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03 - Eu escolho viver para Deus.

São Paulo - SP, dezembro de 2010.

Suportamos muitas coisas nesta vida por amor aos filhos, e esquecemos o que os filhos suportam por amor aos pais. Quando crescemos, esquecemos que antes de sermos pai ou mãe, nós éramos filhos e que esperávamos muitas coisas dos nossos pais, sonhávamos que eles pudessem compreender os nossos pontos de vistas e toda a diferença que havia em nossas vidas, esquecemos o que nós já suportamos por amor aos nossos pais, quando nos tornamos pai ou mãe só pensamos no que nós suportamos por amor a eles.

Olhei para o céu estrelado, raramente a gente olha para o céu em uma grande metrópole, e mais raro ainda é ver o céu tão lindo como nessa noite, Deus é perfeito! Sentei em uma preguiçadeira e continuei a admirar o céu, há tempos que eu não fico assim sozinha nesse jardim, as poucas vezes que eu venho aqui, ou estou buscando inspiração para alguma coisa, ou estou chateada com alguma coisa.

Teve uma época em que este jardim parecia uma extensão de mim. Foi aqui que há quatorze anos e onze meses eu fiz um compromisso com Deus, e a cada dia sou mais grata, por tudo o que Ele tem feito por mim, pela minha vida e principalmente pela vida do meu filho.

Fechei os olhos, e minha memória me levou para o dia em que Deus me aquebrantou, e eu soube que a minha vida não pertence a mim, que eu nada sou sem o meu Mestre e Senhor.

São Paulo, Dezembro de 1995.

O vento frio batia em meu rosto, mas não me incomodava, pelo menos não mais. Nos últimos meses eu era capaz de ficar horas sentada nessa preguiçadeira, enquanto lia a bíblia e discutia com Deus sem me importar com o vento frio, ou com o que ele poderia fazer com a minha pele.

Teve uma manhã dessas que meus avós precisaram sair e me deixaram sozinha, perdi a hora e só entrei em casa quando eles chegaram, minha pele queimou de tão ressecada.

Ouvi vozes vindo na minha direção, sorri carinhosamente ao reconhecer a voz da minha tia, a tia Lena tem sido uma bênção na minha vida, só lamento os problemas que ela tem sofrido no casamento por estar me ajudando nesse momento tão difícil da minha vida, meu sorriso murchou ao ver que minha tia não estava sozinha.

Eu reconheci a menina que estava com ela, já havia visto ela pelo condomínio ela deveria ter a minha idade aproximadamente, só que mais alta e mais magra, aliás toda adolescente da minha idade atualmente era mais magra que eu, passei a mão na minha barriga enorme, imaginando se algum dia eu voltaria a ser uma pessoa normal.

- Oi querida! - Minha tia disse sorrindo, apertando meu ombro, como quem diz: "relaxe que ela não morde", ao que me tocava ela poderia muito bem morder. - Esta é Melissa.

- Oi! É um prazer conhecê-la. - A menina sorriu e me cumprimentou estendendo-me a mão.

Apertei a mão dela, ainda sentada e tentei dar um sorriso, pelo menos eu achei que estava sorrindo, mas ela franziu a testa de tal modo que me fez pensar que meu sorriso mais pareceu uma careta, ela olhou tímida para a minha tia.

- Oi. - Eu respondi constrangida. - Eu posso ajuda-la em alguma coisa? - Perguntei para acabar logo com aquilo.

- Eu vim te convidar para ir à igreja logo mais a noite, será uma honra tê-la conosco. - Disse tímida, no entanto seus olhos brilharam de uma maneira que me fez lembrar daquele que eu jurei esquecer, os olhos dele brilhavam daquela maneira quando estávamos convidando as pessoas para irem à igreja.

- E onde fica essa igreja? - Perguntei mais para ter o que falar, do que de fato por querer saber.

- É aqui perto, há uma quadra daqui. Se você quiser ir comigo, eu falo com os meus pais. - A garota era atenciosa, mais sinceramente, eu ainda não estava pronta para ir à uma igreja.

- Eu vou pensar, e se eu resolver ir minha tia pode me levar. - Eu percebi a leve tristeza no olhar da garota, mas engoli seco e fingi não ver nada, até porque o lampejo de tristeza foi muito rápido, sendo logo substituído por esperança.

- O culto começa às dezenove e trinta, se você resolver ir, será muito bem vinda. - Disse com um sorriso enorme, foi a minha vez de franzir a testa confusa. - Dona Lena, foi um prazer conhecê-la, e estarei orando por sua família. - Abraçou minha tia, como se fossem amigas há uma vida. - Até mais, eu te vejo por aí. - Disse olhando nos meus olhos, ela tinha um olhar inquisidor, parecia ler os meus pensamentos, desviei o olhar constrangida.

A garota saiu cantarolando feliz da vida, como se eu tivesse dito a ela que iria à igreja dela. Fiquei olhando-a sair e senti um aperto no coração, e um nó se formar na minha garganta, há tempos eu não sentia essa sensação desagradável de que havia algo comprimindo meu peito.

- Você deveria ir. - Minha tia falou, me tirando daquele torpor, respirei fundo.

- E por que eu deveria ir? Não tenho nada para fazer lá que eu já não esteja fazendo aqui, e com a vantagem de que aqui, não tem ninguém me apontando o dedo e falando mal de mim.

- Até onde eu sei, ninguém estava te apontando o dedo, ou falando mal de você. - Disse ela erguendo a sobrancelha.

- Claro que não! Não deu tempo, mas pela reação do pastor, e pelo que ele fez colocando todo o conselho contra mim, não é difícil saber o que aconteceria quando toda aquela gente soubesse! - Falo com o coração angustiado, lembrar-me daqueles últimos dias no Tocantins me fazia mal, e me deixava angustiada.

- O pastor não foi sábio com você, e eu acho que ele não agiu bem nem com você e nem com o filho, mas não creio que o conselho tenha sido manipulado por ele, caso contrário o filho não teria sido excluído da igreja. - Minha tia disse pesarosa.

Eu sei que para ele foi muito difícil ser excluído, ele amava a igreja, os trabalhos da igreja, ele simplesmente amava estar a frente do que quer que fosse, que o pai o colocasse para fazer, apesar de ele não ter mais procurado por ela e eles não terem mais se falado, ela sabia que ele sofrera com aquela exclusão.

- Acho tão estranho, alguém ser excluído da igreja, a igreja não é um corpo, onde as pessoas são membros desse mesmo corpo e a cabeça é Cristo? - Minha tia assentiu confusa. - Pois é, parece-me que alguém está cumprindo a lei de Moisés à risca, a mão foi pega roubando arranque-a fora, as pernas foram pegas indo fazer o que não devia, quebre-as. - Concluí com os olhos cheio d'agua.

Minha tia olhou-me confusa, mas como ela não me perguntou do que eu estava falando, deduzi que ela entendeu o que eu quis dizer.

- Eu também não acho que as igrejas devam excluir as pessoas, claro que os membros devam ser disciplinados, mas cada igreja tem o seu próprio jeito de lidar com os problemas, mas agora o que eu quero, é que você pense no que você pretende fazer da sua vida; você não é responsável pelas ações das outras pessoas, mas você é responsável pelas suas ações, sejam elas quais forem, e principalmente você é responsável por este bebê que está para nascer, você já pensou em que caminho criará o seu filho, quais ensinamentos dará a esse bebê? - Minha tia perguntou pegando em minha mão gelada.

Eu já havia me perguntado isso, eu só não consigo imaginar qual a vantagem do meu filho ser criado em uma igreja; eu tenho aprendido muito mais sobre a bíblia e Deus sozinha e com as orientações da minha tia do que aprendi na igreja. A tia Lena me aconselhou a lê-la, e admito que tem sido ótimo e tem evitado que eu enlouqueça, e justamente porque tenho aprendido uma coisinha e outra, que eu sei que ela tem razão, mesmo eu a questionando, sei que ela está certa e não posso continuar assim, sem dar um rumo na minha vida espiritual.

Minha tia tem arriscado o casamento dela para que eu não me perca espiritualmente, o marido dela não concorda que ela me ajude com as leituras e o aprendizado bíblico, ele diz que a culpa da minha gravidez é única e exclusivamente minha, e que minha tia tem que me abandonar, pois sou um caso perdido. Obviamente sou grata por todo carinho, atenção e amor dela por mim, mas realmente não sei se estou pronta para o próximo passo, não sei se estou preparada para ter pessoas me apontando o dedo e me julgando como o tio Adão.

- Por que eu tenho que ir para uma igreja? Por que eu não posso ensinar o meu filho o caminho do Senhor de casa? Eu por exemplo tenho aprendido nesses quatro meses mais do que eu aprendi em mais de um ano de igreja. - Resmunguei mal-humorada.

- Eu super te entendo, mas a fé é exercida, demonstrada, e compartilhada. E temos isso como igreja, Jesus não disse, 'Pedro ensine à minha ovelha', Ele disse, "Pedro apascente as minhas ovelhas", ou seja, leve-as a um lugar seguro e ensine-as de Mim, para que elas façam o mesmo a outros, somos membros de um mesmo corpo em Cristo, você mesma acabou de falar isso. - Encarei-a, fechando a cara por usar as minhas palavras contra mim, ela deu de ombros sorrindo. - Precisamos estar com Deus, para Ele estar conosco, e como estaremos com Ele, se não quisermos fazer parte do Seu Corpo? - Perguntou-me séria.

Saber que ela está certa não tira a angústia do meu coração, é tudo muito complicado e difícil para mim, respirei fundo. Talvez não seja tão ruim ir à igreja, o que poderia dar de errado? Afinal é uma igreja, as pessoas estão ali para amar e honrar a Deus, mesmo que algumas delas sejam mais falsas que uma nota de três reais.

- A senhora já foi nesta igreja? - Perguntei como quem não quer nada.

- Sim. E vou hoje novamente, se você quiser ir comigo... - Respondeu no mesmo tom que eu, agora toda sorridente! - Eu te amo minha filha, e quero o melhor para você, mas Deus, Ele te ama imensurávelmente mais que eu, imagine então o que Ele quer para você?

Beijou minha testa e saiu cantarolando. Voltei a ler minha bíblia, eu estava encantada com os livros sapicienses, então eu li em Eclesiastes capítulo cinco versículo um, algo que me fez decidir o que fazer pelo resto da minha vida.

- "Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal". - Li em voz alta.

Suspirei, e passei a mão em minha barriga enorme, seis meses de gravidez e eu estava uma monstra de gorda, parecia que eu estava prestes a dar à luz, e para meu desespero ainda faltava três meses, eu estava ansiosa para o nascimento, e não era apenas porque eu estava gigante, mas também porque eu estava ansiosa para vê-lo ou vê-la.

Minha única preocupação era que ele ou ela tivesse saúde, e que eu fosse uma boa mãe, e boas mães ensinam o bom caminho para os filhos. Respirei fundo.

- E aí meu bebê, pronto para ajudar a mamãe nessa batalha? Porque eu te adianto que ir para a igreja é uma guerra constante, e se é para fazermos isso, vamos fazer direito, a mamãe vai se esforçar para que você tenha o melhor que Deus tem reservado para você. Não vou te envergonhar, e espero em Deus que eu seja uma boa mãe para você. Vamos juntos bebê trilhar o caminho que Deus está preparando para nós? Pronto para esta aventura com a mamãe? Seremos só nós dois e Deus, o que você acha? - É eu sei, pareço uma louca falando sozinha com o meu barrigão.

Peguei minha bíblia, e fui para o meu quarto, me arrumei o mais rápido possível, e desci para fazer uma surpresa para a minha tia, encontrei meu avô na sala, ele é desses homens que sempre elogia as mulheres, ele costuma dizer que cavalheirismo, nunca saí de moda, espero que se meu bebê for menino, eu consiga fazer com que ele seja tão cavalheiro e honrado quanto o meu avô.

- Uau! Onde você vai assim tão linda? - Ele me perguntou galanteador, eu sorri tímida, eu tinha consciência de que estava parecendo um hipopótamo-fêmea, mas meu avô jamais diria algo assim.

- Vou à igreja com a tia Lena. Obrigada vovô, o senhor é sempre gentil. - Agradeci beijando sua careca. - Eu te amo.

- Eu também te amo minha princesa, e não foi apenas gentileza, você está mesmo linda! - Ele diz sorrindo beijando minha testa.

- Nossa que moça linda! - Minha tia me surpreendeu, distraída com meu avô, não a vi chegando.

- Assim vocês me deixam sem graça, eu me vi no espelho, e sei que vocês estão exagerando. Não estamos na nossa hora tia? Não gosto de chegar atrasado nos lugares, principalmente se for a minha primeira visita. - Eu resmunguei constrangida.

- Nem na primeira nem na milionésima visita. - Brincou minha tia, com minha mania de pontualidade.

- Merece consideração quem chega na hora, não os atrasados. - Retruco me dirigindo à porta. - Tchau vovô, diz pra vovó que deixei um beijo.

- Tchau minha querida! - Ele respondeu sorrindo, minha tia também beijou sua careca e me acompanhou.

- Que bom que você resolveu ir. - Ela disse me abraçando, eu fechei a porta e seguimos para o carro dela.

- Se vamos para a mesma igreja que a vizinha, por que não vamos todos no mesmo carro? - Pergunto, entrando no carro.

- Porque não quero atrapalhar, e além disso não será essa viagenzinha que vai matar o meio ambiente. - Diz saindo da garagem.

- Tem razão, mas várias viagenzinhas como essa, sei não! Qualquer dia desses a terra não aguenta.

- Jesus voltará antes disso. - Ela diz e me olha esperando minha resposta, eu a ignoro e olho para fora.

Sei que exagero com esse negócio de ecologicamente correto, mas se ninguém fizer nada, não sei se a Terra aguentará mais cem anos, mas também a maioria das pessoas que está aqui agora, provavelmente não estarão aqui, daqui a cem anos, então para que se preocupar?

O culto não foi bem o que eu imaginei, não me senti deslocada ou mal, e o pastor foi curto e grosso, ele fez um sermão sobre Isaías capítulo quarenta e um versículo dez, não preciso dizer que fiquei encantada, desde que minha tia me pediu para ler Isaías quando eu cheguei em São Paulo que ele virou meu livro preferido, claro que tem algumas coisas que eu não entendo, mas devagar eu estou chegando lá.

Eu sei que já tem um tempinho que não vou à igreja, mas quando aquele pastor disse do amor de Deus por mim, que eu não precisava ter medo, pois Ele me fortaleceria e cuidaria de mim, eu me perguntei por que eu estava grávida e sozinha por que o garoto que dissera me amar, simplesmente me abandonara como se eu fosse uma bicicleta velha, e foi quando Ele me respondeu, eu estava naquela situação porque eu havia depositado a minha confiança no homem, e não nEle.

Eu tomei essa decisão uma vez, a de aceitar a Cristo como Único e Suficiente Salvador da minha vida, mas da outra vez, eu pedi minha irmã e minha amiga Jemima para ir comigo; neste momento, não, eu apenas senti as lágrimas molhando meu rosto enquanto eu pensava em tudo o que eu fiz que me trouxera até aqui, em meio a confusão de sentimentos que assolava a minha alma, lembrei-me de algo que já li, e minha tia falou algo semelhante hoje no jardim, "O Senhor está convosco, enquanto vós estais com Ele", e naquele momento eu decidi que O queria comigo, então eu precisava estar com Ele, e minhas pernas criaram vida própria e antes que o pastor terminasse o apelo eu já estava lá frente, me prostrando, não diante o pastor, mas diante àquEle que me conhecia, me amava, e cuidava de mim, e enquanto o pastor orava eu apenas chorava, e não era de tristeza, angústia ou dor, mas de alegria, por finalmente entender que o único motivo para essa decisão, é se entregar sem reserva ao Deus da sua vida.

Melissa, a garota que me convidou foi a primeira a chegar até mim no término do culto, claro que minha intenção era sair sorrateiramente sem que ninguém viesse até mim, eu já passei por isso antes, e quer saber? É constrangedor! Mas não tive tempo de fugir dela e ela me abraçou tão forte que eu fiquei temporariamente sem ar.

- Seja muito bem vinda! - Ela sussurrou em meu ouvido sorrindo alegremente.

- Vai matar a garota desse jeito. - Disse uma moça com uma criança pequena segurando pela mão.

- Oi Bel, está é Ariane, minha vizinha, Ariane está é minha amiga querida a Isabel. - Ela nos apresentou se afastando de mim, a moça também me abraçou, mas não tão forte quanto a outra.

Outras pessoas também me cumprimentaram, para elas não parecia ser importante o fato de eu estar grávida, com aparentemente tão pouca idade, e eu comecei a relaxar; e claro, que nada é tão simples quanto a gente pensa, e em meio aquelas pessoas, que por um instante me fizeram esquecer tudo o que me levou a desconfiar de tudo e de todos, me apareceu alguém para revivar a minha memoria, e lembrar que pessoas não são confiáveis, e me fez questionar o que eu estava fazendo ali, afinal, garotas como eu não eram bem vindas nas igrejas.

- Não vejo uma aliança na sua mão, apesar do tamanho da sua barriga. - Eu me virei para a mulher que estava ao meu lado, mas tudo o que eu queria era um buraco para enfiar a minha cara.

- Oi? Acho que não entendi! - Exclamei constrangida, olhei para minha tia, eu estava a ponto de chorar.

- Cadê o seu marido? - Ela perguntou com um sorriso estranho.

- Pare com isso Edith, você está constrangendo a garota. - Pediu o pastor delicadamente.

- Eu só fiz uma pergunta que eu tenho certeza, todos estavam curiosos para fazer. - Ela disse debochada, olhando em meus olhos que àquela altura as lágrimas já estavam brotando.

- Não Edith, ninguém aqui está interessado na vida pessoal dela, o que ela fez antes de aceitar a Cristo como Único Salvador da vida dela, só diz respeito a ela e Deus, só você que gosta de ficar se metendo na vida dos outros, e vamos que você tem que cuidar da sua filha que ficou em casa com febre. - Disse um rapaz pegando gentilmente no braço dela. - Vamos!

- E então o gato comeu a sua língua? - Ela me perguntou ignorando-o. Eu ariscaria um palpite de que ela não ouviu uma palavra do que ele disse.

- Ela não tem marido, algum problema em relação a isso? - Minha tia perguntou ficando entre mim e ela.

- Não tem problema nenhum. - O pastor se colocou entre minha tia a tal da Edith. - Marcelo, por favor! Meu filho leva sua irmã para casa. - Ele pediu ao rapaz que falara gentilmente com a mulher, pelo menos explicava a deferência.

- Não pense o senhor pastor, que isso vai ficar assim porque não vai. Eu vou pra casa por causa da minha filha, mas amanhã mesmo eu quero uma audiência com o conselho.

Quando eu ouvi a palavra conselho eu murchei e saí correndo para o carro, naquela noite eu tomei a decisão mais importante da minha vida, e naquela noite eu descobri que não importa em qual igreja você esteja, sempre haverá alguém pensando que a igreja gira em torno de si mesmo, naquela noite eu conheci a pessoa que me fez ter vontade de voltar atrás, mas também me fez ver que as pessoas que estão na igreja, são cheias de falhas, que não nos tornamos perfeitos porque nos convertemos, e sim, somos novas criaturas em Cristo, mas continuamos imperfeitos e pecadores, só nos resta sermos imitadores dEle e buscarmos fazer a Sua Vontade todos os dias, ou nos perderemos ainda mais, e nos tornaremos como os fariseus, acreditando que os frutos das obras são para nós mesmos, e esquecemos à Quem devemos honrar.

E definitivamente dessa vez, minha vida não seria decidida por um conselho corrupto, se havia uma única pessoa naquela igreja que amava a Deus acima de tudo, que acreditava que Deus não se importava com o meu passado, que Ele me ama verdadeiramente e me perdoou, é aqui que eu vou ficar.

E quando finalmente minha tia veio para o carro eu estava sorrindo, ela me olhou surpresa, sem entender nada, eu apenas a abracei.

- Obrigada, por ter me trazido aqui hoje, e por não deixar eu me afastar definitivamente de Deus.

- Vai continuar firme na decisão que tomou hoje? - Ela perguntou duvidosa.

- Sim. E vou congregar nessa igreja. - Falei sorrindo.

- Não será fácil. Aquela irmã me pareceu muito tradicionalista, o que significa uma igreja tradicional. - Ela me olhava preocupada.

- Não se preocupe, o preconceito dela não me atingirá, e o que me interessa é que a igreja professe a bíblia como única regra de fé, de prática e de viver, o que os irmãos (joios) fazem é problema deles com Deus. - Falei sorrindo.

- Mas tem gente que está muito esperta! - Exclamou sorrindo.

- Eu sou uma boa aluna, pode não parecer mais eu tenho levado a sério os seus ensinamentos. - Digo séria encarando-a, ela se emociona e sacode a cabeça se concentrando.

- Querida, só não esqueça que a igreja é apenas uma maneira de você crescer espiritualmente, têm outras igrejas.

- Eu sei. Mas eu vou ficar nesta. É perto de casa, e já conheço a Melissa que é minha vizinha... - Ela bate a mão na testa.

- Senhor da Glória! Que você não venha a sofrer ainda mais com essa decisão. - Minha tia estava à beira do pânico.

- Tia, eu não sei explicar, mas foi o Espírito Santo que me fez levantar, eu senti uma necessidade de me levantar e me apresentar, eu queria dizer como Isaías, "eis-me aqui, envia-me a mim", Deus me quer e eu O quero na minha vida, e não será uma irmã que se julga sem pecados que me excluirá por causa dos meus pecados, pois esses pecados tia querida Deus perdoou a cada um deles, e Jesus pagou um alto preço para que eu pudesse ser perdoada, e eu não vou fazer pouco caso do Amor dEle por mim, eu vou ama-Lo enquanto eu tiver o fôlego da vida que Ele me soprou, eu o amarei, e trabalharei na obra dEle.

- Estou tão feliz meu amor, a sua família será alcançada através do seu testemunho. - Minha tia me abraçou.

- Será tia? Eu meio que estraguei as coisas, engravidando do filho do pastor. - Eu falei duvidando, mal sabendo eu, que naquele momento Deus estava me fazendo uma promessa através da minha tia.

As coisas entre mim e a minha família não estava das melhores, eu não falava com os meus pais há quatro meses, estava na hora de aparar as arestas, eu não levantei daquele banco porque estava com o traseiro doendo de ficar sentada, dessa vez eu aceitaria o renovo de Deus para a minha vida, e seria uma nova criatura.

Ser uma nova criatura, se tornou uma das experiências mais difíceis para mim, na semana seguinte, eu fui humilhada no condomínio onde estava morando com meus avós, por mais absurda que a situação pudesse parecer, a irmã Edith morava no mesmo condomínio, qual não foi minha surpresa ao descobrir que o condomínio onde ambas morávamos era do avó dela, que havia construído o condomínio para que os filhos morassem todos perto dele!

A irmã Edith faz o pastor Gustavo parecer um doce de batata doce, naquela semana ela conseguiu uma audiência com o conselho da igreja, e mais uma vez um conselho se reuniu para decidir meu futuro, mas dessa vez eu não me entregaria sem lutar. Na data marcada, alguns minutos antes da hora eu em me enchi de coragem e fui procurar o pastor.

- Bom dia pastor. - Cumprimentei-o sem jeito.

- Bom dia minha filha. Algum problema? - Ele perguntou preocupado.

- Eu gostaria de participar da reunião do conselho. - Respondi tímida.

- Minha filha eu não sei como agir nesse caso, nunca estivemos nessa situação, é a primeira vez que uma irmã está tentando impedir que alguém que decidiu aceitar a Jesus congregue na nossa igreja, eu realmente não sei no que resultará essa reunião!

- Eu só quero uma chance de mostrar para essas pessoas, que eu sou uma pessoa normal, falha, pecadora, e que está buscando a redenção, eu só quero a chance de ser salva, e criar meu filho nos caminhos do Senhor. Por favor! Só não me expulse antes mesmo de eu chegar. - Ele me olhou com aquele olhar paternal, que encheu meu coração de expectativas.

E assim, eu fui parar em um conselho de uma igreja tradicionalista, e cheia de gente, pois ninguém nunca tinha visto ou ouvido falar em uma situação daquela. Edith foi a primeira a falar.

- Irmãos e irmãs! Essa jovem aqui presente, só nos prova que ela é indisciplinada, pois o pastor foi claro quando disse a ela para não vir, ela desobedeceu a ordem do pastor, e aqui está ela, claramente ela é nova demais para estar grávida, só Deus sabe quem é ela, de onde ela veio, e para o que veio, ela será uma perdição para as nossas crianças, em toda a história da igreja jamais tivemos uma mãe solteira, isso é degradante e pode destruir nossa reputação, eu só quero que vocês pensem irmãos, se realmente queremos uma pessoa de índole duvidosa em nosso meio.

A irmã Edith sentou e o pastor assumiu o lugar dela.

- Antes que as pessoas que se prontificaram a defender a irmã em questão tenham a palavra, eu só quero esclarecer que ela está aqui, porque assim eu consenti, em nenhum momento ela foi indisciplinada ou desafiadora. Irmã Ariane, alguns irmãos e irmãs, se prontificaram a te defender diante deste conselho, mas como você mesma me propôs, acho que você será sua melhor defensora, a palavra é sua.

- Bom dia irmãos e irmãs. - Eu comecei agitada. - Eu gostaria de saber falar sobre todos os versículos bíblicos que diz que eu tenho direito ao perdão, mas infelizmente eu ainda não sei e os poucos que eu sei, sinceramente eu não sei o endereço. - A irmã Edith sorriu debochada. - Desculpem-me, mas a localização de algo não é o mesmo que endereço? Mas vou tentar não fazer esse tipo de comentário. - Falei ainda mais nervosa.

- "Senhor da Glória, me ajuda aqui, ou vou sair daqui apedrejada". - Pensei exasperada.

- Eu conheço pouco da bíblia, mas eu sei que na oração que Jesus ensinou, Ele diz: "e perdoa-nos as nossas dívidas, 'assim' como nós perdoamos aos nossos devedores", Jesus não disse, que nós perdoamos 'assim' como o Senhor nos perdoa; eu não conheço vocês e nem vocês a mim, e ainda assim eu estou aqui pedindo uma chance, para que vocês vejam além das aparências, e que vocês me dêem uma chance, e me perdoem como vocês gostariam que Deus perdoasse a vocês. Eu sou apenas uma garota, que fez uma coisa errada, e está lidando com as consequências dos seus atos, e eu sei que Deus me perdoou, pois eu me arrependi, e me confessei, e eu vou descer às águas, e serei uma nova criatura em Cristo, gostaria muito que fosse aqui nesta igreja, mas se vocês chegarem à conclusão de que eu serei uma má influência para os filhos de vocês, eu procurarei outra igreja, e orarei a Deus, para que nada disso interfira no meu relacionamento pessoal com Ele, e nem no relacionamento dEle convosco. Muito obrigada a todos que se prontificaram a me defender, mas acho que agora só o Espírito Santo para convencê-los a me deixar ficar, que Deus abençoe a cada um de vocês. Eu vou para casa, para que vocês possam deliberar em paz, que Deus coloque o amor em nossos corações. Fiquem em paz.

Naquela manhã eu voltei para casa mais tranquila do que eu imaginei ser possível, a tristeza que me assolara a semana toda, não estava mais lá. Chegando em casa beijei meus avós e fui para o jardim, e sentei na minha preguiçadeira preferida.

- "Senhor meu Deus, eu estou aqui para dizer que eu te amo, e seja qual for a decisão que o conselho da igreja tomar, eu quero que o Senhor cure o meu coração, eu quero Te Servir, seja em qual igreja for, eu confio em Ti para me orientar e me guardar, Senhor eu sei que o Senhor cumpre com todas as Suas Promessas, e todas que o Senhor tem para mim serão cumpridas, em nome de Jesus o Seu Filho Unigênito, não me deixe descumprir com as minhas promessas também, Sempre te amarei, amarei ao meu próximo como o Senhor me ama, e trabalharei para o Teu Reino enquanto eu viver, quando por qualquer motivo eu pensar em não cumprir com qualquer uma dessas promessas, que o Senhor aqueça o meu coração, para que eu volte ao centro da minha vida que é o Senhor. Dê-me sabedoria, para criar o meu filho em Teus Caminhos, e que ele sempre Te honre, obrigada Senhor"! - Orei.

Naquela mesma manhã eu recebi uma carta do conselho dizendo que eu seria bem-vinda ao seio da igreja, e que eles desejavam que minha vida fosse dedicada ao Deus Vivo.

E assim, me batizei naquela igreja, cheia de pessoas defeituosas e maravilhosas, tementes a Deus. Por todos esses anos Deus tem cuidado da minha vida, tem me dado sabedoria e amor, a irmã Edith? Este último mês foi de provações para mim e para ela, e finalmente estamos nos dando bem, para a Honra e a Glória de Deus.

Meu filho, um varão valoroso, como o apóstolo que me inspirou o nome dele, também foi batizado lá, e ele tem crescido em estatura e graça, meu filho é um presente de Deus, em todos os momentos da minha vida.

- Ariane! - Sorri ao ouvir a voz de Mel, você lembra dela? A Melissa que veio aqui neste jardim me convidar para ir à igreja? Pois é, ela e Bel se tornaram minhas melhores amigas, hoje Mel dormirá aqui comigo, pois ela levará a mim e o meu filho ao aeroporto amanhã pela manhã.

- Oi! Estou aqui no jardim. - Respondi olhando mais uma vez para o céu, que já estava escurecendo, impossibilitando de eu ver as estrelas.

- Imaginei que você estivesse aqui. Já terminamos com as pizzas, e como o Paulo costuma dizer pizza fria só presta se for de um dia para o outro. Você está bem? - Ela perguntou preocupada.

- Estou sim, vamos! - Abracei minha amiga e entrei em casa.

Amanhã estarei voltando ao Tocantins depois de quinze anos, e meu filho finalmente conhecerá o pai, o que Deus tem reservado para mim? Não faço a menor ideia, mas sei que será o melhor com certeza, pois Ele nunca deixa de cumprir uma única promessa.

- "Obrigada Senhor! Por todas as bênçãos que o Senhor me tem derramado. E obrigada, por jamais desistir de mim". - Pensei entrando em casa.

Até o próximo conto

Publicado: 11/05/2021

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