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Quatorze

Sozinho no pequeno apartamento no qual morava graças a bondade de seus patrões, Jesse lutava para se manter focado nas únicas coisas que tinha certeza serem reais. Sua perda. Seu arrependimento. Sua dor.

O porta retrato com a foto do pai estava deitado na estante, ainda que a imagem que o pedaço de papel conservava fosse algo que ele conhecesse como a palma de sua mão. E o problema era justamente aquele. Quando olhava para a foto, era quase como se a imagem ganhasse vida. Jesse era capaz de imaginar exatamente o que o pai lhe diria se estivesse ali, e o eco das palavras não ditas o sufocavam.

Ao longe, ele sabia que as luzes da mansão da família Mcmillan estariam todas acesas e iluminariam a própria noite, fazendo a enorme casa do topo da colina ser vista por quilômetros lago à dentro como se fosse um farol. Aquela era outra coisa que Jesse não precisava ver para saber como seria. Era por isso que suas janelas e também cortinas estavam fechadas, uma coisa que, levando-se em consideração tudo pelo qual já havia passado, ele deveria ter aprendido a fazer também com o próprio coração.

Jogado de qualquer jeito no sofá a horas, Jesse zapeava pelos canais de tevê sem realmente prestar atenção no conteúdo que era exibido, todo o seu foco preso em si mesmo. Ele andava evitando pensar no momento em que, mesmo sabendo como seria o desfecho de tudo, cedera ao seu desejo por Jill Mcmillan.

Seria necessário deixar Spring Creek. Ele precisava de um novo trabalho.

Só de imaginar a incerteza daquele futuro, a angústia começava a arranhá-lo por dentro. Quando tudo havia lhe sido arrancado, quando não havia mais ninguém, nenhum norte ao qual seguir, David e Rachel haviam estendido a ele suas mãos e o acolhido. E aquilo era algo que Jesse jamais iria esquecer, algo que o havia marcado profundamente. Seu erro fora se deixar acomodar, se apegar e se permitir fazer de Spring Creek seu novo lar ainda que soubesse que a qualquer momento o vento poderia mudar novamente de direção.

E ele pagaria por aquilo de uma forma ou outra.

Romper laços com o pequeno círculo de pessoas que o haviam alcançado e feito a sua existência um pouco mais suportável seria muito difícil. No entanto, seria ainda pior ficar em Spring Creek e ser obrigado a ver Jill feliz nos braços de outro homem.

Ele se conhecia. Não precisava passar por aquilo outra vez para saber que não seria capaz de sup-

— Jesse! – a voz irritada de Jill cortou o silêncio, acompanhando duas batidas fortes dadas na porta de entrada, quase o matando de susto com o rompante e o fazendo dar um pulo do sofá onde estava – Abre a porta porque a gente precisa conversar! – ela exigiu, soando abafada através das janelas fechadas.

Parado como se fosse uma estátua de pedra no meio da sala, Jesse hesitou. Na noite em que pediu que o deixasse em paz, algo nele ainda teve esperanças de que Jill fosse insistir, que lutaria contra ele e que se imporia como fez quando eles se beijaram embaixo do flamboyant. Só que aquela parte morreu ao vê-la se afastar pela noite sem nem ter cogitado tentar, indo embora para sempre de sua vida e provando que ele sempre tivera razão.

Jill não deveria estar ali agora. Ela deveria estar na casa da colina com os pais, planejando sua volta para Nova Iorque e o seu reencontro com o ex, o seu casamento, sua lua de mel, e o que quer mais que fosse que gente rica planejava.

— Eu não vou embora se você me ignorar, Jesse. – ela insistiu lá do lado de fora com a voz ainda mais firme que antes – Então abre logo essa porta!

Jill não estava blefando, ele imediatamente soube. E, se vendo sem nenhuma outra alternativa, Jesse caminhou até o tapete de entrada e se preparou para o encontro iminente com a última pessoa que pensava um dia voltaria a ter que enfrentar. Foi preciso enxugar as palmas das mãos suadas na bermuda antes de tocar a maçaneta, para a girar rapidamente como alguém que arranca um band aid de uma só vez.

Quando a porta se abriu e ele se viu diante da fúria que queimava nos olhos verde de Jill, foi preciso dar dois passos para trás.

— Vamos deixar uma coisa bem clara! – ela disse entrando no apartamento cheia de ira, batendo a porta atrás de si com muito mais força do que necessário – Minha mãe te adora! – ela o informou com o indicador em riste, a ponta do dedo quase tocando o nariz dele – E o que você fez hoje? – Jill deixou a voz morrer enquanto o encarava, a respiração bem mais pesada que o de costume – Minha mãe passou o tempo inteiro esperando por você! E mesmo depois de você sequer ter se dado a o trabalho de atender quando ela ligou, ela se preocupou em guardar dois pedaços de torta pra te dar amanhã porque é a sua favorita! – concluiu, deixando a mão cair flácida ao lado do corpo porém nem um pouco mais calma – Você quis que eu me afastasse, Jesse. – ela o lembrou dando um passo para trás para o analisar melhor, um misto de raiva, repulsa e decepção no rosto – E eu estou te dando exatamente o que você queria. A única coisa que peço em troca é que você não puna as pessoas à nossa volta por causa do que aconteceu entre nós. Mamãe não merecia o que você fez com ela!

Ele engoliu em seco. Não havia outra coisa a se fazer a não ser abaixar a cabeça diante das acusações e deixar claro para Jill que lhe dava total razão. Tinha sido muito idiota da parte dele fazer o que fez com uma pessoa que sempre o trarara melhor do que ele merecia e Jesse não se orgulhava nem um pouco de si próprio por aquilo.

Ao compreender que ele permaneceria em silêncio e sequer tentaria se defender, Jill levantou mais o queixo, ainda que perdendo um pouco da pose convencida. Vê-lo admitindo a culpa de primeira não era bem o que ela esperava que iria acontecer quando decidira ir enfrentá-lo. Ele soube daquilo porque, ao fazê-lo, a havia deixado sem saber como reagir por um pequeno instante.

Assim que se recuperou, Jill deu às costas a ele, girando nos próprios calcanhares com tanta energia que seu cabelo se ondulou à sua volta. Ela deu dois passos convictos até a porta e tocou a maçaneta, envolvendo-a completamente com a mão, pronta para a girar com força e sair por onde tinha acabado de entrar, batendo a porta mais uma vez só para provar seu ponto de vista.

Mas algo mudou.

Jesse a viu suspirar fundo ainda agarrada ao mecanismo de metal, antes que seus dedos deslizassem e caíssem pelo ar.

— E você tem razão! – ela acusou, se virando para ficar de frente para ele novamente, a raiva se esvaindo para dar lugar à mágoa que, até aquele momento, ela havia conseguido esconder completamente – Eu não sei o que eu sinto por você! – disparou meio desesperada – Mas eu sei que não sou a idiota que te machucou, sei que não amo Brian e sei que, definitivamente, não vou me casar com ele!

Em meio ao silêncio que se fez entre os dois, Jesse quase pode ouvir as gargalhadas do pai vindas do porta retrato. "Essa daí te pegou de jeito hein, filho. Gosto dela."

Foi então a vez de Jill hesitar. Trêmula, ela mirava Jesse com uma expectativa crescente à medida que os segundos iam se passando e o silêncio se prolongando. Tudo o que queria era uma reação por parte dele, algo que lhe desse certeza de que não iria afastá-la se voltasse a tentar se aproximar, só que Jesse estava preso entre as possibilidades, entre o que um dia foi e os riscos do que um dia poderia vir a ser.

Ele também não sabia o que sentia por Jill, mas tinha certeza de que não era um simples nada. Era muito mais do que havia prometido para si mesmo que permitiria acontecer quando decidiu se deixar beijá-la. Era algo que ele só percebeu que não queria ter que abrir mão quando a viu desistir de tentar alcançá-lo, quando ela lhe deu as costas para ir embora de uma vez por todas.

A porta chegou a se abrir, mas Jesse se adiantou e a empurrou, a fazendo se fechar com um baque antes que Jill tivesse a chance de compreender o que estava acontecendo. Assustada, ela levantou a cabeça para o mirar e o encontrou um pouco ofegante bem ao seu lado, seus corpos quase se tocando.

Tocá-la era tudo no que Jesse conseguia pensar há dias. O medo do desejo que sentia o havia cegado para todo o resto, ao ponto de sequer ser capaz de enxergar que Jill podia ser muitas coisas, mas não era, nem nunca seria, como Abigail.

Um passo foi tudo o que foi necessário.

Uma única faísca.

Jill se jogou nos braços de Jesse e ele a envolveu com tudo o que possuía, a beijando furiosamente enquanto as mãos ansiosas dela o despiam da camisa que usava. Ele a prendeu contra a porta e ela gemeu quando os lábios dele deslizaram pela pele macia e quente de seu pescoço, a caminho da fenda que se abrira na camisa de botões que ela já não vestia.

Jesse estremeceu quando a sentiu se entregando de corpo e alma sem ressalva alguma, tão linda, tão poderosa, tão dele. O que Jill o fazia sentir era forte o suficiente para o levar à loucura, para o fazer perder o controle e murmurar para a noite coisas que somente ela compreenderia, que só fariam sentido se fossem com ela. Ele também estava entregue. Irremediavelmente à mercê dos caprichos de Jill Mcmillan.

Em meio aos lençóis bagunçados da cama no segundo andar, Jesse a segurou pela mão enquanto seus corpos se fundiam um no outro e suas pulsações irrompiam em harmonia, o sabor de suas bocas transcendendo tudo aquilo que ambos haviam imaginado que estar com o outro seria.

Depois, quando o prazer físico finalmente se dissipou e tudo o que restou foram a exaustão e o deleite, Jill se acomodou em Jesse até que sua silhueta se encaixasse perfeitamente na dele. E ele a abraçou, a puxando para bem perto, a cercando com toda a serenidade, com todo o cuidado que ela merecia. Jill adormeceu sentindo seus carinhos, suas mãos a segurando e o calor de seu corpo a protegendo do frio da madrugada.

Pouco tempo depois ele a seguiu, arrebatado pelo prazer de se sentir em paz consigo mesmo pela primeira vez em muito, muito tempo.

+++

Antes mesmo de abrir os olhos no dia seguinte, Jill sorriu. Estava muito mais do que ciente de que aquela era uma manhã de domingo e que ela acordava nua na cama de Jesse.

Precisou suspirar fundo ao relembrar dos beijos, da troca de carícias, seu corpo inteiro ecoando as sensações e implorando por mais. Ela se espreguiçou levemente e se revirou, tateando em busca dele e de seus lábios gentis, mas só encontrou o vazio ao seu lado.

Alarmada, Jill se apoiou nos cotovelos e olhou em volta do cômodo, mas Jesse não estava em lugar nenhum. O lado dele da cama estava frio, o que significava que fazia tempo que havia se levantado, e compreender aquilo fez o coração dela se apertar de aflição.

E se ele tivesse se arrependido? E se fosse voltar a evitá-la?

Não houve tempo para conversas na noite anterior e uma conversa séria e sincera era o que os dois precisavam ter o mais rápido possível. Jesse tinha que compreender de uma vez por todas que Jill não estava ali para brincar com seus sentimentos, que ela corria os mesmos riscos, que estava tão exposta quando ele, e que não se permitiria desistir.

A simples razão era que, bem lá no fundo, uma parte de Jill soube desde que viu Jesse pela primeira vez que havia se deparado com uma coisa diferente, algo que ela nunca havia encontrado antes e que tinha chances de florescer se fosse bem cuidado. E ter certeza que não era a única a se sentir daquela forma só lhe deu mais força para se armar e ir à luta contra os muros que ele havia erguido em torno de si mesmo. Jill os destruiria um por um com as próprias mãos se fosse necessário, mas não permitiria que Jesse continuasse negando a si mesmo a chance de voltar a ser feliz.

Foi quando ela notou algo ao seu lado, bem onde ele deveria estar. Uma haste verde adornada na ponta por dezenas de minúsculas pétalas azuis havia sido aninhada em meio aos lençóis amarrotados. Uma Bluebonnet. Jesse havia lhe deixado uma flor.

O alívio que se seguiu foi inexplicável. Jill jogou de lado o cobertor que, percebeu, tinha que ter sido ele a colocar por cima dela, e se pôs a procurar suas roupas pelo chão do quarto. Estava agitada, louca para descer as escadas e o encontrar no primeiro andar com uma xícara de café gourmet nas mãos, esperando pacientemente que ela acordasse. Só depois do susto que ela percebeu que era muito a cara dele ter saído da cama para deixá-la dormir um pouco mais.

Com seu precioso presente nas mãos, a cada degrau que descia Jill sentia o cheiro de café ir ficando mais intenso, assim como a sua confiança de que o encontraria exatamente como havia imaginado. No entanto, nada poderia a ter preparado para cena com a qual se deparou.

A xícara branca realmente estava ao lado dele, mas parecia vazia e abandonada em cima da mesa a algum tempo. Com os cotovelos apoiados no tampo, Jesse estava entretido lendo um exemplar surrado de Laranja Mecânica, e usava um par de óculos de leitura. Quando a viu, ele imediatamente os tirou do rosto e os colocou dentro do livro para marcar a página onde estava, os deixando de lado. Daquele instante em diante, só teria olhos para Jill.

— Um amante de distopias. Quem diria, hein, caubói. – ela implicou enquanto ele a observava caminhar até onde estava, o fazendo abrir um sorriso divertido e relaxado, daqueles que Jill tanto amava ver no rosto dele.

Jesse empurrou a cadeira para trás para se afastar da mesa mas, ao compreender o que ela pretendia, se deixou ficar sentado. Com cuidado, Jill apoiou as duas mãos nos ombros dele e se sentou em seu colo, se acomodando em sua cintura e deixando suas bocas a meros centímetros uma da outra. Ela jogou seus braços em volta do pescoço dele e ele a envolveu com intimidade, as palmas de suas mãos se encaixando em suas nádegas.

— Bom dia pra você também. – ele rebateu a brincadeira e Jill bufou, se inclinando para beijá-lo enquanto ele a retribuía, suas línguas se tocando sem pressa alguma, num movimento já tão familiar.

Quando se afastaram, Jill olhou no fundo do estonteante azul dos olhos de Jesse e ele fez o mesmo com ela, ambos se analisando, buscando desvendar no outro cada mistério com a qual haviam se deparado. Eles precisavam conversar, mas Jill já o conhecia o suficiente para saber que certas coisas eram impossíveis de serem colocadas em palavras. Ela as mostraria para ele, então. Tinha tempo. E um motivo que valia a pena.

Com a Bluebonnet ainda na mão, uma flor que só crescia nas planícies texanas, Jill se perguntou se havia ali algum significado oculto, se Jesse a havia decifrado tão bem ao ponto de desconfiar das suas decisões. Ou talvez estivesse tudo muito óbvio.

— Vou pra Nova Iorque amanhã. – disse e a reação imediata dele foi quase se engasgar.

Jesse arregalou os olhos enquanto tossia de leve tentando se controlar, chegando a soltá-la um pouquinho nos braços, aturdido demais para formar uma frase completa depois daquilo.

— Você vai? – quis saber piscando vezes seguidas, a voz vacilante e o desespero pelo que aquilo poderia significar impresso no rosto.

— Vou. – Jill confirmou, mantendo o olhar dele preso ao dela para que ele enxergasse o que exatamente aquilo queria dizer – Preciso pedir demissão formalmente, juntar o resto das minhas coisas e colocar num caminhão de mudanças. – explicou, sabendo que ele compreenderia que ela se referia também a tudo o que lhe pertencia e que ainda estava no apartamento de Brian – Estou vindo morar em Spring Creek. Pelo menos até achar um outro trabalho. – ela contou – Espero que esteja tudo bem pra você.

Jesse suspirou fundo ao ler as entrelinhas, aliviado em níveis que Jill sequer podia imaginar ao sentir que não havia motivos para temer o que estava acontecendo entre os dois, que podia confiar nela de verdade.

— Não vejo nenhum problema nisso. – respondeu antes de voltar a beijá-la, dessa vez com dezenas de outras intenções além da de apenas lhe desejar o primeiro bom dia de muitos que ele, naquele momento, passara a planejar a ter ao lado dela.

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