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Capítulo 114: POV Beatriz Biersack

Eu estava sentada na minha varanda quando uma das minhas criadas apareceu me falando que um presente para mim tinha sido deixado na minha porta. Eu não queria me levantar, estava curtindo o frio na minha própria tristeza. Cada dia mais eu sentia que aquela Seleção já tinha acabado. E eu só esperava sentada pelo momento em que eu teria que dar as costas para tudo e voltar aos destroços do meu mundo.

O mínimo de curiosidade que eu ainda tinha dentro de mim me fez levantar depois de um tempo e ir me sentar na minha cama, com a caixa na minha frente. Ela era grande, bem maior do que eu esperava. Mas eu ainda tinha um desânimo enorme dentro de mim que tomava conta do meu ser. Eu respirei fundo, a observando. Estava para levantar a tampa, quando alguém bateu na porta. Eu só deixei meus braços cair de volta na cama, enquanto uma das criadas abria para Charles entrar.

Idiota como eu era, senti meu coração acelerar assim que ele colocou seus olhos em mim. Eu tentei me falar que não tinha porque ter esperanças, mas eu não conseguia me controlar. Ele me sorriu, um pouco triste, mas eu ainda queria acreditar que ele estava ali para me falar que ainda gostava de mim, que eu ainda era importante para ele.

"Bem a tempo," ele disse, vindo se sentar do outro lado da caixa.

"Bem a tempo de quê?" Perguntei.

"De vê-la abrindo seu presente," ele disse.

Meus olhos caíram na caixa. Eu achava mesmo que seria dele. Um presente de consolação. Um presente de adeus.

"Por que está me dando um presente?" Eu perguntei, levando os olhos de novo para encará-lo.

"É costume," ele explicou. "Na Elite, é costume o príncipe presentear as selecionadas. É um jeito de agradecê-las por estarem aqui, pela sua paciência e sua dedicação."

"Então é mesmo um presente de consolação?" Eu cruzei os braços à minha frente.

"Todas as selecionadas ganharam um presente," ele disse, mas logo olhou para baixo, como se estivesse se preparando para o que diria em seguida. "Mas eu preciso mesmo falar com você sobre isso."

Meu instinto era de fugir. Sair correndo dali, não ficar para ouvir o que ele tinha a dizer. Se eu não ouvisse, talvez não se tornasse verdade. Eu poderia continuar nesse ninho de negação confortável em que eu estava. Eu não precisava lidar com a verdade. Eu podia continuar mentindo para mim mesma.

"Beatriz," Charles me chamou, já que eu estava perdida em meus pensamentos e meus olhos miravam o chão. "De todas as selecionadas que vieram para o castelo um mês atrás, você era uma das minhas preferidas."

"Era," eu repeti só a parte que realmente me importava.

Charles se esticou em cima da caixa e puxou uma das minhas mãos para ele, a segurando com as duas suas.

"Por favor, me escuta," ele pediu e eu arrisquei um olhar em sua direção. "Eu não conseguiria te explicar o quanto você é especial. E eu gostaria muito de poder ser o cara que te mostrasse isso. Eu queria poder te mostrar que você merece alguém que te ame e que perceba o quão sortudo ele é de poder acordar todos os dias e saber que você está na vida dele," enquanto ele falava, eu senti uma lágrima contornando minha bochecha e me ordenei a parar de chorar na minha cabeça. "O que aconteceu com você, aquilo é só uma pedra no seu caminho. Eu tenho certeza de que você ainda vai ser muito feliz e vai perceber que o que aconteceu com seu ex-noivo não te atrapalhou em nada. Pelo contrário, só te fez mais forte, só te fez perceber que você merece alguém melhor. Eu queria mesmo ser o cara que te feliz, eu queria poder sentir por você tudo o que você merece. Mas eu não sou esse cara."

Ele franzia a sobrancelha, um pouco de medo em seus olhos. Eu me lembrei do dia em que o conheci, de quando a primeira eliminada deu a louca no Grande Salão, falando para ele que ele tinha perdido o amor da vida dele. Eu queria fazer o mesmo. Só que eu queria gritar mais alto. Parecia ridículo na hora, mas eu sabia que eu tinha mais argumentos para aquilo. Eu sabia que eu tinha mais direito de falar aquilo.

Mas não gritei com ele. Uma outra coisa tomou conta da minha cabeça, uma outra pergunta.

Depois de alguns poucos segundos em silêncio, eu simplesmente perguntei, "Por quê?"

Ele não entendeu de primeira. "Por que o quê?"

"Por que você não é esse cara?" Perguntei. "Por que você não sente por mim o que eu mereço? Ou o que você acha que eu mereço? Por que você não gosta de mim? Por que está escolhendo outra menina? Por que não eu? O que eu fiz que é tão impossível de amar?"

"Você não fez nada," ele disse, balançando a cabeça. "Não é isso, o problema não é você-"

"Como não?" Eu o cortei, puxando minha mão de volta para longe dele. "Como eu posso não ser o problema? Eu te amo. Eu sinto por você o que você diz não sentir por mim. Eu me apaixonei por você todos esses dias em que eu estive aqui. Eu estou disposta a passar o resto da minha vida tentando te fazer feliz como você merece. Sou eu que não sou amada. Sou eu o problema."

"Não é assim, Beatriz," ele disse, deixando a caixa para o lado e se sentando mais perto de mim. Eu só o queria empurrar para longe. Não entendia porque ele achava que chegar perto de mim naquela hora era uma boa ideia. "Você não fez nada, você é maravilhosa! Eu quero que você entenda isso. Eu quero que você acredite quando eu falo que não tem nada de errado com você. Pelo contrário, você é a minha segunda favorita-"

"Segunda!"

"Me entenda," ele chegou ainda mais perto de mim, segurando meu rosto com as duas mãos. "Se não fosse por ela, se eu não a amasse tanto, eu sei que teria espaço para você em meu coração. Você é maravilhosa e eu tenho certeza de que nós poderíamos ser felizes juntos. Esse não é o problema. Você definitivamente não é o problema."

"Ela é," eu falei baixinho e ele concordou com a cabeça.

"O problema é que eu me apaixonei por ela," ele continuou. "O problema é que eu sei que eu seria muito mais feliz do lado dela. Não por você, não mesmo. Mas porque eu preciso dela. Porque eu sei, no fundo do meu ser, que eu não conseguiria viver sem ela."

Mas ele conseguiria viver sem mim, eu pensei naquela hora. Eu quase até falei, mas não queria ficar dando voltas em meu rabo, não queria insistir em uma coisa que ele estava tão disposto a deixar morrer.

Mas aí eu lembrei de outra coisa.

"Charles," eu disse, colocando minhas duas mãos nas suas e as tirando de mim devagar. "Quando eu te conheci, na minha entrevista, você me disse que se eu precisasse de alguma coisa, era só eu te falar."

Ele pareceu um pouco apreensivo. "Eu me lembro."

"Eu preciso de uma coisa," eu continuei. "Eu preciso que olhe para mim, preciso que me considere. Eu preciso que você me dê mais uma chance, que não me despreze. Eu sei que eu conseguiria te fazer feliz de verdade. Eu sei, eu passaria minha vida inteira correndo de um lado para o outro, fazendo tudo que você pedisse! Eu juro que você seria mais feliz do que pensa! Eu não deixaria nada te faltar, de verdade!"

Eu só percebi que estava implorando, quando o vi recuar um pouco de mim. Minhas duas mãos estavam em meu peito, sem se importarem com a humilhação pela qual eu tão voluntariamente passava.

Ele olhou para baixo, depois me mirou de novo, levantando meu rosto com cuidado para olhar de volta em seus olhos.

"Você ainda não percebeu," ele disse, "mas algum dia você vai entender que essa sua promessa não deveria existir. Eu não mereço tudo isso. E nem você!" Eu abri a boca para falar de novo, mas ele foi mais rápido. "Você merece alguém que fique do seu lado, Beatriz. Não alguém atrás de quem você tenha que correr todos os dias. Você merece um companheiro, que te dê tanto quanto você dê a ele. Você também precisa ser feliz. Eu não consigo fazer isso por você."

"Consegue sim!" Eu insisti.

"Não consigo," ele falou. "Acredite em mim, eu não consigo. No começo, talvez. Mas depois você perceberia uma falta em mim, uma falta de amor. Você ia entender que precisa de mais, que precisa de uma admiração constante e verdadeira que eu nunca conseguiria te oferecer, não do jeito que você merece. Acredite em mim, isso é o melhor para nós dois. Por mais que seja bem mais doce para mim, bem mais amargo para você, no final, você vai entender que não era para ser. Que insistir seria lutar por alguma coisa que não tem chances de sobreviver. Acredita em mim!"

Ele fazia carinho na minha bochecha com o dedo, me distraindo tanto que eu não consegui respondê-lo. Eu até pensei em falar alguma coisa, explicar que ele só pensava aquilo, porque ele não tinha me dado nenhuma chance. Mas ele logo se afastou de mim sentando para trás e colocando a caixa do presente dele entre nós.

"Aqui," ele disse. "Esse é o único jeito que eu consigo te mostrar o quão importante você foi para mim. E eu quero que saiba que eu sempre estarei aqui para você. Como amigo, em qualquer momento que você precisar."

Eu concordei com a cabeça, sentindo que aquela era a única resposta que eu tinha em mim. Depois, bastante relutante, eu levantei a tampa, enquanto ele segurava a caixa. E no meio de várias bolinhas de isopor, estava deitado confortavelmente um violino.

"Era da minha mãe," ele disse, e eu hesitei em tocá-lo. "Ela me deu quando eu tinha quatro anos de idade. Foi com ele que eu mesmo aprendi a tocar. Bom, foi com ele que eu realmente fiquei bom."

Meus dedos encontraram o braço do violino e o levantaram, trazendo-o para mais perto de mim.

"Eu lembro que você me disse que tinha decidido tocar violino ao invés de piano quando viu minha mãe tocando o hino para mim no meu aniversário," ele falou e eu concordei com a cabeça como resposta. "Era esse que ela tocava."

"Esse daqui?" Perguntei, já sentindo as lágrimas voltarem a molhar meu rosto.

"Esse daqui," ele repetiu, me observando.

Eu não queria tocá-lo. Na verdade, na hora em que ele falou que era bem aquele que tinha começado toda a minha paixão por música, eu senti uma vontade enorme de soltá-lo. Não achava que merecia tanta liberdade. Tinha medo das minhas mãos suadas o danificarem. E se eu o derrubasse? E se alguma coisa acontecesse com ele?

"É seu," Charles disse, quase lendo minha mente. "É seu para fazer o que quiser com ele."

Eu sorri, ainda sem querer segurar firme demais. Depois levantei os olhos para encontrar os dele. E então eu senti uma pontada no peito, me lembrando que aquele era só um presente de despedida.

"Acho melhor eu começar a fazer a minha mala," eu falei, um pouco querendo que ele falasse que ainda era para eu ficar, um pouco querendo que ele me deixasse sozinha.

"Não," ele disse, voltando a dar vida àquela esperança idiota que insistia em ficar no meu peito. "Eu gostaria de te pedir para ficar um pouco mais."

"Como assim?" Perguntei, já perdendo o ar por antecipação do que ele diria.

"Sebastian vai se casar na sexta-feira."

"Ouvi dizer," disse, lembrando da Nina.

"Eu gostaria de te convidar para ficar no castelo até o dia do casamento," Charles explicou. "Não só pela festa, mas porque Nina precisa de você."

Eu franzi a testa por um segundo, logo escondendo minha surpresa. Todos no castelo sabiam que Sebastian e Nina tinham alguma coisa. Rumores e mais rumores tomavam conta dos corredores. Mas eu não sabia que Charles não se importava. Eu achava que ele fosse ter pelo menos algum tipo de raiva dela.

"Ela precisa de mim?" Eu perguntei, querendo saber bem mais do que eu demonstrava.

"Ela não está nada feliz com esse casamento."

"Imagino," falei, sem querer atrapalhá-lo.

"Eu queria te pedir para ficar do lado dela, para ter certeza de que ela está bem," ele disse e eu concordei com a cabeça. "Sei que vocês são bastante amigas."

"Nós éramos," eu o corrigi.

"Não mais?" Ele perguntou, um pouco desanimado.

"Ela anda passando tempo demais com a..." eu mesma me impedi de continuar. "Com as outras selecionadas."

Charles concordou com a cabeça, também evitando falar de Gabrielle.

"Mas ela precisa de você agora," ele disse. "Mesmo que não te fale isso, mesmo que não venha atrás de você para te pedir ajuda."

"Pode deixar," eu falei, pensando que talvez Nina e eu pudéssemos nos ajudar ao mesmo tempo, já que eu estava praticamente na mesma situação que ela. "Posso te perguntar uma coisa?"

"Claro," ele disse.

"O que você deu de presente para ela?"

Charles sorriu para si mesmo, pensando na sua resposta antes de falar. "Ainda nada," ele disse. "Mas espero que eu consiga meu presente o mais rápido possível."

"Como assim?"

Ele suspirou. "Se o mundo fosse perfeito," começou, "meu presente para ela seria conseguir fazer com que ela e Sebastian ficassem juntos."

"Uau," eu soltei e ele me olhou um pouco curioso. "Não sabia que você não se importava assim com os dois estarem juntos."

"No começo, talvez," ele deu de ombros.

"Então você está querendo fazer os dois ficarem juntos?" Perguntei. "Esse é o seu presente?"

"Se der errado, eu precisarei pensar em alguma outra coisa," ele disse, se levantando. "E rápido."

Eu me levantei também, depois de deixar o violino na caixa de novo. "Se você precisar de ajuda," eu disse, "se a Nina precisar, eu estou aqui."

Ele sorriu, satisfeito. "A Nina tem muita sorte de ter uma amiga como você," ele disse. "Beatriz," ele pegou na minha mão. "Nos seus últimos dias aqui no castelo, quero que saiba que você é livre para fazer o que quiser. Que você não me deve mais nada," eu só concordei com a cabeça, tentando não falar o que eu queria.

E eu queria falar que não existia a possibilidade de eu parar de pensar nele. Que eu não seria livre, mesmo que ele quisesse. Eu ainda estava presa a como eu me sentia por ele.

Charles se inclinou para mim e me beijou na testa.

"Beatriz, eu realmente espero que você saiba-"

"Não precisa," eu falei, o cortando. "Não se preocupe."

Ele sorriu para mim uma última vez e andou até a porta, me deixando sozinha.

Não precisa repetir, eu pensei comigo mesma. Eu não precisava ouvir de novo. Eu sabia que tudo o que ele tinha me dito ficaria para sempre dentro de mim.

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