente. Era sua última ação antes de parar de respirar e dormir para sempre.
Nora retirou a peruca preta e coçou bem a cabeça. Odeio disfarces. Sempre teve alergia a perucas. O corpo de Martins ainda tremia com espasmos na cama enquanto ela vasculhava a sua carteira. Jogou o dinheiro no chão e sorriu ao encontrar o que queria: o cartão de acesso ao laboratório do Instituto Nacional de Oncologia e Pesquisa. Tudo tinha sido perfeito até ali. Fizera a colega de quarto do hostel onde se hospedou passar mal com uma mistura de ervas em sua bebida, levou-a ao hospital onde o melhor amigo de Martins trabalhava e o convenceu a comparecer na festa do barco. Agora bastava hackear o cartão, se livrar do corpo e ir para a segunda fase da missão.
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