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06 - Quando um homem confia.

Anapólis, GO - Fevereiro de 2008.

Sentado na varanda da minha casa, vejo minha cunhada saindo com minhas filhas, encosto a cabeça no encosto da poltrona e finalmente deixo as lágrimas que estou segurando há três dias lavarem meu rosto, o desespero toma conta do meu ser.

A nossa vida resume-se a uma frase: "Deus está no controle", e quando nos vemos perdidos às vezes esquecemos que não somos nada e que nada podemos fazer a não ser esperar nAquele que pode 'sim' resolver o problema, e que provavelmente esse problema não será resolvido do nosso jeito, afinal Deus é o dono da nossa vida e é Ele quem sabe o que é melhor para nós no final das contas.

Pelo menos na minha vida tem sido assim, desde o dia em que eu O aceitei como Salvador da minha vida, mas infelizmente nada disso é o suficiente para que eu vez ou outra, não entre em desespero, graças a Deus isso dura pouco, mas dura o suficiente para eu perceber o quanto eu não sou nada sem Ele.

Quando minha esposa decidiu não fazer o tratamento contra o câncer, eu fiquei furioso, acreditei que ela estava sendo irresponsável e mesquinha, e deixei isso bem claro para ela, eu briguei com Deus por estar destruindo a família que Ele próprio havia me dado, mas ela me fez ver que Deus tinha tudo planejado, Ele estava dando a ela a chance de pôr sua vida em ordem, no momento em que ela me disse isso eu não entendi nada, ninguém é tão ou mais organizado que minha esposa, isso até ela me dizer que visitaria o ex-noivo e percebi a contra gosto o que ela queria pôr em ordem.

Não somos o grande amor um do outro, mas com certeza somos o melhor um para o outro, porque Deus assim permitiu. Minha esposa é um milagre, os médicos não deram nenhuma esperança, e ela viveu saudável com um câncer terminal alastrando por seu corpo, por um ano e quatro meses, mas agora o fim se aproxima, estamos bem na medida do possível, pois Deus está no controle, sou grato por esses anos que Deus a deixou ao meu lado, por toda a felicidade que ela me proporcionou, pelas duas filhas lindas e maravilhosas que ela me deu, no entanto vê-la morrendo literalmente é outro nível, talvez você me diga, mas está surpreso por quê? Ela não está morrendo há um ano e quatro meses, todos nós não estamos morrendo a cada dia? E sim, você tem razão, não é o fato real de ela estar morrendo que está me consumindo, mas o fato de que a dor te faz ver coisas que normalmente você não veria.

- Alex? – Ouvi uma voz melancólica.

Abri os olhos ao ouvir a voz do homem que a minha esposa amou antes de mim, e apesar de me amar verdadeiramente, jamais deixou de ama-lo, a tristeza em seu olhar partiu-me o coração, principalmente porque mesmo depois de todos esses anos, e sabendo que Deus me perdoou e ele também, eu ainda não consigo deixar de pensar que sou eu o responsável pela tristeza na vida dele.

- Eu admito que eu esteja um pouco apavorado, só uma coisa muito grave faria você me chamar à sua casa? - Disse nervoso.

- Fiquei tentado a falar pelo telefone, assim evitaria que você quebrasse a minha cara novamente. - Tentei amenizar os ânimos, levantei-me para recebê-lo adequadamente.

- Desculpe-me por aquilo, nunca fui tão violento e lamento profundamente. – Respondeu envergonhado.

- Não lamente, no seu lugar provavelmente eu teria feito a mesma coisa. Por favor, sente-se. – Ele sentou na poltrona que eu indiquei, eu sentei de frente para ele.

- Obrigado por não difama-la, nem mesmo para se defender. - Disse com os olhos lacrimejando. - Como ela está?

- Mal! Por isso te chamei aqui. Sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas se fosse possível, eu gostaria que você fosse vê-la. - Falo constrangido.

Ele me olhou com aquele olhar de quem pensa: "O cara enlouqueceu completamente", e talvez ele esteja certo, afinal eu estou aqui pedindo para ele se despedir da minha esposa, a mulher que ambos amamos, mas se tem uma coisa que eu aprendi, é que não importa o quanto pareça louco, se Deus colocar em seu coração para fazer vá lá e faça, e que Ele te proteja.

- Você tem certeza que quer que eu vá vê-la?

- Tenho. Eu sei que meu sogro pediu para você não vir, mas neste momento o que me importa é o que ela quer.

- E ela quer me ver? Segundo o seu sogro, ela não quer me ver nem pintado de ouro!

Eu sorri da situação, meus sogros ainda acreditavam que o Rafael poderia fazer algum mal a ela, assim como acreditavam que eu era o responsável pela separação dos dois; o fato de até o momento ele não ter se casado fazia com que eles ficassem preocupados, eles não sabiam que ele havia ligado para ela dizendo que nos perdoava, e que estava orando para que fôssemos felizes bem no momento em que estávamos pensando em nos separar, eles não sabiam que ela o havia procurado quando soube que estava morrendo, tudo isso porque ela não queria que eles soubessem, ela dizia que o Rafael preferiria assim.

- Ela não disse, mas eu sei que ela quer te ver. – Eu falo olhando nos olhos dele, ele vira o olhar para o outro lado.

- Se ela não disse, não tem como você saber. – Disse ressentido.

- Rafael por que meus sogros que te amavam como a um filho, têm tanto medo de que você se aproxime da filha deles?

- Porque eles acham que eu estou remoendo o passado.

- Eu e a Valéria sabemos que não é este o caso; e eu e você sabemos que ela sofre quando a mãe é grossa com você ou com a indiferença do pai para com você, agora eu te pergunto, por que ela nunca disse aos pais que você nos ligou e que você nos perdoou?

- Porque a maneira como eles me tratam é mais uma defesa pessoal do que um ataque contra mim, e ela sabe que eu não quero que os pais dela se sintam mal por mim ou fiquem brigando com ela.

- Exatamente, eu sei do que eu estou falando, assim como você também sabe do está falando. E então, você quer vê-la ou não? – Ele virou rápido para mim, e mais uma vez o olhar dele partiu meu coração, mas dessa vez foi porque ele me fez lembrar, de outro olhar quebrado de tanta dor, o meu próprio, levantei em um pulo.

- Eu quero vê-la desde que eu soube que ela estava doente. - Disse destroçado. - Você não faz ideia de como têm sido esses meses.

- Eu faço ideia sim. - Disse encarando-o, os dois desviaram o olhar. - Você deveria ter ligado, ou simplesmente vindo, como o seu irmão fez, independentemente de qualquer coisa vocês a conhecem desde sempre e a amam, ela merece todo carinho nesse momento.

- Nunca foi tão difícil fazer o que é certo! - Comentou passando as mãos na cabeça. - Você sabia que ganhou um admirador na pessoa do meu irmão? Ele só tem elogios para você. – Comentou triste, levantando-se também. – Ele disse que você não se importaria se eu viesse, mas seus sogros me proibiram de vir e achei melhor assim.

- Obrigado por ter vindo agora! E você sabe que eles agem assim, mas não é por mal, seja paciente com eles. – Nos olhamos rindo, tranquei a casa.

- Ser pacientes com aqueles dois é um teste para prêmio Nobel de paciência. – Ele diz ainda rindo. – Imagino que as coisas devem ter sido bem difíceis para você no começo.

- Nem me lembre! Tenho certeza que eles me chamavam de Rafael de propósito. – Falei entrando no carro, Rafael riu.

- Imagino que sim, mas você soube conquista-los. – Ele diz com admiração e o encaro, e vejo em seu olhar que é verdadeiro. Eu sorrio sem graça, até porque as coisas com a minha sogra nos últimos meses não tem sido fáceis.

Ela estava no hospital quando cheguei acompanhado pelo Rafael, e mudou de cor quando nos viu, veio acelerada ao nosso encontro, parecendo uma leoa pronta para salvar o seu filhote de duas hienas, puxou o rapaz pelo braço.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou mais alto que o necessário, o rapaz ficou corado até a raiz dos cabelos.

- Minha sogra, eu o chamei aqui! – Falei tentando tirar a mão dela do braço dele.

- E por que você fez isso, ela só vai sofrer com ele aqui, por que você está fazendo isso com a minha filha, vê-la morrendo não é o suficiente? – Eu e o Rafael nos olhamos confusos.

- Do que a senhora está falando? – Perguntei exasperado.

- Você sabe que ela nunca... – A puxo pelo braço nos afastando dele. – Está me machucando o que deu em você?

- A senhora nem ouse falar que a Valéria nunca esqueceu o Rafael, isso é algo que só ela pode falar, entendeu? Se eu souber que a senhora ou qualquer outra pessoa que não seja ela ou o próprio Rafael que tenha falo, eu processo por caluniar a minha esposa, a senhora me entendeu?

- Sim! – Diz assustada, era compreensível eu jamais alterara o tom de voz com nenhum deles. – Mas se é verdade qual o problema de eu falar para ele?

- Argh! Porque isso é um assunto dela e de mais ninguém.

- Você não quer dar o braço a torcer que a sua mulher nunca conseguiu superar o ex. – Ela me fuzilava com o olhar.

- Com licença. – Deixei e fui até o Rafael. – Vem comigo, por favor!

- Algum problema? – Ele perguntou preocupado. – A dona Olga não me parece bem.

- Não sei ainda! E faz tempo que ela não parece bem, ela culpa a Deus e a mim pela doença da Valéria. – Falo passando a mão na cabeça. – "Só me falta a minha sogra pegar no meu pé, como pegava quando me casei não me faltava mais nada". – Penso desanimado.

Bati na porta, ouvimos um entre cansado e nos olhamos, e vi a mesma dor que eu estava sentindo no olhar dele, dei um meio sorriso triste e engoli seco, em uma coisa minha sogra tinha razão, não é fácil se dar conta de que sua esposa teria sido tão ou mais feliz com outro homem.

- Não preciso pedir para você cuidar bem dela. – Afirmei com um nó na garganta, ele apenas negou concordando comigo, abri a porta.

- Oi meu amor! – Falo da porta sorrindo.

- Oi minha vida! – Ela responde sorrindo, não importa o quanto ela esteja doente, ela ainda é linda! Vou até ela deixando a porta aberta. – Pensei que você não viria hoje a tarde, minha mãe disse que você pediu para ela ficar aqui, você a viu? Não sei que bicho a mordeu, mas ela está insuportável hoje.

- Eu vou falar com ela, mas creio que ela apenas esteja chateada por toda essa situação, os pais se preparam para ir antes dos filhos, não o contrário.

- Só o Senhor pode saber dessas coisas, e ela já deveria estar preparada para isso, estamos esperando por isso há mais de um ano. – Beijei o rosto dela.

- Eu sei, mas você sabe que não está sendo fácil para ninguém. – Ela me abraçou, nesses três dias internada, a força de seus braços haviam diminuído, escondi meu rosto em seus cabelos.

- Perdoe-me pela dor que eu estou causando em todos vocês, principalmente em você e nossas filhas, eu lamento tanto! – Diz emocionada.

- Shiiii! Não pense em nada disso, nada disso é culpa sua, estaremos aqui por você, foi para este momento que Deus nos colocou em sua vida. – Me afastei dela, arrumando seus cabelos. – Eu tenho uma surpresa para você, mas você precisa me prometer que vai se controlar e que se sentir qualquer coisa fala imediatamente para ele, entendeu?

- Sim, mas... – Interrompi e beijei-a delicadamente e fui até a porta.

Como eu disse, nós amamos outras pessoas antes de nos conhecermos, e o rompimento com essas pessoas não foi fácil para nenhum de nós, ambos carregamos por anos a culpa por termos traído as pessoas que amávamos imensamente, ela quando descobriu que estava doente o procurou e hoje graças a Deus ela não sente mais culpa, ela está em paz consigo mesma, comigo e com ele, eu, no entanto...

No momento em que ele apareceu na porta e disse "OI", a minha esposa se iluminou, e olhou para mim com os olhos cheios d'agua, "OBRIGADA", ela sussurrou, eu sorri e assenti.

- Se você perceber que ela está cansada demais ou sentindo alguma dor chame o médico, por favor! – Pedi, ele concordou. – Estarei esperando por você lá fora. – Digo para ela que me sorri entre as lágrimas.

- Assim eu espero! – Ela diz emocionada, pisquei e sai. Fui procurar minha sogra a encontrei andando de um lado para outro na recepção.

- Por que você o trouxe aqui? Você quer castiga-la?

- E porque raios eu iria querer castigar a minha esposa? Sogra qual é o seu problema?

- Se ela não tivesse te conhecido ela não estaria morrendo, isso é castigo de Deus pelo que vocês fizeram você deveria estar morrendo não a minha filha. – Retrucou furiosa.

- Não creio que seja castigo, mas se a senhora estiver certa não se preocupe, que eu também pagarei. Com licença! – Pedi me afastando.

Não foi fácil conquistar meus sogros, eles conheciam o Rafael desde sempre, e como eles acreditavam que eu havia seduzido a filha deles e feito com que ela traísse o noivo, apesar de não ter sido bem assim, mas eu concordei em que eles pensassem assim, não vi motivo para que eles pensassem mal da filha deles, com o tempo eles começaram a me aceitar e tínhamos um bom relacionamento, mas desde que soubemos da doença, minha sogra tem me tratado diferente, eu sei que a perspectiva de ver uma filha morrer não é bom para nenhum pai ou mãe, e por isso eu tenho sido paciente, mas admito que esteja sendo bem mais difícil do que foi no inicio disso tudo. Ela foi para o quarto da filha, eu fiquei entre ela e a porta.

- Eu quero ver a minha filha, e você não pode impedir a minha entrada.

- Na verdade, eu posso sim proibir a sua entrada, mas obviamente eu não vou fazer isso, mas neste momento a sua filha que é a minha esposa está com uma visita, e a senhora não vai atrapalhar. Por favor, vamos sentar e esperar. – Falei levando-a até as poltronas que havia no corredor.

- "Obrigado Senhor, por tirar o ciúme e o orgulho do meu coração. Que ela parta em paz como viveu. Senhor cuide do coração do Rafael e do meu também, que um dia ele possa seguir em paz, prepare uma boa mulher para ele, e que ele a ame e tenha uma família para Te servir e Te honrar, assim como o Senhor me deu. Obrigado por perdoar-me e ser tão misericordioso comigo todos os dias, obrigado pela vida que o Senhor me proporcionou com a Valéria, Senhor não permita que ela sinta que está sendo castigada, porque eu sei que o Senhor a ama e a perdoou, conforte o coração dela neste momento de dor e angustia, conforte a mim e as minhas filhas, Senhor ponha um novo coração na minha sogra, quebrante-a, para que ela consiga se fortalecer diante desse sofrimento". - Pedi enquanto esperava. Minha sogra andava de um lado para o outro e me olhava de cara feia.

- Eu não te entendo, você a seduziu e agora o traz para se despedir dela, você sabe que ela vai ficar arrasada por ele vê-la feia, magra e pálida daquele jeito.

- Eu tenho certeza que para ele, ela está tão linda quanto está para mim. Eu sei minha sogra que ele a ama, e que ela também ainda nutri algum sentimento por ele, tudo o que ela quer é que ele seja feliz, e é isso que ela vai falar para ele.

- Você é mais idiota do que eu pensei, sorte sua que minha filha é uma moça fiel, apesar do que você a fez fazer, e o Rafael um rapaz decente, caso contrário sua cabeça era um jardim de chifres. – Eu sorri chorando por dentro, porque eu sei que ela tem razão.

- Louvo a Deus por isso todos os dias.

- Alex! - Ouvi a voz chorosa dele e levantei, para minha surpresa o olhar dele estava triste, mas não estava mais infeliz.

- Você sabe que não deveria ter vindo aqui, você só veio fazê-la sofrer. – Minha sogra diz furiosa, ele encarou-a sério e não disse nada, virando de volta para mim.

- Obrigado, por permitir que eu me despedisse dela, por ter sido o marido fiel e temente a Deus que a amou e respeitou. - Ele estendeu-me a mão, e eu senti que aquela não seria a última vez que nos veríamos. - Ela está te esperando. Deus te abençoe e te fortaleça.

- A você também.

- Eu vou ver minha filha. – Rafael a impediu.

- Ela disse que quer falar com o Alex antes de qualquer outra pessoa, ela pediu para a senhora respeitar a decisão dela, ela quer falar com o esposo dela.

- Até mais Rafael, e mais uma vez muito obrigado. – Falei entrando no quarto e deixando-o com a dona Olga.

Ela chorava com o rosto virado para a parede, motivo pelo qual eu imaginei que ela não quisesse ver a mãe naquele momento, aquele encontro seria muito emocionante para o estado frágil em que ela se encontrava.

- Oi! - Falo tímido e ela se vira para mim, com o rosto molhado pelas lágrimas, aproximei devagar.

- Eu disse hoje o quanto eu te amo! Que você é o homem mais lindo e maravilhoso que eu conheço? Que você é o presente mais precioso que Deus me deu?

- Só não deixa nossas filhas ouvirem isso. - Sorrio sentando ao seu lado.

- Elas sabem disso e concordam comigo, se não fosse você eu não teria elas. - Sorriu entre as lágrimas e eu respirei, aliviado.

- Como você está? Além é claro de muito apaixonada pelo seu maridão gostosão? - Brinquei sentindo o nó na garganta aumentar, chorar na frente dela nem pensar!

- Eu estou feliz! E muito apaixonada pelo meu maridão gostosão, fazer o quê? – Diz aconchegando-se me mim. - Como você sabia que eu queria falar com ele?

- Você tem falado o nome dele enquanto delira de febre.

- Sério? Perdoe-me por isso! - Diz constrangida.

- Não se preocupe você chama por mim também. – Falo beijando sua cabeça. - Você sempre foi sincera comigo, e apesar de ser muito doloroso ouvir minha esposa chamar por outro homem, eu sei que você nunca desonrou o nosso casamento, e imagino que não foi fácil estar com ele e não dizer que ainda o amava. - Ela levantou a cabeça, olhou-me nos olhos e sorriu beijando-me.

- Porque você pensa que eu não disse? Eu não falei nada sobre isso na carta, ou falei? – Perguntou confusa.

- Não. Você não falou nada sobre isso na carta, eu sei disso, porque isso magoaria a mim e a ele, e daria a ele esperança de algo impossível, mas agora não haveria mais perigo dele se encher de esperança. E em seu coração você sabe que eu sei que você ainda o ama, você sempre foi melhor que eu com o nosso passado.

- Meu amor, não deixe o passado atrapalhar o seu futuro, por favor! Eu te amo, e estou feliz por Deus ter te escolhido para mim, sou uma mulher privilegiada, pois amei dois homens maravilhosos que souberam retribuir ao meu amor, e louvo a Deus, pois os dois O amam acima de mim, e por isso eu posso descansar em paz, porque sei que Deus cuidará de todos aqueles a quem eu amo, incluindo você minha vida, quando o amor ressurgir em seu coração não tema, Deus está no controle de tudo sempre.

A lucidez das palavras dela, o brilho no olhar, eu não sei o que foi, mas naquele momento eu soube que minha esposa estava partindo e lembrei-me de todas as vezes que ela me disse para eu não ter medo. Deitei-me ao seu lado e a abracei.

- Eu te amo minha vida, e cumprirei com a promessa que te fiz, eu vou viver segundo a Vontade de Deus para o dia a dia da nossa família. - Falo a beijando, e sorrindo ela me beija de volta.

- Quanto à carta, pode jogar fora.

- Não se preocupe com isso, eu acho que ele vai gostar de recebê-la, eu gostaria de receber.

- Quem sabe não tem uma carta para você em algum lugar por ai? Como você sabe havia uma romântica incurável dentro da policial.

- Sim eu sei! E eu amo imensamente a romântica incurável e a policial durona!

- Não deixe nossas filhas dominarem você, seja firme com elas, nada de fazer tudo o que elas querem, e lembre-se você ainda está vivo, é um homem lindo e saudável, quando Deus te colocar outra vez frente a frente com o amor, não seja mal agradecido.

- Vê se pode, a pessoa está abraçada em mim, e já está me jogando para os braços de outra.

- Eu não precisaria fazer isso, se você não achasse que deve ser fiel a mim até o fim da sua vida.

- Qualquer mulher ficaria feliz por tal declaração de amor! – Falo sorrindo.

- Não sou qualquer mulher, e Deus não me tiraria da sua vida se Ele não tivesse outros planos para você, a minha missão aqui já encerrou, a sua não. Como Paulo escreveu a Timóteo em sua segunda carta, "combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, Justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda". E estou contando que todos vocês continuem a ser fiel a Ele depois da minha partida, sei que não será fácil com a minha mãe, estou sentindo que ela está se afastando do foco, mas gostaria que você ajudasse minhas irmãs e meu pai nisso sei que não será prazeroso, pois conhecemos minha mãe, mas posso contar contigo nessa jornada mesmo sem mim?

- Claro que você pode contar comigo, sempre poderá contar comigo. – Falo deitando ao lado dela e a abraçando.

Naquela noite ela faleceu serena, como sempre foi. Todos nós tivemos a chance de nos despedirmos dela, e todos vimos ela brilhar apesar das dores e do sofrimento, se tem uma coisa que eu aprendi com a minha esposa, é que o melhor é sempre confiar em Deus, esperar nEle, as dúvidas os medos virão afinal somos humanos e pecadores, mas o preço já foi pago para que tenhamos livre acesso a Ele, e podemos nos tornar filhos se assim quisermos, e as bênçãos por essa escolha só aumentam a cada dia, mesmo em uma noite triste quando você vê aquela que Ele escolheu para você, dar os últimos suspiros, mas você sabe que ela viveu a vida que Ele deu a ela, ela combateu o bom combate, agora eu tenho o meu bom combate para combater e ensinar nossas filha a confiar neste Deus para que elas também possa combater neste bom combate, e assim como a mãe delas, elas alcancem muitas almas para Jesus.

Uma semana depois eu estava na cidade em que minha esposa havia crescido, eu sabia bem onde ficava a praça em que ela beijara o Rafael pela primeira vez, antes de nos casarmos éramos amigos e falávamos tudo um para o outro, e na verdade depois de casados também, mas Rafael e Jemima ficaram mais e mais no passado e muito raramente falávamos abertamente sobre eles.

Cheguei à praça e fiquei esperando por ele, graças a Deus minha sogra estava melhorando comigo, mas às vezes eu ainda pegava certa magoa no olhar dela para mim, ela realmente achava que eu deveria ter morrido no lugar da Valéria, e algumas vezes bastante agonizantes eu também pensava isso.

- Oi. – Disse ele sentando ao meu lado. – Por que este lugar?

- Fica perto da casa dos meus sogros. - Ele apenas arqueou uma sobrancelha.

- Desculpe-me pelo velório eu não estava em condições de ir.

- O Artur falou. E não se preocupe eu entendo! Eu te chamei aqui para te entregar isso. – Entreguei o envelope. – Ela escreveu quando voltou da viagem que fez para te ver. – Ele ficou olhando para o envelope.

- Obrigado! – Sussurrou engasgado. – Você sabe sobre o conteúdo.

- Sim, ela me permitiu ler.

- Se importa de ler para mim! – Pediu entregando-me o envelope.

- Tem certeza? Talvez você precise ficar sozinho.

- Tenho ficado sozinho há tempo demais, mas se for demais para você... – Peguei o envelope de sua mão, não era demais para mim, afinal eu sabia o que estava escrito ali, comecei a ler.

Anápolis – GO, 10 de outubro de 2006.

Meu querido e amado Rafael, se você está lendo essa carta é porque eu já não estou mais entre vocês, eu sinto muito por não ter tido a coragem de te dizer pessoalmente que eu estava morrendo, essa era a minha intenção quando te procurei, mas me faltou coragem. É isso aí, neste momento estou morrendo, mas não estou lamentando e nem estou em crise, estou feliz, pois vivi uma boa vida, desde a nossa infância até o presente momento.

Eu estou te escrevendo porque tem coisas que eu quero que saiba, como o quanto que você foi e ainda é importante para mim, você foi vital para que eu me tornasse na mulher em que me tornei, obrigada, por todas as vezes em que levou a culpa pelas minhas travessuras, obrigada pelo primeiro beijo que jamais esqueci, e por tantas outras primeiras vezes, desculpe-me por não detalha-las, mas pedirei ao Alex para te entregar esta carta, e não acho justo pedir algo desse tipo e não autorizar que ele a leia, e mesmo ele sabendo de todas as nossas primeiras vezes, não quero magoa-lo mais do que já o estarei magoando com esta carta, assim como eu nunca quis te magoar, sou feliz por você ter me perdoado, mas me parte o coração saber que você ainda está sozinho, eu gostaria tanto de te ver feliz antes de partir.

Eu não consigo expressar em palavras o que eu senti quando vi em seu olhar que você havia me perdoado verdadeiramente, e a sua bondade e gentileza só faz com que eu me sinta pior, porque você parou no tempo, não deu espaço para um novo amor, sou egoísta por amar meu esposo e ainda amar você, porque é isso eu vou levar vocês dois para o meu túmulo, tenho conversado muito com Deus sobre isso, você sabe que jamais agi de má fé com você, e jamais fui infiel ao meu esposo, mas quando a morte está batendo na sua porta você começa a pensar no que Deus está lendo em seu coração, sinceramente eu espero que eu tenha escrito uma linda história com Deus, e que Ele me perdoe por todas as minhas transgressões que foram tantas!

Você não sabe, mas eu e o Alex não nos separamos seis meses depois de casados porque no dia em que estávamos falando do divórcio você me ligou, lembra-se daquele dia? Você disse que me amaria enquanto nós dois tivéssemos o fôlego de vida; e que me perdoava, e que eu buscasse a Deus, pois só nEle eu poderia encontrar a verdadeira felicidade, e eu fizesse com que meu casamento fosse real e verdadeiro e que eu amasse a família que Deus estava me dando, e devido as tuas palavras não nos divorciamos, buscamos verdadeiramente a Deus, e fomos felizes.

Às vezes eu pensava em você e pensava que talvez você estivesse infeliz, então eu me lembrava que a sua felicidade não estava em nenhuma mulher estava em Deus, como eu disse eu sou grata a você pela pessoa em eu me tornei, sabe aquela frase ridícula que as romancistas gostam de usar? Que nem sempre o homem da sua vida é o homem com quem você vai viver a sua vida? Pois bem eu sei bem como é isso, mas eu sou uma das poucas que pode dizer que o homem da minha vida não viveu a vida comigo, mas ele orou para que o homem que eu escolhi para viver a vida comigo se tornasse, se não 'o grande' amor da minha vida, mas o amor da minha vida, Deus me criou especial e sei que Ele cuidará dos homens da minha vida, eu costumo brincar que tive duas vidas uma com você e outra com o Alex, e fui feliz nas duas, Deus está no controle da vida de vocês dois, e como sei que os dois lerão essa carta, eu amo vocês dois, e aí de vocês se deixarem as mulheres que Deus tem reservada para vocês escaparem, e não se preocupem a próxima só amará um de vocês da forma como eu amo os dois, kkkkkkk.

Por favor, meus amados, não deixem de viver porque eu não estou mais no meio de vocês, eu já cumpri com o meu propósito, se cuidem! Se possível sejam amigos, eu acho que vocês se dariam muito bem, e digo isso não porque vocês dois me amam! Brincadeirinha, mas quanto a vocês se darem bem, eu acredito mesmo nisso. Eu só tenho a agradecer a Deus pela boa vida, e pelas pessoas excepcionais que Ele pôs na minha vida.

Rafael, você disse que me amaria enquanto 'nós' tivéssemos o fôlego de vida, agora eu não tenho mais, ame novamente.

Com amor

Valéria.

- Obrigado! - Foi tudo o que ele me disse.

Em silêncio entreguei-lhe a carta, e percebi que eu estava tão emocionado quanto ele, mesmo conhecendo o conteúdo, fiquei impactado pois uma vez eu vi Deus agindo na minha vida, pois antes de esposo eu sou servo de Deus, e como servo de Deus, estou neste mundo para servir.

- Seja feliz, como você disse a ela, você a amaria enquanto vocês dois tivessem o fôlego de vida, você está livre.

- Eu preferiria estar preso a está promessa até a minha morte.

- Eu sei! Mas nós queremos uma coisa, e Deus quer outra totalmente diferente, e aí? Qual Vontade prevalecerá?

Ele me olhou e sorrimos tristes, e ficamos os dois olhando o sol se pôr, cada um pensando no que Deus tinha preparado para nós a partir de agora.

Publicado: 09/06/2021.
Modificado: 02/03/2022.

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