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27 - Barraca do beijo

— Mãe, eu preciso mesmo ir. Hoje é a festa de São João dos pais de Gustavo e eu já combinei de ir. Se não sair agora vou demorar de mais pra chegar, o trânsito fica caótico dia de hoje, saí mais cedo da confeitaria para não ficar presa no trânsito de Recife, mas não vou ter como escapar agora, e conforme a noite se aproxima vai ficar pior.

Minha explicação não diminui seu olhar rancoroso.

— Não me olha assim, eu chamei a senhora para ir.

— Chamou, mas diferente de você eu me importo com minha mãe e decidi ficar com ela.

Suspiro e levanto, recolhendo a sacola com vasilhas contendo pamonha e canjica. Eu disse que não precisava, afinal vou comer tudo isso no sítio dos pais de Gustavo, mas dona Esmeralda insistiu.

— Não vamos falar sobre isso, okay? Não tô afim de brigar de novo.

— Você ao menos lembra da última vez que passou o São João aqui?

— Aqui? Nessa casa?

— É, aqui, na casa da sua família, com a sua família.

Rio sem humor.

— Lembro. Lembro com detalhes. Sua neta tinha seis meses e a sua mãe me proibiu de comer o Manguza preparado por ela, mas Carlinhos sabia que eu amava e me deu um pouco escondido. Sua amada mãezinha viu e jogou a comida na minha cara, o que a senhora fez? Merda nenhuma! Adora jogar na minha cara que sou ausente, mas esquece que a culpa é toda sua. Agora, se me dá licença, vou embora antes que aquela velha fofoqueira volte e estrague o resto do meu dia.

Ela vem atrás gritando que devo respeito a ela e a sua mãe, mas ignoro.

Bato a porta do carro com mais força do que o necessário e jogo a sacola com as vasilhas no banco de trás. Coloco minha bolsa no banco do carona e dou partida, odiando cada segundo que perdi vindo aqui.

Eu deveria ter limitado minha visita a casa do seu Elias, onde fui antes de vir a casa dela.

Minha frustração aumenta quando tenho que enfrentar o trânsito infernal de fim de tarde entre Jaboatão e Recife. O trajeto que deveria durar pouco mais que trinta minutos, acaba durando quase uma hora e me xingo internamente pela estupidez que foi atender o pedido da minha mãe e vir visitá-la.
 

— Tá tudo bem? Não vai me dizer que vocês brigaram — Gustavo pergunta quando entro em casa e jogo minha bolsa de qualquer jeito no sofá.

Balanço levemente a cabeça, confirmando, e sento ao seu lado, os ombros tensos e rígidos por toda a carga emocional deixada por aquela discussão.

— Qual foi o motivo dessa vez?

— O de sempre. A bruxa velha que ela chama de mãe.

Me envolve com seu braço e deito a cabeça em seu ombro.

— Xingar ela não é pecado? Helena é malvada mas é sua avó.

— Não sei e não me importo. Aquela mulher é cruel comigo por algo que sequer tenho culpa, então não ligo se é errado. E eu não tenho avó.

Seu braço se aperta mais ao meu redor. O beijo suave que deixa em minha testa aquece meu coração, mas também o faz acelerar loucamente.

Minhas reações a ele têm sido preocupantes, mas evito pensar muito sobre elas, não quero descobrir os reais significados.

— Por que não vai tomar um banho? Vou fazer um misto quente pra a gente comer rapidinho, e ainda tem dois cupcakes daquele que você trouxe, agente come como sobremesa.

A menção aos doces me deixa desconfortável e concordo, querendo me afastar dele o mais rápido possível.

Durante o banho uma parte da minha mente reclama que preciso começar a analisar com urgência minha relação com Gustavo, a outra parte, a qual sempre dou ouvidos, me manda apenas aproveitar.

É tão gostoso o que estamos vivendo, não preciso estragar tudo analisando sensações inconvenientes e decisões estúpidas.

Sorri quando entro na cozinha.

— Já vai caracterizada?

Olho para minha blusa xadrez azul e branco e meu short jeans claro.

— Mais ou menos. As tranças vou fazer lá. E você?

— Chegando lá coloco a camisa — franze as sobrancelhas me olhando —, que, aliás, acho que é igual a sua.

Me entrega o prato e comemos na mesa da cozinha mesmo.

Quando terminamos é a vez dele de tomar banho enquanto limpo o que sujamos, mal termina de se arrumar e minha campainha toca.

Corro para o quarto e peço para ele ficar na sala, Letty com certeza estranharia ele se arrumando no meu quarto. Gustavo senta no sofá, coloca a mochila aos seus pés e faz um positivo. Quase sorrio, no entanto, percebo um olhar estranho no seu rosto.

— Tudo bem?

Assente.

Pensativa, vou abrir a porta.

Gustavo está estranho. Ontem disse que não, mas tenho certeza que ele andou me evitando, eu só não sei o porquê.

— Bom dia, sogrinha.

Junto as sobrancelhas.

— Pensei que fosse Letty — encaro minha filha e meu genro — perderam as chaves? O que você tá olhando? — Pergunto para Hellen.

Ela está inclinada, a cabeça um pouco para dentro e os olhos curiosos. Volta a ficar ereta após meu questionamento.

— Ele tá aí?

Por dois segundos eu entro em choque. Graças a Deus, meu cérebro volta a funcionar antes que meu coração consiga sair pela boca e lembro que ela do tal coroa que ela acha que namoro.

— Não. Só o Gustavo.

— Ele já está aqui? Esse safado nem passou lá em casa para vir com a gente.

Marcha para dentro de casa e meu genro me dá um beijo na bochecha, antes de segui-la.

Ainda fico alguns segundos parada na porta, me recuperando do susto.

— ... porque eu não dormi em casa, dormi com minha Barbie e depois vim para a casa de Bia — ouço a explicação quando volto para a sala.

Reviro os olhos.

— Esse apelido é ridículo.

Três pares de olhos fixam em mim. Mordo o cantinho interno da boca, meio nervosa.

— O quê? Só porque a menina é loira e peituda tem que ser chamada de Barbie? — Me faço de doida.

Gustavo vira a cara, provavelmente rindo do meu cinismo.

— Tá certa, sogra, estereótipos não são legais. Além do mais, Guga nunca confirmou se ela é mesmo loira. Ou peituda.

Fico tensa.

Conheço meu genro o suficiente para perceber a insinuação em sua voz. Olho para Gustavo com um questionamento mudo no olhar, ele, no entanto, está com a cabeça baixa, fitando as próprias mãos.

Esse garoto está estranho.

— Biazinhaaaa!!! — Letícia entra na sala e sorrir ao nos ver. — Você deixou a porta destrancada — explica antes mesmo que eu possa questionar. —  Iaí, todo mundo pronto?

Minha filha grita que sim animada e faço careta.

Eu não sou muito adepta a bebidas alcoólicas. Até bebo às vezes, mas não gosto muito de cerveja, a bebida fede e o gosto é horrível. Normalmente me limito a vinho, ou champanhe, mas são momentos raros.

Porém, por ser a única que com certeza não passará a noite de hoje e o dia amanhã enchendo a cara, fiquei encarregada de levar e trazer os quatro beberrões, que querem aproveitar o feriado sem a preocupação de dirigir na porta.

Obviamente odiei a ideia, já vi essa galera bêbada mais de uma vez e não é nada bonito. Letícia fica carente e chorosa e os outros três viram cantores.

Minha viagem de volta vai ser uma merda, mas amo eles demais e não quis negar.

Volto para o quarto para pegar minha mochila e aproveito recolher e jogar no cesto de roupa suja as peças que Gustavo usava ontem e deixou jogadas na minha poltrona.

Checo se peguei tudo o que posso precisar, incluindo as duas embalagens com bolo de milho e outras duas com bolo de fubá que o pessoal ama, e saímos.

Alguns amigos e parentes dos pais de Gustavo já estão no sítio quando chegamos, quase cinco horas depois. A fogueira já está acesa e o forró tocando baixinho. Essa festa praticamente já virou tradição e a quantidade de pessoas parece estar aumentando com o passar dos anos.

Cumprimentamos algumas pessoas, inclusive Mônica e Augusto, pais de Gustavo e anfitriões da noite. O momento é super desconfortável para mim, afinal estou ficando com o filho deles, que mal deixou as fraldas.

Ficando?

Pelo amor de Deus, Beatriz! Quantos anos você tem?

Acho que tenho que começar a sair mais com Eliane e menos com os amigos de Hellen.

Me afasto rápido, com o pretexto de guardar as coisas no quarto, faço uma nota mental de fugir deles o máximo que puder. Claro que será um pouco difícil porquê são os donos da casa e gostam de mim, assim como gosto deles, mas vou aproveitar a casa cheia para manter distância.

As horas passam e mais pessoas chegam. Umas que já conheço e outras que nunca vi.

Cumpro com êxito minha missão de fugir dos pais de Gustavo e me esbaldo com as comidas de milho. Canjica, Mungunzá, também conhecida como Manguzá, Pamonha, que é uma das que menos gosto, além de bolo de milho, fubá, milho cozido e também assado na fogueira. Além de pé de moleque, paçoca e algumas outras comidas igualmente deliciosas.

Depois de horas enchendo o bucho de refrigerante, sinto a bexiga apertar e corro para o banheiro do andar de baixo.

Estou lavando as mãos quando alguém mexe na maçaneta.

— Espera um pouquinho, já tô saindo — peço.

Enxugo a mão na toalha de rosto e abro a porta, um corpo grande me impede de sair e me empurra de volta para dentro.

— Enlouqueceu, Gustavo? E se alguém ver?

Dá de ombros.

— Não estamos cometendo crime algum.

Se aproxima mais um pouco, circula meu corpo com seus braços, pousando as mãos em minha lombar, e se inclina para me beijar.

Sinto o gosto de cerveja em sua língua, mas ignoro porque seu beijo é bom demais. Suas mãos grandes descem para meu bumbum.  Puxa a barra da camisa para fora do short e tenta desabotoar.

— Você está bêbado — reclamo quando cambaleia um pouco para trás.

— Tô sóbrio o suficiente para saber o que quero. E eu quero você. Te dou meu consentimento, pode usar meu corpinho sarado.

— Não, Gustavo. Já cometi esse erro antes quando te deixei me beijar estando bêbado.

— Estou sóbrio o suficiente para te dar meu consentimento. — Apoia o pé direito na perna esquerda, formando um quatro. — Viu? Se eu estivesse bêbado não conseguiria fazer isso sem me desequilibrar.

Tento não rir e olho para a porta.

— Alguém pode entrar.

Se afasta um pouco, tranca a porta e sorri. Beija meu pescoço, em seguida suga suavemente a pele. Pergunta se tenho mas alguma objeção, nego, totalmente cega pela névoa de desejo. Porém me afasto ao me lembrar de algo.

— Temos que ser rápidos.

Desce o zíper da calça. Um sorriso sacana esticando os lábios rosados.

— Darei meu melhor

— Queria poder te exibir por aí — reclama enquanto ajeito meus cabelos.

Olho para ele através do espelho.

— Não sou um troféu, nem uma medalha.

— Mas poderia ser minha namorada.

— Há há, engraçadinho.

— Não estou brincando — seu tom sério me deixa tensa.

— Você pode não estar muito bêbado mas já ingeriu algum álcool, então vou fingir que não ouvi isso.

— O álcool entra e a verdade sai. Nunca ouviu isso? Falo como me sinto, Bia, e o que eu quero é que você seja minha namorada.

Nos encaramos através do espelho. Tento encontrar em seus olhos qualquer traço de brincadeira, mesmo sabendo que não vou encontrar.

— Não vai falar nada?

Termino de refazer minhas tranças e viro para ele, falando a única frase racional que encontro no caos que está minha mente.

— Se é assim que se sente, então acho que temos que parar — meu coração aperta apenas de imaginar meus dias sem ele, porém continuo. — Conversamos sobre isso, deixei claro que seria casual. Pedi pra não se apaixonar.

Fica ereto, o olhar frio e opaco como nunca vi.

— Não me apaixonei.

— Então...?

Passa a mãos pelos cabelos, piorando a bagunça que deixei.

— Acho que cansei de ser seu brinquedinho sexual — diz por fim. — Cansei se ser seu segredinho sujo.

— Você não é...

— Sou, sou sim! Se não fosse estaríamos nos beijando lá fora e eu não teria que vir atrás de você no banheiro para ter migalhas da sua atenção. Eu gostei do que fizemos aqui, gostei muito, mas eu quero mais do que isso, Bia, muito mais.

— Gustavo... — abro e fecho a boca, tentando organizar meus pensamentos. — Eu não... Desculpa, mas não posso dar o que você quer. Não posso te namorar, existe um abismo imenso entre nossas vidas...

— Esse abismo só existe na sua cabeça — interrompe irritado e passa novamente a mão pelos cabelos. — Mas tudo bem, eu entendi, não precisa mais se explicar. Você não quer me namorar, okay. Mas eu não quero mais ser seu segredinho sujo.

Bate a porta ao sair.

Largo meu corpo sobre a tampa do vaso sanitário, sentindo uma forte vontade de chorar.

Senhor... O que eu fui fazer com a minha vida?

Fico alguns minutos refletindo sobre tudo o que ele me falou. A sensação que tenho é que quanto mais penso, mais estressada fico.

Alguém bate na porta e grito que já estou saindo.

Lavo o rosto, checo se não tem nada me denunciando, além do chupão que começa a ficar mais escuro, e escondo com a trança.

— Filha!

— Tá tudo bem? — Ceu olhar especulativo me faz puxar a trança um pouco mais para baixo, preocupada de estar mostrando a prova do meu crime.

— Tudo. Por quê?

Balança cabeça, ainda me olhando desconfiada.

— Não. Nada não.

— Quer que eu te espere?

— Não, vai lá. Mônica tá procurando a senhora pra apresentar a um pessoal que amou o bolo de milho. Ela tá panfletando sua confeitaria.

Forço um sorriso e me afasto.

Volto para a festa e continuo fugindo de Mônica. Vejo uma movimentação perto da estrutura com a placa “Barraca do beijo” e dou risada quando Letícia, que está atrás, grita que não precisam se acanhar porque ela não é seletiva.

Alguns minutos depois, Gustavo passa por mim, meio cambaleante, como não estava antes, e com um sorriso esquisito no rosto. Fala alguma coisa com Letty e ela assente.

A garota grita para o pessoal da fila que vai trocar com Gustavo e duas meninas, de uns dezoito anos no máximo, passam correndo por mim e quase me derrubam.

— Sabe o que deu nele? — Pergunta Mônica parando ao meu lado. — Achei que ele estava namorando a tal da Barbie. Sabe alguma coisa?

Nego, com os olhos fixos nele.

Minha respiração perde o ritmo e meu coração enlouquece quando ele beija Letty. Não é um selinho, não é um beijinho. É um beijo. Um beijaço.

Meu coração comprime no peito.

Ele encerra o beijo, espero que dê um selinho nela, como sempre faz comigo, mas ele não o faz. Apenas sorri e me olha discretamente.

Uma fúria desconhecida cresce dentro de mim e trinco o maxilar.

Bem feito, Beatriz!

Esse é o castigo que você merece por se envolver com um adolescente.

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