Capítulo 26: POV Charles Regen
Ouvi uma batida forte à minha porta que reconheci ser do meu irmão.
"Entra," falei, sem tirar os olhos do meu livro.
Ele entrou de uma vez e foi direto à sua poltrona.
"O que você está lendo?" Ele perguntou, colocando os pés na cadeira na frente dele.
"Jane Austen," falei, só para ele rir alto.
"Tá brincando, né?" Ele se levantou e veio até mim. "Você realmente tá lendo livros românticos?" Ele sentou na minha cama e começou a mexer nos livros que eu tinha espalhado lá.
"Eu não estou lendo nenhum livro," apoiei o que estava na minha mão à minha frente. "Eu estou lendo pedaços de cada um, só para tentar ter uma ideia do que mulheres estão procurando."
Ele riu de novo, jogando a cabeça para trás, como se fosse a coisa mais engraçada que já tivesse ouvido.
"Charles, meu irmão, você não sabe que tentar entender as mulheres é inútil? Impossível?"
"Não é impossível," virei o livro que estava lendo para ele poder ver. "Todos esses personagens têm características em comum. Não só os da Jane Austen, sério."
"Então me fala o que você andou aprendendo, estou louco para saber!" Ele fez um gesto para ilustrar o quão louco ele estava.
"Bom, a maioria são honestos e compreensíveis," ele revirou os olhos. "Alguns são maus, mas viram bons para a menina principal. Esse poderia ser você," apontei para ele e ele levantou as mãos em rendição.
"Eu não estou procurando uma fórmula incrível de agradar trinta e cinco meninas que já me escolheram há muito tempo," falou.
"Trinta meninas," corrigi.
"Que seja," ele falou. "Eu ainda acho que você está exagerando. Faz uma lista ai de coisas que você quer fazer com elas e vai riscando cada uma. Até chegar em um momento em que você só quer ver uma."
"Simples assim, é?" Perguntei, fechando o livro.
"É, te garanto. Mas se eu fosse você, eu escreveria os nomes de cada para ter certeza de que não vai esquecer de ninguém. Você costuma gostar da primeira que aparece na sua frente," ele riu alto, como se eu fosse uma grande piada. "Por falar nisso, você por algum acaso trouxe sua criada para dentro da seleção?"
"Não!" Falei, um pouco indignado por ele considerar que eu seria o tipo de cara que faria isso só porque ela foi a primeira que eu vi. "Acredita que ela nem era criada? Ela foi confundida."
"Então ela faz mesmo parte da seleção?" Ele fez uma careta, pensando naquilo. "Mas não era exatamente aquilo que você queria?"
"O que você quer dizer?" Perguntei.
"Naquele dia você perguntou se não podia simplesmente sair com alguém como ela, lembra?"
Nem precisava parar para pensar, eu não tinha esquecido de nada daquele dia.
"Por que você não faz alguma coisa com ela de uma vez?" Ele perguntou.
"Ela mentiu, fingiu ser uma criada para chegar até meu quarto. Que tipo de pessoa você acha que ela é?"
Ele deu de ombros, usando aquilo como resposta.
"Ela te contou o que houve? Deu alguma desculpa?"
"Falou que não sabia que estaria vindo para o meu quarto," expliquei. "Falou que gosta de se colocar no lugar de pessoas diferentes às vezes, ver como é ser elas por um dia."
"Que coisa mais esquisita," ele falou, colocando as mãos atrás da cabeça e se apoiando no pé da minha cama.
"Para falar a verdade, eu achei isso muito legal," confessei.
"Então qual é seu problema com ela?" Ele abriu os braços, tentando entender.
"Honestamente?" Fiz uma careta enquanto ele concordava com a cabeça. "Primeiro, você não é o único que sabe que eu sempre acabo gostando de qualquer pessoa que se importa comigo," ele sorriu, satisfeito de eu saber. "Então eu estou tentando não fazer isso de novo. Ela foi, de certo modo, a primeira que eu vi. E seria muito fácil eu gostar dela. Mais fácil do que você pensa, eu já até estava até começando-"
"Fala sério," ele soltou, me cortando, mas não deixei ele me parar.
"Pois é, mas eu sei que eu sou assim, então não estou me deixando cair nisso de novo," falei. "Mas a maior razão mesmo para eu já não ter ido atrás dela de novo é porque eu tenho medo de que as outras meninas descubram e reclamem de eu não ter feito mais nada."
"Mais nada?"
"É, não ter punido ela ou algo assim," expliquei.
"É só você ter certeza de que elas não vão descobrir," ele falou, como se fosse fácil. "Mas se eu fosse você, eu ia atrás dela para ver se ela é tudo isso mesmo que você está pensando."
"Mas não foi você que falou que eu tinha que ir atrás de outras?" Perguntei.
"Isso não significa que você não pode aproveitar," ele falou, um sorriso convencido no rosto.
"Muito engraçado," falei.
"Tá, vamos pensar nisso agora," ele se inclinou para frente, pronto para falar sério. "Do que você gosta dela?"
"Fisicamente?"
"Não," ele falou. "Eu já consigo imaginar o que você gosta nela fisicamente. Eu gosto de muita coisa nela fisicamente."
"Tira os olhos," falei, dando-lhe um empurrãozinho no ombro.
"Está bem, mas quero saber do resto. O que você vê nela?"
"Não sei, ela tem um jeito de me olhar-"
"Um jeito de te olhar?"
"É, Sebastian. Um jeito de me olhar. É como se ela estivesse fascinada pelo que ela está vendo, mas ao mesmo tempo super curiosa e completamente aberta a qualquer coisa que eu tenha a dizer. Não sei, parece que ela me vê como alguém de verdade, mas alguém especial."
"É fácil isso, vai. Não me diga que ninguém mais te olhou assim?"
"Ninguém mais me olhou assim," pensei por um pouco. "Ah, não sei. Às vezes era a surpresa de ter me visto aqui no quarto. Apesar de que isso não foi embora, estava lá na entrevista."
"Está bem, o que mais? Não pode ser que você queira ela só pelo jeito que ela te olha. Não tem como você ser um pouco mais superficial, não?" Ele pediu.
"Tá, também tem o jeito que ela fala," falei.
"Você quer dizer o sotaque?" Ele perguntou.
"Sim, é super sexy!"
"É, é verdade. Dá vontade de pedir para ela ficar falando palavras diferentes, só para ver como ela as pronunciaria."
"Consegue imaginar que tipo de coisa ela poderia falar com a voz rouca e em quase sussurro?" Perguntei.
Ele riu alto, colocando uma mão na barriga. "Acho que já imaginei isso sim," admitiu, brincando.
"Sério, ow. Tira os olhos," peguei meu travesseiro de trás de mim e joguei nele. "Ela está aqui para mim, não para você."
"Tá bom, tá bom," ele falou, rindo. Ficamos em silêncio por um segundo, até que ele falou de novo. "Ei, o que você acha daquela Nina Marshall?" Ele perguntou.
"Foi ela que me indicou a maioria desses livros," eu apontei para eles. "Por quê?"
Ele deu de ombros e olhou pelo quarto, como se quisesse mostrar que não se importava tanto com o assunto, mas logo voltou a perguntar dela.
"E você gostou dela?"
"Por que você quer saber, Sebastian? Ela fez alguma coisa para você?" Eu já estava um pouco preocupado que ele estivesse guardando um segredo, que ela tivesse feito alguma coisa errada.
"Não, nada assim," ele falou, mas depois pensou um pouco. "Na verdade, acho que ela é meio louca."
"Como, meio louca?"
"Sei lá, meio dramática, louca," ele sorriu consigo mesmo, provavelmente lembrando alguma coisa.
"Quando quiser me contar, estarei aqui," falei.
"Por que você não vai atrás da sua criada para ver se ela é mesmo tudo aquilo que você viu? Ao invés de ficar aqui, esperando eu contar como uma das suas selecionadas me atacou."
"Ela te atacou?" Perguntei, mas ele só revirou os olhos.
"Esquece isso, vai atrás da francesa, vai."
"Agora?"
"Sim, vai lá," ele levantou e começou a me puxar pelos braços. "Você pode aproveitar e testar algumas das teorias que andou aprendendo com os livros."
Ele praticamente me empurrou para fora do quarto, enquanto eu protestava que ainda não tinha aprendido o suficiente.
"Vai lá," disse, logo antes de fechar a porta. "E boa sorte.
Ouvi o barulho dela fechando, mas demorei um tempo para reagir. Eu tinha mesmo acabado de ser expulso do meu próprio quarto? E por que diabos ele ainda estava lá dentro?
Fiz um movimento para entrar de volta, mas acabei parando. Mesmo que ele não estivesse certo, tinha alguma coisa em mim que queria muito ir até Gabrielle.
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