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● UM || RUAN



Discretamente, prendendo a respiração como se estivesse prestes a fazer algo muito errado, afasto com cuidado a cortina de cor vinho. O movimento que é perfeitamente calculado, me oferece a melhor visão do meu dia. De um rosto de traços suaves, olhos de um castanho vivo, rodeado por cílios escuros, nariz de tamanho ideal para seu rosto, cabelos castanhos claros que caem em ondas sobre os olhos delgados. Eu poderia passar o dia todo aqui, só gravando cada linha que compõem seu rosto. Assim como acompanhar cada movimento seu. Sinto meus pulmões queimarem e me dou conta de que fiquei sem respirar por muito tempo.

Esse é o efeito dele sobre mim. Mesmo sem ter a mínima ideia, Hugo me tira o ar desde que nos conhecemos.

O dia em questão é todo vívido em minha mente. Que se eu fechar meus olhos, terei a impressão de que foi ontem que tudo aconteceu. Os sons, os cheiros e cores ainda permeiam a minha mente, os quais senti em meu corpo como se tivesse sido atingido por uma onda. O baque de vê  - lo sentado na mesa ao lado da minha foi tão grande, que tropecei e não tive coragem de olha - lo novamente pelo restante da aula. Mas nunca deixei de admira - lo em silêncio e enquanto ele não via. Me tornei muito bom nisso. Observar as coisas e tudo ao redor sem precisar me fazer visível. Nas aulas, sua presença, voz e cheiro me acompanhavam sempre.

Fico estático quando de repente ele se vira, parecendo saber  exatamente onde estou e que é alvo do meu olhar. Sua janela fica a um nível abaixo da minha. Enquanto sua casa é composta por um único andar, a minha tem dois. Com os quartos e uma sala onde passo muito tempo desenhando, localizados no segundo andar. Por isso, mesmo que tente olhar para minha janela, não terá uma visão completa de onde estou. Vejo quando sua mãe entra em seu quarto e após algumas palavras trocadas entre eles, ele se vai. Deixando - me apenas com uma última imagem sua, que vou ter até amanhã.  Sei que para muitos, devo parecer um perseguidor, mas enquanto não tiver coragem de me aproximar e me declarar, é assim que vou me portar.

- Toc, toc, toc! - quase bufo.

- É só bater mãe! Não fazer esse som ridículo!

Corro para a cama, cruzo minhas mãos atrás de minha cabeça e tento parecer despreocupado.

- Vocês adolescentes e seus humores instáveis. - faz careta. - E eu bati! - enfia a cabeça através da porta, os olhos azuis se fixam em mim por um momento e depois na janela, que ainda ostenta a cortina meio aberta. - Quando vai tomar coragem e irá falar com ele?

Como sempre tento não parecer abalado por suas palavras.

- Nunca!? - agora quem bufa e revira os olhos é ela. A ação é tão atípica nela, que faz ela parecer uma adolescente.

Abre a porta totalmente, caminha até onde estou, retira os chinelos e desfaz o coque que prendia seus cabelos e se joga ao meu lado. Seus dedos finos e quentes se entrelacam aos meus, apertando em seguida. Gosto tanto de seu toque, o qual sempre me enche de segurança. Mostra que sempre posso contar com ela. Mesmo sendo uma porta ambulante as vezes.

- Filho...

- Mãe...

Em silêncio nos fitamos. Sei sobre o que vai falar. Afinal de contas, são as mesmas palavras que diz para mim, desde me assumi   e também minha paixonite por meu vizinho. Eu não fui muito discreto no início, quase atravessando a janela para que pudesse vê - lo e foi quando me pegou no flagra.

Não tive medo de me abrir com ela, pois nunca deixou de conversar comigo sobre diversos assuntos e muito abertamente. Após nossa conversa, ela pulou alegremente no lugar, me incentivou a me declarar e ainda me ofereceu dezenas de camisinhas, as quais pegou no hospital onde trabalha. As tenho guardada até hoje.

Olho para seu rosto de traços suaves mas marcados pela dor. E percebo o quanto a amo, é tanto amor que dói em meu peito. Não sei o que faria se a perdesse também.

- Há apenas uma janela de distância entre vocês. O que te impede de falar com ele? - Não consigo não fazer uma careta. Parecendo contente com meu desconforto, ri mostrando todos os dentes. Os olhos brilhando em conjunto com os lábios.

- Ele pode não nutrir os mesmos sentimentos que eu.

É uma possibilidade que penso todos os dias.

- É um risco meu filho!

Aceno concordando. Claro que é um risco. O qual não quero correr. As aulas já terminaram, em dois meses vou morar na cidade vizinha para estudar. Mas minha paixonite vai continuar aqui. E se ele rir de mim?

- Merda!

- É a vida meu amor! - O sorriso deixou seus lábios e agora em seu rosto, só há seriedade. - Lembre - se de que ninguém é obrigado a gostar ou amar o outro. Mas sinto que ele também gosta de você. Quando estou indo trabalhar, as vezes nos encontramos e o pego olhando para cá. - A esperança tenta rastejar por mim mas me freio.

- Ele deve achar a casa bonita. - contra argumento. Nossa casa é realmente muito linda. Mamãe ri novamente, como se eu tivesse lhe contado uma piada.

- E o dono dela também. - Aperta meu nariz. Me esquivo do gesto.

- Mãe! - solto entre grunhidos.

- Se declara, beija ele e quem sabe nosso natal esse ano não seja especial? - Balança sugestivamente as sobrancelhas claras. Mas meu coração se estilhaça em meu peito.

Ano passado nosso Natal foi em um cemitério, chorando pela perda tão brusca e dolorosa do homem que mais amei na vida. Não tendo mais o que fazer na cidade onde morávamos, além da família do meu pai estar decidida a fazer de nossas vidas um inferno, decidimos ir embora. Mamãe voltou para a cidade onde nasceu, encontrando antigos amigos que nos ajudaram muito.

Sinto minha garganta apertar, relembrando a dor que é não te - lo com a gente.

- Ele não estará com a gente mãe! - entoo fracamente. Um silêncio pesa entre nós.

- Eu sei! - Uma lágrima desliza por sua bochecha. Me apresso em limpa - la delicadamente. Sempre estarei aqui para seca - las.

Era tão bonito o amor deles. Se para mim que sou filho, é quase sufocante a dor da perda. Imagino como deve ser para ela, que o amou desde que eram crianças.

Observo - a fechar os olhos por alguns segundos.

- Ainda sinto meu amor por ele pulsar em meu peito. Como se a qualquer momento eu fosse acordar e tudo isso. Esse um ano que se passou fosse um sonho ruim. - Puxo - a para meus braços. - Mas não é. Tudo é muito real e acredito que seu pai desejaria que eu fosse feliz.

Engulo em seco.

- É isso que tenho feito todos os dias. Tentando ser feliz, mesmo sem ele aqui.

- Eu sinto tanta falta dele que dói!

- Pode não parecer mas eu também sinto. - Beija minha testa demoradamente, fecho meus olhos apreciando o momento. A campainha toca, estilhaçando - o em pedaços. Nos olhamos por um segundo. - Está esperando algum amigo?

Bufo revirando meus olhos.

- Sabe que não tenho amigos, mãe.

- Deveria. - dá de ombros ainda meio deitada sobre mim.- Trouxe pizza! - minha barriga rosna.

- Por que não falou antes? - digo quase em sofrimento. Aquela massa deliciosa estava lá sozinha, me esperando. Suspiro sentindo minha boca se enche d'água.

- Não queria te tirar da sua bolha de amor! - Debocha. Jogo um travesseiro nela, que desvia do objeto voador com maestria.

- Não tem bolha de amor!

- Vai lavar as mãos, enquanto vou ver quem é.

Faço como ordenou e mal chego nas escadas. Ouço- a me chamar. Fico indeciso se vou até a porta ou se desvio primeiro em direção a cozinha. O cheiro de queijo está no ar. Mas ela me chama novamente. Me aproximo da porta e sinto meus olhos quase saírem do meu rosto ao ver a garoto com dreads, olhar intenso e ar curioso. Fico a três passos de onde estão. O que essa menina está fazendo aqui? Mamãe tem um sorriso no rosto.

Dou voz aos meus pensamentos quando vejo que ambas esperam uma reação minha. Cruzo meus braços em frente ao meu peito.

- O que está fazendo aqui? Au! - Ganho um tapa na cabeça.

- Não seja mal educado! - me adverte. - Sua amiga...

- Minha amiga? - digo lentamente, alçando uma sobrancelha em questão. Ela nem ao menos reage ao meu tom irônico.

- Vim te fazer um convite! - Quase não consigo segurar o riso de escárnio.

Deve ser alguma pegadinha. Moramos no nesmo bairro, nunca trocamos mais do que cinco palavras e agora aqui está ela me convidando para algo. É no mínimo estranho.

- Um convite....- repito só para ter certeza. Ela estreita os olhos em minha direção.

- É meu aniversário amanhã e também meu último dia do ano na cidade. E gostaria de me despedir de todos os meus amigos e colegas de classe antes de ir embora.

- Hum...- A observo mais de perto, tentando encontrar a fonte da piada.

- Então? Você vai? - diz depressa, talvez cansada de esperar.

- Não! - digo seco. Ela pisca duas vezes surpresa, talvez não preparada para minha negativa.

- Ruan! - Mamãe ralha mas dou de ombros.

- O que?

- Só aceite o convite filho! Seu sábado está livre e não vou estar em casa. - Seus olhos me imploram. - Vai ser bom sair um pouquinho não acha?

Sei que ela quer o melhor para mim. Diariamente vejo o quanto se esforça para me dar o melhor e me fazer seguir em frente mas ainda não consigo. Fazer amizade é o mesmo que abrir uma parte minha que não sei se estará aberta novamente. Não depois do que quem eu achei ser meu amigo, fez comigo.

- Sei que nunca nos falamos direito, mas estudamos juntos e até fizemos um trabalho en grupo. - Me lança um sorriso mínimo. - Eu quero realmente me despedir de todos que fizeram parte da minha vida.

Olho de minha mãe para a recém chegada. Penso em estar em um sábado, no qual esboçaria algumas ideias. Mas terei que socializar. Mas então Hugo toma todo o meu pensamento. Ele deve estar amanhã lá também, pois sempre os vi juntos na escola.

Não sorrio ao pensar nisso. Com o rosto neutro, lhe dou uma resposta.

- Vou pensar!

(....)

Rasgo mais uma folha do meu caderno de desenho, fazendo uma careta para os traços que ocupam a folha. Eles são grotescos e estão fora de eixo. Nem parece ser um desenho feito por mim, o melhor aluno de artes da sala. Bufo e passo a mão por meus cabelos que chegam ao meu ombro. Depois de comer a pizza em um estado contemplativo e nem ao menos sentir o gosto dela, lavei os pratos a pedido de minha mãe e subi para meu estúdio. Ou o quarto que uso para desenhar.

Não sai daqui desde então e não consigo pensar em nada que não seja a festa amanhã. Tenho medo que seja apenas uma pegadinha da parte deles. Mas nunca ouvi na escola e no bairro, que a garota que esteve aqui mais cedo, fosse adepta as pegadinhas ou bullying.

Eu quero muito ir, só pela oportunidade de poder ver de perto Hugo e seu sorriso que é o aspecto que mais se destaca nele. Em meus desenhos eu poderia florea - lo. E coloca - lo como alguém perfeito mas não. Hugo não tem nem 1,50 de altura, os cabelos são castanho claros e são uma bagunça encaracolada que ele não faz questão de arrumar, os olhos são de um tamanho médio e não tem nada de especiais, a não ser o castanho bonito e cheio de alegria que tem e o rosto tem seus traços suaves mas não são simétricos. E tem a boca, composta de um sorriso não feito de dentes retos. Mas que lança o sorriso mais bonito do mundo.

Uma boca que quero muito beijar.

Em uma nova folha, dou início a novos traços. Mas conforme deixo - me perder nos movimentos do lápis, vejo que não estou começando a compor um único rosto. Mas sim a duas silhuetas. Uma delas uma cabeça mais alta que a outra. Estão tão juntas que se não parar para observa- los melhor, parecem ser um só corpo. Um só ser que se completam.

Meu Deus, eu estou tão fissurado em meu vizinho que tenho medo as vezes. Em um ano estudando juntos, nunca tive coragem para falar com ele. Não as palavras que estão presas em meu interior.

Há dois toques suaves na porta.

- Ainda está aqui filho? - Mamãe surge vestindo seu hobe felpudo azul escuro, pantufas rosas e cabelos soltos.

Dou de ombros.

- Sem sono!

Ela suspira e cruza os braços contra o peito.

- Está ansioso por causa de amanhã.

- Quase isso.

- Quase?

- Sei que o verei lá. - Fecho o caderno juntamente com o lápis. Ela entra e se senta no puffe onde fiquei por horas esparramado. - Mas não sei como me comportar no meio dessa gente com quem nunca tive um contato tão...

Ela me abraça de lado. Sua cabeça se encosta na minha.

- Acho que nesse aspecto somos bem parecidos. - Bufo com um olhar incrédulo.

Amigos é o que ela mais tem. Tanto que foram eles que nos ajudaram quando chegamos a cidade sem nada a não ser uma mínima esperança de que seríamos bem recebidos. Mas eles nos surpreenderam. Na verdade toda a cidade pareceu nos abraçar. Mesmo que uma cidade pequena seja uma fonte inesgotável de fofocas, ela também quando quer une forças para ajudar quem quer que estiver precisando.

- Mãe, o que a senhora mais tem são amigos.

- Eu os fazia por tabela. - esclarece didaticamente. Rimos baixinho. - O popular da história era seu pai. Quando a família decidiu ir para outra cidade, ele foi junto para estudar. Mas prometemos nos encontrar seja onde for. Foi quando os amigos dele, se tornaram meus amigos.

- Hum...- Papai sempre me contava sobre sua história com mamãe. De como só foram ficar juntos mesmo, quando terminaram a faculdade.

Eles foram bem corajosos. Eu resistiria a distância? Balanço minha cabeça negativamente. No que estou pensando? Nem sei se meu vizinho tem a mesma orientação sexual que eu.

- É difícil fazer amigos quando não se confia em ninguém.

- Mãe eu...

- Só se dê uma oportunidade.

- Tudo bem! - murmuro e me aconchego um pouco mais em seus braços.

Mesmo tendo concordado em ser mais aberto a novas amizades, meu coração acelera brutalmente em meu peito só de pensar que estarei no meio de um monte de gente que vi por um ano inteiro mas que para mim são completos estranhos.

E ainda tem Hugo.


28/05/21
Finalmente cheguei Fronzen's. Espero que gostem. É um conto fofinho e no mês que vem chega outro livro.



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