Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Fúria

 Bati de cabeça na porta de metal do nono andar. Por um instante pensei que estivesse caindo no fosso, mas o chão, branco e gelado, golpeou a minha face, anunciando a vitória. Permaneci deitado por alguns segundos. Meu coração precisava se recuperar. Estava tão cansado e com tanto sono. Zumbis, pensei já me levantando depressa. Acho que a adrenalina do salto fez com que eu me cagasse todo. Minha calça já estava pesando e o cheiro era horroroso. Não tinha como me concentrar em pular sobre um abismo e prender o meu intestino ao mesmo tempo. Ao menos tive a chance de sobreviver pra me limpar. E a barriga não doía mais como antes. Era definitivamente uma vitória. Fiz força e coloquei pra fora o que ainda havia pra ser defecado.

— Estou bem — sussurrei alto pra escuridão do fosso antes de encostar a porta.

Fora as paredes e piso brancos, o corredor era muito diferente do resto do prédio. A iluminação alaranjada de emergência era a mesma que eu já tinha visto antes. Grandes janelas davam a visão do interior dos laboratórios, muito bem equipados e organizados. De cara, percebi as portas dos laboratórios 1 e 2, de vidro fosco com o número correspondente desenhado em tinta branca. Um visor eletrônico na parede, a esquerda, parecia ser o que dava acesso ao lugar. Forcei a porta algumas vezes, mas tanto uma quanto a outra estavam trancadas. Pensei em tirar o meu cinto e enrolá-lo no pé com a fivela pra baixo. Tinha visto isso em um programa de televisão sobre sobrevivência em acidentes de carro. Era uma técnica para quebrar os vidros com mais facilidade, caso caísse na água. Talvez funcionasse aqui também.

No entanto, antes que eu terminasse de retirar o sinto, percebi uma porta entreaberta. Segurança de merda essa aqui hein, pensei comigo. Primeiro a porta do elevador estava aberta, agora a porta de um dos laboratórios também? Eu não costumava ter tanta sorte assim. Caminhei até o laboratório 4 e olhei lá pra dentro ainda sem abrir completamente. Não vi ninguém. Fui abrindo aos poucos e confirmando a minha solidão.

O laboratório era grande e cheio de equipamentos. A direita eu pude ver uma máquina de PCR novinho, capaz de replicar DNA a partir de amostras muito pequenas, e um aparelho de ELISA automático. Num lugar daqueles não seria preciso ficar fazendo curvas-padrão ou pipetando quantidades ínfimas em placas antigas. Bastava colocar as amostras ali que aquele brinquedinho daria a análise completa em alguns minutos. Coisa de gringo. Coisa cara. Uma bancada de mármore branco, sem remendos ou rejuntes, ficava no meio de tudo. Havia espaço para umas 5 pessoas trabalharem muito bem. Cheguei perto da encubadora para ver as diversas placas de Agar Sangue, iluminadas por uma luz verde, que eu nem sabia pra que servia, mas dava um aspecto lindo.

Vasculhei os armários em busca de algum medicamento que servisse. Geralmente ficavam mais escondidos por conta do seu preço comercial elevado, mas comecei a desconfiar que talvez o laboratório não tivesse o que eu procurava, pois já estava achando dNTPs e primes, os reagentes mais caros que eu conhecia, e nada dos inibidores de protease. A dor de cabeça não estava me deixando raciocinar direito. Olhei a minha volta e percebi as duas portas à esquerda que eu ainda não havia checado. Na primeira, encontrei um escritório grande, com móveis de madeira e umas fotos de cachorro na parede. Não havia nada que me interessasse. Quando abri a segunda porta, um cheiro esquisito atingiu as minhas narinas, como se houvesse algo guardado ali por muito tempo. Diminuí o passo e fui avançando aos poucos para ver os dois corpos deitados no chão. Minha cabeça voltou a pulsar com dor. Uma menina jovem, loira de cabelos lisos, com uns vinte e poucos anos de idade, tinha uma pipeta automática azul cravada em seu olho esquerdo e um peso de papel, em forma de pirâmide, ensanguentado na mão direita. A outra mulher, uma gorda de cabelos vermelhos, estava deitada bem ao seu lado, com uma poça de sangue abaixo de sua cabeça. Elas provavelmente tinham se matado. Estariam infectadas também?,pensei antes de me aproximar mais.

Chequei os sinais vitais das mulheres para ter certeza de que estava seguro. Mortas há bastante tempo, considerando a rigidez dos corpos e a temperatura baixa. Vasculhei o lugar, uma sala de estar com uma mesa grande e uma copinha, tal como no laboratório em que eu trabalhava. Os pesquisadores deviam fazer as suas refeições ali. Tive que usar o banheiro deles. A água funcionava, então tentei lavar as minhas calças em vão. Saí sem a parte de baixo da roupa e comecei a procurar, semi nu, por algo que eu pudesse vestir, já que não havia achado nenhuma medicação que pudesse me salvar. Peguei o celular da gorda, que ainda tinha 19% de bateria e serviria como lanterna no fosso. Ela também tinha cigarros e um isqueiro, resolvi levar também. No final, deduzi que talvez a calça jeans da menina loira desse em mim. Ela tinha umas pernas grossas e não era muito magrela. Me senti um monstro por despir um cadáver daquela maneira, mas não havia opção. Se eu seria encontrado morto, ao menos que fosse vestido. A calça até serviu bem e sequer ficou parecendo feminina. Agora, vestido e limpo, eu tinha mais três laboratórios pra procurar, antes de virar um zumbi.

O truque da fivela na sola do sapato funcionou bem e eu consegui quebrar as portas dos outros 3 laboratórios. A vasculha só não foi um total fracasso porque no de Genética eu achei um frasco de 1 kg de Nitrato de Potássio, componente principal na fabricação de pólvora. Talvez desse pra limpar o corredor com uma bomba e fugir para o quarto andar. Na farmácia, com certeza acharíamos a medicação. Fiz os cálculos de acordo com o que tinha aprendido na escola. Estequiometria básica. 75% de Nitrato de Potássio, 10% de Enxofre e 15% de carvão vegetal. Encontrei os outros componentes no laboratório 2. Consegui fazer cerca de 2 kg de Pólvora negra, bem rústica, mas suficiente pra fabricar algumas bombas poderosas.

Montei os artefatos usando sacolas plásticas, fita adesiva e pedaços de roupa. Três enormes dinamites caseiras que limpariam o corredor do sexto andar ou, pelo menos, deixariam aquelas coisas bem atordoadas. Coloquei uns pedaços de vidro, usando o mesmo conceito das granadas, pra aumentar os estragos. Ajeitei tudo com cuidado numa bolsa de lona que peguei de uma das defuntas. Agora estávamos prontos pra enfrentar aquelas coisas.

— Vou descer — avisei para a escuridão do fosso. Carol não respondeu — Carol — sussurrei mais alto. Nada — Ca ...

— Oi — a voz me interrompeu — eu dormi. Desculpa

— vou descer. Não tem inibidores aqui. Vamos pro quarto andar.

— Merda — fez silêncio.

Pulei e me agarrei com facilidade na barra de ferro da parede posterior do fosso.

— Paulo — eu quase não respondi.

— oi?

—Tenta ver se tem alguma coisa no décimo — sugeriu

— Mas você falou que só tem o supervisor de vigilância.

— Sim, mas eles andam armados. Deve ter alguma arma lá. Dá uma olhada.

Eu concordei com ela, mas odiei a ideia de saltar novamente. Odiei mais ainda o fato de eu estar com 2 quilos de explosivos dentro da bolsa. Amarrei a alça na barra, era mais seguro ficar sem ela, e subi mais um pouco para tentar o salto. A porta não estava tão escancarada quanto a do andar de baixo, mas era possível ver que estava levemente entreaberta. Saltei usando mais força e com as pernas na frente. Caí quase em pé. Foi mais fácil desta vez.

Andei devagar para evitar algum zumbi que por acaso estivesse ali. Vasculhei as salas, uma a uma, não tinha nada. Só alguns arquivos e os servidores do prédio. Continuei pelo corredor, que dava numa porta dupla grande e cinza. Testei a maçaneta e vi que estava aberta. Fui abrindo lentamente e olhando se alguma daquelas coisas estavam por ali. Só vi mais um corpo estendido no chão. Caminhei em sua direção e enxerguei a tal tela gigante de que Carol falava. Tinha a palavra QUARENTENA em vermelho, piscando no centro. Eu sabia, pensei.

O homem estava de uniforme e devia ser o supervisor de segurança. Estava tão gelado e rígido quanto os corpos do nono andar. Sem sinais de agressão ou infecção. Abaixo da tela, havia um painel grande com muitos teclados e pequenos visores. Umas quatro outras telas mostravam as câmeras dos andares. A imagem era ruim por conta da péssima iluminação, mas dava pra ver perfeitamente o sexto andar lotado de zumbis. A outra mostrava o que parecia ser o sétimo ou oitavo, com algumas criaturas dispersas, mas ainda eram mais de 10. As outras passavam imagens das enfermarias vazias. Tentei mexer no painel, mas não respondia aos comandos. Não tinha muita habilidade tecnológica, então optei por não piorar mais as coisas. Na cintura do guarda, apenas o coldre vazio. Não tinha nenhuma arma ali. Olhei em volta, já decidido a descer e seguir, desarmado mesmo, o plano na minha cabeça, quando olhei para um conjunto intrigante pendurado na parede onde ficava a porta: Um extintor de incêndio e um, inacreditável, machado de emergência dentro de um vidro de proteção.

Desci o mais rápido que pude com o machado nas costas e o extintor de lado. Prendi ambos com a minha fivela e com a que peguei do segurança. Agarrei a bolsa e coloquei a alça no pescoço.

—Toma — entreguei a bolsa para Carol assim que pisei novamente no teto do elevador — Não tinha pistola, mas eu improvisei umas bombas. Deve dar pra evacuar o corredor e lutar pra chegar na farmácia. É a nossa última chance.

Carol permaneceu quieta por alguns instantes. Devia estar digerindo aquela informação.

— Eu não vou conseguir — quebrou o silêncio — minha perna dói muito.

— Eu preciso que você tente. Não sei mais quanto tempo nós temos.

Ela continuou quieta. Acho que tinha percebido que a minha vida também dependia do esforço dela. Eu levantei o alçapão e observei o interior do elevador. Apenas uma criatura permanecia lá dentro, de costas para mim e com a cabeça em um dos cantos. Sinalizei para Carol que desceria. Apoiei a tampa silenciosamente e me preparei pra cair com o machado nas mãos. Tudo aconteceu bem rápido: meus pés tocaram o chão, a criatura se virou com o barulho e eu acertei a ponta mais fina do machado em seu crânio. O barulho foi seco, como o de uma garrafa de champanhe estourando. O homem caiu sem sequer gritar. A ponta ficou presa e eu tive de usar o pé como apoio pra poder puxar.

Conferi a movimentação pela janelinha e vi que poucos, ou nenhum, zumbis haviam me percebido. O corredor estava cheio, assim como havia visto lá em cima. Ajudei Carol a descer logo após me passar a bolsa e o extintor. Era a hora da verdade. Do tudo ou nada.

Dei uma breve explicação de como havia feito as bombas, mas a garota só ficava me perguntando onde eu havia aprendido aquelas coisas. O plano era único, então dependia de boa execução e, principalmente, sorte. Eu acenderia a bomba, abriria a porta e jogaria no meio daquelas coisas. Quando explodisse nós sairíamos e correríamos pras escadas. O machado era pra abater qualquer um que sobrevivesse e o extintor seria a arma que Carol usaria pra atordoar se fossemos encurralados. Parecia perfeito, mas quando joguei a primeira bomba, ela não explodiu.

—vou jogar a outra —sugeri com um pouco de vergonha. Ela ficou quieta.

Acendi o pavio improvisado e deixei queimar um pouco antes de jogar novamente. Alguns segundos se passaram e ... nada.

—Você disse que sabia fazer isso —Carol reclamou.

—Falei que sabia teoricamente —respondi sussurrando —nunca tive que fazer uma bomba antes.

—então joga essa outra —ordenou já com alguma raiva na voz.

O corredor agora estava mais cheio do que nunca. As movimentações na porta do elevador fizeram com que os zumbis se aglomerassem. Seria perfeito se a última bomba funcionasse. Acendi o pavio e deixei queimar até quase chegar ao final. Abri a porta e joguei. Alguns segundos se passaram... mas alguns segundos.

— e agora? —Carol perguntou impaciente

— E agora ...

BUMMM

Um estrondoso estouro nos surpreendeu, tanto pela força quanto pelo barulho. Foi seguido de mais duas explosões. BU-BUMMM. Eu e Carol nos entreolhamos assustados. Meu coração palpitava. Nem acredito que funcionou.

Saímos correndo pela porta assim que vimos o estrago que as bombas causaram. Era sangue, tripas e órgãos pra todo lado. Paredes e tetos tingidos de vermelho. Seguimos pelo centro do corredor e eu tive que acertar um errante que avançou. Um golpe certeiro com a parte fina do machado em sua têmpora direita. Mais uma criatura saiu da porta da enfermaria. Me empurrou e eu bati com a cabeça com muita força na quina do carrinho de limpeza. Ele vinha em minha direção, quando Carol bateu com o extintor na parte superior do seu crânio. O monstro magrelo e alto apenas virou em sua direção. Eu me recuperei e desci o machado com tanta força que seu crânio quase se abriu em duas partes. Tive que chutar as costas do infeliz pra soltar a arma. Chegamos ao outro lado sem mordidas. O sangue escorria pela lateral da minha cabeça. A visão estava turva. Só tínhamos que descer as escadas e entrar no quarto andar. Não prestei atenção em Carol enquanto descíamos, pois a ferida doía muito. Um zumbi me atacou naquele breu, mas, pra minha sorte, mordeu a região protegida do meu ante braço. Consegui jogá-lo no chão e desferir um golpe cego, mas não enxergava bem o suficiente pra acertar em cheio. Preferi continuar correndo e alcancei a porta do quarto andar a tempo de olhar pra trás e ver a criatura no chão se arrastar e morder a perna de Carol. A menina gritou e esticou o braço em minha direção, mas, antes que eu pudesse ajudar, ela foi arrastada para a escuridão. Só me restou fechar a porta e continuar correndo. Desviei de um errante que surgiu de um corredor a direita e golpeei seu pescoço com a parte grossa do machado. Minha cabeça estava confusa. Jorrou tanto sangue que me deixou encharcado. Tive que dar mais duas investidas para matar o infeliz.

Achei a porta da farmácia e tive de arrombar pra conseguir entrar. Me sentia tonto. Fui direto para as prateleiras. Quebrei o trinco do armário de medicações com o machado e peguei diversos frascos de Inibidores de proteinases: Ritonavir, Lopinavir, Nelfinavir, Vivecon, Bevirimat; coloquei muitos comprimidos pra dentro. Sabia da chance de ter uma hepatite medicamentosa ou uma Nefrite por conta de toda a agressão que aqueles medicamentos causariam, mas eu não tinha tempo. Minha visão já estava mais embaçada e eu defequei nas calças novamente. Só tive tempo de pôr um Soro Fisiológico de 500 mL pra correr em minha veia da mão esquerda, antes de começar a me entregar ao sono. Acho que não cheguei a pegar a veia, mas sabia que aquilo me ajudaria mesmo assim. Olhei pro meu corpo sujo com o sangue alheio e, nas calças emprestadas, uma mancha preta de graxa, linear e pontilhada. Já tinha visto isso antes. Senti a cabeça confusa e tudo apagando depressa. Lutei até onde deu. Agora era eu quem precisava de ajuda.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro