Capítulo 18
O aniversário de Rose se aproximava e isso, para alegria de todos, fez com que a Sra. Wright demonstra-se mais ânimo e retorna-se as suas costumeiras atividades.
- Dezessete anos não se faz todo dia. - ela comentou com Rose certa noite, quando se reuniu aos seus pensionistas enquanto eles conversavam na sala e ela tricotava, agasalhados em cobertas que cobriam seus pijamas e camisolas - Nenhuma idade se faz todos os dias, porém, essa provavelmente vai ser a última vez que vamos comemorar o seu aniversário aqui.
- Farei questão de vir visitar a senhora em vários outros aniversários, Sra. Wright. - promete Rose e a Sra. Wright ri, cética.
- Realmente espero que você o faça. - diz a Sra. Wright esperançosa - Ora, vou preparar um chá para vocês.
O pequeno hotel de pintura desgastada ali perto nunca recebera tanta gente em um espaço de tempo tão pequeno. O Sr. Jameson, Matthew e Robert dividiam um quarto que cheirava mofo pintado de marrom e laranja, mas mesmo assim, o pequeno Robbie estava tão feliz que faltava brilhar como um vagalume. No auge dos seus nove anos (quase dez, ele gostava de exaltar) sua mãe deixara ele viajar sozinho, depois de muita insistência por parte dele e de todos que ocupavam o hotel.
Apesar da Sra. Jones ter insistido para que Adeline fosse a mesma não quis ir, mas ficou a tarde inteira dependurada em sua janela, imaginando como seria se ela não fosse tão obediente, ou se não quisesse tanto agradar os seus pais e ser uma filha perfeita, mas afastou logo os pensamentos ao imaginar que longe de casa ela não sabia quais perigos poderia estar correndo.
No quarto ao lado Minnie já estava dormindo em sua cama, a janela sem cortinas deixava com que o céu estrelado iluminasse o cômodo, suas roupas estavam espalhadas pelo chão, devido a exaustão que ela estava sentindo para poder arrumar tudo. Também Walter e Cora dormiam em seu quarto.
O melhor que tinham a fazer realmente era descansar. Antes de amanhecer a Sra. Wright levantou ansiosa e foi até o quarto de Alfred e Percy, acorda-los e pedir para que eles fossem recolher algumas flores para enfeitar a mesa do café da manhã de Rose.
O bolo foi enfeitado com chocolate branco e folhinhas de menta e a mesa, levada para o jardim, estava forrada com uma toalha branca e enfeitada com flores coloridas, foi colocada a frente de cada cadeira um sousplat colorido, acompanhada das xícaras e pires.
- Agora vocês dois vão até o hotel buscar os convidados. - diz a Sra. Wright para os meninos, afagando a saia - Espero que eles estejam prontos.
E estavam. Para a surpresa dos gêmeos, os seis amigos de Rose Moore estavam em frente ao hotel, um ao lado do outro, segurando pequenos embrulhos que eles logo perceberam ser presentes para a aniversariante, eles se cumprimentaram rapidamente, e mal precisou de apresentação: Rose os descrevia tão bem que os gêmeos sabiam de olhos fechados quem era quem, só pelo jeito de ser.
- Espero que Rose goste da surpresa. - diz Cora, arrumando o seu coque, que estava coberto por um chapéu em um tom psicodélico de roxo - Meninos, Rose me disse muito sobre Anne Bohr, alegou que nós somos muito parecidas...
- Em partes. - concorda Percy, olhando para Cora - Mas a senhora é bem mais amigável.
- Desse jeito vão achar que Anne é chata! - defende Alfred, dando uma cotovelada no irmão - Ela é legal, já concertamos ela, quando chegou aqui tinha um nariz empinado e uma metidez de outro mundo.
- Lembro de quando Rose escrevia sobre ela, tinha medo de não fazer amizade com a Srta. Bohr. - comenta Cora, rindo com as memórias, - Aparentemente agora elas estão bem próximas.
- Próximas até demais. - comenta Minnie murmurando e Percy ri, ficando ao lado da mesma.
- Não precisa de ciúmes, Srta. Blake, é visível que Rose ama vocês. - diz Percy, em seguida olha de canto para Matthew e acrescenta - Ama até demais.
A Sra. Wright esperava os seus visitantes na porta de sua casa, cumprimentou todos com afago, como se fossem amigos de longa data.
- Vou chamar Anne e Rose para o café da manhã. - diz a Sra. Wright, depois de arrumar a flor sobre o bolo uma última vez - Fiquem quietos e se preparem para quando ela aparecer.
Para a sua surpresa, quando a Sra. Wright chegou ao quarto, tanto Anne quanto Rose já estavam de pé, se embelezando em frente ao espelho.
- Bom dia minha garotinha de dezessete anos! - a Sra. Wright diz, se aproximando e beijando as bochechas de Rose - Feliz aniversário, cachinhos dourados.
- Obrigada Sra. Wright. - ri Rose, levantando-se alegre - Alfred e Percy já acordaram?
- Por milagre, sim, eles estão lá embaixo esperando-as, vamos. - convida a Sra. Wright, estendendo as mãos para as duas meninas.
Quando a porta de entrada da pensão se abriu e Rose viu todos os seus amigos ali, ela arregalou os olhos em surpresa, enquanto todos cantavam os parabéns para ela.
- Como vocês conseguiram? - pergunta Rose, abraçando os convidados - Como conseguiram organizar tudo sem que eu percebesse?
- Foram muitas cartas, muitas mesmo. - diz Minnie, sorrindo ao lado da amiga, acompanhando-a como sua guarda-costas - Mas deu tudo certo no final.
- Foi tudo planejado com muito carinho. - diz o Sr. Jameson, os olhos brilhantes voltados para Rose - Você é uma garotinha muito especial.
A bagunça e as conversas altas se fizeram presentes pelo decorrer do dia. Para a não surpresa de todos, Cora e Anne se mantiveram em uma conversa entre elas o dia inteiro, enquanto Rose mal tinha tempo para aproveitar momentos individuais com cada um.
Como ela havia imaginado, Matthew, Minnie e os gêmeos se deram muito bem, especialmente Minnie e Percy. O Sr. Jameson não tardou em entreter a Sra. Wright com suas histórias de vida, que ela escutava com tamanha atenção.
Quando o sol tocou o mar e a lua tomou seu cargo de iluminar o céu com ajuda das estrelas, Matthew e Rose sentaram-se na porta da casa, admirando o jardim e escutando os murmurinhos das conversas na sala, nunca tão cheia como naquele dia.
- Achei que não iria conseguir um tempo com você pra poder te dar o meu presente. - diz Matthew, rindo, ele tirou do bolso um colar metálico, com um círculo prateado com flores grafadas e um pequeno pingente anil acima das flores, Rose sentiu o seu coração acelerar cada vez mais conforme ela ela redesenhava o colar com as próprias mãos.
- É a coisa mais linda que eu já vi em toda minha vida. - sussurra Rose, apertando o pingente contra o próprio peito - Muito obrigada Matt.
- Tem mais. - diz Matthew, abrindo o pingente arredondado, onde lia-se "Eternamente Pequena Rose".
- Eu amei. - diz Rose, rindo e virando-se para Matthew, fitando os seus olhos azuis escuros, que estavam tão pertos dela, o que a fez sentir seu coração acelerar ainda mais.
- Eu já te disse que eu sempre fui apaixonado por seus olhos? - sussurra Matthew, Rose sentiu sua pele formigar.
- Eu também sempre fui apaixonada pelos seus. - responde Rose, no mesmo tom.
- Eles me lembram o oceano. - os dois dizem em uníssono, fazendo Matthew rir, mas o momento foi interrompido quando a porta abriu-se.
- A tia Augusta está chamando para o jantar. - avisa Robbie, em tom displicente, os olhos franzidos voltados para os dois.
- E desde quando você chama a Sra. Wright de tia Augusta? - pergunta Rose, cruzando os braços.
- Ela pediu para que eu a chamasse assim. - explica Robbie, também cruzando os braços - Agora sem mais enrolação mocinha, não é porque você tem dezessete anos que pode ficar namorando a noite...
- Robert!
- E você, Sr. Matthew Mayse. - ele continua, em tom ameaçador - Estou de olho, caso não se lembre, nós dormimos no mesmo quarto.
Robbie virou-se de costas, Rose e Matthew se entreolharam e começaram a rir.
- Onde ele aprendeu essas coisas? - pergunta Rose, levantando-se.
- Definitivamente não foi comigo. - diz Matthew, sorrindo - Mas como não quero arriscar, é melhor obedecer ele.
Matthew ajudou Rose a colocar a corrente em seu pescoço e ambos adentraram a casa para o jantar.
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