Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

6 - Uma pitada de amargura

Todos agora esperavam na sala a chegada dos parentes e amigos, seja passando o tempo com meias leituras de livretos expostos no rack ou passando a visão de tela em tela, no celular ou na televisão. Quando paravam de dar atenção para alguma dessas atividades, conversavam.

— Meio-dia e meio já. Quando eles chegarem, já estaremos jantando.

Paola ri da bem-humorada reclamação de Giovani, antes de respondê-lo.

— Você sabe que eles sempre se atrasam... E só passou trinta minutos do combinado. Não exagera.

Amélia encarava a porta, ansiando por um barulho vindo dali, não mais conseguindo se concentrar no livro. Sabia que a pessoa passaria pelo portão da frente primeiro, mas desde sempre se acostumou com a porta sendo a entrada de sua moradia. O quintal da casa no interior era dividido por alguns vizinhos, e sequer tinha campainha. Gostava dos toc toc toc que as mãos causavam na estrutura de madeira.

Poucos minutos mais tarde, um alto e agudo ding dong  foi ouvido. Os pais levantaram-se, abriram a porta e foram até o portão atender. Amélia dava passos lentos enquanto os seguia, arregalava os olhos e tentava, desde a entrada da casa, olhar quem era pela fresta do portão com o muro. Enquanto o portão subia em lentidão, já conseguia ver os pés dele. Usava um sapatênis bege... uma bermuda de linho branca até o joelho... uma camisa polo cinza... Era o tio Lucas! Ele carregava algumas sacolas, uma caixa retangular e um grande sorriso no rosto.

Paola correu na frente do marido para abraçar calorosamente o irmão. Tal gesto durou por vários segundos, antes que Giovani também o cumprimentasse. Por último, o casal teve de abrir espaço para Amélia, com rosto como que preparada para alguma surpresa.

Lucas agachou até a altura daquela expressão ansiosa e feliz e a deu um abraço. O gesto aliviou o frio na barriga e fez subir a alegria que predominaria no rosto a partir dali. Ele ergueu a caixa do chão e a aproximou da vista da menor. Era uma caixa branca e florida de rosa. Podia ser um calçado, uma camiseta, um vestido...

— Não queria vir de mãos vazias, então te trouxe um agradinho... Estava vindo pra cá, caminhando, quando percebi com meu olhar ninja uma caixa de papelão bem aleatória no meio-fio, rente à calçada. Cheguei perto e... Bem... foi aí que eu decidi tirar o vestido que estava nesta caixa aqui e colocar seu presente nele.

Amélia estranhou aquela história, o que fez voltar, mesmo que um pouco, seu rosto de ansiedade. Ele entregou a caixa e ela abriu. Dentro um gatinho siamês de olhos azuis claros a encarou, tocando em seu dedo com a patinha rosada quando ela o aproximou.

— Você não tem alergia e seu pais não são chatos, então... — Ele encarou o casal sorridente.

A expressão continuou quando a filha olhou para eles com rosto pedante. Ela então tirou a criatura agitada da caixa e aninhou — ou pelo menos tentou — do peito ao ombro. Mas se viu obrigada a colocá-lo de volta quando o tio estendeu em sua frente o lindo vestido, o dono original do local em que agora o gato estava.

Os olhos dela se arregalaram como puderam. A caixa era um resumo do que ela agora segurava contra o corpo. Era um vestido todo branco e com as extremidades rosadas. Ao longo da região das pernas, ele curvava pra fora, acentuando as pequenas rosas que percorriam por ali.

— Posso ficar com os dois? — Amélia voltava a expressão ansiosa, à espera da resposta do tio.

Lucas balançou a cabeça, sorrindo, e recebeu um abraço de agradecimento. Após lembrar de mais um suposto presente, foi até o carro e retornou com seu teclado portátil, dentro de uma capa preta almofadada.

Todos entraram e esperaram pelos convidados. Alguns amigos chegaram em minutos de intervalo, o que foi criando, aos poucos, um ambiente barulhento e deixando a sala com mais assentos do que o normal. 

As amizades de sua mãe não a fazem expelir um sorriso verdadeiro, como o fazem os parentes dela, mas só um de simpatia. 

Após vários minutos, chegaram os que apagaram a ansiedade, de novo em sua expressão. As gêmeas, ambas com vestidos até o joelho e de alça fina, foram as primeiras a desfilar para dentro, deixando soar os passos agudos de seus saltos longos.

— O que houve com vocês? — percebia Paola. — Uma de cabelo curto, outra, longo. Uma de vestido branco, outra, verde... Não me digam que é só uma fase?

Ana e Alice se olharam e riram com pequeno escárnio, e a segunda negou a pergunta da mais velha: — Não tem essa de fase. Mudamos de vez.

Paola ria, sabendo que havia um fundo falso naquela fala confiante, algo que foi confirmado logo em seguida.

— Não vão fazer churrasco, vão? É que parei com carne. Só de sentir o cheiro de uma picanha, fico enjoada — afirmava Ana, com cara de nojo e curiosidade, voltada para a mais velha. Com a afirmativa desta, Alice interveio no assunto: — Não seja boba, Ana. Isso de carne é só uma fase. Há um mês, eu sentia a mesma coisa, mas hoje eu não aguento o cheiro de picanha sem que eu me torture até que ela chegue em minha boca. Mas você pode comer só mato, se quiser... Dizem que flores fazem bem para o estômago.

Amélia assustou-se com aquela sugestão, olhando para Giovani, que compartilhava com ela a pequena expressão de receio, enquanto Paola gargalhava de leve. 

Antes de juntarem-se aos outros, cumprimentaram as duas com um beijo na mesma bochecha e um sorriso idêntico, e o pai com um meio abraço, também sem a menor diferença. A mudança estética não impediu que os arrepios aparecerem para pai e filha. A sensação aparecia mesmo na repentina tentativa de se desgrudarem da singularidade, pois soava muito óbvio que aquilo não passava de fachada.

E por falar em fachada, quem agora passava por ela eram os pais de Paola. Amélia foi a primeira a ser vista após o avô Armando e a avó Lúcia entrarem. Ambos agacharam para lhe dar um forte abraço, e ela igualou o esforço se esticando como pôde para alcançá-los. Ele retirou o casaco de couro e o chapéu que escondia a calvície e os cabelos grisalhos e colocou-os num lugar vazio no sofá. Ela reparava na casa, ajeitando os óculos redondos e limpando-os com a gola do cardigã de seda, para analisar melhor cada detalhe, enquanto não tinha a filha nem o genro em vista.

Quando o casal mais jovem apareceu pela porta da cozinha, distraídos com os outros convidados, Lúcia fez questão de chamar pela filha. Paola virou o olhar de um rosto mais próximo para a direção da voz aguada que a chamava. Esqueceu-se da pessoa menos distante para abraçar a que mantinha uma distância menor ainda, a distância que importava.

O longo cumprimento teve troca de demonstrações de afeto, num clima que tornava a entrada da casa o centro das atenções de todos. As vozes finas foram interrompidas ao final dos abraços, dando um tom mais grave ao ambiente.

— Olha só! O grande Giovani! — o som rouco a sair em forma de cumprimento por Armando foi completo com um firme aperto de mão com seu genro. — O que tem feito, meu rapaz? Soube que ganhará uma bela grana com sua promoção...

O outro sorriu, um tanto constrangido, mas balançou a cabeça de leve em afirmativo. Mal teve tempo de responder com palavras, quando uma objeção ainda grave surgiu no ar.

— Ou será que esse dinheiro não é das apostas que faz com seu pai?

O clima automaticamente congelou em volta de Giovani. Olhares receosos e ansiosos por sua resposta. Rostos, tanto familiares quanto de amigos eram vistos por ele em suas reviradas nervosas no olhar. A tal revirada ficou lenta ao passar pelos olhos curiosos de Amélia, e mais lenta ainda ao olhos surpresos e um tanto raivosos de Paola.

Quando finalmente conseguiu responder, as palavras saíram embargadas da sua boca, no mais simples desentendimento possível.

— Que apostas?

— Ah! Desculpe-me! Achei que... Esquece — Armando percebeu o equívoco e tentou rapidamente recompor o clima. — Já podemos comer?

E mesmo que a curiosidade no local tenha sido máxima, ficou entendido que o melhor era não seguir naquele assunto aparentemente constrangedor para o anfitrião. Apesar de externamente Paola compartilhar desse bom senso, ainda sustentava uma esguelha preocupada e reflexiva ao marido, como que relembrando algo. Seria um almoço com um tempero levemente amargo para ela.

Amélia só estava curiosa. Aposta? Isso faz parte da intriga que Giovani tem com o pai? Ela pensava, mas não tinha o que lembrar, e muito menos motivos para estragar e tornar menos solene e especial a refeição.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro