𝒜 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎
— Falta uma semana para a formatura. Eu estou muito ansiosa. — Comentou Jéssica, enquanto balançava nossas mãos unidas para frente e para trás.
Estávamos na reta final do Ensino Médio e nossa formatura já estava praticamente pronta, pois havíamos começado os preparativos desde o início do ano, com rifas, vendas de doces, entre outras coisas, para conseguirmos dinheiro o suficiente. Todos os estudantes estavam muito empenhados, então pouco mais da metade do ano já tínhamos arrecadado bastante.
— Como passou rápido, não foi?
— Sim, parece que foi ontem que eu tinha começado a estudar aqui. — Ela falou, olhando para a escola.
— Verdade. — Respirei fundo, lembrando-me do dia em que nos conhecemos.
— Amanhã de manhã, eu e minha mãe vamos comprar meu vestido para a formatura.
— Imagino que esteja eufórica. — Ela sorriu, afirmando. — Irei comprar meu terno na segunda-feira, que é o dia que vou receber meu salário.
— Mas você não recebe apenas no final do mês?
— Sim, mas eu comentei com o Daniel sobre a formatura, então ele irá me pagar com antecedência.
Daniel era o dono da casa de jogos, onde eu trabalhava durante a noite. Ele era muito compreensível e sempre muito atencioso com todos os funcionários.
— Quer que eu vá com você na segunda?
— Sim, vou precisar da opinião da minha namorada. — Ela me olhou e eu sorri de forma fofa.
[...]
Quando chegamos a sua casa, ela parou em minha frente e segurou minha nuca, ficando na ponta dos pés. Então, inclinei-me um pouco para frente e nossos lábios colaram um no outro. Não importava o quanto isso acontecesse, a sensação era sempre como se fosse a primeira vez.
— Tanto homem no mundo e essa menina me traz logo esse como genro. — Então, afastamo-nos, ouvindo dona Rita resmungar, enquanto regava as flores, do outro lado do portão.
Respirei fundo e Jéssica selou nossos lábios novamente em um selinho rápido.
— Não ligue para o que minha mãe diz, você é perfeito para mim.
— Isso é porque você está cega. — Murmurou a mais velha.
— Mãe! — Repreendeu Jéssica.
Então, soltei um riso soprado, já acostumado com as farpas que minha sogra lançava contra mim. Depois, levei uma mão até seu rosto para acariciar sua bochecha e ela voltou a olhar para mim.
— Eu te amo. — Sussurrei, enquanto acariciava sua bochecha.
— Também te amo. Nos vemos na segunda. — Ela se afastou, passando pelo portão, mas antes de seguir seu caminho, ela olhou para mim mais uma vez e acenou, lançando-me um lindo sorriso.
— Ajude-me a regar essas flores, filha. — Ouvi sua mãe pedir e ela desviou os olhos de mim, pegando o regador.
Então, depois, dei as costas com as mãos no bolso do casaco, fazendo o meu caminho para casa.
— Mamãe, aceite logo meu relacionamento com o Bernardo. É com ele que eu vou me casar. — Ouvi a voz de minha namorada um pouco distante. Então, meu coração disparou e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.
[...]
Uma semana havia se passado e, assim, chegado o dia da formatura. Olhei-me no espelho, terminando meu cabelo. Eu trajava um terno cinza escuro escolhido pela Jéssica, pois segundo ela, essa cor era mais elegante. Além disso, meus cabelos estavam mantidos para trás pelo gel exagerado que minha mãe me fez passar.
Assim que ajeitei minha gravata, saí do quarto, encontrando meus pais já prontos na sala.
— Vamos? — Afirmei.
Meu pai havia chamado um táxi, pois, segundo minha mãe, não podíamos ir a pé e, muito menos, de ônibus, usando aqueles trajes chiques. Então, ela fez meu pai pagar pelo táxi.
Assim que chegamos ao centro de eventos, onde ocorreria a formatura, meus pais entraram para reservar um lugar, enquanto eu havia ficado do lado de fora, esperando Jéssica chegar. Em questão de 5 minutos, o carro de sua mãe tinha sido estacionado na frente.
No momento em que bati meus olhos na garota que descia do carro, meu queixo caiu. O vestido que ela estava usando era lindo, com a cor bege, assim como a das outras, porém seu modelo era diferente. O dela era um vestido de ombro a ombro, longo, com detalhes dourados e solto da cintura para baixo. Além disso, o seu cabelo estava em um coque alto com algumas mechas soltas, realçando toda a beleza que minha namorada esbanjava. Depois, ela se aproximou, sorrindo, e parou em minha frente.
— Oi, amor.
— Você está linda. — Foi tudo o que eu havia dito, ainda hipnotizado pelo seu sorriso. Por sua vez, ela me agradeceu, envergonhada. — Vamos entrar, minha princesa. — Estendi meu braço esquerdo e ela o segurou. Assim, fomos em direção a entrada, enquanto sua mãe vinha logo atrás de nós.
[...]
A formatura tinha acabado por volta das onze da noite, e quando íamos embora, dona Rita havia nos convidado para irmos a um restaurante para comemorar. Apesar de desnecessário, já que ninguém aqui estava com fome, meus pais aceitaram e quem seria eu para negar, não era todo dia que minha sogra fazia um convite desses.
Então, fomos a um restaurante chique. Sim, dona Rita era desse tipo de pessoa que gostava de esbanjar. Depois, fizemos nossos pedidos e eles logo chegaram. Na mesa redonda, eu estava ao lado de minha namorada, que, por sua vez, estava ao lado de dona Rita. Além disso, ao meu lado, estava a minha mãe e, depois dela, o meu pai.
— Agora é rumo à faculdade. — A minha sogra falou.
— Ainda não sei o que irei fazer. — Jéssica fez um um bico com os lábios.
— Ainda tem tempo, amor, mas lembra que você disse que queria ser arquiteta?
— Ah, mas isso foi quando eu era criança. Talvez, eu não deseje isso tanto assim.
— Com o tempo, você vai sentir qual profissão deve seguir. Não é obrigatório que você vá imediatamente para a faculdade depois do Ensino Médio, querida. — Minha mãe falou, compreensível, e Jéssica concordou, sorrindo.
— Mas se demorar muito esperando sentir, vai ficar velha. — Depois da fala de Rita, todos ficaram calados e Jéssica suspirou, voltando a comer.
— Eu acho que a idade não importa muito se a pessoa estiver realizada e fazendo o que gosta. O importante não é a Jessi se formar cedo e sim, cursar aquilo que realmente queira, sem ser forçada. — Falei.
— Eu sei, Bernardo. Não me faça parecer um monstro diante de minha filha.
— O que ela achar de você será o que você passa. — Jéssica colocou a mão sobre a minha, como se me pedisse para parar.
— Você tem algo em mente? — Ela me perguntou.
— Não, ainda não sei.
— Como não? O que conversamos naquele dia? — Jéssica falou. Então, juntei as sobrancelhas, tentando me lembrar, e ela estalou a língua. — Que você queria ser professor. — Sorri.
— Não me lembro de ter concordado com isso, apesar de ser uma boa ideia.
— Professor não é uma boa profissão. — Minha sogra falou com desdém.
— Essa é a melhor profissão que pode existir, afinal, não existiria as outras sem ela. Uma pena que é tão menosprezada por pessoas que não a sabem valorizar. — Meu pai falou, comendo tranquilamente.
— Verdade. Mamãe, pare de implicar com o Bernardo e vamos continuar com o jantar.
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