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5

Sob o pretexto de que fora convocada para cobrir uma falta, Madelaine chega para trabalhar no final da manhã do dia seguinte. Não dormira. Passara horas a fio pensando em como conseguiria provas das crueldades de Roger e apenas uma ideia lhe aparecera: precisava invadir a Sessão Vermelha. Fora necessário uma boa dose de persuasão para que os outros funcionários acreditassem que ela deveria estar ali e, muita dedicação, para que não demonstrasse que estava prestes a fazer algo potencialmente perigoso e totalmente proibido. O que fariam com ela caso fosse pega? O que fariam a Victor?

     Victor... ela pensa nele a cada vez que seu coração acelera naquela tensa manhã, a cada vez que suas mãos suam frio. Mas se lembra de que o risco vale a pena, pois Victor vale a pena. Ele tem de ser tirado dali antes que Roger o mate com seus tratamentos insanos. Aquele homem é o louco, o médico o e monstro, e não seu doce e amado Victor. Enchendo-se de coragem, ela pega sua bandeja cheia de copinhos com comprimidos numa mão e, na outra, uma prancheta com uma folha com os nomes dos pacientes que deverão tomá-los. Calmamente, ela caminha até o refeitório para distribuir os remédios e percebe, com o fundo de sua mente demasiado atribulada, que aquele lugar é, por alguma estranha razão, mais sombrio na luz do dia.

     A claridade que adentra no refeitório, num barracão à parte da construção onde ficam as celas dos pacientes, deixa em brutal evidência o sofrimento das pessoas ali. Os olhos fundos e marcados pela insônia, pela falta de brilho, de vivacidade. Os corpos magros e macilentos, acizentados e de aparência frágil. A apatia de alguns se torna ainda mais notória em contraste com a animação desvairada de outros que riem alucinados da própria desgraça. A luz do sol evidencia as sombras do Divina Misericórdia e aquilo causara um arrepio na coluna de Mad enquanto distribuía os remédios.

     Um dos pacientes, uma jovenzinha que aparenta não mais de dezessete anos, a encara profundamente quando recebe seu copinho. Camila é o nome da jovem que abre um sorriso maníaco ao constatar uma coisa.

-- Está tão presa nesse inferno quanto eu, enfermeira Mad. -- aponta -- Está tão presa aqui quanto eu.

     Então ela ri histericamente e, depois de engolir o remédio, sai rodopiando por entre as mesas, fazendo sua camisola verde clara balançar levemente, um borrão de cor sinistro naquele lugar cinza e branco. Ao terminar sua tarefa, Madelaine deixa a bandeja e a papeleta num canto qualquer e se encaminha para a segurança máxima. Ela roubara a chave reserva assim que chegara algumas horas atrás e, quando a gira na fechadura abrindo o grande cadeado que a mantinha trancada,   percebe que não tem mais volta. Iria até o fim. A porta se abre com um ruído de mau agouro e Mad adentra num corredor longo e escuro. As luzes elétricas falham assim que ela fecha a porta atrás de si. Por sorte não há nenhum funcionário à vista, então ela caminha por ali, atenta à qualquer coisa que possa ser usada como prova.

     Perturbador. Sombrio. Temível. Aquele corredor é absolutamente sinistro. Não há janelas, o chão e paredes são de concreto salpicados de lodo e o cheiro é pútrido. Seu coração sonhador se aperta ao pensar em seu amado vivendo naquelas condições e, por ele, continua até o fim. Há celas em ambos os lados do corredor, suas portas de madeira maciça possuem pequenas janelinhas por onde é possível espiar lá dentro e é isso que ela faz em cada uma delas. Algumas estão vazias, outras tem pacientes amarrados às suas camas. Quietos. Parados. Amordaçados. Aquilo não é nada parecido com o hospício do lado de fora. Asqueroso. Horrível. Apavorante. A cada passo, a cada cela espiada, Mad sente um arrepio de medo em sua coluna, crescendo, a consumindo. O ápice acontece quando  ouve sons de vozes e gritos abafados vindo de uma sala próxima, à passos leves ela segue até lá e, pela porta que jaz entreaberta, observa o show de horrores que acontece ali. Um homem está deitado, nu, imóvel. Pálido. Sujo. Sem vida.

     O topo de seu crânio fora retirado e jazia num canto e um homem cutucava seu cérebro com algo semelhante à uma grande pinça, com afinco e facilidade, como se o fizesse com frequência. Ela reconheceria aquele homem mesmo de olhos fechados. Roger estava examinando o cérebro de um paciente morto. Um paciente que, muito provavelmente, ele mesmo matara. Assassino. Monstro. Criminoso. Ela já esperara demais por sua vingança, e ela seria servida agora. Engolindo seu desespero e ódio ela sai e retorna às celas à procura de Victor.

-- Victor! -- chama abrindo a porta da cela, mas o homem ali amarrado não é ele.

     E nem o próximo. E nem o outro. E nem mesmo o quarto, ou quinto ou o sexto paciente. Assustada. Alarmada. Ela chegara tarde demais? Sua busca desenfreada não demora a chamar a atenção dos funcionários ali e, entre uma cela e outra, a mulher é interceptada.

-- Madelaine! -- Roger grita e segue até ela rapidamente, com dois homens e uma mulher em seu encalço -- Pode me dizer que porcaria significa isso?

-- Parado! -- ela grita e, apenas agora, percebe estar chorando -- Não se aproxime de mim, seu verme imundo!

     Suas duras palavras o assustam e Roger a obedece com o olhar surpreso.

-- Explique-se! Imediatamente, Madelaine! -- exige, raivoso.

-- Abominável. Sujo. Malvado. -- ela murmura.

-- Mas o que… -- o homem começa mas ela o interrompe.

-- Assassino! -- grita a plenos pulmões -- Você é um assassino, Roger, e eu não vou permitir que mate mais ninguém!

     Roger demonstra choque genuíno e força sua mente a rapidamente entender aquela situação estranha. Ele encara a mulher à sua frente usando agora seu olhar clínico de médico alienista. Em seu belo rosto ela carrega profundas olheiras e o cabelo, outrora vermelho brilhante, agora é opaco e quebradiço. Madelaine treme violentamente e seus olhos castanhos pulam de um lado ao outro, agitados.

-- Do que está falando, Madelaine? -- pede ele, usando agora um tom de voz mais calmo.

-- Victor me disse as atrocidades que você comete aqui, Roger! -- aponta para ele um dedo trêmulo, furioso e acusador -- E eu acabei de ver por mim mesma! Eu o vi dissecando o cérebro daquele cadáver!

     A voz dela é estridente e lhe perfura os próprios ouvidos. Ela nota o homem à sua frente empalidecer e arregalar os olhos com a surpresa de ter sido pego em flagrante.

-- Aparentemente, você não sabe o que viu, Mad. -- diz, suave, e tenta se aproximar a passos lentos dela, e imediatamente a mulher se afasta dele, seus olhos se agitando ainda mais, desvairados. Roger troca um olhar temeroso com os outros funcionários ali presentes -- E, mais importante, quem é Victor?

-- Como assim quem ele é? Você o espancou e torturou e não se lembra dele? -- o nojo transborda da voz dela -- Que tipo de pessoa você é? Victor! -- grita emocionada, sentindo lágrimas grossas lhe molharem as faces -- Victor, meu amor, eu estou aqui!

     O olhar de Roger muda com aquelas palavras. Ele compreende que ela sabe tudo e que não há maneira dele escapar. Há testemunhas à favor dela, dois homens e uma mulher que a observam totalmente assustados ao descobrirem do que aquele homem é capaz. 

-- Madelaine… -- Roger a chama, tenso -- Eu a levarei até ele. Victor está nos fundos, numa cela especial.

     Ele lhe estende a mão mas Mad não a aceita.

-- Vá na frente. -- exige.

     Roger se vira e caminha à passos firmes e, sem demora, Madelaine o acompanha de perto, sendo seguida depois pelos outros funcionários, suas testemunhas. Ele para numa porta grande e, diferentemente das outras, de ferro enferrujado. Roger a abre, o corpo tenso e o olhar triste por ter sido descoberto.

-- Ele está aqui, Madelaine. -- informa, baixinho, abrindo a porta e espera que ela entre, o que ela faz rapidamente.

-- Victor? Vamos embora daqui, meu sonho! Vict… -- ela chama ao adentrar o quarto e, para, abruptamente, ao ver ali apenas uma maca cheia de amarras e um aparelho estranho e de aparência assustadora -- Onde ele está? -- grita irada.

      Encurralada. Cercada. Mad se vira para enfrentar Roger e encontra quatro pares de olhos sobre si, encontra os quatro adentrando aquela estranha sala e fechando a porta à chave.

-- Não existe Victor, Madelaine. Nunca existiu. -- informa Roger, delicadamente e segura os braços dela.

-- Não é verdade! Me solte! Victor!-- ela se debate violentamente para se soltar da pegada firme dele mas logo mais mãos aparecem para segurá-la -- O que estão fazendo? Me soltem! Roger é o monstro, peguem ele, não a mim! Me soltem! Socorro! Socorro!

     Madelaine é deitada na maca, onde é presa rapidamente e tem a cabeça molhada e raspada às pressas. Ela força as amarradas com todas as suas forças enquanto clama por ajuda e pelo amado até ferir a própria garganta.

-- Andem logo com isso! -- brada Roger. -- E tenham…

     Ela para de ouvi-lo e para de se debater e de gritar quando ouve aquele som tão familiar. Um doce pássaro cantando à sua esquerda. Ela vira o rosto e ali, encostado na parede, mãos nos bolsos e expressão triste está Victor, a observando.

-- Você está aqui! -- ela chora copiosamente e percebe Roger se aproximar com aparelhos estranhos nas mãos -- Victor, não me deixe!

     Ele desencosta da parede e se aproxima dela. Lindo. Forte. Irreal.

-- Eu nunca a deixarei, meu sonho. -- diz carinhosamente -- Eu existo por você e assim será até o fim. Viveremos num doce sonho, num mundo só nosso agora e sempre.

-- Promete, Victor? -- ela pede.

-- Eu prometo. -- se abaixa e beija seus lábios num sussurro de beijo.

-- Liguem as máquinas na potência total! -- exige Roger.

     Um som agudo invade a sala e, agora mais calma pela presença de Victor, Madelaine aceita seu destino.

-- Isso é para o seu bem, Mad. -- Roger diz enquanto uma tira de couro é forçada contra sua boca -- Sinto muito, mesmo.

     Tantas sensações a invadem enquanto as pás do eletrochoque tocam suas têmporas. Frio. Calor. Dor. Tremor. Mais dor. Por alguma razão se lembra de seu passado, de um tombo que levara do balanço. Se lembra do sabor da torta de morango que sua mãe fazia e do cheiro que invadia a casa, tão diferente do aroma enjoativo ali presente de carne humana tostada. Ela se lembra que sua cor favorita é o azul escuro do céu noturno. Azul? Ou seria preto? Ela agora já não se lembra mais... Lá no fundo, Mad ouve gritos contidos que demora a perceber que são os seus próprios e seus dentes mordem a tira de couro com tanta força a ponto de sentir o gosto metálico e salgado de sangue na boca. Quando está prestes a perder a consciência, escuta a melodia de diversos pássaros a amparando, a ajudando, a acariciando...

-- Estaremos sempre juntos, meu sonho, enquanto seu coração bater. -- ouve a voz de Victor sussurrar em sua mente quando seu corpo começa a estremecer numa violenta convulsão -- Jamais a abandonarei minha Mad… Madelaine.

FIM.

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