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04. Conversa

Annika se transformou com um flash laranja, a energia a circundando em espirais e devolvendo-a à forma humana. Ela ajeitou o cabelo para fora dos olhos, nos encarando com seu pequeno par de cristais azuis.

Meu coração estava acelerado, mas respirei fundo e me abaixei para encará-la diretamente.

— Nikie, o papai precisa da sua ajuda.

— O que eu posso ajudar? Tem algo a ver com o bisavô Ivaar? E por que falaram de "silêncio"? — ela entrelaçou uma mão na outra — Eu ouvi um pouco da conversa de longe, desculpe.

Kaira se colocou ao meu lado, uma mão em meu ombro e a outra segurando as mãos de nossa filha, acariciando-as. Com apoio, aquela era uma tarefa menos difícil, mas ainda possuía seu peso, demonstrado nos olhos também ansiosos de Cygnus, que nos observava a alguns passos atrás.

— Filha, você se lembra da história que contamos? — Kai era a mais centrada de nós, e eu lhe devia admiração por isso — De como o papai e a mamãe se conheceram?

— Aham! E a mamãe beijou o papai igual o príncipe acordando a Bela Adormecida.

Pelo Universo, de novo não.

O comentário estilhaçou minha agitação. Kai ficou sem palavras e percebi, com o coração derretido, que até as pontinhas de suas orelhas estavam avermelhadas. Vi de canto de olho Cygnus conter um sorriso.

— Eu juro que não contei desse jeito. — Kaira se virou para mim e eu comecei a rir.

— Eu sei que não, eu estava do seu lado quando contamos. Quem te deu essa outra versão dos fatos, Nikie?

— Vovô Sora. — ela sorriu inocentemente — Com uma ajudinha do tio Flake. Não teria acontecido se vocês tivessem me contado todos os detalhes!

Dessa vez, Cygnus não se conteve e riu.

— Pois bem, senhorita sabe tudo. — eu disse, ajeitando uma mecha de cabelo dela — E você se lembra por que a mamãe teve de me acordar?

— Porque você tinha sido amaldiçoado. — os olhos de Annika se voltaram para o espírito das estrelas, como se fossem capaz de lê-lo, mas ela logo voltou sua atenção para mim, acanhada.

— O que você percebeu, filha? — Kaira olhou de relance para Cygnus e depois se virou em incentivo.

— Ele conheceu a moça da história de vocês?

A pergunta nos pegou desprevenidos, trazendo Cygnus mais para perto. Com um prensar dos lábios, ele fez que sim.

— Conheci. — o tom dele era gentil— Como sabe disso?

— Não foi um sonho. — Annika soltou de antemão — Mas é parecido com ouvir o bisavô Ivaar.

— Nós acreditamos em você. — eu afirmei, olhando-a nos olhos. Uma porção de tensão pareceu ceder de sua postura.

— E você a ouve? A moça? — Kaira perguntou, e Cygnus se inclinou um pouco mais para ouvir a resposta. Annika assentiu.

— Desde que você apareceu no lugar de descanso do bisavô — o espírito das estrelas foi apontado — eu a vejo agradecendo por algo que você deu de presente. Ouvi outras coisas, como "maldição" e "inverno". Achei que poderiam ser a mesma pessoa.

— Ela talvez estaria agradecendo por isso? — Cygnus puxou um colar do bolso do sobretudo, uma corrente prateada com um pingente do que aparentava ser uma flor, com caule e folhas desenhadas, mas que desabrochava em uma estrela encrustada de pedras esverdeadas.

Minha filha fitou o colar intrigada.

— Eu estou escutando ela de novo.

— Você acha que poderia tentar conversar com ela? Por favor?

Annika olhou para mim e para Kaira, e nós apertamos suas mãos carinhosamente. Ela respirou fundo e assentiu.

— Posso tentar. Me empresta o colar?

Quando a joia foi depositada em sua palma, Nikie a manuseava com certa familiaridade. Fechou os olhos por um segundo.

— Ela está um pouco difícil de ouvir. Não é como o bisavô, ela não está... leve.

Talvez eu me julgasse louco depois, mas comecei a desejar que a situação se encaminhasse. Com uma ideia, chamei minha filha.

— Tente soltar sua energia, o papai vai te guiar, está bem?

— Glacier, tem certeza? — Kaira me olhou alarmada. Mas eu estava bem quanto a isso. Era a hora de rearranjarmos melhor o passado. — Se quiser, eu posso tentar ajudar primeiro.

— Lucinda ainda está na Aurora Boreal, não está? Ainda posso alcançá-la, ser a ponte entre o descanso e o silêncio. — virei-me para Annika e segurei suas mãos nas minhas, o colar aninhado ali — Tente alcançá-la novamente no três, Nikie.

Minha filha assentiu. Eu comecei a contar.

Um.

O arco-íris das Luzes do Norte nos circundou, o colar sendo o foco.

Dois.

Tudo que eu sentia eram as mãos de Annika. Minha percepção de mundo se resumiu ali.

Três.

Uma onda laranja pintou o arco-íris, cegando-me momentaneamente.

Pisquei para ajustar minhas vistas aos arredores mais uma vez, mas não eram os mesmos de antes. Não estávamos mais na beira da floresta de pinheiros, mas Annika estava diante de mim, nossas mãos ainda entrelaçadas.

O local era familiar, toda sua extensão respondia ao que eu era. Mas eu nunca havia visto a Aurora Boreal tão laranja antes.

— Deu certo, papai? — minha filha abriu os olhos, e eu a amparei, imaginando que o gasto de energia poderia ter sido demais, mas ela estava em êxtase. Sorria ao reparar na infinitude extensa, e de seu peito oscilava mais energia, dessa vez em uma cor diferente: rosa como algodão doce. Empolgação. — Aqui é a Aurora Boreal!

Eu ri, ajeitando nossas mãos para ainda segurarem o colar, mas conseguirmos nos mexer.

— Sim, aqui é a Aurora Boreal. — eu olhei ao redor — Deveríamos ter tentado trazer a mamãe e o Cygnus e...

— Lucinda está por aqui!

Annika me puxou, cortando minha fala, e começamos a andar pela extensão ondulante das Luzes. O sustento sob nossos pés ondulava como água, e minha filha parecia encantada, distraída, mas completamente certa de qual direção seguia.

Caminhamos por alguns minutos, Annika ainda vibrando em rosa algodão doce, sem nenhuma mudança visível na paisagem alaranjada, até que veio de uma vez. Eu mais senti do que vi de primeira, uma presença carregada.

— Ela está lá. — Annika parou e apontou para a concentração da energia, que era índigo e cinza, culpa e medo, que chegava distorcida aos olhos. No centro, havia uma figura que acreditei que nunca mais encararia.

Lucinda estava sentada abraçando as próprias pernas, os cabelos crespos caindo em seu rosto. Sua pele negra parecia estar se misturando à ondulação que produzia, sua presença se transformando naquilo que sentia.

— Eu destruí uma família. — era possível ouvi-la sussurrar — Devo desculpas ao Inverno. — ela tremia — Meu próprio inverno foi a causa disso tudo. A culpa é toda minha.

Eu não soube o que sentir. De mim, partiram ondulações multicoloridas, uma seguida da outra. Talvez meu coração estivesse acelerado demais.

Annika observava, e eu percebi que ela dera passos hesitantes até a energia, esticando meu braço.

— Cindy? — minha filha chamou e foi como se o eco de sua voz reverberasse por todas as Luzes. Lucinda ergueu a cabeça de uma vez, mas paralisou depois do movimento.

— Quem está aí? Alguém consegue me ouvir?

— Eu sou a Annika, e consigo te ouvir muito bem. Você quer conversar?

Ignorando a pergunta, Lucinda se levantou com dificuldade, seus movimentos lentos e arrastados. Ela caminhou até nós.

— Quem mais está aí? — não foi necessário eu responder, ela se aproximou o suficiente, e uma onda de desespero cruzou por seus olhos. O azul e o cinza predominantes receberam uma pincelada verde-água. — Glacier?

— Olá. — engoli em seco. Não era eu quem deveria estar ali, mas sim Cygnus, ou até mesmo Kaira, que conseguiria entendê-la melhor. Meu plano não havia sido tão bem pensado assim.

Lucinda olhou de mim para Annika, depois repetiu o caminho e estava me encarando de novo.

— Eu sei que estou na Aurora Boreal, mas nunca imaginei que o veria... — o choro não era materializado em lágrimas ali, mas o rosto de Lucinda expressava que estaria cheio delas. Suas ondulações estavam oscilantes. — Ela tem os seus olhos. — ela comentou ao fitar Annika mais uma vez, que sorriu orgulhosa.

— Porque sou filha dele!

Lucinda arregalou os olhos, porém, para minha surpresa, ela cedeu ao peso de suas pernas, como se não a segurassem mais. Suas ondulações estavam inespecíficas, até que consegui perceber um lilás claro que identifiquei como alívio, o que aumentou meu espanto. Não consegui pensar no que dizer.

Eu não esperava nem metade do que estava ocorrendo.

— E ela tem os cabelos de Kaira. — Lucinda olhava Annika com os olhos cintilando. Minha filha mantinha o sorriso doce.  — Ao menos eu não consegui atrapalhá-los mais do que já havia atrapalhado.

— Você não atrapalhou tanto, eles se beijaram por sua causa!

— Nikie... — eu sussurrei, em um pedido para que talvez fosse com mais calma. Lucinda elevou um canto da boca minimamente, como se fosse impossível não sorrir mesmo que um pouco.

— Essa é uma visão única da situação. — seus olhos me evitaram — A ótica das outras pessoas, eu inclusa, não soa tão suave.

— Mas ainda assim pode ter suavidade. — Annika apontou e, ainda segurando minha mão, pegou o colar de entre nossos dedos e a mostrou — Viu? O Cygnus carrega com ele para todo lado.

— Cygnus? Vocês o conheceram?

Lucinda levou alguns instantes para absorver a menção. Pulsares em vermelho começaram a engolir o medo e a culpa. Era amor.

— Sim, viemos a pedido dele. Ele gostaria de conversar com você, mas não conseguimos trazê-lo. — Nikie disse em um tom de desculpas. Lucinda a fitou.

— Eu não mereço vê-lo de novo. Por isso deixei o colar para trás.

— O que a faz pensar que não merece? — me vi questionar de repente. Ela me olhou como se eu estivesse esquecido de algo muito importante.

— Não é óbvio? — Lucinda sussurrou em um fiapo — Eu destruí tudo, Glacier. Atingi tantas pessoas com meus atos, você foi o mais afetado. O que me impediria de não prejudicar o Cygnus mais do que já prejudiquei?

— Você está certa em dizer que me afetou. — eu disse, minha voz mais calma, começando a refletir meu interior. Annika me olhou exasperada e Lucinda fitou o chão, o índigo da culpa ressurgindo no horizonte. — No entanto, não aparenta desejar me afetar de novo.

Eu havia reconquistado sua atenção.

— Nunca mais.

Ela retrucou firme, sem titubear.

— Por que se isolar de quem a ama, então?

— Porque eu sei que posso machucá-lo. Fiz decisões terríveis, posso voltar a repeti-las.

— Ou pode escolher não fazê-las mais. — insisti — Sabe, Lucinda, para mim ainda é difícil te perdoar, porque o que ainda fez é fresco demais em minha memória, e faz parte de um processo do qual ainda preciso trabalhar. Mas eu me perdoo por não ter sido capaz de impedir as consequências de suas escolhas, e acho que deveria se dar essa chance: se perdoar. Se perdoar por uma terrível escolha, e assumir o controle das suas decisões de volta para transformar o que ainda consegue.

Os olhos escuros da antiga primavera refletiam um tipo de surpresa que não me impediu de continuar.

— Não se pode mudar o passado, e a culpa de suas ações ainda é sua para ser carregada. Porém, se perdoe pelas escolhas que se arrepende, mas nunca as esqueça, para que sirvam de lembrança do que nunca poderá ser repetido. Ressiginifique-as, isso que Kaira me ensinou. Ressignifique essas decisões para que elas pesem menos em um futuro que você ainda irá construir.

Pedi licença a Annika e peguei o colar. Segurei uma mão de Lucinda em concha e coloquei o colar em sua palma.

— E somos capazes de nos reerguer aceitando ajuda, aceitando o amor que nos é fornecido de algum lugar. Eu não sei o que a levou a desejar por uma maldição, mas entendo um pouco do que levou Cygnus a amá-la, pois ele me mostrou, e ele a aguarda para auxiliá-la em sua Travessia. — as ondulações em vermelho aumentaram — Abrace essa chance de recomeço, e mostre que escolheu fazer diferente em suas futuras ações. Siga em frente, Lucinda.

Minhas palavras esgotaram. Eu disse tudo que senti que deveria dizer e, perante a última palavra dita, Annika pareceu liberar uma nova onda laranja que engolfou o antigo espírito da primavera. Lucinda me olhou sorrindo.

— Obrigada por sua compaixão, Glacier. Não apenas comigo, mas com si mesmo. Sinto que a terei como um bom exemplo.

No fim, as ondulações de choro partiram de mim. Sequenciadas e pulsantes. Eu abri mão do que segurava, e deixei que minhas próprias palavras se voltassem para mim. Annika me abraçou, e eu a peguei no colo para poder lhe apertar melhor.

— Eu te amo, filha.

— Eu também te amo, papai. — ela passou os bracinhos ao redor do meu pescoço — Estou muito orgulhosa de você. Aposto que a mamãe também vai ficar.

Segurei a cabeça de Annika contra meu rosto enquanto um novo clarão dominava meus sentidos. Quando voltei a abrir os olhos, percebi que ainda estava de mãos dadas com Annika e estávamos cada um apoiado em um dos ombros de Kaira. O colar havia sumido.

— Papai! — Annika exclamou, abrindo os olhos de repente. Minha esposa a olhou em susto.

— Como foi? Conseguiram chegar até ela?

— Conseguimos. — eu tinha um sorriso enorme no rosto. Beijei a bochecha de Kai e me virei para Cygnus, que nos olhava em expectativa. — Imagino que você tenha alguém em seu aguardo.

Um segundo, pois eu vou pegar alguns lencinhos para mim — nem para forçar drama, mas ao escrever a cena de reencontro dos dois eu tentei expressar o que toda a cena estava me fazendo sentir, que incluíam algumas lágrimas.

O que acharam desse capítulo? Tentei dar meu melhor nessa parte, e espero que tenha valido a pena.

Agora só falta o epílogo (já disponível), espero que estejam gostando até aqui! ❤️

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