Capítulo 47
Guilherme narrando
Encarei ela sem entender porra nenhuma do que ela tava falando.
💭Minha tia só pode ter fumado a maconha do FA toda💭
––– Que brincadeira é essa tia? ––– A Jhessyka perguntou mais desnorteada do que eu
––– É mãe, que brincadeira é essa? ––– O FA falou com a testa franzida
Minha tia suspirou. Parecia que ela tava juntando todas as forças dela.
––– Não tem brincadeira nenhuma, eu tou falando a verdade ––– Seus olhos já estavam enchendo de lágrimas
––– Como assim não tem brincadeira tia? A senhora tá fumando? ––– Perguntei já me exaltando
––– Não tem brincadeira Guilherme, eu sou tua mãe ––– Ela suspirou ––– Eu tinha 13 anos quando comecei a namorar teu pai, a gente se amava muito... Eu sempre soube que a Suzana gostava dele, eu me sentia culpada muitas vezes, mas o que eu podia fazer? A gente não manda no coração... Quando eu completei 15 anos eu me entreguei a teu pai, nossa foi o dia mais feliz da minha vida; Alguns dias depois, eu peguei ele na cama com a Suzana, foi a mesma coisa de uma facada, eu pensei que ele havia me traído, foi como se tivessem me rasgando por dentro, Não demorou muito pra ele assumir a Suzana como fiel, acho que ele teve raiva por eu não acreditar em sua palavra, eu também me envolvi com o pai do Felipe. Dois anos depois a gente teve uma recaída, a Suzana descobriu tudo quando me viu saindo do posto, eu tinha ido fazer o exame de sangue, ela me ameaçou contar ao Plínio e ao meu marido, eu me desesperei, eu sabia que o Plínio ia querer que eu voltasse pra ele, mas eu era casada com um homem que me amava, que era fiel e que fazia tudo por mim ––– Suspirou
––– A senhora escondeu que o filho era do meu pai? Mas o que aquela filha da puta tem a ver com tudo isso? ––– Perguntei confuso
––– A Suzana não podia ter filhos, ela... Ela ameaçou contar aos meus pais que eu tava grávida de um homem que não era meu marido, de contar ao Plínio e fazer ele roubar meus filhos, ela disse que só não contaria se... ––– A Jhessyka interrompeu
––– Se o quê? ––– Perguntou chocada
––– Se eu entregasse o meu filho a ela... Ela ameaçou de te matar, de me matar... Eu não podia contar, em um momento de fraqueza eu acabei sedendo ––– Ela começou a chorar
Eu tava sem saber o que falar... Minha tia que eu sempre considerei como mãe, é a minha mãe.
––– Ela inventou uma barriga falsa, disse ao Plínio que o filho era dela e no dia que tu nasceu meu menino ela te tirou dos meus braços ––– Soluçou
––– Porque eu não me lembro? ––– O FA perguntou chocado
––– Tu era muito pequeno filho, eu inventei uma viagem pra teu pai, passei toda a gestação na casa de uma tia da gente, no interior de São Paulo ––– Falou entre lágrimas.
Olhei pra Lucy, que me olhava com pena. Quando a Lucy fica chocada com alguma coisa, ela junta as sobrancelhas... Ela tava assim.
Eu já tinha tirado ela do meu colo, no momento que minha tia começou a me contar tudo.
Ela me viu olhando pra ela, e num ato rápido segurou minha mão.
––– E eu? Qual a minha história? ––– A Jhessyka gritou
––– Sete anos depois, eu acabei descobrindo tudo e perdoando o Plínio, mas eu não podia contar a verdade do Guilherme pra ele. Ele me odiaria por isso... Era uma noite de baile, eu tava pra me separar do meu marido, minhas amigas tinham me chamado... Eu fui, mas lá peguei o Plínio com uma piranha, eu sabia que ele pegava todas, mas aquilo me doeu. Eu acabei bebendo e sai do baile sozinha, no meio do caminho um homem me agarrou e me estuprou.... ––– A Jhessyka arregalou os olhos.
Minha irmã começou a tremer, sabia que esse assunto de estupro era algo pesado pra ela. E agora sabendo que foi concebida de um estupro.
––– Eu... Eu... ––– Ela não conseguiu terminar. O moleque abraçou ela de lado.
––– Eu tive depressão na gravidez, tentei matar o bebê três vezes e não consegui, o Plínio sempre chegava na hora certa de me salvar, ele sempre dizia que o bebê não tinha culpa... Quando a Jhessyka nasceu eu não conseguia nem olhar pra cara do bebê, eu sempre me lembrava do que aquele imundo me fez... ––– Eu interrompi ela
––– Quem Germana? Quem te estuprou? ––– Gritei
––– O Cão ––– Ela gritou ––– Ele tava bêbado e dogrado, aposto que ele nem lembra que fez isso... O Plínio declarou guerra a ele, foi quando ele sumiu da Rocinha e invadiu o Alemão, matou o dono e assumiu o morro ––– Ela abaixou a cabeça ––– Me perdoa minha filha, me perdoa... Eu não conseguia, eu tava depressiva, o Plínio ofereceu cuidar de tu e eu aceitei, te dei novamente nas mãos daquela cobra ––– Terminou de falar chorando.
Todo mundo tava chocado, todos olhavam pra mim e pra minha irmã com pena.
Minha tia tava chorando, a Jhessyka também.
Por mais que eu não quisesse, eu também estava.
Eu sentia que toda a minha vida vivi uma ilusão. Aliás, eu vivi uma ilusão. Toda vida eu não entendia o porquê da minha mãe não me amar, da minha tia me amar mais que ela, de muitas vezes me dar mais amor que ao Felipe que era o filho dela.
Eu achava que ela fazia isso pra compensar tudo o que a Suzana não me deu, mas não. Ela tava me dando o que ela mesmo negou me dar, amor de mãe.
––– Porque tu deixou eu sofrer? Eu era só uma criança porra, eu tinha oito anos de idade, sabe o que é isso aqui? ––– Levantei minha camisa e mostrei minha cicatriz da queimadura ––– A vagabunda da tua irmã, a mesma que tu teve coragem de me entregar, me deu uma surra tão grande e me queimou com cigarro ––– Gritei
––– Me perdoa meu menino, me perdoa ––– Ela disse entre lágrimas.
Seu choro era alto. Ela levantou e caminhou até mim, tentando me tocar, mas eu me afastei.
––– Tu não toca em mim, tu mentiu pra mim, tu me deixou sofrer esses anos todos com o peso de saber que minha mãe, a pessoa que devia me amar mais que tudo me odiava e eu não sabia o motivo ––– Falei com ódio nas palavras
––– Eu não sabia, eu não sabia que ela fazia aquelas coisas com tu, eu te juro Guilherme, eu não sabia ––– Disse desesperada
––– Foda-se que tu não sabia, depois tu soube e nunca foi capaz de amenizar minha dor não foi? Tu sempre soube ––– Cuspi as palavras
Ela abaixou a cabeça, provavelmente não tinha o que falar.
Minha menina começou a chorar alto, ela chorava desesperada mesmo pow. Minhas veias ferveram dentro de mim.
––– Vem Germana, acho melhor eu te deixar na casa da minha mãe hoje ––– O Lucca se aproximou dela
––– Não ––– Ela gritou ––– Eu só vou embora quando souber que os meus filhos me perdoaram ––– Se afastou do pirralho
––– Te perdoar? Eu nunca, vou te perdoar ––– Gritei ––– Nunca... Some da minha casa, esquece que tu tinha filho, eu já fui acostumado a nunca ter uma mãe mesmo, já tou acostumado ––– Falei com frieza
––– Não fala isso Guilherme ––– Ela disse entre lágrimas
––– Some da minha casa ––– Apontei pra porta.
Nem esperei ela sair da sala, caminhei ate minha irmã e peguei ela no colo. Minha loirinha nem protestou, ela tava chorando muito. Seus soluços eram altos e desesperados.
Subi as escadas com ela no colo, sabia que o moleque não ia voltar porque a mãe não ia deixar. Provavelmente a Lucy ia entregar minha chave pra ele.
Coloquei a Jhessyka na cama e me deitei ao seu lado, puxei ela pra meu peito e fiquei acariciando seu cabelo.
––– Porque Gui? Porque tudo na minha vida tem que ser o pior? Porque só comigo? ––– Ela falou entre as lágrimas.
Engoli em seco e senti um aperto no peito. Era como se eu sentisse Maria Laura chorando em minha frente.
––– Oh moleca, fica assim não pow, tu me tem pra tudo... Tu tá ligada que Lucy, Maria Laura e tu são minha vida num tá? Tá ligada que tu é como uma filha pra mim não tá? ––– Ela Soluçou
––– Eu sou fruto de um estupro Gui... Além de já ter sido estuprada, eu agora descubro que sou fruto de um estupro ––– Eu a apertei mais em meus braços
––– Chora princesa, chora que isso lava ––– Ela voltou a chorar alto.
×××
A Jhessyka tinha chorado tanto que pegou no sono. Chega o rosto dela tava inchado pow.
Juro que não dá pra perdoar minha tia, digo minha mãe, ah, eu já não sei mais de nada.
Minha neguinha entrou no quarto, ela caminhou até a cama em silêncio e sentou ao meu lado.
Ela ficou algum tempo em silêncio, Acariciou meu rosto e me ofereceu um sorriso, aquele que me dá forças pra tudo tá ligado? O único que pode me confortar nesse momento.
––– Ela dormiu? ––– Sussurrou e eu assenti
––– Foi difícil, mas eu consegui fazer ela dormir ––– Sussurrei.
Ela suspirou e passou a mão por seus cabelos.
––– A Marcella teve que dar um calmante ao FA, o Lucca ligou e não vai poder voltar hoje... Vamo pra o nosso quarto? ––– Perguntou calma
Assenti e acomodei Jhessyka na cama. A Lucy cobriu ela e desligou a luz.
Nós dois saímos do quarto e fomos em silêncio até o nosso, sabia que ela tava tentando falar no horário certo, como ela sempre faz.
-----------------------------------------------------------
Lucy narrando
Entramos no quarto e o Guilherme se jogou na cama em silêncio. Ele ainda não tinha comentado nada, chorou mais muito pouco. Sabia que quando ele fosse liberar tudo novamente, ia ser pior.
––– Eu tou com a cabeça explodindo ––– Quebrou cortando silêncio e colocou a mão na cabeça
––– Eu vou pegar um analgésico pra tu, eu já volto ––– Dei um selinho nele.
Sabia que ele queria ficar um pouco só, mesmo que por alguns minutos.
Desci as escadas me segurando no corrimão, já tava fazendo muito esforço, mas que se foda, minha família precisa de mim e eu tenho que ajudar.
Fui até a cozinha e peguei a farmácinha dentro do armário. Procurei um analgésico e quando achei peguei um copo de água e apaguei as luzes.
Subi as escadas com um pouco de dificuldade, tava sentindo uma dor fina perto da virilha, nada muito forte, apenas algo que tava incomodando mesmo.
Abri a porta do quarto devagar, não queria espantar o Guilherme. Ele tava de costas, deitado e chorando.
Seu choro era alto, e seus soluços desesperados. Eu sabia que ele ia desabar.
Caminhei até ele e me sentei do seu lado, ele tava chorando que nem uma criança.
Coloquei o copo e o comprimido em cima do criado mudo. Levei minha mão ao seu cabelo e comecei a fazer carinho.
💭Tudo o que ele deve querer agora, é colo💭
––– Ela mentiu pra mim neguinha, a pessoa que sempre cuidou de mim como mãe, na verdade é minha mãe ––– Ele Soluçou
––– Uma vez quando eu senti uma dor, porque alguém tentou me tocar, tu cuidou de mim... Deixa eu cuidar de tu agora Brucutu ––– Nem terminei de falar direito, ele se jogou em meus braços.
Abracei ele forte, como se fosse um bebê, e ele voltou a chorar.
Na verdade o Guilherme tava voltando a ser aquela criança de oito anos. Aquela cheia de traumas, ele tava descobrindo novamente o mundo.
Suas barreiras? Caíram todas no momento que Maria Laura nasceu. Eu sei que fui responsável pela queda de algumas, mas só Maria Laura foi capaz de quebrar todas.
Guilherme agora era um homem normal, um homem que sente dores, uma pessoa que tinha se permitido ser humano novamente.
Senti as lágrimas molhando meu rosto, me doía ver ele tão frágil assim, eu não podia fazer nada. Afinal, era importante que ele sentisse. Era importante ele sentir dor.
––– Eu tou aqui Guilherme, eu vou tá sempre aqui com você ––– Toquei em seu coração.
Ele fungou e se sentou na cama, o brucutu passou a mão pelo meu rosto e eu fechei meus olhos.
Quando abri, sequei seus lágrimas e ofereci a única coisa que podia... Meu sorriso.
––– Eu sei que tu vai tá sempre comigo Lucy, tu vai tá sempre aqui comigo ––– Apontou pra seu coração ––– E sabe porque eu tenho tanta certeza? ––– Neguei com a cabeça ––– Porque eu sei que tu me ama... E eu, bom, eu... ––– Ele fechou os olhos e apertou os mesmos.
Eu sabia que ele tava tendo uma guerra interna, sabia que era difícil ele assumir essas coisas.
––– Eu te amo Lucy, eu te amo... ––– Me tirou dos pensamentos e abriu os olhos, me encarando.
-----------------------------------------------------------
Oi amores 😘 Eita gente, que pesado a história do GA hein... A cada vez mais piora nosso senhor.
AAAAA ele assumiu... Esse momento é nosso ❤
Votem e Comentem o que estão achando da história ❤
Aguardem os próximos capítulos ❤
Kisses 😘😘
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro