Penúltimo Capítulo
Guilherme narrando.
No momento que meu rádio tocou, e o JJ disse que era invasão, meu coração se apertou.
Eu sabia que essa história do morro tá tranquilo, sem invasão nenhuma em tantos meses, era uma emboscada do Cão. Ele tava armando de me matar.
Na minha cabeça só passava a segurança da minha família, por isso tranquei a casa toda.
Eu, FA, Menor e Rabicó descemos voados, precisávamos chegar na boca e em alguns lugares aonde nós escondia as armas pesadas.
––– Bora se separar porra, eu e FA vamo pra boca e vocês dois vão nos outros pontos, atira em tudo que é Alemão... Deixa a cabeça dele e dos filhos pra mim ––– Falei entre os dentes.
Eles assentiram
––– Fé aí irmãos, ninguém toma nosso morro não ––– O Menor bateu em meu ombro
Eu e FA subimos na moto e cambamos pra boca. A gente chegou mais voado que foguete, arrombou tudo e já foi pra sala de armas e munições.
Não tinha um morador do lado de fora.
––– Tou pronto ––– O FA disse colocando a fuzil em ponto
––– Bora defender o que é nosso parceiro ––– A gente fez toque.
Assim que sai, vi uns bostinha de soldado Alemão querendo apontar a arma pra meu lado, logo pra mim.
Mirei nas testa e pah, o sangue era o que se via. Sabia que hoje ia ter banho nesse morro, e não ia ser da minha comunidade, nem que eu tivesse que dar o meu.
Sai cortando alguns becos em cima da moto, e encontrei a galera lá em baixo.
––– Cão mandou proteger a mulher e os filhos ––– JJ disse quando eu encostei
––– Quem tá ajudando ele nesse caralho? Ele nunca foi forte assim. ––– O Menor falou mirando a arma na cabeça de um
––– O irmão dele pow ––– JJ respondeu.
Felipe me encarou e pela primeira vez, eu vi preocupação em seu olhar com uma invasão.
Não ia ficar no aglomerado, tinha que chegar perto do Cão. Aquele viado é meu, e só por tentar prejudicar minha família, eu vou acabar com ele.
Não foi fácil perdoar minha mãe, eu passei meses sem olhar nem nas fuça dela. Mas uns dias antes de arrumar aquele casamento com a minha neguinha, eu tinha procurado ela e claro, tentado entender os seus motivos. Claro, é difícil entender, mas eu me pus no lugar dela, pensei que se Maria Laura estivesse na mira daquele demônio... O que eu faria?
Aí justamente em um dos dias mais felizes que eu tenho, esse viado do cão vem embaçar? Vai te foder.
Depois de matar não sei quantos, nem sinal do Cão... Nem tão pouco, do irmão dele.
Sabia que ele ia está me esperando em um lugar, o único.
💭Minha casa 💭
Sai cortando um beco e chegando na rua 7, eu tava um pouco longe de casa. Tinha deixado minha moto em um beco qualquer pra despistar aquele filho da puta, eu juro que se ele tentou entrar na minha casa, se ele fez algo contra a minha família, eu vou caçar ele até no inferno.
Trombei com alguém, na verdade com três corpos. Seu olhar estava assustado.
––– Por Favor... Não, Não me mata... Não mata meus filhos, eles não tem culpa de nada ––– A Mulher pediu desesperada.
Olhei pra ela e depois pra os moleque. Um tinha mais ou menos 3 anos, o outro parecia ter 1 ano.
Os bacuri eram a cara cagada e lavada do infeliz. Me toquei na hora, aquela era a mulher do bosta do Cão.
––– Por Favor GA, tem piedade uma vez na tua vida... Eu não amo aquele infeliz, mas tu sabe que uma vez fiel a gente só deixa de ser quando vocês enjoam da cara da gente, eu odeio o cão com todas as minhas forças, mas não mata meus filhos... Eles são crianças GA, pensa na tua filha ––– Ela tava chorando.
Porra, te dizer viu? Na hora que ela falou de Maria Laura, foi exatamente no que eu pensei. Sabia que Lucy estava protegendo nossa filha em casa, mas eu novamente pensei... E se fosse Lucy na mira do Cão?
––– Presta atenção, tu tira esses pirralho daqui... Tou fazendo isso por eles, e porque eu vi sinceridade em tu... ––– Nem terminei de falar.
Na mesma hora eu vi um dos meus soldados apontando a arma pra ela.
––– Abaixa porra, ela é inocente ––– Gritei
––– É Alemão chefe ––– Me peitou
––– Tou mandando abaixar porra ––– Gritei mais alto.
Os bacuri que já tavam assustado, se assustaram mais com meu grito e começaram a chorar. Ele tava apontando a arma pra o mais velho.
O soldado não me obedeceu, e como eu odeio quem tenta passar por cima das minha ordens, atirei nele antes que ele atirasse no menino.
Os olhos do menino me encararam com intensidade, aposto que ele não tava entendendo nada o que aconteceu.
––– Cuida dos teus filhos, esconde eles ou tenta sair desse morro... Teu marido vai rodar, tenha certeza que ninguém derruba o GA, quem me mantém de pé, sabe que eu tenho uma missão ainda, nem que eu morra amanhã, mas hoje eu não morro ––– Falei convicto.
Não escutei mais nada, sai daquele beco a deixando pra trás.
Subi pra rua da minha casa, cortando becos e vielas. Eu tava com ódio daquele infeliz, e hoje eu ia descontar tudo.
Cheguei quase em frente a minha casa, no momento que ele também chegou. Ele tava só, nem sinal do tal irmão.
Eu lembrava desse papo cabreiro, aquele lá o que se dizia chamar Pablo, morreu dizendo que tinha um irmão do meio. Só podia ser esse aí.
Bala comia no centro, a única coisa que me importava era aquele infeliz chegando perto de minha casa.
––– Ora, Ora se não é o grande GA ––– Falou com deboche
––– O que tu quer em Cão? ––– Perguntei com ódio
––– Isso é meio óbvio não? Eu quero tua cabeça GA.
––– Então, isso tu nunca vai ter ––– Apontei minha arma pra ele.
––– Abaixa essa arma agora GA, tu não vai querer que eu entre na tua casa e pipoque a carinha da tua mulher nem da tua filhinha né não? ––– Perguntou com um sorriso nos lábios
Eu podia muito bem atirar nesse filho da puta, mas sabia que ele tava com esse irmão dele. Se eu atirasse eles podiam tá na tocalha, só esperando a hora de vir pra cima.
Não podia colocar a vida da minha família em risco, não mesmo.
Então pensei em um plano, vou esperar o confronto lá em baixo amenizar, por enquanto, vou fazer o jogo do Cão.
Abaixei minha arma e me ajoelhei em sua frente, colocando as mãos na cabeça.
––– ANDA SEU FILHO DA PUTA, ME MATA LOGO... NÃO É O QUE VOCÊ QUER, ME MATA ––– gritei
––– EU NÃO VOU TE MATAR TÃO FÁCIL ASSIM NÃO GA, PRIMEIRO EU QUERO MATAR TUA FAMÍLIA, BEM NA TUA FRENTE... DEPOIS, EU TE MATO ––– Ele também gritou.
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Clarissa (fiel do Cão) narrando.
Quando me casei com Cão, foi pouco tempo depois dele assumir o Alemão. Eu era moradora de lá, minha família passava por difículdade e eu vi nele a melhor forma de fugir de todas elas.
Eu sabia que era uma escolha sem volta, aceitar ser fiel de um traficante tão perigoso, é algo sem volta.
Eu sentia algo especial por ele, a convivência faz isso. Eu, uma amante que se tornou a favorita e pouco tempo depois a fiel, podia fazer o quê queria, na hora que queria.
Me iludir tanto com esse pensamento. Cão nunca me amou, ele me tinha como favorita sim, mas amor de verdade, ele só teve pela Germana. Sim, eu tenho conhecimento de sua existência, e até fui visitá-la um dos dias que ela teve em sequestro lá no complexo.
Ela me aconselhou bastante, me disse que eu não precisava viver de cabeça baixa pra tudo que o Cão faz, que eu tinha que pensar em meus filhos.
Sim, meus filhos. Quando Cão trouxe Muka pra casa, foi amor a primeira vista. Eu nunca, nunca ia deixar uma criança abandonada. Eu sabia da existência de Donatela, uma amante que se tornou fixa e favorita dele. Até achei que ela seria capaz de apagar Germana da cabeça e coração de Cão, torcia todos os dias pra que ele assumisse ela como fiel, mas ele nunca fez.
Até um dia que soube que ele a estuprou, ela me pediu ajuda e eu lhe dei. Ajudei ela a sair do Complexo, com a promessa de não voltar mais.
Era horrível ser tão humilhada, com o tempo, aquele sentimento bonito que eu passei a ter, foi murchando. Junto com as surras, humilhações, e ofensas gratuitas, veio o nojo, ódio e repulsa.
Se o GA acha que odeia o Cão, é porque ele ainda não viu o meu coração. Eu o odeio 100 vezes mais.
Eu amo Muka, mas pensem, há humilhação maior pra uma mulher do que ter que criar o filho da amante?
Encarei a silhueta do GA deixando o beco, ele tinha mesmo poupado a minha vida e dos meus filhos. Tudo o que eu disse foi com sinceridade, eu odeio Cão, e se eu tivesse uma chance de mata-lo, eu o mataria sem pensar duas vezes.
Balancei Léo em meu colo, ele estava mais desesperado que Muka, por ser mais novo.
––– Mamã... Medo ––– O Muka falou me abraçando apertado minhas coxas.
––– Vem cá filho ––– Puxei ele pra trás de algumas sacolas ––– A Mamãe precisa resolver um assunto, aquele moço foi bonzinho demais não foi? ––– Ele assentiu ––– Então, mamãe tem que agradecer a ele de alguma forma, segura o Léo... Não sai daí, só sai quando a mamãe voltar pra buscar vocês ok? ––– Ele assentiu.
Entreguei Léo sem jeito pra ele, Muka ainda é muito novinho. Nem sabia como segurar.
Beijei a testa deles, e escondi mais, atrás de algumas sacolas.
Assim que sai do beco, me agachei e levantei a perna da minha calça. Tirei minha pistola, eu sabia que ia precisar dela.
Sai apontando a arma pra tudo o que era lado, eu não tinha medo de matar. Principalmente matar, quem eu ia matar. Eu não ia dar esse gostinho a ninguém, ele era meu. É na minha mão que ele vai morrer.
Tive que matar alguns da Rocinha, que apontaram arma pra mim. Eles já deviam saber que eu era a fiel do Cão.
Subi o morro, cortando algumas vielas e alguns becos, eu precisava chegar aonde queria.
Na parte de baixo do morro o confronto comia solto, era barulho de tiro pra todo lado.
Bernardo estava lá em baixo, sabia que estava. O Cão mandou ele ficar em baixo, seria mais fácil pra ele fugir caso alguma merda acontecesse.
O Cão me mandou ficar lá por baixo também.
Agora eu pergunto, que espécie de louco obriga mulher e filhos a participar de uma invasão? O Cão.
Fui chegando na casa principal. A casa do GA.
Me escondi em um beco, um bem próximo da casa.
De longe vi o Cão apontando uma arma pra o GA, o mesmo tava ajoelhado e com as mãos na cabeça.
Tava na hora de eu decidir, quem eu retribuía. Ao Cão, que me tirou da pobreza, me deu casa, comida e todos os anos de infelicidade. Ou ao GA, que sempre acabava com a paz do morro com essas trocas de invasões, mas que poupou minha vida e a vida dos meus filhos, minutos atrás.
Segurei bem minha pistola, e vi o GA recebendo um soco do Cão, ele devia está desarmado mesmo. Ou preparando alguma surpresa.
Eu estava decidida a mata-lo, não importa as consequências. Acho que o Cão devia ter dado ordens pra ninguém subir. Como um bom palhaço, ele queria o show todo pra ele. E ele tava conseguindo, GA em sua mira, e toda a família do seu maior inimigo em um único lugar.
Pude ver em uma das janelas, a silhueta de uma mulher linda, jovem e ela olhava atentamente tudo. Claro que ela estava encolhida.
💭Aquela só pode ser a esposa do GA💭
Como qualquer fiel, eu fui treinada pra tudo. Eu sabia lutar, sabia atirar, sabia proteger o que era meu. E naquele momento, eu ia proteger a única coisa boa, que o Cão foi capaz de me dar nesses anos. Meus filhos.
Me aproximei cautelosamente dos dois, o GA já tinha me visto, mas eu sinalizei pra que ele permanecesse em silêncio.
Apontei a arma pra o infeliz.
––– Ninguém te mata não, tu é meu... Só quem te mata, sou eu ––– Permaneci firme em minha posição.
Apertei o gatilho e um barulho alto de tiro foi escutado.
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