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Capítulo Único: Sunny Day Real Estate

Oioioioi!!! Essa OS é um presentinho de amigo oculto que eu e umas amigas fizemos. Fiquei tão empolgada escrevendo isso que 8k saíram em um piscar de olhos!!!

Para fazer aquele mistériozinho, minha idolsa oculta é uma mulher linda, maravilhosa, inteligente e rainha de tudo. Eu admiro ela pra caralho e me sinto muito grata mesmo por ter tido a chance de conhecer ela de verdade. Lembro que quando fui seguida de volta no Twitter e quando ela respondeu meus surtos eu fiquei DLASHDASHDSHDSADASK Eu deixo enxurradas de comentários na fanfic dela, sou fã de carteirinha e infelizmente a pessoa que mais enche o saco do mundo. Ficou fácil, né?

Boa leitura a todos!!!!

🗲🎸🗲

— Ah, mano... — Jimin reclamou num muxoxo e enterrou sua cara entre as mãos de novo, logo após passar os últimos 30 minutos encarando o teto de seu quarto. — Sabe, Park Jimin, você poderia tomar menos no cu, sabia? Pode ficar à vontade.

Ele tinha acabado de acordar e, mesmo num estado tão lerdo, seu cérebro ainda fazia questão de que ele lembrasse e relembrasse o dia anterior. Puta merda, ele definitivamente estava completamente fodido.

Abriu os olhos novamente, percebendo que com eles fechados as cenas pareciam ainda mais vívidas em sua cabeça. O jeito que seu coração pareceu parar e o suor frio escorreu por seu corpo inteiro mexeu tanto consigo que até agora sentia o coração acelerado de ansiedade.

— Por que o mundo faz isso comigo, Muriçoca? — Reclamou com seu porquinho da índia, que se resignou a escavar sua serragem e deitar nela, alheio ao sofrimento do dono. — Ingrato.

Mas bem, é de bom tom se começar pelo começo, e o começo de aquilo tudo para Jimin foi ser flagrado no meio de um encontro emo. Ele. Jimin. Num encontro emo. Usando suas roupas mais extravagantes e não poupando seu lápis de olho preto.

Jimin achava que tudo estava certo e nada poderia dar errado. De verdade! O plano dele era perfeito, afinal, era um encontro emo na cidade vizinha, pequena demais pra qualquer pessoa ter interesse em ir. A não ser que fosse Jimin, que propositalmente evitava qualquer lugar em que pudesse ser reconhecido.

Ele estava discutindo completamente puto com um emotional hardcore raiz que não parava de encher o saco sobre as bandas emo mainstream. Ai, que ódio que Jimin tinha daquele tipo de gente, o que custava ele simplesmente ir ouvir as músicas dele e deixar o resto das pessoas do mundo em paz?

— Espero que saiba que você não é superior só porque gosta de ouvir coisas mais antigas, tá? — Revirou os olhos bem delineados, ainda se perguntando por que tentava discutir com uma pessoa daquelas.

— Não é difícil ser superior quando um bando de bichinha acha que é emo só por ouvir Simple Plan. — O cara retrucou de novo, dando um sorrisinho de escárnio. Jimin só queria estar em quadra pra poder dar uma cortada numa bola e acertar bem no meio do nariz dele.

— Ei, cara, deixa ele. — Jimin sentiu seu ombro ser segurado enquanto uma terceira voz entrava na conversa. Pelo amor de Deus, por que tinha tanta gente imbecil naquele encontro? Jimin tinha certeza que nunca mais colocaria os pés naquela cidade maldita. — Se um homem dessa idade precisa se sentir superior a alguém por causa do tipo de emo que ele gosta, acho que a gente tem que deixar ele se apegar isso ou ele fica sem chão. Um dia cai a ficha de que emo nem é gente. Consciência de classe, sabe?

— Vai ouvir Rites Of Spring e depois vem falar comigo, merdinha! Quem sabe ouvir música de verdade te transforma em homem, viadinho? — O homem que sinceramente Jimin não tinha feito questão de decorar o nome, falou antes de finalmente ir embora.

— Meio que eu estou ouvindo Rites Of Spring... — O menino falou baixinho só para Jimin ouvir, sem querer chamar atenção de outros. Ou talvez porque simplesmente falasse baixo mesmo. Sem perder tempo, mostrou o visor do celular, que mostrava que a música For Want Of realmente tocava. — Mas Deus me livre falar com ele de novo.

— Valeu pela ajuda. Não sei por que eu ainda me estresso em militar com os emos, é uma perda de tempo. — Jimin suspirou, inconformado consigo mesmo e aliviado do terceiro elemento não ser outro cuzão.

— É, vou ter que concordar. — O garoto riu baixo, guardando o celular de volta no bolso canguru do seu casaco de moletom preto. Finalmente livre da conversa chata com o homem não nomeado, levantou sua cabeça pra olhar o outro jovem consigo. — Park Jimin?

Foi um choque na verdade. Sinceramente, a última coisa que Jungkook esperava era encontrar ele, Park Jimin, num encontro emo em uma cidade de 10.000 habitantes.

Tipo, tudo bem que ele não esperava encontrar ninguém naquele encontro emo porque, de fato, ele era bem caidinho. Tinha uns 5 tios que pareciam não ter saído dos anos 90, uns 3 adolescentes emos animadinhos e mais 10 adolescentes "normais" que provavelmente foram ao encontro porque a única outra alternativa de programação pra noite era comer pastel na praça em frente à igreja.

Mas o grande susto era que na frente de Jungkook estava O Park Jimin, praticamente o dono da sua escola. Saca só: o cara não só é líbero da equipe de vôlei — muitíssimo premiada e campeã nacional do estudantil, vale-se dizer — como também capitão dela. Popular entre os alunos, os professores e até pais. Sinceramente, Park Jimin e emo eram palavras que não se encaixam na mesma frase.

Mas estava lá. E de lápis de olho preto, inclusive.

Antes que Jungkook pudesse falar ou fazer qualquer coisa, o garoto de cabelos castanhos saiu correndo. Simplesmente daquele jeito, parecia até ficção. A Jungkook só restou enterrar as mãos no bolso do moletom e suspirar, voltando a olhar ao redor e só ficando ainda mais desanimado naquele encontro.

E basicamente é aqui que a gente volta prum Jimin frustrado sem saber o que fazer, deitado em sua cama. Estava com medo da sua atitude. Será que Jungkook teria contado pra todo mundo da escola que ele era emo e estranho? Se bem que Jungkook era emo e estranho também... Mas Deus... Ele devia ter chamado Jungkook prum cantinho e ter subornado ele na mesma hora.

Depois de chorar um tanto pelo leite derramado, Jimin fez suas preces para que não tivesse sido exposto ainda e decidiu ir para a aula tentar subornar Jungkook. Sabia que já chegaria levando tapa e morreria de vergonha só de entrar na sala, visto que Jungkook também era do terceiro ano e Jimin não sabia como encará-lo.

Deu um abraço forte na sua mãe antes de sair pra escola para recarregar a coragem. A mais velha estranhou, mas foi compreensiva provavelmente só porque amava o filho apesar dele ser estranho, mas talvez ela entendesse.

Entendesse que Jimin estava indo lutar pela sua preciosa imagem.

-x-

— Quê? — Jungkook arregalou os olhos, levantando as sobrancelhas surpreso, a voz se mantendo baixa mesmo assim. — Relaxa, eu vou guardar seu segredo, não precisa fazer nada não.

— Simples assim? — Jimin perguntou desconfiado, cruzando os braços e cerrando seus olhos para parecer ameaçador. Não que desse muito certo, claro.

Jimin e Jungkook estavam nas escadas de emergência do colégio, escondidos. Não que eles precisassem de fato se esconder, mas Jimin realmente parecia muito desconfortável e paranoico, então Jungkook se deixou levar. Jungkook, desistindo da conversa, sentou em um dos degraus da escada.

— Sim. — Jungkook deu de ombros, coçando a nuca. Era meio estranho estar na presença de Jimin, tão famosinho, até porque já era naturalmente desacostumado a andar com pessoas. Imagina então andar com pessoas que andavam com muitas pessoas? Muito estranho.

— Eu tenho dinheiro, sabia?

— Hm... Parabéns? — Jungkook respondeu cada vez mais confuso, estranhando a situação. — Aproveita e começa a investir, porque a previdência... Agora é bom economizar desde cedo pra poder aposentar.

— Não, Jungkook... Eu tô te oferecendo me extorquir. — Jimin bufou frustrado, acabando por sentar nos degraus da escada também e enterrar o rosto nas mãos. Sinceramente, ele não entendia o Jungkook. E, pra falar a verdade, a recíproca valia.

— Isso não faz sentido. Você quer ser extorquido? É uma nova forma de fetiche?

— Não! — Se exaltou. — Eu só quero que você guarde meu segredo, ok? Ele é importante pra mim... Eu faço qualquer coisa pra você guardar, qualquer coisa mesmo. Dinheiro, dever de casa, qualquer coisa...

— E você só vai aceitar que eu vou guardar seu segredo se eu exigir alguma coisa de você? — Jungkook tentou reformular as coisas que foram ditas, tentando entender a lógica do outro.

— Sim! Não é assim que as coisas funcionam? Todos segredos têm um preço.

Jungkook suspirou, chateado. Ele realmente iria guardar o segredo do Jimin, não tinha nenhum motivo pra sair espalhando por aí. O outro nunca fizera nenhum mal pra ele e, sinceramente, mesmo se tivesse feito Jungkook não acreditava muito que a vingança levava a algum lugar. Tinha até mesmo um pouco de esperanças de ter alguém pra conversar sobre Sunny Days Real Estate ou quem sabe até Bring Me The Horizon.

— Vou fazer um pedido então... — Jungkook, resignado, aceitou cobrar pelo segredo como Jimin fizera. — Passa o lápis de olho em mim no próximo encontro emo, que tal?

— Só isso? — Perguntou Jimin, desconfiado.

— Tudo isso. — Confirmou Jungkook, pegando seu celular e procurando algo. Após finalmente encontrar, entregou-o pra Jimin. — Olha, vai ter um outro encontro semana que vem, numa cidade vizinha também. Passo na sua casa às 19:00 pra você me maquiar e a gente ir?

— Hm... Pode ser. Me passa seu número então para eu te passar meu endereço.

Simples assim.

Jimin ainda estava atordoado com a simplicidade e velocidade das coisas quando ouviu a campainha de seu apartamento tocando semana seguinte. Parecia irreal ir lá abrir a porta e encontrar o moreno alto, vestido com seu habitual moletom.

As coisas entre eles não tinha mudado nada. Jimin continuava não conversando com Jungkook, e Jungkook continuava quieto, era como se nem existissem um pro outro. Era estranho.

A semana que passou foi um grande vazio confuso, uma desordem quieta e invisível. Jimin até cogitou estar delirando sobre Jungkook, mas bem, lá estava o mais alto tirando os All Stars completamente gastos e deixando-os arrumadinhos na porta.

— Hm... Quer água, suco? — Jimin nunca tinha recebido ninguém em casa, não sabia bem o que fazer.

Seu apartamento era bem pequeno, mas acolhedor. Jimin sabia o quanto os pais tinham lutado por aquele local e por ele mesmo, então era muito pessoal pra ele receber alguém, não gostava muito. Mas era pelo seu segredo, né.

— Não precisa, não. Obrigado. — Jimin achava um pouco estranho como Jungkook sempre falava muito baixo, mas gostou, porque se sentiu um pouco menos invadido.

— Hm... Fica à vontade pra sentar onde quiser, vou pegar a maquiagem. — Jimin apontou pra pequena sala de estar, que ficava diretamente na entrada da casa e foi pro seu quarto. Jungkook, um pouco envergonhado, sentou-se na pontinha do sofá, sabendo que seria muito mais estranho se permanecesse em pé.

Logo Jimin chegou com uma caixa de sapatos cheia de adesivos colados ao redor nas mãos. Jungkook reconheceu com prazer letras de músicas do Sunny Days Real Estate, o logo do My Chemical Romance e várias outras referências das suas bandas favoritas, mas achou melhor não comentar sobre isso.

— Você quer passar base ou só fazer os olhos? — Jimin perguntou, sentando ao seu lado.

— Sinceramente, eu não tenho muito conhecimento sobre isso, então pode fazer o que você quiser. — Jungkook respondeu, se sentindo um tanto ansioso de estar perto de Jimin de novo.

— Certo, vou fazer o serviço completo então. — Jimin decidiu por si mesmo. — Então trate de esconder o segredo bem escondido mesmo, ok?

Jungkook só conseguiu rir baixinho. Ele realmente nunca iria espalhar aquilo, então a ideia sempre soava absurda. Como ele faria pra esconder mais do que escondido?

Sentiu suas bochechas arderem um pouco quando os dedos de Jimin tocaram sua pele, espalhando o produto bege pelo seu rosto. Torceu muito para que não ficasse corado, aquilo seria meio patético.

Jungkook não tinha problemas na hora de se comunicar com pessoas, apesar de falar baixo. Mas ele, introvertido do jeito que era, não interagia com outros com frequência, acabando por se sentir um pouco nervoso em interações e deixando isso se transmitir em suas expressões.

Ele tinha percebido tarde demais que a alternativa que tinha achado para Jimin aceitar sua integridade faria com que ele interagisse com o capitão de novo. Foi pra casa do outro na base da determinação. Talvez fosse bom pra ele fazer um amigo. Ou algo parecido com isso. Pelo menos Jimin gostava das mesmas bandas.

Não sabia pra onde olhar enquanto Jimin lhe maquiava, acabando por encarar a cara do outro concentrada, a língua de fora, o que deixava Jungkook ainda mais envergonhado. A pele de Jimin também era incrivelmente bonita, mesmo com a pequena distância os separando. Agradeceu internamente quando o de cabelos castanhos passou pros olhos porque finalmente fazia sentido fechá-los.

— Aqui. — Jimin lhe ofereceu um espelho tempo depois. Não demorou muito, na verdade. — Eu não sou maquiador, cê sabe, só emo mesmo, então tá bem mais ou menos.

Jungkook pegou o espelho de suas mãos e encarou seu reflexo espantado. O sentimento que seus olhos passavam delineados daquele jeito era completamente diferente. Suas espinhas também não eram aparentes e ele gostou também daquilo.

— Uau... Maquiagem é algo incrível mesmo. — Murmurou quase que para ele mesmo, mas Jimin acabou rindo um pouquinho.

— Você realmente curte maquiagem, né? Por que nunca experimentou você mesmo? — Jimin perguntou enquanto pegava outro espelho e começava a se maquiar também.

— Meus pais arrancariam meu couro. — Jungkook comentou em um tom de piada, mas Jimin não conseguiu rir junto com ele. Aquilo doeu.

— É muito difícil? — Parou de fazer sua maquiagem para perguntar ao outro, sério.

— Isso... Prefiro não ficar falando por aí. — Jungkook deu de ombros, se sentindo estranhamente exposto. — Não é nada demais.

— E quanto vale seu segredo? Todos os segredos têm seu preço, né?

— Pensei que essa frase servia para pessoas guardarem segredos que já sabem, não pra comprar eles. — Jungkook rebateu, achando um pouco de graça da forma meio aleatória que ele pensava.

— Serve pra tudo. — Jimin insistiu, cruzando os braços emburrado. — Então, qual o preço?

— Você tem que entender que eu realmente não quero nada, então é difícil pensar em uma resposta pra isso... — Jungkook reclamou baixinho, ficando pensativo. Jimin riu da forma em que o problema do Jungkook, que era contar o segredo, virou precificar o segredo.

— Leva seu tempo. — Jimin riu e voltou a se maquiar, estranhamente animado. Sei lá, talvez ele gostasse de interagir assim, tão espontânea e genuinamente, com alguém.

Jungkook realmente passou muito tempo pensando, o olhar perdido no teto da casa. Jimin já tinha até perdido as esperanças sobre saber mais da situação familiar de Jungkook.

— Estuda pra prova de química comigo. — Jungkook acabou pedindo, envergonhado por propor um encontro mais uma vez. Ele sabia que Jimin ia bem na matéria, mas não precisava que Jimin soubesse que ele sabia dessa informação.

— Tudo bem. — Jimin concordou, animado de finalmente ter um preço. — Pode ser terça? Nos outros dias eu tenho treino.

— Pode ser. No colégio mesmo? — Jungkook perguntou, meio inseguro e encabulado.

— Ué, por que não? — Jimin deu de ombros. Ao terminar sua maquiagem, guardou de novo os produtos dentro de sua caixa.

— Pensei que fosse ruim para sua imagem andar junto de alguém como eu... — Jungkook explicou e Jimin realmente parou para refletir de novo, mais sério.

— Hm... Poderíamos estudar aqui em casa? — Jimin acabou se corrigindo, um sentimento de remorso se apoderando dele. Não queria pedir aquilo, mas precisava. — O problema não é com você, é comigo.

Jungkook, sinceramente, não sabia como se sentir com aquilo. Ele meio que esperava que seria ruim para Jimin andar com ele, mas era bem diferente atestar aquilo de verdade. Queria guardar algum tipo de rancor, mas o tom de voz de Jimin também impedia ele de sentir aquilo. Estava decepcionado, talvez meio triste.

— Ei, aqui em casa é bom, você pode brincar com o Muriçoca, que tal? — Segurou o braço de Jungkook, tentando inventar em sua cabeça coisas que compensassem o quão cuzão ele foi. Jimin sabia disso.

— Muriçoca? — Jungkook perguntou confuso e Jimin correu para seu quarto, com a caixinha em mãos.

Voltou sem a caixa, mas com um porquinho da índia bem peludinho, cor caramelo em mãos. Entregou ele para um Jungkook atordoado, sem saber o que fazer. O bichinho fugiu de suas mãos e passeou por seu moletom, acabando por se enfiar no grande bolso da frente.

— Ele gostou de você. — Jimin riu enquanto Jungkook enfiava as mãos no bolso para poder dar carinho no bicho. Jungkook acabou sorrindo, apesar do gostinho amargo no fundo do seu coração. — Vou me trocar e aí a gente vai pro encontro, ok?

— Ok.

-x-

Eles passaram 4 horas juntos no encontro — por falta de companhia melhor no mesmo —, mas Jungkook ainda se sentia um desconhecido enquanto batia na porta de Jimin na terça seguinte.

Não importava o quão parecidos eles eram. Não importava que eles conseguissem falar horas a fios da mesma banda enquanto tomavam uma coca de garrafinha de vidro, nem que compartilhassem o mesmo delineado nos olhos. Jungkook não conseguia acreditar naquelas coisas quando o resto da realidade era tão diferente.

— Oi, Jungkook! — Jimin abriu a porta animado, vestindo uma regata branca e um shortinho de tactel azul. Jungkook se sentiu incomodado em vê-lo tão em casa, tão íntimo, sendo que nem puderam voltar do colégio juntos para casa de Jimin.

Jungkook entrou e tirou seus sapatos enquanto Jimin trancava as portas atrás de si. Sentiu um alívio e frescor em seu pé, afinal, o dia estava quente. Jimin entrou na casa antes dele e voltou com um copo de limonada na mão, entregando-o a Jungkook enquanto puxava-o para seu quarto.

O quarto de Jimin parecia muito mais o quarto do Jimin emo do que do Jimin popular. Havia posteres de banda espalhados por todos os cantos, um console de videogame e uma pequena TV de tubo ao lado da cama bagunçada, um armário cheio de adesivos, a gaiola do Muriçoca e uma escrivaninha que parecia a única coisa arrumada no lugar.

— Eu devia ter limpado isso, né? — Jimin acabou rindo e jogou os lençóis para fora da cama, como se aquilo ajudasse em algo. — Pode se sentar na minha cama se você não se importar.

Puxou uma gaveta de sua escrivaninha e tirou seu caderno de química e um estojo, sentando-se na cadeira da escrivaninha enquanto o Jungkook se ajeitava também.

— Vamos ver... O que você já sabe da matéria? — Jimin perguntou ao abrir a página onde deixava um sumário com os conteúdos de cada prova.

— Nada. Eu sou uma porta em química. — Jungkook respondeu um pouco chateado.

— Tudo bem. — Jimin riu. Jimin ria muito frequentemente, era estranho. — Senta aqui. Veja, anota também os conteúdos. Eu gosto de dividir em pedacinhos bem pequenos mesmo porque faz parecer que a matéria é menos complicada e é mais fácil de aprender.

Jungkook, como Jimin pediu, pegou seu próprio caderno da mochila que ainda carregava e deixou ela ao lado da mesa da escrivaninha. Copiou as anotações de Jimin, olhando impressionado como realmente não parecia muito complicado daquele jeito.

— A prova é daqui a duas semanas, então vamos fazer assim... Hoje eu vou te explicar toda a matéria por alto. Aí nos próximos dias você vai fazer exercícios de pedaços pequenos dos assuntos por dia e dar uma lida na matéria toda. É uma boa forma de fixação ficar "relembrando" as coisas. Aí próxima semana eu vejo de novo como você tá na matéria e a gente planeja a última semana baseado nisso, ok?

— Não sabia que existia técnica pra estudar. — Jungkook falou admirado enquanto via Jimin separar os assuntos para os exercícios diários com marca textos coloridos no seu caderno, talvez criando o único rastro de si que Jungkook teria no colégio.

— Sempre tem. Foram meus pais que me ensinaram, na real. — Jimin contou com um sorriso. — Agora os dois são médicos plantonistas da emergência, então não param em casa, mas eles tiveram condições de estudar só depois de mais velhos, então passaram muita dificuldade e tiveram que aprender um tanto de técnica. Eles valorizam muito um bom estudo.

— Seus pais parecem legais.

— Eles são tudo pra mim. Amo muito eles e queria poder retribuir tudo que eles me dão. — Jimin respondeu enquanto puxava o livro de química de dentro da gaveta e abria na página certa. — Então, química...

Jungkook ficou espantado com a didática do Jimin, de verdade, era incrível. Ele sabia explicar a matéria, dizer quais partes eram mais importantes e que Jungkook deveria anotar, além de transformar os exercícios do capeta em brincadeira de criança. Jungkook nem acreditou quando viu todo seu caderno preenchido de anotações, exemplos e fórmulas importantes grifadas.

— Vamos fazer uma pausa, ok? Isso ou nossa cabeça explode. — Jimin riu enquanto assistia Jungkook anotar a última coisa que falou. — Já volto.

Enquanto Jimin foi pra cozinha, Jungkook resolveu ir perto da gaiola do Muriçoca observá-lo. O porquinho da índia apoiou as patinhas da frente na parede de plástico que o separava de Jungkook, o focinho farejando tudo curiosamente.

Jungkook queria pegá-lo, mas não sabia se devia. Se arriscou em acariciar a cabeça do bichinho por cima da gaiola apesar do mal jeito no braço.

— Pode pegar ele. — Jimin falou quando entrou no quarto, dando um susto em Jungkook. O mais velho trazia limonada e biscoitos consigo. — É o que tem pra comer aqui que eu saiba fazer, porque sou completamente despreparado pra morar sozinho.

— Ah, não precisa se incomodar comigo, eu não como muito. — Jungkook sentou ao lado de Jimin em sua cama com Muriçoca nas mãos, sentindo-se leve brincando com o bichinho.

— Ah, mas vai comer! — Jimin ordenou, revoltado e começou a forçar um biscoito na boca de Jungkook. — Um garoto do seu tamanho tem que comer, como você vai se manter em pé?

Se dando por vencido, Jungkook pegou o biscoito que Jimin forçava em sua boca e comeu, assistindo Muriçoca passear pela cama do menor.

— Bom menino, agora toma essa limonada. — Jimin ofereceu. — Não sei como você tá aguentando um calorão desses com seu moletom.

— Me acostumei já. — Jungkook deu de ombros, aceitando de bom grado a limonada geladinha. Só a textura molhadinha do suor do copo já fazia ele se sentir mais refrescado.

— Você esconde algo aí embaixo? — Jimin perguntou, curioso. Jungkook se manteve quieto, como se não tivesse ouvido a pergunta. — Quanto custa?

— Jimin, você acha mesmo que consegue comprar todos meus segredos? — Jungkook perguntou meio incrédulo com a atitude do outro, ainda mais ao ver o sorrisinho cara de pau do mais velho, indicando claramente que ele achava, sim. — Acha mesmo que você pode saber tudo sobre mim sendo que eu nem te conheço?

— Me pergunte um segredo se esse é o problema. Eu conto pra você, a gente passa a se conhecer e voilà. — Jimin rebateu, confiante, Jungkook revirou os olhos.

— Não quero saber nenhum segredo seu. Não gosto de saber algo à força.

— Não é à força, ok? Eu dou um preço por ele, simples assim. Uma relação de troca. Ou você acha que está pegando à força um produto que você comprou no supermercado?

— Usar produtos de supermercado para fazer uma comparação supérflua com problemas e relacionamentos humanos não funciona.

— Olha aqui, Jungkook. Eu não sou lá muito bom em relacionamento humanos e eu tenho quase certeza que você também não. — Doeu, mas os dois sabiam não deixou de ser verdade. — Então pra que usar algo que a gente nem entende pra tentar fazer com que isso que nós temos seja igual? A troca de favores tá funcionando, não é o suficiente?

Jungkook deu de ombros, como que por vencido. Jimin ainda achava que tinha perdido a luta do segredo apesar de tudo, mas se espantou ao ver Jungkook pegar mais um biscoito, reflexivo.

— Por que é tão importante pra você ninguém saber que você gosta de emo? — Jungkook perguntou, por fim.

— Nossa senhora, pegou pesado. — Jimin torceu o nariz, sentindo o coração acelerar em adrenalina ao pensar que contaria aquilo a alguém. Não que precisasse contar, de fato, mas por algum motivo ele confiava em Jungkook e talvez, no fundo, gostaria de contar aquilo a alguém. — Eu conto se você tirar seu moletom.

Jungkook corou, apesar de seu rosto demonstrar o quão desconfortável ele estava com aquilo. Apesar disso, tirou o moletom, tentando se convencer falando para si que seria bom para aliviar o calor.

Jimin arregalou os olhos ao ver o que estava escondido por baixo de todo aquele tecido. Tatuagens e mais tatuagens cobriam os braços do mais novo, bonitas, intrincadas, uma linda confusão que ficava mais clara quando se via de perto.

— Você não é muito novo pra ter tatuagens? — Jimin perguntou enquanto admirava as rosas e o relógio que cobriam o braço esquerdo inteiro do Jungkook, eram muito bonitas.

— É sua vez de contar seu segredo. — Jungkook cortou e Jimin suspirou pesaroso, concordando.

— Bem, o problema nem é o emo em si, sabe? Eu não quero que ninguém da escola saiba que eu goste de qualquer coisa estranha ou "não normal". Isso evita problemas. E eu sinceramente não queria problemas no ensino médio, então essa é minha forma de evitar. — Jimin respondeu por fim. Mesmo que tentasse manter um tom de voz mais animado, sua fala era estranhamente melancólica.

— Eu sou um problema? — Jungkook perguntou mais baixo do que já falava normalmente. Se ocupou em brincar com Muriçoca, já que não encarava Jimin. Jungkook na verdade não sabia se estava pronto para ouvir aquela resposta.

— Óbvio que não. — Jimin respondeu de imediato. — Se for pra dar algum nome a você seria inspiração. Queria eu ter a coragem de fazer o que eu gosto e ser o que eu sou.

— E por que você não tem?

— Isso é outro segredo...

— O que você quer? — Jungkook perguntou na hora, ansioso.

— Agora você aceita fácil essa ideia de troca, né? — Jimin deu uma risadinha debochada, Jungkook simplesmente aceitou silenciosamente. — Me conta sobre as suas tatuagens. Posso tocar?

Jungkook assentiu com a cabeça, sentindo seu coração acelerar um pouco e sua bochechas corarem quando sentiu os dedinhos de Jimin passeando pelos seus braços, acompanhando os traços da tinta gravada em sua pele. Jimin se sentia inebriado com o toque da pele escurecida pela tinta, mas que mesmo assim mais genuína e natural do que se fosse intocada. As tatuagens pareciam simplesmente certas em Jungkook.

— Eu só... Gosto dos desenhos. Eu gosto do que os desenhos significam pra mim e gosto da liberdade que elas me fazem sentir. Mesmo que eu tenha que ficar usando um moletom dia e noite pra esconder no colégio e dos meus pais, ainda me sinto satisfeito em saber que elas estão aí embaixo, que meus pais não sabem e não podem fazer nada sobre isso. Acho que é um pequeno símbolo de rebeldia, é meio idiota, mas me deixa feliz.

Jimin passeou seu olhar pelo outro braço, encarando a floresta e as profundezas para qual a terra com suas raízes se abriam. Sentiu muitas coisas dentro de si, mas não conseguiu traduzi-las em palavras, nem mesmo em compreensão. Só sentiu. Gostava de como a pele por baixo da tinta era quente também.

— Eu gosto de pensar que eu não ter coragem é uma escolha. Eu... Me envolvi em uns problemas no fundamental por ser quem eu sou, e isso me fodeu completamente, por isso que eu sou dois anos atrasado. — Jimin segredou baixinho, entregando o produto pelo qual Jungkook pagou. — Eu queria me formar sem dar esse trabalho pra mim e para meus pais de novo.

— Eu acho que isso não é covardia, Jimin, mas sim coragem. — Jungkook consolou, se sentindo com um pouco menos de remorso de Jimin. — Também é muito difícil ser quem você não é.

— Você sabe, né? — Jimin perguntou retoricamente, um sorriso meio triste em seu rosto. — Bem, vamos voltar a estudar?

Jimin levou o pratinho e os copos de volta pra cozinha, Jungkook se sentou de novo na escrivaninha, observando todas as anotações coloridas com os marca textos pastéis de Jimin, sem saber novamente como se sentir.

Jungkook começava a perder a paciência com isso, com a falta de palavras e definições que rodeava seus sentimentos sobre Jimin. Mas sabia ele que a via não era de mão única.

-x-

Jungkook novamente estava na porta de Jimin na terça feira. Aquilo parecia um déjà-vu muito estranho. Daquela vez, se sentia um pouco diferente. Apesar de não conversar com Jimin na escola, o mais velho conversou com ele frequentemente durante a semana pelo celular.

Tudo bem, a maior parte do conteúdo eram sugestões de exercícios e Jimin cobrando para saber se Jungkook havia feito eles. Mas Jimin era engraçado até mesmo com aquelas aparições e Jungkook recebeu até umas fotos do líbero suado e cansado pós treino. Continuava sem saber muito bem o que estava achando do desenrolar da história dos dois.

— Como é ser capitão da equipe de vôlei? — Foi a primeira pergunta que Jungkook fez ao sentar na escrivaninha do outro, Muriçoca aninhado tranquilamente em seu colo.

— Hm... Fica sem o moletom aqui em casa, ok? — Jimin pediu depois de pensar um pouco.

— Por acaso isso é um segredo, Jimin? — Jungkook reclamou ao perceber que o outro já estabelecera seu valor por aquela informação.

— Não, mas por algum motivo eu me sentiria mais motivado a responder sua dúvida se você estivesse sem moletom.

Jungkook bufou, revirando seus olhos e desejando que suas bochechas não ardessem tanto. Apesar de toda marra, Jungkook tirou seu moletom, como Jimin sabia que faria. Fala sério, o menino merecia não sentir calor pelo menos em algum momento de seu dia.

— Ah, é meio estressante... — Jimin começou a responder enquanto sentava ao lado do outro, deixando um carinho no porquinho da índia dorminhoco. — Se você é muito bonzinho não dá certo, mas se você é firme também não dá. É basicamente receber a culpa de tudo e saber lidar com isso. Saber colocar o time e as pessoas dele sempre em vista para conseguir se motivar e passar por tudo isso. No final, vale à pena.

— Pra mim não parece que vale à pena. — Jungkook franziu o nariz, desconfortável só de pensar em passar por aquela situação.

— Vale sim, ok? É que a gente tende a pensar nos pontos negativos, mas é muito recompensador e eu amo fazer isso. — Jimin riu como sempre e abriu seu caderno. Jungkook já começava a esperar a risadinha do outro no meio de cada frase sem nem perceber. — Então, quais pontos você ainda está com dificuldade?

— Isomeria constitucional e partículas subatômicas. Isso é um saco e o professor cobra demais.

— Pense que se ele cobra muito, você vai saber demais sobre o assunto e ficar imbatível. Um monstrinho químico, certo? — Jimin sorriu encorajador antes de começar a explicar os exercícios que Jungkook não tinha entendido.

E lá se passou mais uma tarde, e lá foi Jimin trazer biscoitos de novo para comerem durante sua pausa. Jungkook aproveitou para ir ao banheiro enquanto isso, se sentindo tranquilo o suficiente dentro da casa para não ter que ficar prendendo sua bexiga.

Achou meio estranho sair andando por uma casa que não era sua, o sentimento era diferente. Além de Jimin, nunca tinha visitado ninguém de fato, até porque o seu núcleo familiar era pequeno e desunido demais para terem aquelas visitas clássicas na casa dos avós ou dos tios.

Quando voltou, sentiu seu coração acelerar ao ver todos seus cadernos e livros em cima da cama de Jimin. Não porque Jimin havia pegado eles, mas por causa de um dos cadernos em específico.

— Ah, Jungkook! — Jimin chamou sorridente e risonho, claramente orgulhoso de si mesmo. — Eu coloquei uns marcas páginas coloridos onde tem uns exemplos bons do livro pra você estudar, também coloquei um resumo em fichas que eu fiz no seu caderno.

— Obrigado... — Jungkook agradeceu baixinho, olhando atentamente para o pequeno caderno com capa dura e preta, intocado no meio do resto do seu material. Pegou ele protetoramente, mas não sentia que conseguia protegê-lo de fato com seus braços expostos como estavam. — Jimin, você mexeu nesse caderno?

— Não. — Jimin respondeu simplesmente, mas começou a olhar curioso para o caderno depois de observar a atitude do outro. — Quanto vale?

— Jimin, eu não posso vender esse caderno. Realmente não posso.

— Tudo bem. — Jimin sorriu tão genuinamente que Jungkook ficou confuso. — Sabe quanto vale esse caderno? Confiança. E isso é difícil de conseguir.

— Não é que eu não confie em você, é só... — Jungkook ficou sem palavras, se sentiu ainda mais exposto quando Jimin tocou seu braço nu, acalmando-o. Era diferente alguém tocá-lo, e ainda mais diferente alguém tocar suas tatuagens.

— Jungkook, não falei isso negativamente. Só estou falando que esse caderno é muito caro mesmo, e você está certo. Eu posso saber pelo menos o que tem nele?

— Você tem esmalte? — Jungkook perguntou, deixando Jimin confuso. Mesmo assim, o mais velho confirmou. — Então o preço vai ser pintar minhas unhas.

— Tudo bem. — Jimin riu. — Agora?

Jungkook assentiu com a cabeça e Jimin foi buscar o esmalte preto, a única cor de fato que tinha. Esperava que fosse o suficiente para Jungkook.

— É um diário. — Confessou Jungkook, se sentindo muito envergonhado de contar aquilo. Era muito pessoal e muito importante pra ele. Aquele caderninho de capa preta era sua âncora.

— Nossa, que massa! Sabia que é super saudável ter um diário? — Jimin perguntou, afastando os materiais escolares de cima de sua cama e sentando-se ao lado do Jungkook, puxando uma de suas mãos grandes de dedos longos. — Jungkook... Você não vai ter problemas em casa com essas unhas?

— Normalmente eu vou direto pro meu quarto, é só colocar as mãos no bolso. Eu sempre faço isso mesmo. — Mas aquilo não conseguiu acalmar Jimin de fato.

— Tem certeza?

— É o meu preço, Jimin. É claro que eu quero. — Jungkook deu um sorriso tranquilizador.

Jimin, por fim, começou a pintar as unhas do outro, tentando tomar cuidado para não borrar porque com a cor preta todos os deslizes ficariam aparentes nos dedos de Jungkook. Sentiu inveja das mãos do outro, eram bonitas, longas e, principalmente, grandes. Deveria ser muito bom dar uma cortada na bola com aquelas mãos.

— Meu diário é codificado, na verdade. — Jungkook confessou. — Eu tenho muito medo que meus pais encontrem ele, então eu escrevo em códigos. Descobrir novas formas de criptografia virou meu hobby.

— Quando passar a semana de provas você me ensina criptografia? — Jimin pediu baixinho. Por algum motivo, acabava falando mais baixo quando estava perto de Jungkook, talvez para acompanhá-lo em seu tom de voz. — Eu juro que não vou ler seu diário se você me ensinar.

— Pode ser. — O mais novo acabou sorrindo sem querer. Verdade seja dita, ele gostava de saber que se encontraria com Jimin mais vezes mesmo e que, dessa vez, foi o outro que sugeriu.

— A gente pode jogar videogame também, você gosta?

— Gosto. — Jungkook tinha flertado com os jogos do Jimin no cantinho de seu quarto várias vezes, mas não teve coragem de perguntar sobre ou pedir pra jogar. Ele realmente tinha gostado daquela proposta.

— Que bom! Você escolhe o primeiro jogo que a gente vai jogar, ok? O próximo eu escolho. — Jimin tentava conter sua empolgação para acabar não borrando as unhas de Jungkook. — Nossa senhora, eu tô realmente animado agora, sempre quis jogar com alguém.

— Pensei que a gente deixaria de se ver depois da prova de química, na verdade. — Jungkook confessou baixinho. Sinceramente, ele não sabia por que tinha falado aquilo. Soou natural e não pensou muito sobre aquilo. Provavelmente não ter pensado é o que fez com que ele fosse capaz de falar. Ele queria saber o que Jimin responderia.

— Nem que eu precisasse pedir pra você me vender outro segredo pra isso... — Jimin sorriu em vez de rir como sempre. — A não ser que você não queira. Tô incluindo você nos meus planos sem permissão.

— Eu quero...

-x-

Pela primeira vez, Jungkook estava vendo Jimin depois da aula em um dia que não era uma terça feira. Era impressionante o quanto dava para se fazer em um único dia da semana: estudar, jogar videogame, ler quadrinhos, aprender criptografia, ouvir suas bandas emo favoritas...

Aquele dia virou uma válvula de escape para Jungkook, que detestava ficar em casa, mas também não tinha mais para onde ir. Se sentia verdadeiro com Jimin, não precisava esconder suas unhas, nem suas tatuagens e nem sua personalidade.

O maior problema é que Jungkook começou a perceber a dependência que tinha daqueles encontros e o medo de perder tudo vinha, apesar de já ter aceitado o fim de tudo antes mesmo dele vir. Afinal, nunca tivera nada, por que iria ter agora?

Mesmo assim, tinha passado a gostar muito das terças feiras. Mas sinceramente? Jungkook estava gostando dessa quinta também.

Ele pensou que ficaria desconfortável, mas estava achando interessante conhecer o outro lado de Jimin. O Jimin da escola, o Jimin popular, capitão e líbero da equipe de vôlei. Ele era diferente daquele jeito, no uniforme folgado, com uma faixa no cabelo e munhequeiras nos punhos. Porém, ao mesmo tempo, enxergava os mesmos olhos concentrados que tinha quando estavam enfrentando o chefe do jogo da vez ou alguma questão difícil do dever de casa.

Jungkook era fácil de enxergar na arquibancada. Seu moletom preto como seus cabelos num calor daqueles acabava sendo um tanto chamativo. Os outros alunos estranhavam um pouco a presença dele lá, por ser tão recluso, mas quando Jimin avisou Jungkook na arquibancada, nunca pensou que ele pareceria tão necessário ali.

A questão era se a arquibancada era certa pra Jungkook ou se Jungkook era o certo na arquibancada para Jimin.

O mais novo estava sentado em uma das cadeiras da frente do grande ginásio, o coração palpitando ao assistir o jogo para qual fora convidado se desenrolar em sua frente. Estava nervoso, queria torcer e gritar alto como os outros, mas apenas conseguia segurar com força a barra do guarda corpos em sua frente para descarregar sua ansiedade.

Jimin jogando era incrível. Jungkook não entendia como alguém conseguia ficar tão bem de regata e shortinho laranja neon. Muito menos por que Jimin parecia tão bonito suado. Até as joelheiras brancas eram estranhamente atrativas. O jeito que ele pegava cada bola que passava pro seu lado, por mais difícil que fosse, também era surreal. Jungkook começou a perceber que provavelmente o time era campeão nacional por causa de um garoto que ouvia emo e se encontrava com ele todas as terças. Aquela ideia parecia tão estranha.

Jungkook sentia, sim, um pequeno vazio ao ter que esperar mais uma semana para poder ver Jimin, mas a paixão nos olhos do outro jogando explicava muita coisa também. Ele conseguiria aguentar a solidão ouvindo I Miss You do Blink-182 algumas vezes por dia e encarando as unhas que Jimin sempre pintava pra ele.

Jimin estava muito animado quando convidou Jungkook pro jogo, até porque seria no colégio deles, e sinceramente seu coração batia tão forte antes do jogo que ele não sabia dizer se era apenas a ansiedade antes da partida. Ele ficava feliz em ter um símbolo da genuinidade que escondia do seu lado.

A vitória veio. Apesar de já ser esperada, Jungkook vibrou tanto, mas tanto por dentro que pensou que iria explodir. Sentia muito mais calor do que o normal enclausurado naquele moletom quando a arquibancada lotada de seu colégio — afinal, o jogo fora em casa — gritava e comemorava, apertando buzinas e jogando confetes. Seus olhos não conseguiam se desprender de Jimin, que abraçava seu time antes de ser levantado e jogado pra cima.

Os olhos de Jimin se encontraram com os de Jungkook enquanto era jogado pra cima e pra baixo. O sorriso que já tomava seu rosto ficou ainda maior. Naquela hora, exatamente, Jungkook finalmente percebeu de fato o ambiente em que estava inserido e a noção de que aquilo não o pertencia apoderou-se dele tão rápido quanto um relâmpago.

Sem ter coragem de olhar Jimin mais uma vez, simplesmente deu as costas e foi embora.

-x-

Never Meant do American Football saía dos fones de Jungkook enquanto ele encarava o teto de seu quarto pequeno, largado em sua cama. Felizmente seus pais tinham saído, então ele se sentia um pouco mais confortável em sentir tudo que estava sentindo.

Quanto mais pensava, mais ficava perdido em seus próprios pensamentos. Jimin provavelmente estava tão feliz, comemorando com sua equipe... Por que Jungkook tinha que se sentir tão errado sobre isso tudo? Tão excluído, tão estranho, tão fracassado e, acima de tudo, tão sozinho.

Pegou seu diário para que tentasse organizar seus pensamentos em forma de palavras. Talvez assim entendesse tudo que estava sentindo. As palavras machucavam quando saíam de seu coração para as folhas de papel, tal qual uma flecha ao ser retirada de carne viva.

E o principal problema de tudo aquilo era porque Jungkook gostou. Gostou muito de não estar sozinho, gostou muito de passar tempo com Jimin. Gostou tanto que perceber que ele e Jimin não pertenciam ao mesmo mundo, não se pertenciam, doeu muito mais do que toda a solidão que sentiu em todos seus 17 anos. Logo Jungkook, que achou que estava acostumado a não depender de ninguém.

Seu celular tremeu, indicando uma mensagem. Era estranho porque ninguém lhe mandava mensagens, mas estava tão mal e tão exausto que nem a curiosidade fazia com que ele quisesse ler. Terminou de despejar o turbilhão de sentimentos nas folhas em branco do caderno de capa preta, escondendo-o debaixo do travesseiro. Dessa vez, sentiu que nem seu caderno conseguiu lhe ajudar de fato.

Por fim, acabou se resignando a encarar o teto enquanto ouvia músicas que lhe deixavam mais triste que o normal, esperando que o sono pudesse acolher e proteger ele de tudo logo.

-x-

Guitars and video games. Viu sem querer a mensagem quando foi desarmar seu despertador antes que pudesse acordar mais alguém em sua casa. Jungkook reconheceu na hora, Sunny Day Real Estate era uma de suas bandas favoritas e Jimin sabia daquilo.

Não foram poucas as vezes que essa música tocou na playlist que colocavam enquanto estudavam, mas daquela vez carregava um significado diferente junto de si. Jungkook esfregou o rosto, sem saber processar tanto estando tão pouco acordado.

Sabendo que não poderia fugir mais das mensagens, abriu elas.

Park Jimin 🧪

[23:12]

Queria ter te visto depois do jogo

[23:37]

Quero te ver

Como eu faço para te encontrar?

[01:24]

Guitars and video games

Largou o celular em cima da cama e foi lavar o rosto e escovar os dentes. Se sentia sem apetite para comer um café da manhã de fato. Era sábado, mas ainda pegou a mochila da escola porque gostava de levar seu diário consigo. Enquanto guardava o caderno, observou o detalhe de como suas unhas pretas — Jimin nunca mais deixou de pintá-las — se misturava com a capa e isso fez ele se sentir triste de novo. Com saudades de novo.

Deixou seus pés lhe guiarem até onde queria, até onde havia ficado automático. Mas não era terça e por algum motivo até a luz que incidia na porta do apartamento, vindo de uma janelinha no corredor das escadas, parecia diferente.

Foi ainda mais estranho quando quem atendeu as batidas na porta foi uma mulher mais velha, que pareceu espantada em receber visitas, mas abriu um sorriso. Um sorriso igualzinho ao dele.

— Você é o Jungkook? — Perguntou com naturalidade e o mais novo se sentiu exposto. — Parece que sim, entre. Vou chamar o Jimin.

— Não, senhora, não quero incomodar. — Jungkook teve que se esforçar muito para sua voz se fazer ouvir. — Foi só um impulso idiota, já vou voltar para casa.

— Deixa de ser bobo! — A mulher riu, igualzinho seu filho fazia. Seu rosto era mais velho e definitivamente mais cansado, mas o sorriso, o riso e os olhos gentis eram idênticos aos de Jimin. — Já veio esse caminho todo, sente-se.

Empurrou as costas do menino letárgico e fechou a porta atrás dele, deixando Jungkook sem escapatória. Sua cabeça girava com quão rápido os fatos se desenrolavam. Ele não esperava aquilo, não achava nem que ia conseguir bater na porta. Mas tantas e tantas fantasias que criara na sua mente durante aquele tempo que tomou para chegar no apartamento de Jimin pareceram se tornar realidade e apoderaram de seu corpo.

— Jungkook? — Jimin apareceu da porta do quarto dele e Jungkook sentiu as unhazinhas de Muriçoca tentando escalar sua calça. — Eu estava preocupado com você.

Jungkook só abaixou a cabeça, usando o porquinho da índia como desculpa para não ter que encarar Jimin. Jimin bufou com a ausência de respostas do outro, pegou o porquinho da índia e começou a caminhar para seu quarto.

— É para você vir também. — Falou depois de alguns segundos de Jungkook lhe olhando perdido. Receoso, o mais novo se levantou e foi pro quarto, a cabeça ainda baixa.

Jimin sentou em sua cama desarrumada de sempre, dando tapinhas ao seu lado para que Jungkook se sentasse também. Como uma criança indo a contragosto para seu castigo, Jungkook sentou logo após fechar a porta do quarto.

Sentiu seu coração acelerar e suas bochechas corarem quando os braços do outro envolveram seu ombro, dando-o um abraço. Estava esperando mais perguntas, talvez um esporro, mas não um abraço.

E Jungkook se achava muito miserável por sentir-se tão bem com um mísero abraço, por perceber pela primeira vez o cheirinho de capim limão que se desprendia de Jimin. Miserável porque aquilo não deveria ser dele. Não eram do mesmo universo.

— Fiquei preocupado com você, Jungkook. — Jimin sussurrou baixinho, a boca já próxima do ouvido do mais novo, que arrepiou. — De verdade. Você está bem?

— Estou sim, que pergunta boba. — Jungkook forçou um sorriso, mas não convencia Jimin. — Você tinha que comemorar com seu time também.

— Eu amaria comemorar com você também.

— Comigo? Mesmo eu sendo... Você sabe, eu.

— Sim. — Jimin confirmou com firmeza, fazendo o coração de Jungkook acelerar mais ainda. O mais velho em geral era tão... ambíguo nesse assunto. Mas sinceramente seu olhar... Jungkook não conseguia encará-lo.

— Parabéns pelo jogo... — Jungkook desviou o assunto, sem graça. — Você realmente joga muito bem, é incrível.

— Você torceu pra mim, Jungkook? — Jimin riu, mesmo que quisesse que Jungkook tivesse permanecido na antiga discussão.

— Claro. É nossa escola afinal...

— Poxa, tinha que torcer por mim, por nossa linda amizade, não pela escola, ok? — Brincou maliciosamente, mas tanto Jimin quanto Jungkook se incomodaram com uma palavra.

— Se eu torço por seu time, eu invariavelmente torço pra você, Jimin. Então relaxa.

Bem, tudo parecia certo com eles, mas não estava. Jungkook tinha conseguido segurar as pontas e ficar "normal" de novo, porém as coisas que aconteceram dentro de si não se apagaram. As preocupações de Jungkook continuavam lá e, na verdade, as de Jimin também.

— Jungkook... — Jimin chamou baixinho depois de alguns momentos. Dessa vez estava com tanto medo que não conseguia olhar para o mais novo. — Eu vou te perder?

— Por quê? — Jungkook perguntou, sem querer pensar na resposta da pergunta de Jimin.

— Porque ver você correndo ontem me deu medo, muito medo. Eu não queria te perder.

— Eu também tenho medo. Talvez você não me perca, mas a gente se perca. Eu não faço parte do seu mundo.

— Eu não faço parte do meu mundo, na verdade... — Jimin murmurou baixinho. — Eu só minto e minto e minto. Eu não quero perder você, Jungkook. Você me ajudou a me lembrar de mim.

— Você não mente, Jimin... — Jungkook segurou a mão do outro, sentindo que precisava dizer aquelas palavras. Elas poderiam acalmar o coração de Jimin, mas estava temeroso de destruir o seu próprio. — Você separa. Você naquele jogo não era de mentira, eu te garanto. Eu fiquei te olhando o jogo todo então... Você só não é o Jimin inteiro.

— Jimin inteiro... — O mais velho repetiu baixinho, como se experimentasse o sabor das palavras em sua boca, como se tentasse absorver a ideia. Estava tão grato de sentir a mão de Jungkook na sua, ele sentia uma segurança. Ele achava que conseguiria evitar perder Jungkook daquele jeito, que conseguiria segurá-lo.

— Jimin... O que deu de tão errado no seu colégio? Por que você não pode ser inteiro?

— Isso é um segredo, Jungkook. Eu te falei.

— E qual é o preço dele? — Jungkook perguntou, ansioso. Ele queria saber ao menos o que fez Jimin ser daquele jeito, o que fez o Jimin viver em um mundo que não era seu, apesar de aos poucos ter virado.

— Um beijo seu.

O coração de Jungkook pareceu parar de bater. Só por um segundinho mesmo, pois depois acelerou tanto que pareceu que seu peito iria explodir. Jimin tinha os rostos corados e os músculos tensos de preocupação com a reação do outro.

E Jungkook percebeu que o preço do segredo era a própria resposta.

Que era aquilo que fizera Jimin entrar em apuros, perder dois anos de sua vida e passar mais três decidido em não mostrar o que era, nem ao menos ser o que era. Se viu nervoso com o peso da responsabilidade que Jimin colocou em si, a responsabilidade de seus sentimentos com um segredo tão dolorido.

Ao mesmo tempo, sentia-se leve. O desespero que sentia por não fazer parte do mundo de Jimin se dissipava aos poucos. Ele não deveria ter medo das diferenças entre eles, isso era algo bom. E havia tantas semelhanças... As músicas, o videogame, a maquiagem... O coração.

— Me desculpa, Jungkook... Eu... — Jimin foi interrompido pela boca do outro.

As mãos de unhas pretas seguravam delicadamente o rosto de bochechas grandes e ambos suspiraram com o toque, mesmo tão pequeno. A quentura das bocas uma na outra fizeram os meninos se sentirem como se a semana inteira fosse terça, quando compartilhavam o mesmo mundo.

Jungkook foi quem aprofundou o beijo, cada vez mais sedento em conhecer novas partes de Jimin. Querendo conhecer Jimin inteiro, por mais que precisasse superar alguns medos pra isso.

— Eu tenho outro segredo... — Jimin suspirou baixinho entre os beijos. Levou suas mãos até o rosto de Jungkook, acariciando-o. — Mas esse é bem caro...

— Hm... — Jungkook beijou o mais velho mais uma vez, ainda uma confusão boa de sentimentos e reações físicas. — Eu tenho algo de tanto valor assim?

— Seu diário, sua boca, seu abraço, sua presença. — Jimin foi dando leves beijos no maxilar de Jungkook antes de voltar para sua boca. — Tudo isso é tão valioso.

— Eu vou fazer uma promoção dessa vez. — Jungkook levou suas mãos aos cabelos morenos de Jimin, sentindo a textura macia dos fios e deixando um carinho lá. — Eu troco tudo pelo seu segredo.

— Eu gosto muito de um garoto da minha sala. — Jimin riu baixinho contra a boca de Jungkook, dando mais um beijo. — Ele gosta de música emo, de jogar videogame, do Muriçoca... Ele é tão lindo. Por favor, não espalhe esse segredo.

— E o que eu ganho guardando ele? — Ele mudou a regra das trocas de segredo novamente, mas nenhum dos dois se importava com aquilo, desde o começo só queriam uma desculpa para despejar tudo que guardavam em seus corações. Jungkook finalmente conseguiu reunir coragem para parar de beijar de Jimin e encarar seu rosto. Os olhos estavam cheios de expectativa, brilhosos, a boca carnuda ainda mais inchada e vermelha. Jimin era muito lindo.

— Eu seria o Jimin inteiro por você. — Jimin sugeriu, franco. Apoiou as mãos no próprio colo, pois agora suavam.

— Não precisa ser agora... — Jungkook tranquilizou o outro, acariciando seu rosto com ternura. — Eu gostaria muito de assistir você se tornando inteiro no seu próprio ritmo.

— O que você quer então?

— Eu, você Guitars and videogames.

🗲🎸🗲

Recomendo fortemente que vocês pelo menos leiam as letras das músicas que foram utilizadas nas fanfics, elas me ajudaram a descrever os sentimentos dos jikook nesse meio tempo. Chocada o quanto que eu tive que caçar sobre bandas emo, mas amei????

3 meses depois de postar a fanfic lembrei que dá pra colocar imagem no capítulo. Fica aí pra vocês as tatoos do JK:

Bem, imagino que a barb (disgrasarmy) idolsinha já tenha se reconhecido no plot da fanfic. Muito obrigada mesmo por ter dado um plot tão legal de ser trabalhado e me desculpa ter me distanciado um pouco dele! (Acho que era pra ser mais clichêzinho, né, e o Jungkook não era pra ser emo ao pé da letra, mas eu fiz disgurpi).

Eu juro que quase surtei quando eu vi que te sorteei porque eu te admiro tanto tanto tanto como escritora que eu quis chorar de desespero, de felicidade, de emoção, de tudinho aaaaa Espero de verdade que essa OS tenha atendido às suas expectativas, eu fiz com todo amor do mundo e amei cada segundo escrevendo ela e fazendo a capa.

Vou tentar poupar as minhas palavras de admiração aqui porque como eu surto com uma frequência bem alta com você, você já sabe. EU TE AMO BARBARA, PORRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

Pra quem não tá entendendo nada do amigo oculto, espero muito que tenha gostado da QVSS também!!! Muito obrigada por ter dado uma chance a ela e ter lido! Espero que eu tenha conseguido representar a complexidade dos nossos dois eminhos que são boiolinhas um por outro mesmo vivendo em universos diferentes!

E, por último, LEIAM ASIAN SCARS!!!

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