Em uma vila isolada, em Moamba, uma série de eventos sobrenaturais desencadeia uma onda de medo e desespero. Simon Jhallen, um caçador de entidades sobrenaturais, é chamado para investigar o mistério envolvendo a morte de pessoas e animais e o surgimento de uma sombra sinistra. Ao lado da historiadora Lora Grey, Simon explora as profundezas de uma lenda local e enfrenta uma força obscura que ameaça a paz da vila. À medida que desvenda a verdade por trás das aparições, ele descobre que o mal pode ser mais próximo do que se imagina, e que a luta pela justiça é tão complexa quanto aterrorizante.

O vento cortava a noite como uma lâmina afiada, espalhando um murmúrio gelado através das colinas sombrias que cercavam Ritonriver. A vila, isolada e mergulhada em um nevoeiro espesso, parecia um lugar onde os horrores se escondiam e a luz do sol tinha dificuldade para alcançar. Simon Jhallen, desembarcou na vila com um olhar de determinação e um espírito cansado. Suas cicatrizes, visíveis mesmo sob o couro do casaco, eram testemunhas silenciosas de suas muitas jornadas em busca do sobrenatural.

O casaco de Simon estava encharcado pela chuva incessante e suas botas pesadas arrastavam-se pelos paralelepípedos escorregadios. O luar filtrava-se através das nuvens, lançando uma luz pálida e fria sobre as ruas desertas. O som das gotas de chuva era o único ruído que quebrava o silêncio opressor. Simon estava ali para enfrentar a lenda do pássaro negro — uma entidade que, segundo os rumores, aparecia antes de cada morte na vila.

Simon dirigiu-se à mansão de Lordy Kinney, um nobre recluso que, segundo as histórias, estava à beira da morte. A mansão erguia-se como um fantasma da era passada, suas paredes cobertas de musgo e suas janelas empoeiradas. Ele empurrou a porta pesadamente, e o rangido ecoou pelos corredores sombrios da casa.

Lordy Kinney estava em um estado lamentável. Deitado em uma cama antiga, sua pele parecia uma folha morta, fina e translúcida. Seus olhos, uma vez vivos e vibrantes, agora eram buracos negros que absorviam a luz da lâmpada ao lado da cama. O ambiente estava carregado com o cheiro de remédios antigos e a humidade que emanava das paredes.

— Senhor Kinney? — Simon perguntou, observando o nobre com uma expressão grave.

Lordy Kinney virou a cabeça lentamente, os olhos vazios focando em Simon. A respiração do velho era irregular, e seus lábios se moveram com dificuldade.

— O pássaro... — ele murmurou, sua voz fraca e rouca. — Ele está vindo para mim.

Simon franziu a testa. O pássaro negro, uma lenda que assombrava a vila, era conhecido por aparecer antes da morte de alguém. Mas agora, diante do sofrimento palpável de Kinney, Simon se perguntava se havia mais do que apenas superstição envolvida.