Capítulo 4
Théo Alvarez
Eu não consigo respirar... eu não...
- Théo... você está bem? Falei alguma coisa errada? Você tá pálido.
Balanço a cabeça tentando espantar todos esses pensamentos, não vou ter uma crise de pânico por causa disso, muito menos na frente dela.
- Por que isso seria tão ruim mesmo? - Questiono.
- Para começar, você nem gosta de mim desse jeito e...
Gosto, gosto sim! Porra, acho que até te amo!
- Mas isso não importa mais, se não rolou, não era pra acontecer de qualquer forma - Ouço ela dizer e sinto meu peito se afundar ainda mais.
- Seria tão horrível assim? Me beijar?
- Eu não disse isso...
- Mas é o que parece!
- Eu preciso de ar! - Ela pega suas muletas e sai praticamente correndo.
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- Realmente não entendo, o que ela quis dizer com aquela merda toda? - Falo ao me deitar em minha cama.
- Aquela era a hora perfeita para ter se declarado, merdinha! - Marcos fala.
- Pois é, e você cagou com tudo... como sempre! - Tadeu completa.
- Se eu quisesse ouvir a verdade, eu teria ido no quarto das meninas e conversado com a Bianca, não com vocês, cuzões.
Estamos no nosso quarto, cada um em sua respectiva cama, eu deitado olhando pro teto e pensando nela.
Marcos jogando infinitas bolinhas de papel no nosso cesto de lixo. Onde esse maluco arranja tanto papel?
E Tadeu deitado lendo um livro. Uma noite normal, diria...
- Será que elas estão bem? - Marcos pergunta já pegando o celular, sei exatamente para quem é a mensagem.
- Elas devem estar no dormitório delas - Eu suponho.
- Não, Carlita está em um festival de yoga, Bianete está em uma boate e... a sua KittyKat está no cinema... com o novato? - Ele faz um bico, aqueles de quando ele se arrepende de que falou logo em seguida.
Eu e Tadeu nos levantamos quase que ao mesmo tempo.
- Como assim festa? - Ele pergunta.
- E como assim, com o novato?
- A Carla estava demorando a responder, então eu fui stalkear as meninas no insta e me deparei com a minha linda Carlinha de legging rosa e um top da mesma cor, gostosa para caralho, toda flexível e...
- Marquinhos! - Estalos os dedos entre seus olhos para que ele volte a vida real - Foco! Onde você viu a Kat com o novato?
- E a Bia numa festa? - Tadeu repete insistindo.
- É só olhar os storys delas - E é o que fazemos, não tem nada.
- Não tem nada aqui! - Falamos juntos. Irritados.
- Vocês não estão nos "melhores amigos"? Estranho...
- E como você está e nós não?
- Por razões óbvias, é claro, eu sou o preferido delas! - Ele se gaba.
- Eu estou nos "melhores amigos" somente no da Carla. - Tadeu diz.
- Todos são amigos para Carlinha, menos... vocês sabem quem... - acenamos. Não falamos sobre isso.
- Mas enfim, que horas foi esse post do cinema?
- Dez minutos atrás - Ele fala olhado pro celular.
- Então, ainda estão lá? Perfeito!
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Tadeu para em frente ao shopping, onde fica o cinema favorito de Katherine, eu desço do banco do carona e Marcos passa para frente.
- Sabe muito bem que ela vai ficar muito puta com você, tem certeza?
- Eu não vou deixá-lo vencer!
- Tecnicamente, não é uma disputa, ela não sabe que você também está no jogo - Marcos está certo.
- Mas ela vai saber hoje! Quando eu atrapalhar o encontrinho deles, a partir de hoje! Estou na luta pelo coração daquela mulher!
- Você está todo confiante, mas no fundo está morrendo de medo dela não sentir o mesmo e ainda te quebrar por interromper os dois - Tadeu também está certo.
- Mas enfim, Vamos embora, Tatá! Temos um festival de yoga para ir!
- Por favor! Para de me chamar assim!
- É apelido carinhoso, você prefere "bebezinho"?
- Prefiro porra nenhuma, e se não quiser ir a pé é melhor parar!
- Essa é a minha deixa... fui! - Falo ao me distanciar.
Vou em direção a entrada do shopping e escuto a caminhonete de Tadeu cantando pneu logo atrás de mim.
Não sei se estou fazendo o certo, mas ela precisa saber, a gente precisa de uma chance, juntos, sou apaixonado por ela desde que a conheci.
Kat e eu fomos feitos um para o outro e eu não vou mais deixar nada e nem ninguém atrapalhar isso.
Chego na bilheteira do cinema e os vejo na fila dos ingressos, ele está com a mão na cintura dela e ela com um sorriso enorme no rosto. E estão muito perto um do outro.
Hora de retribuir o favor que o merdinha me fez!
Vou andando até lá e chego de surpresa.
- Que coincidência!
- Théo! Oi! - Ela sorri, e eu sorrio de volta.
Ela parece feliz em me ver, acho que até aliviada...
- E ai, mano?
- De boa, mano...
- E então, o que faz aqui? - Kat quis saber.
- Eu vim ver um filme, que bom que estão na fila, já tenho um lugar garantido!
- Na verdade... a gente está no meio de um encontro, então... - O merdinha fala colocando o braço por cima dos ombros dela.
Kat torce o nariz, me olha e olha para ele, ela tira sua mão dela e a coloca perto da cintura dele.
- Nunca disse que era um encontro, você disse "passeio" ...
Toma!
- Dá no mesmo, não?
- Não, e eu não vou trocar amigo meu por você, se ainda quiser ver esse filme comigo, acho bom tratar bem o Théo.
Ele levanta as mãos em rendição.
- Adorei seu jeito mandão... - Ele sorri malicioso para ela e a tonta retribui.
Que merda?
- Qual filme vamos ver?
- Um de terror se chama...
- Não assistimos filmes de terror, suspense talvez, terror não! - Kat o interrompe.
- Ela odeia, e se quiser ver, veja sozinho.
E seguimos com a fila andando.
- A gente pode ver esse - Kat fala apontando para um cartaz do Harry Potter.
- Coisa mais de nerd...
Nós nos olhamos e depois olhamos para ele, sorrio divertido.
Não vou nem precisar sabotar esse encontro, ele faz isso muito bem sozinho.
- O que você disse? - Pergunta Kat.
- Quero dizer, vamos ver uma coisa nova... - Ele tenta disfarçar.
- Nunca leu os livros? - Pergunto colocando mais lenha na fogueira.
- Existem livros desse filme? - Ele indaga claramente surpreso.
E a coisa só fica melhor.
Ela respira fundo. Olha para baixo.
Me abaixo um pouco falar em seu ouvido.
- Que piada, ele é como você fala... tantã das ideias - Falo a ultima frase em português.
E ela levanta a cabeça e solta uma gargalhada, e começa uma crise de riso, ela se apoia em mim e começa a rir contra meu peito, acho que essa é a melhor sensação da vida!
A risada é tão contagiante que acabo rindo e aproveitando estar perto dela para afagar suas costas, mexeria nos seus cabelos, mas ela sempre diz:
"Em cabelo de negro, ninguém mexe!"
- Qual a graça?
- Nada, só uma coisa nossa - Falo e Kat tenta se recuperar da crise.
- É tão bom quando eu tenho crise de riso e não de choro - Ela comenta.
- Concordo... - A gente se olha e respiramos fundo, quase que ao mesmo tempo.
Chega nossa vez.
- O que vão assistir? - A Moça da recepção pergunta.
- Vamos assistir Harry Potter e a Pedra filosofal - Kat diz entregando seu cartão para a moça.
- Ok, são três ingressos para Harry Potter? - A moça pergunta.
- Sim! - Kat afirma.
- Aqui! - Ela entrega os ingressos para Kat e devolve o cartão para ela.
- Depois me fala quanto deu, que eu te passo o dinheiro, ok? - Falo seguindo-a.
- É, eu também! - A vela ambulante fala logo atrás de nós.
- Você não precisa, Piter, é de lei as pessoas conhecerem a história do Harry.
- Opa! Se é assim, não vou pagar o meu não...
- Não, você vai, ele não me deve dinheiro, diferente de outras pessoas.
Ela pisca em minha direção.
Katherine para em frente a porta e se vira para nós dois.
- Ok, Eu quero um milkshake de chocolate! Vou buscar, encontro vocês lá dentro.
Acenamos.
- Vem, eu sei onde ela gosta de se sentar... - Falo.
- Até! - Ela vem em minha direção e beija meu rosto.
E ela vai em direção a lojas do shopping
- Por que você ganhou beijinho?
- Porque eu sou o preferido, e ela nem te conhece direito, ela não beija qualquer um. Vem, por aqui - Subo as escadas e paramos no meio.
Sentamos de um jeito em que a Kat fique no meio, entre nós.
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Passamos um tempo conversamos, e cheguei a conclusão que ele tem algo de estranho, ele parece um cara legal, tem algo em mim que não confia totalmente nele.
- Cheguei! - Kat sussurra e se senta no meio de nós dois.
- A fila tava enorme? - Pergunto.
- De atravessar a praça de alimentação! - Dramática.
- Trouxe hambúrgueres para vocês! - Ela leva um saco de papel pardo no colo e coloca a mão dentro procurando algo.
- Não precisava... - Tento falar.
- Shiu! Trouxe seu favorito - Ela me entrega o lanche e as batatas que acompanham.
- Obrigada, Kat!
- E uma vez você me disse que você gostava desse aqui, então está ai - Ela entrega um lanche parecido com o meu e com o mesmo acompanhamento para Piter.
- Obrigada, Linda.
Linda?
Antes que eu possa dizer alguma coisa a som nos alto-falantes começou e sinais do começo do filme começou a surgir.
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Minutos do filme haviam se passado, e ela nem piscava, olhava para o lado, nem nada, nem parecia que já tinha visto esse filme mais de mil vezes.
Comecei a prestar atenção nela, como humedecia os lábios, passava a mexa de cabelo atrás da olha, mexia aperta as mãos fervorosamente...
Tem algo errado, ela não foi lá comprar a bebida? Por que voltou só com os lanches?
- Kat? - A chamo.
Ela me ignora ainda olhando para a tela.
- Katherine! - Sou mais firme.
- Quieto! - me ignora mais uma vez.
- Kat, você já viu isso um milhão de vezes! - Argumento.
Ela finalmente se vira para mim.
- Oi
- Cadê sua bebida?
Ela dá de ombros.
- Pensei bem e eram muitas calorias, já tinha almoçado muito.
- Não, de novo?
- O que? - A vela se pronuncia do além.
- Nada não, Piter, presta atenção no filme, a gente vai ali e já volta... - Falo tentando puxar para ir comigo, mas ela se recusa.
- Vamos ver o filme, depois conversamos.
Força-la não me levaria a nenhum lugar...
Acho que a minha declaração vai ser deixada para outro dia...
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- Eu me diverti muito! - Piter fala quando o motorista de Kat para na porta de sua casa.
- Nós também! - Falamos ao mesmo tempo.
- Kat, pode vir aqui fora um instante?
Ela concorda e os dois saem do carro.
- O que você acha, Jake? - Pergunto enquanto encaro os dois rirem um pouco.
- Acho que você terá uma concorrência forte...
Assistimos eles conversarem e no final, quando ela estava voltando para o carro, ele a puxa e a beija.
Sinto meu coração ser dilacerado, vê-la com outro, me deu vontade de sair de lá e socar a carinha convencida dele até falar chega.
- Muito forte...
Obrigado, Jake!
Ela entra no carro, limpando a boca, então, não foi lá essas coisas para ela.
Bom sinal.
- E então? - Pergunto.
- Ele é bonito e tudo mais, mas não senti nada... foi sem graça - Ela dá de ombros.
- Esqueça o que eu havia dito, Senhor Alvares. - Ele liga o motor.
Eu poderia soltar fogos de artifícios agora!
- O que você disse? - Ela questiona Jack.
- Não me lembro! Ele começa a trajetória até a casa de Katherine, e vejo ela dando adeus para ele.
Bom, agora não vou precisar me preocupar mais com ele.
^^^
Chegamos na casa de Kat.
Ela destranca a porta da frente.
- Mãe? Pai? - Ela grita e não obtêm respostas. - A casa é só nossa!
Nossa? Gostei.
Kat se joga em dos sofás e joga suas coisas no chão.
Me sento do seu lado, e ela coloca uma almofada no meu colo e se deita logo depois.
Passamos um tempo em silêncio.
- Como você sabia que a gente estava no cinema?
- Eu acho muito insultante eu não estar nos seus "melhores amigos" do insta! Tive que descobrir pelo Stalker do Marcos. - Comento respondendo sua pergunta.
Kat franze o cenho
- Você está! - Ela pega seu celular e se deita de novo no meu colo.
- Tenho certeza que não...
- O Piter deve ter mexido em alguma coisa, ele que tinha tirado a foto.
- Entendi... me coloca de volta! Agora! - Brinco com uma voz autoritária.
Kat apenas balança a cabeça e sorri. Mexe um pouco no celular e depois coloca na mesinha de centro.
- Mas por quê você foi? - Questiona com curiosidade.
- Eu queria te dizer uma coisa, então fui atrás de você...
Ela se levanta e se senta perto de mim.
- E o que era?
- Não está brava por eu ter atrapalho seu encontro?
- Não, no fundo eu sabia que não daria certo, ele é gostoso? Sim, mas quando abre a boca a magia de garoto bonito some...
- Ah... - Assim que sair daqui, vou soltar fogos de artifícios!
- E então? O que você tinha que me dizer?
- Que eu... gosto de você...
Caralho! Eu finalmente falei!
Ela me olha em silêncio. Em seguida começa a rir, eu continuo sério.
- Ah, você está falando sério? - Ela parece séria.
- Sim, gosto de você, Katherine Parker, desde o dia que te conheci e eu não podia mais esconder o que eu sinto por você...
- Eu... nem sei o que dizer, eu...
- Não precisa, diz alguma coisa depois disso...
Nesse momento, me aproximo dela, passo meu polegar em sua bochecha e humedeço meus lábios e ela faz a mesma coisa, vou chegando cada vez mais perto até que me surpreendo quando o espaço entre nós por ela.
- Por essa não esperava... - Digo ofegante ainda a centímetros do seu rosto.
- Nem eu - Ela me dá um selinho.
- E agora? - Pergunto.
- O que?
- Como vai ser? Você disse que se isso acontecesse, isso estragaria as coisas entre nós... e eu só estou vendo vantagens.
Ela abre um sorrio tão lindo, aquele que sempre me derrete por inteiro.
- Ah, é mesmo? E que vantagens são essas? - Ela sempre entra na vibe, caralho! Eu amo essa mulher!
- Eu mostro, quer? - Ela morde o lábio inferior enquanto sorri.
Eu tô muito fodido.
- Mas primeiro, quero saber uma coisa... quero ouvir de você...
- O que? - Pergunta confusa.
- Você...
Um barulho de algo caindo interrompeu minha fala, nos viramos para o barulho, era a cachorrinha de Kat que tinha saído da casinha, provavelmente por ter nos escutado.
- Oi, coisa linda! - Vou até Kitty e faço carinho em sua cabeça - O que você derrubou? É sua bolsa, Kat...
Eu vejo algo caído perto da bolsa, algo que já estava dentro da mesma.
Eu sabia, sabia que tinha algo acontecendo!
- Não tem importância, o que você estava falando?
Me levanto segurando um potinho de comprimidos.
- Que merda é essa, Katherine?
- Nada! - Ele corre até mim e tenta tirar o potinho da minha mão, mas eu não deixo - Me entrega!
- Pensei que você estava limpa!
- Foi só uma recaída, acontece de vez em quando...
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