21 - Hora de alimentar meu monstrinho
Gemo baixinho, adorando a massagem.
— Tem alguma coisa que tu não sabe fazer?
Aperta meu ombro com um pouco mais de força.
Gemo de novo.
— Se não parar de gemer vou parar a massagem e te fazer gemer de outro jeito.
Sorrio contra o travesseiro.
— E, respondendo sua pergunta, infelizmente eu não sei fazer cupcakes.
Levanto a cabeça de uma vez.
— Não sabe? Mas é seu doce preferido. E é uma receita fácil.
— Não pra mim. Todas minhas tentativas deram bem erradas, a primeira vez eu queimei a fornada inteira, na segunda a massa solou e na terceira ficou muito amargo. E eu nunca consegui chegar ao ponto certo do brigadeiro. O primeiro ficou muito ralo e o segundo grosso demais, nem tentei de novo.
Viro meu corpo debaixo do seu. Ele está de joelhos, uma perna de cada lado do meu corpo.
— Precisamos resolver isso.
— Agora?
— Sim, levanta aí, vamos fazer cupcakes!
— Partiu — Bate palmas e levanta animado.
Rio.
Adoro seu jeito espontâneo.
Checo no armário se temos todos os ingredientes, separando tudo o que preciso. Deixo sobre a mesa e peço que ele porcione e misture tudo conforme minhas instruções.
Após colocar a massa no forno, separamos os ingredientes para a cobertura.
— Cacau na massa e na cobertura? Não fica muito amargo?
— Primeiro que é 50% o cacau, então não vai ficar tão amargo, talvez na massa dê pra sentir um pouco mais, mas na cobertura nem tanto por causa do leite condensado e do creme de leite. Aliás, essa é a receita exata que você tanto ama.
Ele joga o leite condensado na panela e o chocolate em pó, quando vai colocar também o creme de leite, levanto agitada e seguro sua mão.
— Não, não, não! Assim não.
— Não é para misturar tudo?
— É, mas não de uma vez. Primeiro você mexe o chocolate em pó e o leite condensado até diluir o pó e virar uma mistura homogênea, sem nenhuma bolinha senão a cobertura vai ficar meio emboloada. Não vai ficar bonito e não é legal comer e ficar sentindo as bolinhas na boca. Vai, mistura.
Ele vai mexendo e pede para eu avisar quando estiver bom. Quando está bem homogênea a mistura, aviso que pode colocar o creme de leite, mas deve fazer o mesmo processo de diluir antes de levar ao fogo. Com tudo misturadinho e bonitinho, aviso que pode levar a panela ao fogo.
— Parece que isso nunca vai engrossar.
Baixo as cabeça, não conseguindo controlar a risadinha.
— O quê? O que foi?
Balanço a cabeça para os lados, ainda rindo.
— Não é nada, só uma bobagem que passou pela minha cabeça.
Cerra os olhos.
Parece pensar um pouco e quando ri, sei que entendeu o que pensei.
— Que safada, você. Eu aqui, todo inocente, cozinhando e tu aí pensando safadeza.
— A culpa é toda sua.
— Então criei um monstro?
— Criou e, quando terminar essa cobertura, vai ter que alimentá-lo.
Sorri malicioso.
— Será um imenso prazer.
Faz careta quando mexe um pouco mais rápido e o líquido fervente voa na sua barriga desnuda.
— Isso que dá cozinhar sem camisa — repreendo limpando sua barriga com um pano de prato úmido. A quantidade foi pequena, mas deixou uma mancha avermelhada na pele clara.
Pego um dos meus aventais e coloco nele. Deixo um selinho em seus lábios, só para matar a vontade, e me afasto.
— Acho que devemos repensar o acordo de nos vermos apenas aos fins de semana — comento, sentido falta do seu corpo sobre o meu, do contato pele a pele, suor, gemidos, orgasmos. — Cinco dias é tempo demais.
Ele gargalha.
— É, eu criei mesmo um monstro.
— E disse que seria um prazer alimentá-lo.
— E será — pisca o olho direito e volta a olhar para a panela. — Falando sério, Bia, isso aqui não vai engrossar não? Tô há meia hora mexendo esse negócio e continua ralo.
— Cozinhar exige paciência, Gustavo. Deveria saber disso.
— Eu sei disso. Mas fazer brigadeiro não costuma ser tão demorando.
— Provavelmente porque tu coloca apenas leite condensado e chocolate em pó, estou certa? — Confirma. — Aí também foi creme de leite, o que deixa mais líquido, mas é só ter paciência que vai chegar aonde quer.
— Seis dias, Bia, seis longos e sofridos dias tendo sonhos quentes e tomando banho gelado — me olha rapidamente —, fui obrigado a fazer coisas das quais não me orgulho.
— Que coisas?
— Coisas de adolescentes entrando na puberdade e sendo bombardeados de hormônios.
Sorrio animada quando compreendo. Me aproximo dele, abraço suas costas e desço a mão lentamente até o cós da bermuda jeans.
— Você se tocou pensando em mim?
— Bia...
— Responde — passo o indicador por todo o cós da bermuda, de uma ponta a outra. — Se tocou pensando em mim, Gustavo?
Abro o botão, em seguida o zíper. Deslizo a mão na parte da frente da cueca, antes de introduzi-la dentro da mesma.
— Bia, para com isso. Estamos na beira do fogo com uma panela fervendo bem aqui.
Me inclino um pouco para o lado, tentando visualizar a panela.
— Nem começou a ferver direito.
— Ainda assim tá quen-te — meio que gagueja, meio que geme.
Sorrio.
Aperto um pouco minha mão e um gemido mais forte escapa por sua garganta.
Ele segura minha mão.
— Por favor, não. Quero estar cem por cento na nossa brincadeirinha daqui a pouco. Se fizer isso, vou ter que esperar um pouco mais, afinal não saí de um romance do Kindle, onde os caras nem saem de dentro e já estão prontinhos para recomeçar tudo de novo.
Sorrindo, beijo suas costas e me afasto. Apoio o cotovelo na mesa e o queixo na mão.
— Que tipo de livro tu lê? Achei que fosse só fantasia e HQs. E não acho que teria essas coisas nesses livros.
— Ah não, sou um cara bem diverso, também gosto ficção científica e romance. Leio de tudo um pouco — dá de ombros e me olha. — E tu só tá falando isso porquê não deve ter conhecido os Hentais, nem lido Acotar.
— Você lê Hentai?
Me olha com as sobrancelhas franzidas.
— Você sabe o que é um Hentai?
Entorto os lábios.
— Sou velha, não de Marte, Gustavo Alex.
Revira os olhos.
— Tu e teu complexo de matusalém, eu hein.
— Complexo de matusalém? Isso existe?
— Sei lá. Acho que não, só falei isso porque ele é o cara que mais viveu né? Morreu velhão.
— Está dizendo que estou velhona?
— Tô dizendo que você tem que parar de reparar tanto nas nossas idades e focar nessa coisa gostosa que a gente tá vivendo. Nossa diferença de idade não está atrapalhando em nada aqui.
— Só se não levarmos em consideração que estamos escondendo de todo mundo que conhecemos.
— Porque você quer assim.
Ergo as sobrancelhas.
— Então você não veria problema em contar para sua melhor amiga que está, casualmente, pegando a mãe dela?
Seu silêncio me faz deduzir que está refletindo sobre todos os problemas que surgiriam se trouxéssemos isso a tona. Já é complicado o bastante sendo um lance secreto.
— Acho que tá bom — quebra o silêncio.
Levanto para conferir. Pego a espátula para checar se já está soltando do fundo da panela e peço para ele mexer por mais uns três minutos. Após esse tempo, entrego uma pequena travessa retangular de vidro, ele despeja o doce ali e envolvo o recipiente com plástico filme, ou PVC como é chamado em alguns lugares. Aviso que precisamos deixar esfriando em temperatura ambiente e que levará algumas horas para estar no ponto. Voltamos para a sala e ligo a tv.
Estranho seu silêncio e pergunto se está tudo bem, ele apenas confirma com a cabeça.
— Tá tudo bem mesmo? — Pergunto novamente, incomodada com o silêncio persistente.
— Tá.
— É? — Me ajoelho no sofá e passo uma perna de cada lado seu, sentando em suas coxas. — Então por que está olhando fixamente para a tv ao invés de me agarrar?
Sorri. Não seu sorriso comum e alegre, é um sorrio meio triste.
— Serio Gustavo, o que aconteceu? Você ficou estranho de repente.
— Não é nada.
Beija meu pescoço, em seguida toda a linha do maxilar e por fim os lábios.
Eu sei que ele está me distraindo, fugindo do assunto, mas mesmo assim me deixo levar. Se ele não quer contar o que está se passando em sua cabeça, não irei forçar a barra.
Se ajoelha no sofá comigo em seus braços e me deita de costas no estofado branco. Arranca meu vestido, deixando-me só de calcinha, e me encara de um jeito intenso. Às vezes ele faz isso, fica me olhando assim quando estou totalmente nua, me dá a sensação de que está gravando o momento.
— Acho que estou diante da encarnação de Afrodite. Impossível ser tão bela e não ser a deusa do amor e da beleza.
A frase é tão inesperada que não consigo conter a risada.
— Você é tão brega.
— E você é cruel.
Empurro seu corpo, subindo novamente sobre ele. Beija o lóbulo da minha orelha, sussurrando em seguida:
— Hora de alimentar meu monstrinho.
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Hey, babys!
Aqui está o primeiro capítulo do dia. Fiquem de olho que até às 19:00hr libero o segundo capítulo de hoje.
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