38. UMA MUDANÇA NA HISTÓRIA
Se me perguntassem o que eu senti naquele momento...
Como explicar a dor? Todo mundo já sentiu ou vai sentir em algum momento esse sentimento intruso e destruidor. Mesmo assim, não dá pra explicar.
Eu sabia que teria que me despedir das minhas irmãs em algum momento. Na verdade, se elas não fossem bruxas habilidosas, já estariam mortas ou tão velhas que eu não mais as reconheceria.
Nós tivemos a chance de um recomeço, e agora que eu havia me acostumado a ter minha família de sangue por perto, perder Kat foi o pior que me aconteceu.
Sim, nós tivemos uma vitória, e o que restou dos vampiros frios escolheu Carlisle como representante, um governante justo, com Esme ao seu lado, mas a que preço? Perdemos entes queridos e mais da metade do contingente de frios no mundo todo foi exterminada.
Tão logo a batalha acabou, Ângela se revelou para nós, trazendo nossos filhos sãos e salvos, então os nômades se despediram, assim como o clã irlandês, o das amazonas e os romenos, que não poderiam estar mais felizes por finalmente se vingarem dos inimigos que tomaram seu poder séculos atrás. Não ficaram satisfeitos com o fato de Carlisle ser agora considerado o líder mundial dos frios, mas partiram sem alardes.
Depois de ajudar a juntar todos os pedaços de Charlotte, Jasper convidou a ela e ao Peter para ficarem com os Cullen, mas eles gostavam muito de viver no Texas e não achavam que conseguiriam se adaptar a uma dieta “vegetariana”.
Surpreendentemente, voltar para casa não foi a decisão de Benjamin e Tia, que estavam cansados de se esconderem durante o dia, apesar de admitir que seria difícil passar a beber sangue animal. Eles decidiram se unir ao clã Denali, pois voltar para o Egito e viver na mesma casa sem Amun e Kebi seria doloroso demais.
Quanto aos Denali, a perda de Tânia os deixou sem rumo. Apesar de ser a única solteira e não a mais antiga, ela era a líder, partia dela a decisão final sobre qualquer assunto. Agora composto por quatro casais (Eleazar e Carmem, Kate e Garret, Irina e Laurent, Benjamin e Tia), eles decidiram formar uma guarda para os novos governantes.
Obviamente, Carlisle recusou, dizendo que não conseguiria vê-los como subordinados, nem queria ser como Aro e seus irmãos. Éramos todos família, os Cullen e os Denali, e viveríamos juntos por causa disso, não para buscar poder e fama entre os sobrenaturais.
Para encerrar um capítulo de sua vida, Rosalie veio até nós para se despedir e pedir perdão por tudo que fez, desde a forma como me tratou durante décadas até o fato de ter ido aos Volturi nos denunciar por um suposto crime sem procurar averiguar primeiro. Ela teria nos condenado à morte se não tivéssemos minha família de bruxos conosco.
Contentes por verem sua filha perdida retornar e seguir sua vida, Carlisle e Esme a perdoaram e abençoaram sua união com a irmã dos vampiros chamados de Originais. A outra irmã, Freya, nos explicou que havia um feitiço que transformava vampiros frios em vampiros como seus irmãos: sem veneno, que queimam ao sol e com sangue de propriedades curativas.
Um bônus é que eles podiam comer e beber como humanos, podiam dormir e beber bolsas de sangue. Em suma, podiam realmente fingir serem humanos. E a companheira de Rosalie, assim como seus irmãos, adorava festejar e ser o centro das atenções. Nesse quesito, Rosalie era perfeita para fazer parte da família Mikaelson.
Ela seria transformada assim que retornassem a Nova Orleans, onde a família original morava. Era um feitiço muito perigoso e que Freya só podia realizar uma vez sem causar estragos na ordem natural, por isso pediu desculpas quando Edward e Ângela pediram para serem transformados também. A maior dificuldade deles era a alimentação.
Bella gostaria de andar no sol apenas com uma joia enfeitiçada, sem parecer um diamante ambulante. Todos nós gostaríamos, na verdade, mas estávamos bem com nossa situação. Isso nunca mudaria, não havia sentido em esperar algo diferente. Frios, pedras vivas, é o que somos, e tudo bem.
Bella, Nádia e eu nos juntamos ao clã McCarty para sepultar minha irmã em Gatlinburg, Tenessee, minha terra natal, e pude mostrar para as mulheres da minha existência a casa onde cresci. Não era exatamente a mesma, pois a primeira era humilde, uma casa térrea de três quartos pequenos, um banheiro comunal, uma sala apertada e uma cozinha minúscula. Eu dividia um quarto com Herbert e as meninas dividiam outro.
Aquela construção foi demolida quando eu comecei a mandar dinheiro pra minha família anonimamente. Katherine fez um casamento vantajoso também, então, por ser a mais velha e morar ali com sua família, ela mandou construir uma mansão de dois andares e térreo, com oito quartos/suítes espaçosos distribuídos nos andares superiores, bem como uma biblioteca com cerca de três mil exemplares entre romances, literatura clássica, botânica, política e uma vasta coleção de grimórios conquistados ao longo dos séculos pelos bruxos McCarty, desde antes do massacre em Salém.
No térreo havia uma sala de estar, uma sala de jantar, uma cozinha aberta e moderna, além de uma linda varanda. Ainda havia uma garagem subterrânea com lugar para oito carros. A mansão McCarty não perdia em nada para a mansão dos Cullen.
O quintal era delimitado por uma floresta onde toda a família se conectava à natureza para acessar sua própria magia. Não era à toa que as bruxas eram chamadas de servas da natureza. Minha filha tinha essa magia em seu sangue, e minha irmã Melina a ensinaria a controlar seus dons, assim como Freya ensinaria meu sobrinho Elliott.
Foi difícil passar um tempo na presença do restante do clã McCarty, pois todos sentiam a mesma dor pela perda de Katherine e de outros sete membros da família que se sacrificaram para que os McCarty’s ficassem em segurança.
Apesar de muito nova, Nádia entendeu que o momento do sepultamento e do ritual que se seguiu era solene, e que ela fazia parte disso. De fato, ambos estaríamos ligados ao clã para sempre, pois era a nossa existência que garantia a vida de cada um deles.
Um mês após o sepultamento de Katherine, nós voltamos para casa.
Foi bom conhecer o restante da família e ver a forma como as outras crianças incluíam Nádia nas brincadeiras, entendendo que ela era diferente, mais madura do que sua aparência de bebê mostrava. Também foi interessante aprender a acessar minha magia, mesmo sendo uma aberração da natureza, e controlar meu dom para não me tornar perigoso aos que me cercavam, mas nossa família vampira também precisava de nós, e estávamos com saudade.
Quando chegamos ao Alaska, Alice estava preparando uma festa para a “coroação” simbólica de Carlisle. Era o início da primavera, e ela escolheu uma enorme clareira florida onde organizou mais de cem assentos, além de dois tronos simples de madeira e estofados, belamente ornamentados com arabescos dourados.
Carlisle ficava dizendo que isso era um exagero, que ele não precisava de trono, mas quando Alice colocava uma ideia na cabeça, não tinha quem tirasse.
Então os convidados começaram a chegar. Todos os vampiros aliados na batalha contra os Volturi vieram, exceto, é claro, Vladimir e Stefan. Também vieram outros que eu não conhecia, e que Jasper afirmou serem os restantes dos nômades, bem como os clãs de frios do mundo todo que não foram exterminados pelas filhas de Lilith. Até os Mikaelson estavam ali, e Rosalie parecia feliz com Rebecca.
Melina, seus dois filhos, os filhos de Katherine e os de Herbert vieram representando o clã McCarty. Outros clãs de bruxas, incluindo o clã Bennett, representado pela jovem Bonnie, também marcaram presença.
Não foi sem os arquejos de surpresa dos frios desconhecidos que Sam, seu beta Jared e Jacob, com sua beta Leah, se aproximaram do clã McCarty, onde Jacob beijou Primrose e não a soltou mais durante a festa.
Também vieram alguns homens estranhos, com o sotaque de Nova Orleans, liderados por uma mulher de cabelos negros e olhos cor-de-mel. Eles chegaram pouco depois dos Mikaelson, e a mulher segurava a mão de uma garotinha que correu para os braços de Klaus, chamando-o de pai. Depois, surpreendentemente, a mesma mulher foi beijada... por Elijah.
Mas a menina tinha chamado a mulher de mãe, então... É, parece que os Cullen não eram a única família em que dois irmãos disputaram a atenção de uma mulher. Embora eu não entendesse como Klaus, sendo um híbrido de vampiro e lobo, conseguiu engravidar uma híbrida como ele. Será que foi um feitiço como o que Prim fez na Bella?
Ouvindo meus pensamentos, Primrose respondeu que Halley era uma lobisomem quando engravidou de Klaus, cujo lado lobisomem também podia procriar. Nossa família ficou chocada, pois isso significava que aqueles eram os tão misteriosos filhos ou “crianças” da lua, como os Volturi chamavam, por considerá-los bebês, comparados com a idade milenar de Aro, Marcus e Caius.
Hope, a filha de Klaus e Halley, era uma híbrida de vampiro, lobisomem e bruxa, mas apesar de muito poderosa, não chegava a ser como Nádia, que poderia procriar com qualquer ser no futuro e ainda ter filhos imortais. Hope podia ser ferida mortalmente, Nádia tinha o corpo resistente como rocha, muito difícil de ser ferido.
Por último, chegaram três grupos de homens, tão grandes quanto os quileutes, mas claramente de outras etnias nativas. O primeiro grupo parecia com uma tribo africana, mas eu não tinha certeza. O segundo grupo tinha pele avermelhada e feições parecidas com as Amazonas. O terceiro era de homens brancos e cabeludos que pareciam Vikings.
Alice nos contou que eram metamorfos como os quileutes, mas os europeus se transformavam em ursos, os africanos em hipopótamos e os indígenas em onças pintadas, grandes felinos amazônicos. Quando eu ri imaginando os caras se transformando em hipopótamos, Alice me repreendeu, dizendo que hipopótamos tinham força de mordida e agressividade bem superiores aos leões, eram muito velozes, territorialistas e os responsáveis pelo maior número de mortes humanas na África, mas não os metamorfos, é claro, que só matavam caçadores e seres sobrenaturais.
Quando chegou a hora, Eleazar fez um discurso sobre como os acontecimentos de um mês atrás mudaram para sempre a história do mundo sobrenatural. Três bruxas responsáveis pela criação de todos os sobrenaturais existentes, e que caçavam suas próprias criações, agora estavam permanentemente impossibilitadas de fazer mal a quem quer que fosse, e os frios que se auto intitularam reis, escondendo de seus iguais a existência de outras espécies sobrenaturais e liderando com tirania, também estavam destruídos.
— Os Volturi só queriam status e poder — prosseguiu ele. — Não estavam preocupados com sua própria espécie, tanto que entregaram quarenta de nós nas mãos das filhas de Lilith, assim como tentaram matar nossa família e pretendiam caçar a cada um de vocês com a ajuda de seu rastreador, em um acordo sórdido com as bruxas malignas para que só eles fossem poupados.
“Quando percebemos o que iria acontecer, contamos com a ajuda das bruxas para acabar com a ameaça. Todos nós somos testemunhas do que ocorreu aqui, e isso deixou uma marca indelével na nossa história. Quantos de nós perdemos entes queridos por causa da ganância de alguns? Isso acaba hoje!
“Nossa espécie precisa de líderes justos que nos guiem, e como aqueles que lutaram pela sobrevivência dos frios, nós escolhemos Carlisle Cullen e sua esposa Esme para serem os nossos representantes, que a partir de agora cuidarão das leis para o nosso bem-estar e a convivência harmoniosa com outras espécies sobrenaturais.”
Ele encerrou seu discurso e se afastou para que Carlisle ficasse sozinho com Esme no palanque feito por Alice. Eles ignoraram os tronos e permaneceram em pé enquanto Carlisle dizia:
— Estamos reunidos hoje com o objetivo de fazer alianças com os outros povos sobrenaturais, e para isso precisamos acrescentar algumas leis com relação aos humanos cujo sangue serve de alimento para a maioria de nós.
Uma onda de burburinhos começou entre os frios, mas Carlisle os calou com um gesto.
— As leis antigas continuam em vigor. Nada de crianças imortais, nada de expor nossa existência aos humanos, isso inclui a criação de exércitos de recém-criados, que está proibida a partir de hoje.
Uma mulher de traços latinos, muito bonita, se levantou do meio dos visitantes, ladeada por dois vampiros com jeito de soldados. Jasper rosnou e segurou Alice, que sibilou, furiosa.
Eu levantei uma sobrancelha ante essa pequena cena de descontrole. Alice não era de se comportar de forma deselegante em frente a convidados, ainda mais sendo uma das anfitriãs, afinal, a festa foi ideia dela.
Ao ouvir Bella resmungar “puta descarada” ao meu lado, eu me virei para ela, mas antes que pudesse perguntar, ouvi a voz excessivamente doce da vampira latina.
— Vossa Majestade também nos proibirá de defender nossos territórios de caça? Afinal, é para nos defender de concorrentes que os exércitos são criados.
— Não há mais guerras por território de caça há décadas, Maria — Jasper respondeu, e eu entendi a reação da Alice e da Bella. Aquela era a criadora de Jasper. — Você sabe muito bem disso, já que expulsou ou matou todos os vampiros do México e arredores, e quase todos os que viviam no Texas. Isso já faz o quê? Cinquenta anos?
A vampira sorriu.
— Major, minha criação mais duradoura. — Os dois grandalhões ao lado dela rosnaram. — Sem ciúmes, meus queridos. Vocês estão comigo agora. O Major... perdeu sua força ao escolher se alimentar de coelhos.
— Você vai ver onde eu vou enfiar um coelho, sua... — Alice começou, mas Carlisle interrompeu.
— Senhorita Maria, os exércitos de recém-criados estão proibidos por representarem um grande perigo de exposição. Antigamente havia apenas rumores trocados por uma população supersticiosa, mas hoje existem formas de documentação de fatos bem-desenvolvidas, assim como armas muito eficazes para nos destruir.
“Quanto aos... territórios de caça... Não posso proibir ninguém de se alimentar de humanos nem forçá-los a beber de animais. Porém, é preciso alertá-los de que os metamorfos e as bruxas aqui representados são os responsáveis por manter o equilíbrio da natureza, isso inclui proteger os humanos dos quais vocês se alimentam, mesmo que isso signifique eliminar as ameaças.”
— Então o que vai acontecer? — Maria questionou. — Seremos punidos por querer sobreviver?
— Eu não vou matar minha própria espécie, se é isso que você está perguntando — declarou Carlisle. — Mas não posso impedir os metamorfos e as bruxas de fazerem isso se acharem necessário.
Outra vez se ouviu o crescente burburinho entre os convidados, mas Carlisle continuou:
— Em favor da paz entre vampiros, bruxas, lobisomens e metamorfos, a criação de novos vampiros está proibida, exceto em casos de quase-morte, se não houver outra forma de salvar a vítima, e apenas se ela aceitar. Nesses casos, a conduta do neófito será de exclusiva responsabilidade do criador, que o ensinará as regras para evitar risco de exposição. Caso o recém-criado não se comporte como deve, ele e seu criador serão entregues aos metamorfos e às bruxas para serem punidos conforme o julgamento deles.
— E como iremos nos alimentar e garantir a perpetuação da nossa espécie se ficarmos à mercê deles? — insistiu Maria.
— Não precisamos nos perpetuar, já somos imortais — falou Alice. — Pra quê ter mais de nós? Ou você se preocupa com a quantidade de presas ou com a quantidade de predadores. Decida-se.
Dessa vez foi Maria que rosnou. Carlisle continuou como se não tivesse sido interrompido.
— Quanto à alimentação, os metamorfos garantiram que não vão interferir se as presas forem condenados do corredor da morte, afinal, estes foram julgados pelos próprios humanos e considerados incapazes de terem convivência social. As bruxas também têm uma solução para esse problema. Por favor, Melina.
Minha irmã subiu no palanque e mostrou uma garrafa de vidro escuro com um líquido espesso. Abriu a tampa e um cheiro delicioso se espalhou, levado pela brisa que soprava na clareira. Isso despertou a sede de cada vampiro ali, até dos irmãos Originais.
— Isso é uma bebida que eu desenvolvi com base em sangue humano doado nos hospitais. Inicialmente era uma forma de não matar meu irmão, pois ele teve seu período complicado e eu tinha a responsabilidade de matá-lo. Em vez disso, acreditei na sua força de vontade de fazer o que era certo, e há décadas venho compondo e testando algo que substitua o sangue humano, mas que tenha o mesmo cheiro, sabor e nutrientes necessários aos vampiros. Finalmente eu consegui.
— Ah, é? — Maria deu um sorriso debochado. — E nós temos que acreditar que uma bruxa se esforçaria tanto e por tanto tempo para prover o bem estar dos vampiros que ela odeia?
— Não pelos vampiros, não. Por um vampiro, meu irmão, a quem eu amo de todo o coração. — Ela olhou para mim e sorriu com carinho, uma rara demonstração pública. — Eu fiz para que ele parasse de sentir a dor constante que a falta de sangue humano causa em sua garganta.
— E como você sabe que funciona? — Dessa vez a pergunta partiu de Siobhan, a líder do clã irlandês.
— Como vocês sabem, Bella e Emmett tiveram uma filha, mesmo sendo dois vampiros, por causa de uma intervenção de magia. Mas vocês apenas testemunharam o crescimento da Nádia, não a gestação dela. Durante os meses em que Bella esteve grávida, precisava de nutrientes humanos e de sangue, mas minha sobrinha rejeitava sangue animal, e não podíamos apenas trazer pessoas para a Bella drenar, então eu dei a ela esse composto, que precisava ser feito todos os dias e consumido fresco.
“Depois que Nádia nasceu, Bella voltou a ter corpo de vampira, então eu tinha que alimentar minha sobrinha com sangue humano e com essa bebida. Ela ainda toma isso todos os dias, nunca precisou drenar animais ou pessoas. E agora eu recebi ajuda de Freya Mikaelson e Bonnie Bennett para que o composto não precise ser feito todos os dias, mas se mantenha fresco durante meses.
“Ninguém é obrigado a tomar, mas essa seria uma solução para quem não quer machucar humanos. Além disso, tomando esse ‘sangue’, vocês não correm o risco de serem perseguidos e mortos pelos metamorfos. Lembrem-se que eles têm o dever de proteger os humanos, assim como as bruxas devem manter o equilíbrio na natureza, então se é para ter um acordo de paz entre nossas espécies, todos devem fazer alguma concessão.
— E qual seria a concessão das Crianças da lua, por curiosidade? — perguntou um nômade de traços mediterrâneos.
— Os filhos da lua se transformam durante a lua cheia, como todos sabem — respondeu Carlisle. — Durante a transformação, não reconhecem ninguém, podem matar até seus entes queridos. E se sentirem cheiro de vampiro, eles vão perseguir até conseguir matar o inimigo. Com a nova aliança, as bruxas farão uma contenção mágica para que eles não ataquem ninguém, inclusive impedirá a transmissão do vírus, e em troca, os lobisomens serão de linhagem pura, os que já nascerem assim, e nunca mais serão caçados nem mortos por vampiros. Isso vale para as duas espécies de vampiros que existem.
Vi Klaus assentir com a cabeça, então Melina voltou a falar:
— Vocês devem se perguntar o que as bruxas ganham com isso. É simples. Nós mantemos o equilíbrio da natureza, fazemos a nossa parte, e não seremos mais perseguidas por nenhum outro ser sobrenatural. Chega de mortes e perdas. Só queremos viver em paz, em harmonia com a natureza, como sempre deveria ter sido.
Carlisle fez um sinal para que todos prestassem atenção e concluiu:
— Muito bem, agora colocadas as leis para o acordo de paz, todos os representantes de clãs ou nômades que quiserem participar, devem assinar e deixar uma gota de seu sangue, ou no caso dos frios, de seu veneno, em um contrato que será selado com magia. Aqueles que não quiserem, podem ir em paz. Vocês não serão perseguidos, mas também não serão protegidos por nós, então eu sugiro que se mantenham longe de metamorfos e de bruxas.
Maria se levantou, resmungando com deboche:
— Suponho que podemos nos adaptar na Ásia ou na Austrália.
— Eu não teria tanta certeza — Toshiro falou alto. — Não acho que os tigres asiáticos vejam com bons olhos vampiros caçando em seu território. E eles não estão aqui para participar da aliança, então devemos supor que não vão querer saber se vocês estão famintos ou não.
— Isso sem falar dos metamorfos da Austrália — disse Jacob. — Imagina ter todo o seu corpo quebrado por cangurus bombados.
Maria retorceu os lábios em uma feia careta, o que causou algumas risadas de Alice, Peter e Charlotte. Com uma última olhada para Jasper, e então para os metamorfos que a encaravam, ela fez um sinal para seus acompanhantes e saiu pisando com força, arrancando nacos de grama com seus saltos.
— Eu vou arriscar! — E os três dispararam em uma corrida para a direção do oceano.
Bella, que brincava com Nádia ao meu lado, olhou para Jacob com um sorriso zombeteiro.
— Cangurus, é?
O lobo deu de ombros.
— Nem sei se tem alguma tribo aborígene com espírito animal, só queria que aquela vampira metida a besta fosse embora com o rabo entre as pernas.
Primrose riu e comentou:
— Até onde eu sei, os metamorfos da Austrália se transformam em crocodilos. E eles são tão grandes que inspiraram filmes de terror.
— Tá brincando comigo? — Jacob riu, parecendo nervoso.
— Não. Eles não são amigáveis e nunca saem de seu território, por isso se recusaram a vir. Para eles, vampiros são inimigos, e outros transmorfos são invasores. Querem um conselho de uma bruxa que ficou cara a cara com eles na infância? Se forem visitar a Austrália, fiquem longe do norte. Vocês não querem ver um deles, e menos ainda todos os que se transformam na tribo.
Ela parou de falar e fez um gesto para onde Siobhan estava. A líder irlandesa tocou na própria língua e tirou uma gota de veneno espesso que foi levado até o papel do tratado de paz.
Jacob fez uma careta de nojo e Primrose o repreendeu.
— Esse é o momento mais importante da história sobrenatural. Se comporta, alfa Black. E vai para perto do Sam. Depois dos líderes frios, é a vez de vocês.
Ele foi resmungando para onde Sam conversavam com o líder dos metamorfos ursos.
— De fato, esse é o momento mais importante da nossa história — eu refleti em voz alta, olhando para minha esposa e minha filha. — Estou feliz porque estamos aqui, juntos e mudando o futuro de todo o mundo sobrenatural.
Bella se aconchegou em meu peito e Nádia pulou para o meu braço esquerdo. Eu abracei as duas com carinho.
— Estou feliz por ter minha família comigo — Bella declarou e deu um lindo sorriso.
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