Capítulo 16: POV Nina Marshall
Estava para entrar na Sala de Jantar quando uma criada me parou para falar que não poderia entrar com meus livros. Tinha levado para poder ler enquanto esperava a minha entrevista com o príncipe, mas não achei que fosse ter problema durante o café da manhã.
Esperei todas entrarem na sala para começar meu caminho de volta ao meu quarto. Quando virei o corredor, parei um pouco para ler só mais um parágrafo. Eu sabia que não deveria. Eu já estava perdendo o café da manhã, já teria que subir até meu quarto e depois voltar. Eu sabia de tudo isso. Mas não podia fazer nada! Eu precisava saber o que o Sr. Darcy tinha escrito na sua carta para Elizabeth. Não podia esperar mais nem um segundo por aquilo.
Me sentei com as pernas cruzadas, quase amassando meu vestido, e apoiei os livros no meu colo. Abri o que estava lendo na parte em que eu estava e me mergulhei na história.
Mas não pude nem terminar a carta, pois poucos minutos depois um guarda passou por mim me perguntando se eu não ia para o café da manhã. Fiquei com medo de ele falar alguma coisa para o príncipe sobre eu não querer estar com ele, então disse que ia até meu quarto e voltava logo.
O medo de ser eliminada só porque eu estava com a cabeça em um mundo completamente diferente cresceu em mim. Eu tinha que voltar o mais rápido possível.
Esperei o guarda virar o corredor para sair correndo, mas um segundo depois eu dei de cara com ele.
Bom, eu achava que tinha dado de cara com ele. Praticamente o empurrei contra a parede, mas ele não se mexeu muito. E quando levantei os olhos, vi que não era só um guarda. Não. Eu tinha tido o azar de esbarrar com ninguém menos do que o Príncipe Sebastian.
Juro que senti meu coração parar de bater.
"Alteza," soltei sem pensar. "Me desculpe, por favor," falei, sabendo que já estava colecionando razões para ser eliminada.
"Não se preocupe," ele disse com um sorriso no rosto.
Não conseguia saber se ele estava achando engraçado meu pânico ou se já planejava alguma coisa terrível para mim, quando percebi meus livros no chão.
Ele seguiu meu olhar e se abaixou para pegar os livros. Me abaixei logo atrás.
"Pode deixar, eu pego. Foi pelo meu descuido mesmo que eu esbarrei em você," falei, sentindo a culpa de ser tão inapropriada para o castelo.
É por esse tipo de coisa, Nina, que você não conseguiria viver nos tempos da Jane Austen, pensei.
Mas ele não parou. Quando me estiquei para pegar o "Persuasão", ele teve a mesma ideia e acabamos nos tocando. Senti a eletricidade de seus dedos se espalhar pelo meu corpo todo, fazendo o cabelo na minha nuca se arrepiar e minhas bochechas corarem na hora.
"Perdoe-me," ele disse, só me fazendo congelar ainda mais.
Mas ele me ajudou, pegando os outros dois que faltavam, me deixando sem nada. Ele se levantou e me ofereceu sua mão para me ajudar. Devo ter passado meia hora olhando para ela, me perguntando se eu deveria ou não voltar a tocá-lo. Mas não era uma coisa que eu tinha que decidir na verdade. A lembrança de como ele tinha me deixado só por relar de leve em mim era boa demais para eu negar uma segunda chance de senti-la.
Quando coloquei minha mão na sua e comecei a me levantar, ele me puxou para ele, quase me fazendo cair em cima dele de novo. Olhei para cima, meus olhos encontrando os dele, e me peguei me perguntando quanto eu teria que me esticar para fazer minha boca encontrar a dele.
Se minhas pernas não tivessem enfraquecido, eu provavelmente teria me feito de tonta tentando descobrir. Mas elas ficaram mole, me fazendo dar um passo atrás.
"Obrigada," falei, tentando esquecer o que tinha pensado.
Você está aqui pelo irmão dele, Nina. Pelo IRMÃO.
"Meu prazer," ele disse, sua voz bem mais baixa do que antes.
Vi seus olhos miraram meu bottom, provavelmente tentando ler.
"Nina," eu disse para ajudá-lo. "Nina Marshall," estiquei minha mão para ele apertá-la, imediatamente me arrependendo de ter feito isso.
Parabéns, Nina, pensei. Agora você tinha que tocar nele de novo.
"Sebastian," ele disse, apertando minha mão de volta.
Ele ficou segurando-a um segundo a mais do que eu esperava e eu não pude evitar de imaginar ele me puxando para ele.
Mas então ele a soltou e virou seus olhos para os meus livros no seu colo.
"Jane Austen?" Ele falou com um tom de descaso que me fez acordar da fantasia que acontecia na minha cabeça.
"Claro," respondi, já um pouco ofendida. "Por quê? Qual o problema com ela?"
"Muito menininha," ele disse, recuperando um pouco do seu sorriso convencido.
"Como assim, muito menininha?" Eu perguntei, puxando os livros dele.
"Romântico demais, esse tipo de coisa não acontece na vida real."
Suas palavras foram como um tapa na minha cara.
"É claro que acontece!" Eu estava praticamente gritando. "O que você acha que está acontecendo aqui?" Apontei para o final do corredor que dava para a Sala de Jantar. "Você não acha que essa história do seu irmão daria um livro? Não acha que ele vai se apaixonar de um jeito que merece ser contado?"
"Não," ele praticamente me cortou. "Homens como desse livro não existem. Então se é isso que você está procurando aqui, vai desistindo."
"Como você pode achar que homens assim não existem?" Senti minhas unhas se afundando na palma da minha mão. Só tinha percebido como aquilo me incomodava quando a dor me fez prestar atenção nos meus punhos fechados.
"Porque eu vivo no mundo real," ele disse, seu tom um pouco debochado demais para o meu gosto.
"Ei," dei um passo para frente e apontei o dedo firme para ele - claramente esquecendo quem ele era. "Não ache que por você ser insuportável, não existam homens bons por aí," ele me mirava sério, e eu cheguei meu rosto perto do dele o suficiente para ele não conseguir olhar para outro lugar. Queria toda a sua atenção.
"Como o seu irmão," continuei. "Pois eu tenho certeza de que ele tem o coração que o Sr. Darcy tem. Só porque você não é metade do homem que o Sr. Darcy é, não significa que não existam outros que são."
Dei a volta nele e saí marchando em direção a escada, o mais rápido que podia. Minha raiva foi passando com cada passo e quando cheguei ao segundo andar, me dei conta do que tinha acabado de conhecer.
Eu era louca! Completamente louca! Como poderia ter feito aquilo? O que eu estava pensando?
Senti minhas bochechas queimando e minhas pernas cambalearam tanto que acabei sentando no chão. Como eu iria olhar para ele de novo? Como eu ia olhar para o Charles depois de ter praticamente acusado seu irmão de não ser homem o suficiente?! Meu deus, será que eu não conseguia ter pensado em nada um pouco menos ofensivo para gritar na cara dele?
Meu estômago começou a doer de vergonha. Eu já deveria ir para o meu quarto, pensei, fazer minhas malas para ir embora. Porque mesmo que Charles não me eliminasse, não existia possibilidade de eu ficar ali mais um ia para encará-lo. E para encarar Sebastian.
O nome dele ecoando na minha cabeça só me deu mais uma pontada de vergonha que se espalhou pelo meu corpo inteiro.
Não conseguia acreditar que eu ia perder a chance de uma vida inteira de ter meu conto de fadas virando realidade por cause de um simples livro.
Meus olhos caíram no meu colo para os livros que eu segurava. Bom, uma coisa eu tinha certeza. Se era para eu ser eliminada por alguma razão, nada melhor do que ter sido defendendo Jane Austen.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro