Capítulo 87: POV Gerad Singer
"Meri!" Chamei do lado de fora, no corredor, sem saber se eu podia entrar.
Ela estava ajudando Ridley a colocar a selecionada na maca, enquanto médicos e algumas enfermeiras já começavam seu trabalho, tentando acordar a menina desmaiada. Meri não me ouviu e eu não a chamei mais, com medo de só atrapalhar. Ela segurou na mão da menina quando ela começou a abrir os olhos e pediu para que ela ficasse acordada, respondesse.
Eu agonizava na porta. Eu nunca tinha feito ninguém desmaiar. Na única vez que tinha feito um cara sangrar bastante em campo por causa de uma falta idiota, eu já tinha me sentido muito culpado. Se alguma coisa mais séria resultasse daquele encontrão, eu nunca me perdoaria. Ela tinha que ficar boa! Eu não precisava daquilo na minha cabeça.
Ela começou a acordar mais, tentou se levantar, mas Ridley a empurrou para baixo, enquanto um dos médicos a injetava com alguma substância.
"O Jack-" ela falou, mas ela mesma se cortou quando gritou de susto da injeção.
"Jack O'Malley?" America perguntou, mas a menina já estava apagando de novo, então ela se virou para mim. "Gerad, vai buscar o Príncipe Jack, agora!"
"Príncipe?!"
"Gerad, VAI!" Ela gritou comigo e eu senti um impulso de correr.
E foi isso mesmo que fiz. Passei por Caresa e May na entrada da ala hospitalar, mas não parei nem para explicar o que estava acontecendo. Estava mirando o escritório de Maxon, pensando que, se ele não estivesse lá, pelo menos o rei saberia dele.
Quase esbarrei na minha mãe quando finalmente cheguei no andar certo.
"Meu deus, mãe!" Falei, logo depois de desviar dela no último segundo. "Não me faz ter que te derrubar também hoje, não!"
"Do que você está falando, Gerad?" Ela ficou assustada com a minha reação.
Eu me apoiei nos joelhos, tentando me acalmar do susto de ter quase batido nela.
"Eu esbarrei em uma menina," falei, tentando bloquear a memória de quando o nosso choque aconteceu. "Ela caiu, bateu a cabeça, desmaiou."
"Ai, meu deus!" Minha mãe levou as duas mãos à boca e eu senti de novo o peso de ter machucado alguém assim. "Ela está bem?"
"Não sei," falei, esfregando o rosto. "Só sei que preciso encontrar Jack O'Malley."
"O príncipe irlandês?"
"Só eu que não sabia que ele se chamava Jack?" Perguntei, já começando a andar até o escritório. Mas ela ficou para trás. "Você sabe se Maxon está no escritório?"
Ela deu de ombros, me falando que não. Eu continuei andando e pedi para um dos guardas me anunciar. Em menos de um minuto, eu estava lá dentro.
"Gerad," Maxon me chamou, andando até mim e me abraçando.
"Majestade," eu falei, apesar de nós sermos bem próximos. "Charles, tudo bem?"
Maxon se afastou de mim e percebeu meu nervosismo.
"Aconteceu alguma coisa?" Ele perguntou e eu senti uma vontade enorme de mentir.
Não, não tinha acontecido nada. Eu não tinha nocauteado ninguém, principalmente uma das selecionadas da Elite do meu sobrinho, que estava mais para o meu primo.
"Então," falei, esfregando a nuca, "uma selecionada teve um acidente, ela desmaiou."
Charles levantou na hora, em pânico. "Quem?" Ele perguntou, andando até mim. "Qual o nome dela?"
Droga, pensei. Nem tinha me ocorrido de descobrir o nome da menina antes de correr até ali. Eu podia ter feito ela ter um traumatismo craniano sério e eu nem sabia seu nome.
"Não sei, mas ela estava procurando o Príncipe Jack," falei, fazendo Charles bufar de leve e balançar a cabeça.
"Eu vou ver se ela está bem," ele disse, saindo do escritório.
"Eu perdi alguma coisa?" Perguntei, enquanto Maxon dava a volta na sua mesa e se sentava.
"Ah, Gerad," ele disse, suspirando. "Essa ideia de Seleção não foi muito boa."
"Como assim?" Eu me sentei em uma das poltronas à sua frente.
"Seu sobrinho não sabe cortejar tantas meninas juntas, ele não tem ideia do que está fazendo."
"E esse Jack está roubando as selecionadas dele?" Falei, rindo. Até que percebi que Maxon continuava sério. "Espera, ele tá roubando as selecionadas dele?"
"Ele sozinho, não," Maxon explicou. "Só todos que podem colocar as mãos nelas."
Ele riu para si mesmo, como se estivesse se lembrando de uma memória muito engraçada, e me deixou curioso.
"Como assim, quem mais? O que tá acontecendo dentro desse castelo?" Perguntei, levantando os braços no ar, inconformado. "Porque lá fora só se ouve sobre como todas as selecionadas adoram o Charles e como ele foi louco de eliminar a Abigail Neumann. Olha, eu não me importaria de fazer uma seleção só para ver se ela participaria," eu levantei as sobrancelhas, sugestivamente, e Maxon só balançou a cabeça.
"Logo todos saberão que o rei da Alemanha pediu Lady Melissa em casamento."
"O Hans?" Eu perguntei, um segundo antes de lembrar que minha mãe me tinha contado que ele tinha morrido. "Ah, não. O filho, desculpa."
"Não se preocupe," Maxon girou na sua cadeira e se levantou, andando até o seu bar. "Além dele," ele continuou, enquanto abria a garrafa de uísque e servia dois copos, "Sebastian também já está de olho em uma."
"Grande surpresa," falei, rindo. "Eu imaginaria que ele fosse ficar de olho em todas."
"Não, não," Maxon se virou para mim e me entregou um dos copos. "Ele não está só de olho nela, ele está apaixonado por ela."
"COMO É QUE É?" Eu não consegui me controlar, aquilo era a última coisa que eu poderia imaginar. "Não brinca comigo, Maxon. Sou eu aqui, Gerad. Você não precisa ficar inventando essas coisas."
Ele riu, divertindo-se com a minha reação. "Estou falando sério, ele mesmo disse que está apaixonado," ele se sentou na cadeira dele.
Eu tentei imaginar aquela cena, mas era impossível. Ainda não conseguia acreditar que era verdade.
"Qual delas?" Perguntei, tomando um gole do meu uísque e deixando o gosto ficar um pouco na minha boca, me deliciando com a bebida preferida de Maxon.
Aquilo sim que era uísque!
"Lady Nina," ele disse, também tomando um gole do seu copo.
"Qual que é essa?"
"Loira, magra, depois te apresento," disse. "Além dela," ele continuou, rindo ainda, "essa que você quase matou, Arya-"
"Ela tá bem viva!" Interrompi, em minha defesa.
A verdade era que eu nem sabia!
"Bom, Charles encontrou o Príncipe Jack tentou beijá-la."
"Uou, sério? Eu deveria ter vindo visitar vocês antes! Estou perdendo todos os acontecimentos! Esse castelo está um caos!"
"Você não tem ideia," ele disse, se inclinando para frente na mesa. "Charles tem liberdade demais, eu estou começando a ver pelo menos uma coisa boa no jeito em que meu pai me criou."
"Nem fala isso," o reprimi. "Charles não é fraco, ele só é bom demais."
"Não quis dizer que ele era fraco," ele falou. "Só que talvez ele pudesse ser um pouco mais possessivo."
Eu me inclinei na cadeira, concordando de leve com a cabeça.
"E o Jack? O que Charles vai fazer com ele? E com a selecionada?" Perguntei.
Maxon deu de ombros, também se inclinando no encosto da cadeira dele.
"Com a selecionada, nada," ele disse. "Primeiro, porque pelo que ele viu, ela não estava respondendo ao príncipe. Segundo, porque nós nem sabemos se ela está bem."
"E eu imaginaria que você nunca deixaria ninguém passar por uma punição tão ruim como a que aconteceu-"
"Não fale," ele pediu, me cortando. "E não, eu nunca deixaria isso acontecer de novo," ele suspirou e seu olhos miraram fora da janela. "Mas ainda é uma traição, ainda tem um preço a ser pago. Claro que ficar preso ainda é bem melhor do que morrer, mas mesmo assim."
"Vocês teriam de executar o príncipe irlandês?" Eu perguntei, chegando até a beirada da minha cadeira.
"Não! Não seja louco!" Ele falou, arregalando os olhos.
"Ah, então é isso que você estava explicando, vocês só vão prendê-lo!"
"Não, também não," ele disse, tomando o último gole em seu copo.
"Ah, então eu acho que também vou sair por aí, roubando algumas selecionadas," falei, rindo. "Não tem nenhuma punição, o que está me impedindo?"
"Eu imaginaria que a sua namorada estaria te impedindo," ele disse, apontando o dedo para mim. "Se você tem uma mulher como aquelas te esperando, por que vai olhar para os lados?" Dei de ombros só. "De qualquer jeito," ele continuou, "nós achamos um jeito melhor de fazer com que o príncipe pagasse pela sua indiscrição."
"Vão pedir para ele fazer um strip-tease hoje na festa?"
"Não, mas bem que você poderia ter sugerido essa ideia antes, é bem melhor do que o que Charles pensou!" Ele riu e eu também. "Não, nós o convencemos que o incidente não sairia daqui se ele convencesse seu pai a reforçar sua aliança conosco."
"Só isso?" Perguntei, me inclinando no encosto da cadeira de novo e percebendo que eu estava praticamente escorregando para fora dela.
"Isso está bom o suficiente," ele disse. "Isso resolve um bom problema nossa e agora nós só temos que focar na França."
"Achei que a França estivesse garantida com a rainha completamente apaixonada por você," falei e ele me olhou irritado. "Desculpa aí."
"Ela estava," ele falou e suspirou. "Mas a princesa resolveu que quer porque quer casar com o Sebastian."
"E daí? Ela tem que aprender a lidar com frustração uma vez na vida."
Eu ri comigo mesmo, mas Maxon continuou sério, depois engoliu em seco.
"Maxon, o que foi? Tem mais alguma coisa?" Perguntei, perdendo meu sorriso. "Pode me falar, eu juro que não vai sair daqui."
Ele me mirou sério, como se estivesse tentando se preparar emocionalmente para as palavras que estava prestes a dizer.
"A Princesa Amélie está grávida," ele disse e eu tentei bloquear o meu choque, mas foi inútil.
"De Sebastian?" Perguntei, e ele concordou com a cabeça. "Mas como ele pode ter sido burro o suficiente?"
Maxon enterrou o rosto nas mãos, completamente arrasado com aquilo.
"Eu não sei o que fazer," falou. "Não sei como contar para ele, não sei se acredito, não sei se peço para que ela prove que é verdade!"
"Pede!"
"Mas se eu pedir, é como se eu tivesse declarando que não acredito na palavra da filha de Daphne, que ainda é realeza! É uma prova de que eu não confio neles, que eu não estou completamente aliado!"
Eu pensei naquilo e não consegui falar mais nada que rebatesse seu argumento.
"Meri sabe?" Perguntei e ele balançou a cabeça.
"Daphne veio me contar logo antes de Charles aparecer com Jack," ele explicou. "Não tive a chance de falar para ela ainda, mas nem quero imaginar como ela vai reagir."
"Ela vai ficar arrasada," falei, como se pensasse alto.
Ele só concordou com a cabeça, em silêncio. Depois se levantou e foi até o bar de novo, para colocar mais uísque em seu copo. Eu aproveitei e me juntei a ele.
"Acho que álcool por enquanto é a única solução," falei e ele bateu com o copo no meu.
Considerei o brinde como seu jeito de concordar comigo.
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